–Tem certeza que vai conseguir chegar lá em segurança? -Pergunta Léo, assim que chegamos no ponto de ônibus.

–Claro! -Sorri, admirando aquele lugar grande e movimentado, lotado de pessoas se despedindo e sendo recebidas. -Acho que já vou entrar! -Falei, caminhado até o ônibus que me levaria até minha antiga cidade.

–T-tudo bem... -Léo me abraçou com força e deu um sorriso. -Vê se se cuida...E liga pra mim! -Falou bagunçando meu cabelo.

–Para... -Sorri e ajeitei meus cabelos. -Assim você até parece que é meu namorado!

Léo parou de sorrir e ficou vermelho, desviou o olhar e me entregou a mochila que levou durante todo o caminho.

–Bom, de qualquer forma eu também sinto saudades... -Léo afirma, enquanto eu entro no ônibus.

–Eu também vou sentir. -Sorri. -Vê se não faz muitos amigos enquanto eu estiver fora! -Exclamei, finalmente entrando no transporte e escolhendo um banco do lado da janela.

Depois de alguns minutos, o ônibus começou andar, acenei para o Léo, que ainda estava me observando. Peguei meu celular, e decidi ouvir música. Não seria uma viagem longa. Mas pouco tempo depois acabei dormindo.

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Fui acordada por um dos passageiros, sonolenta, apenas sai do transporte e liguei pra minha mãe.

Como meu pai estava viajando à negócios, tive que vim por conta própria dessa vez. Tentei passar uma de segura e auto suficiente, mais a verdade é que não sabia se conseguiria chegar na minha mãe sozinha.

Já fazia quase vinte minutos que tinha chegado. Enquanto esperava por minha mãe, sem querer, comecei a pensar em Felipe. Era certo de que sempre ocultava meus problemas apenas pra mim, mas ele, de alguma forma, me fazia se sentir frágil e dependente. Por algum motivo, queria tê-lo perto, se ele tivesse aqui poderia me ajudar.

–Filha!!! -De repente, ouvi os gritos de minha mãe, que corria até meu encontro. Como sempre, ela não se importava de ser o centro das atenções, acho que não puxei muito isso dela.

–Mãe. -Lhe abracei com força. -Você demorou...

Minha mãe tinha apenas trinta e seis anos, ela se casou com meu pai ainda na faculdade, digamos que pra ambos, na época, foi amor à primeira vista.

Ela tinha os olhos pretos assim como os meus, tinha o cabelo curto e usava óculos. Aparentemente parecia séria e de poucas palavras, mas na verdade ela se comportava como uma perfeita adolescente, apenas tirando o fato que detestava coisas eletrônicas e não sabia mexer em nada do gênero.

–Você tá tão magrinha filha... -Ela fez uma cara feia enquanto me analisava por um tempo. -Assim você não cresce!

“Até minha mãe entrou nessa de reclamar do meu corpo?! Se ele não quer crescer e culpa de todos que ficam reparando nele o tempo todo!!”

–Você parece até a vovó falando assim! -Disse, fingindo está com ressentida com o comentário. Enquanto seguia minha mãe até a saída do terminal.

–Nem fale da sua vó... -Ela bufou, enquanto caminhávamos até o carro. -Você acredita que agora ela quer sair de casa e arrumar um novo pretendente! -Soltei uma risada, enquanto colocava as coisas no porta-malas e entrava no carro.

–Ah mãe, qual é o problema? Ela tá solteira à décadas...E bom, ela só está com cinquenta anos ainda! -Ri novamente.

–Não é isso... -Minha mãe finalmente liga o carro e começa a dirigir. -É que ela não para de me perturbar... Agora, EU tenho que cozinhar lá em casa. Tudo porque sua vó não quer mais saber disso! -Ela suspira, sem nenhuma só fez, deixar de olhar para o trânsito. -Mas vamos mudar de assunto. Quais são as novidades em sua casa?!

–Bom...

Eu não esperava por essa pergunta... A verdade é que minha mãe ainda não sabia que meu pai iria se casar novamente. E sei muito bem, mesmo minha mãe negando mil vezes, que ela ainda gosta muito dele. Sinceramente, não sei como dar a notícia.

–Por que não esperamos chegar em casa. -Sorri.

No caminho pude dar uma boa olhava na cidade, ela parecia continuar a mesma, não era tão diferente de onde morava atualmente. Mas parecia um pouco mais calmo.

–Finalmente chegamos! -Afirmou minha mãe, enquanto descíamos do carro e pegávamos as bolsas do porta-malas. -Soube que Michelly foi morar na sua cidade, vocês se já encontraram?!

Ah sim, já havia conseguido me esquecer. Acho que esse era o objetivo desde do começo. Apenas afirmei com a cabeça e dei um sorriso forçado. Tentando não lembrar mais de tudo que aconteceu.

–Pelo visto ela mudou bastante seu visual, me lembro que você se vestiam praticamente iguais. Ambas com um shortinho e uma camisa de panda. -Ela sorriu. -Aliás, você ainda tem aquela blusa? Lembro que comprei duas iguais apenas para que vocês duas combinassem.

Mesmo sem gostar da conversa, acabei lembrando desses tempos, e pensar que ainda visto a tal camisa de vez em quando, coisa que Mitty, por conta do aumento natural e avantajado de seu busto, talvez não seja mais capaz.

–Bom, falando de roupa... -Minha mãe mudou de assunto, percebendo que não estava gostando de falar sobre minha, até dois dias atrás, amiga. -Você não trouxe pouca coisa não?! -Ela perguntou, percebendo que tirando a bolsa que segurava, eu carregava apenas uma mochila consigo.

–Preferi trazer poucas roupas e lavá-las quanto se sujarem. -Falei, enquanto deixava a mochila na entrada. -Depois que me pai decidiu se casar, a empregada se demitiu, e agora sei o quanto é difícil fazer as coisas por conta própria. -Sorri.

–Pera aí?! Eu ouvi certo? Seu pai vai se casar de novo?!