–Ân?! -Tentei me afastar mas percebi que Felipe tinha dormido lá mesmo, no meu ombro.

Lhe admirei por algum tempo, as bochechas vermelhas, aquele sinal engraçado no pescoço a mostra, a respiração baixa e fraca... Ele era bem lindo afinal.

“Mas o que é que eu estou pensando!!!!!????”

Me mexi um pouco sem querer, ele acabou ficando ainda mais em cima de mim. Ele estava emanando um calor bem acolhedor. Acabei me acostumando com aquele corpo febril ao meu lado, e também acabei adormecendo.

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–Ei anny. -Senti alguém me mexendo com o pé. -Acorda!

–Hmm... -Abri os olhos devagar até consegui enxergar Léo, ele me encarava com uma cara de dúvida. Me levantei e sentei no sofá.

–Por que você estava dormindo no chão?

–Sei lá! -Murmurei, ainda sonolenta.

Ao poucos tudo chegava na minha cabeça, flaxes de memória, que vinham desde de ter descoberto que Mitty havia namorado com Diego, até eu pegando no sono com Felipe ao meu lado.

–Você tá bem?! -Perguntou ainda sem entender. -Vim pra me despedir mas parece que ainda nem acordou direito.

–Se despedir?! Do quê?!

Léo me levou até o quarto, eu, ainda morrendo de sono, apenas o seguia, praticamente dormindo em pé.

–Que horas você dormiu ontem? -Interrogou Léo, enquanto eu sentava na cama e conferia as horas.

–Eu sei lá... -Me espreguicei e finalmente consegui me acordar um pouco, entrei no banheiro e fui escovar os dentes.

–Eu te liguei ontem a noite, mas você não atendeu...

Sai do banheiro e sentei na cama enquanto fitava Léo, que também me olhava, meio esquisito.

–Mitty me contou...O que aconteceu ontem... -Disse Léo, ficando mais próximo de mim.

Sei que Léo era meu melhor amigo, mas talvez não estava nos meus planos falar o que tinha acontecido pra ele. Ele também era amigo de Mitty, e bom, eu temia que ele pudesse defendê-la.

–Você não acha que devia conversar com ela melhor?! -Permanecia calada, enquanto Léo me forçava a fitá-lo. -Sei que está magoada, e eu não quero defender, nem ir contra ninguém...Mas acho que ela deve ter tido motivos pra ter feito o que fez.

Léo era inteligente, ele pensava mais rápido do que a maioria das pessoas, tinha uma voz serena e envolvente, e mesmo sendo tachado de nerd, era bom nos esportes, até mesmo conquistava olhares de algumas garotas. Porém, mesmo com tudo isso, ele tinha um defeito do qual detestava muito...Não era bom com palavras.

Tinha certeza que ele devia ter demorado anos pra pensar em tudo que ele estava falando nesse momento. E mesmo conseguindo perceber a extrema boa vontade na suas palavras, ele não conseguia me fazer mudar de ideia.

Eu não poderia simplesmente ir falar com Mitty como se nada tivesse acontecido, como se eu nunca tivesse ouvido tudo aquilo e como se ela nunca tivesse me enganado. Eu sei, talvez ela merecesse se explicar, mas minha magoa horrível, não permitia que eu fosse lhe ouvir.

–Desculpa Léo, sei que vou agir como uma covarde, mas acho que preciso de um tempo pra tudo isso... -Falei finalmente, com a garganta se apertando e querendo chorar de novo.

Léo apenas confirmou com a cabeça, e me envolveu em um abraço acolhedor.

–Desculpa se não pude está com você nos momentos mais ruins... -Ele sussurrou, ainda me abraçando. -Acho que não mereço ser chamado de amigo né?!

–Ân?! -Me separei dele e bati de leve do seu ombro. -Sem essa, você que não merece ter uma amiga como eu. Eu te encho com meus problemas e nem tenho tempo pra ouvir o seus.

–Nem queira ouvir, minha vida é a mesma de sempre. Confusões normais sabe, de qualquer adolescente... -Ele falou, sorrindo sem jeito e ligando a TV.

–Tipo?!... -Perguntei ansiosa por detalhes.

A verdade que Léo me ajudava muito, mas eu nunca tinha feito o mesmo por ele. E nesses quase três anos de amizade, pouco sabia da sua vida pessoal.

–Você não deveria se ajeitar pra ir pra casa da sua mãe?! -Perguntou.

–Ah!! É mesmo eu tinha me esquecido!!! -Disse, correndo para me arrumar.

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Tomei um banho depressa e terminei de fazer minha mochila. Decidi deixar um bilhete pro meu pai (que até o momento, não sabia que fim tinha o levado) e procurei alguma coisa pra comer na geladeira.

–Não esqueceu nada?! -Falou Léo, enquanto me ajudava com a mochila.

–Acho que não... -Abri a porta de entrada e já ía saindo. -Ahh, espera ai, falta uma coisa!

Subi a escada depressa como se fosse pro meu quarto, lá em cima, mudei de direção e entrei no de Felipe. O cômodo se encontrava totalmente escuro e com todas as luzes apagadas.

Não sei o que deu em mim, e que motivos tive pra querer me despedir de Felipe, talvez apenas já estivesse acostumada com sua presença e só quisesse dar um tchau.

–ACORDA!!! -Gritei, enquanto abria as cortinas da janela e deixava o quarto totalmente claro. Felipe, que estava na cama, apenas murmurou algo e se enrrolou da cabeça aos pés no cobertor.

–O que faz aqui.-Perguntou, com a voz abafada pela cama.

–Vou pra casa da minha mãe! -Falei, chegando perto dele e puxando com força seu travesseiro. -Vim me despedir.

–Tchau! -Disse, enquanto sentava na cama e me pedia o travesseiro ainda sem querer abri os olhos.

–Sei que vai sentir minha falta... -Falei, sorrindo e me agarrando à almofada. -Mas não liga não, eu volto logo logo.

–Que bom...Por que não conseguiria ficar muito tempo sem você... -Ele me fitou e deu um sorrisinho de canto.

Fiquei em silêncio por alguns segundos até minha bochechas ficarem rubras, joguei o travisseiro com força nele e fui embora.

Sei que ele estava só brincando, mas mesmo assim não deixei de ficar vermelha em pensar que poderia ser verdade.

Na real, eu realmente não sei o que deu em mim pra decidir ir até seu quarto. No fim, acho que já previa que ele fosse tirar alguma brincadeira. Acho que só queria ter certeza de que ele estava melhor depois da noite passada.

–Demorou hein?! O que esqueceu?! -Perguntou Léo, enquanto eu finalmente saía de casa.

–Ah, nada demais! Vamos! -Sorri.