Não uso palavras bonitas. escrita por Stherphany


Capítulo 10
Nove


Notas iniciais do capítulo

"Se meus olhos mostrassem a minha alma, todos, ao me verem sorrir, chorariam comigo."
Kurt Cobain
Boa leitura :3



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Há quase três anos atrás, eu tive que deixar minha melhor amiga, foram lágrimas, promessas, além da saudade que começou antes mesmo de eu me mudar.

Atualmente, tudo que eu mais pedi há alguns anos, aconteceu, finalmente pude voltar a morar perto de minha amiga, e até estudar de novo no mesmo colégio. O problema, bom, é que tudo mudou depois que ela voltou.

–Léo! Você quer assistir o filme que estreou no cinema?! -Falei, enquanto finalmente tinha encontrado o ele, que estava cada vez mais distante de mim a cada dia que passava. -Me disseram que é de ação, e vai ser super legal! -Sorri, esperançosa.

–Não vai dar...A Mitty já me convidou pra sair, eu vou mostrar o shopping pra ela. -Ele sorriu, deixando os livros no armário. -Você quer ir com a gente?! -Apenas neguei com a cabeça.

–Você estão juntos?! -Disse, quando eu achava que finalmente iria ficar com dois amigos do meu lado, me vejo sem nenhum. -Já faz um tempão que você não vai jogar lá em casa...

–Não, a gente, não tá junto! -Ele ajeita os óculos e cora, dois sinais que ele estava desconcertado. -É que a Mitty ainda tá se adaptando na cidade, e bom, ela sabe que você não gosta de sair, por isso me pediu...

–Ah... -Coloquei minha mochila no ombro e fui em direção a saída. -Tudo bem...A gente se fala. -Sorri.

Passei pelo portão e andei o mais rápido possível, o Felipe que estava na saída, me viu correndo e começou a me seguir.

Eu queria chorar, talvez aquele sentimento de solidão, fosse embora junto com as lágrimas.

–Ei, garota onde você vai! -Gritou Felipe, enquanto corria pra me acompanhar. -Você é louca?!-Ele me segurou, me fitando. -Desse jeito, você pode sofrer um acidente!

–E o que é que tem?! -Desviei o olhar.

–Sério isso!? -Ele vira meu rosto, me fazendo olhar pra ele.

Seus olhos eram negros, talvez fosse um castanho bem escuro, ou talvez, como os meus, preto. Mas isso não me importava, só queria me desviar daqueles olhos, que me seguiam, que me buscavam.

–Vem comigo! -Ele disse, atravessando a rua e me puxando pra um lugar ainda desconhecido.

–Onde você tá me levando? -Perguntei, sem nenhuma resposta, ele apenas apertava mais minha mão.

Uma garota de mais ou menos 1,55 sendo levada pelo um grandalhão metido a bad boy. Aposto que se eu começasse a gritar, viria uma carrada de pessoas me salvar, ou talvez não.

Depois de alguns minutos, paramos numa rua meio distante da escola, tinha casas velhas, e gente também velha, morando na maioria delas.

Paramos numa casa, era tão antiga quantas as outras, com a única diferença de ninguém morava lá.

–É aqui, que minha vó morava. A casa era perigosa, mas ela dizia que só ia sair daqui, quando morresse. -Ele falou, entrando, no que talvez fosse a antiga sala, tirando seu moletom e pondo no chão, pra nós nos sentássemos. -Eu gostava de vim aqui, e ainda gosto.

–Por que me trouxe aqui? Você não vai me molestar né?! -Ele riu, fazendo sinal pra eu sentasse. Ficamos bem perto um do outro, perto até de mais.

–Você já tá legal? -Perguntou Felipe me fitando.

Foi só isso que precisou, pra que meu coração se apertasse denovo, os olhos ardessem, e eu começasse a chorar. Eu não queria chorar na frente de um garoto que eu nem conhecia direito, mas eu não consegui, aquele sentimento de solidão era horrível, eu não conseguia deixar chorar.

Eu chorava alto, nunca soube chorar de outro modo, aquele cheiro de mofo e poeira, o frio que a casa fazia, junto com o calorzinho que emanava de Felipe, que naquela altura, não sabia o que fazer, com uma garota de 16 anos, chorando feito criança do seu lado, bom, tudo se juntava com a solidão que eu sentia. Eu não tinha em quem confiar, era doloroso demais pra mim.

–Desculpa. Eu, não sabia que tava tão mal. -Felipe coçou a nuca enquanto me via chorar, não sabia se me abraçava, ou deixava eu chorar até não poder mais. -Você, pode parar agora se quiser! -Deu um sorriso sem jeito.

–NÃO DÁ, QUANDO EU COMEÇO A CHORAR, EU NÃO CONSIGO PARAR! -Gritava, entre lágrimas e soluços. -VOCÊ QUE FEZ ISSO, AGORA VAI TER QUE AGUEN...

De repente, senti o lábios de Felipe nos meus, junto com suas mãos em minha cintura. MEU DEUS ELE TAVA ME BEIJANDO!! Meu único intuito foi empurá-lo...Até que as lágrimas se acalmaram de repente e os soluços cessaram. Fechei meus olhos e parei de me mexer. Era um beijo quente, e molhado por meus prantos. Até que ele se separou de mim, e voltou a me olhar.

–Viu...Você parou! -Disse ele com um sorriso de satisfação. Olhei assustada, ainda com a respiração e o coração a mil.


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Notas finais do capítulo

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