A Boneca de Emily escrita por Obake Suripu, Tia Luka Kane


Capítulo 10
Loucura


Notas iniciais do capítulo

Olá smiles! Tudo bom com vocês?
Demorei mas cheguei com mais um cap ^-^
Boa leitura, smiles.



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Não adiantou nada resgatar a boneca do bosque. Ela sumiu assim que tirei meus olhos dela. Não durou um dia antes de sumir novamente. Já estava quase pirando por isso de novo, quando me lembrei de algo bem mais complicado: o psicólogo.

Mamãe cumpriu com sua promessa: eu tive que faltar para ver o psicólogo. Não adiantou argumentar, gritar, chorar, espernear. Ela manteve sua palavra até o último momento e, contrariada, tive de ir.

Estava achando que estava numa grande enrascada, quando cheguei a consultório e tive certeza. O que eu poderia fazer? Mentir? Mas eles sabiam ler expressões e sabiam quando a gente mentia.

Primeiro mamãe e eu entramos no consultório juntas, e o doutor fez algumas perguntas a minha mãe. Ela respondeu e contou o que vira no dia anterior. Contou também sobre Dolleye e em como não acreditava em minhas histórias.

Em seguida, o psicólogo pediu para ela se retirar. Ele me pediu para relaxar, me olhou com um olhar sincero, disse que era meu amigo e que eu precisava contar à ele o que eu sabia. Então eu comecei e não parei.

– Quando nos mudamos para essa casa, achei uma boneca muito bonita no quarto de minha bisavó. No dia seguinte eu conheci uma menina igualzinha à boneca, seu nome era Dolleye.

– Exatamente igual à boneca?

– Sim. Ela me mostrou nosso jardim e me ensinou a conversar com as flores. Nós cantamos e dançamos com as flores. Era lindo! Dolleye me ensinou muita coisa.

– E quanto à torre de Big Bang?

– Eu a achei no quarto de meus tataravós há alguns dias. É uma réplica perfeita. Achei também uma carta com um texto estranho, mas não contei à mamãe. Achei importante e guardei.

– Posso ver essa carta?

Fuço meus bolsos e a acho: surrada e queimada como sempre. Entreguei a carta ao psicólogo. Ele a pega nas mãos e franze a testa, preocupado.

– Não tem nada escrito aqui.

Olho-o como se ele fosse um alienígena, e pego a carta para olha-la. Mas o texto continuava lá, intacto.

– Tem sim, olha!

Ele olha de novo e balança a cabeça em negativa.

– Sinto muito, Emily. Não vejo nada.

– Talvez não dê para enxergar muito bem. - digo apertando os olhos para a carta.

Ele apenas balança a cabeça distraído, fazendo algumas anotações em seu bloco.

– Conte-me mais.

– Bem, faz algumas semanas minha boneca desapareceu. Mas eu tive um sonho de que a vi no sótão. Ela não estava lá, então perguntei às flores. Estava tentando tirar a informação da Rosa Branca quando vi a boneca acorrentada numa árvore, com um dos olhos brilhando em azul. Eu a trouxe de volta, mas desapareceu de novo.

– Entendo.

Ele faz mais anotações e perguntas, e depois me dirige para fora e chama mamãe. Ele diz que quer conversar a sós com ela e não me oponho, apenas espero pacientemente. Depois de um tempo mamãe sai, me encontrando no banco de espera. Ela parecia preocupada e nervosa.

Ela se senta ao meu lado e ficamos em silêncio. Eu não sabia o que dizer, e ela parecia em uma luta interna decidindo se deve me contar ou não. Finalmente, ela soltou:

– Ele acha que está ficando louca - diz mamãe amargurada, com lágrimas nos olhos - Diz que pode ser efeito das mudanças que andaram acontecendo. A morte de seu pai, a mudança de casa...

– Eu não estou louca!

– Tudo aponta para esquizofrenia. - ela começa a chorar - Mas pode ser apenas estresse, então ele sugeriu que procurássemos um psiquiatra primeiro.

– Esquizofrenia? Eu não tenho isso! - digo desesperada, tentando não chorar também.

– Vou marcar um psiquiatra para você, Emily. E então teremos certeza. - ela conclui entre soluços.

~~*~~

Eu estava preocupada com o trabalho de português, então resolvi ir mais uma vez ao sótão. Talvez achasse algo útil dessa vez. Mas a verdade é que eu precisava me distrair.

Imagine qual foi minha surpresa ao encontrar Dolleye sentada a um banquinho olhando divertida para os álbuns? Eu a encarei perplexa por alguns segundos, até ela levantar a cabeça e me ver.

– Emily! Venhas aqui. Quero lhe mostrar uma coisa.

– Onde você esteve? Estive preocupada! - digo pegando um banquinho e sentando ao seu lado.

– Não importa - ela responde com descaso - Mas veja, vais gostar desses álbuns.

Ela me entrega o mesmo de outro dia, no qual se lia "Margareth: 1883". Descrente, abro novamente o álbum, encontrando-o ainda vazio.

– Ela não era linda? - ela diz sorrindo.

– Não tem nada aqui, Dolleye.

– Claro que tu não veres nada. Tens que ver com jeitinho.

– Como assim?

– Olhe com seus olhos, mas enxergues com sua loucura.

– Você também? - pergunto indignada, me levantando - Você também acha que sou louca?

Ela gargalha. Uma gargalhada gostosa e bonita de ser ouvida. Mas estou muito brava no momento para me importar.

– Não fostes tu quem dissestes? Todos somos loucos por aqui. Eu sou, você também é.

– Eu nunca disse isso. Isso é uma frase de um livro...

– Não importa. És louca sim.

"Aceite logo isso, pirralha"

Ouço aquela voz novamente, fazendo um arrepio percorrer a espinha. Olho em volta.

– Quem disse isso?

– Isso o que?

– Aquela voz... Você não ouviu?

– Não. Como era?

– Era feminina. Tinha um tom quase... Insano.

Dolleye solta um risinho.

– Acho que sei quem és.

– Quem?

– Descobrirás em breve. Ah, esperei há tanto... - ela para e me olha compreensiva - Agora coloque tua loucura para funcionar. Tens que ver essas fotos.

"Deixe-me lhe ajudar", diz a voz.

No mesmo momento, breves imagens passam aleatoriamente diante de meus olhos. Um vulto que segura um relógio de bolso, uma mão segurando o olho azul da boneca, uma garota de costas com um laço amarelo na cabeça, parecido com o que encontrei na caixa, pessoas morrendo ensanguentadas...

– O-o que...? - murmuro.

Ouço Dolleye soltar um risinho e as imagens param. Minha cabeça ainda está girando com as imagens, mas consigo olhar para o álbum. O efeito é instantâneo: Vejo fotos diversas de uma garotinha de cabelos negros e olhos profundos, com um sorriso enorme.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem pra tia saber!

Até a próxima, smiles o/



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