No fim daquela conversa Wolfie e Dotty ficam conversando na sala de observação a fim de vigiarem as crianças que eram observadas através de um sistema de segurança feitas pelas joaninhas robóticas.

A função delas consistia em filmar o que as crianças estavam a fazer e transmitiam aquelas imagens para o satélite da Unique.

Wolfie e Dotty continuavam conversando a respeito da agente misteriosa.

_ Nunca pensei que uma tartaruga um dia se arriscaria para salvar as crianças dessa criatura tenebrosa- disse Wolfie enquanto

_E o que você tem contra o fato de ser uma tartaruga ?-questiona Dotty encarando Wolfie com uma expressão _ Quer dizer que ela também não é capaz de ser agente?

_Não! Eu não quis dizer que sou contra as tartarugas. Eu só não esperava que uma representação das tartarugas que tivesse toda uma habilidade e ousadia incrível para lutar contra aquela coisa. -explica Wolfie

_Ela deve treinar muito! –deduziu Dotty_Mas é isso o que faz as tartarugas serem boas em algo. Muita dedicação e treino!

_Sim! E eu tenho a sorte de conhecer uma gatinha incrível assim!- bradou Wolfie encarando Dotty com um sorriso.

A gatinha não conseguiu evitar se sentir encabulada e deu um risinho enquanto sentia suas bochechas ficando coradas.

_Mas eu confesso que o nome dela é uma coisa que eu admiro muito. Christine. Soa-me tão lindo. E é Francês- conotou Dotty.

_Também é o nome de um carro mal assombrado e assassino que eu ouço falar constantemente na cidade. - diz Wolfie sentindo medo.

Dotty encara Wolfie com uma expressão de duvida.

Ele então conta para ela a respeito de uma lenda na qual os adultos viviam falando a respeito.

A lenda sobre um Plymouth Furry 1958 que agia como uma mulher ciumenta e assassinava pessoas inocentes em becos escuros durante a noite.

_Isso não passa de um livro best-seller de terror que virou filme . – diz Luna aos dois enquanto mostrava na tela de seu computador a capa do filme depois a do livro.

O carro vermelho se destacava junto a chamas de fogo.

_Mas eu não acredito nessas historinhas absurdas de carros vivos que assassinam pessoas! Essas pessoas que criam esse tipo de coisa estão ficando cada vez mais loucas!- diz Wolfie enquanto ajeitava o crachá em seu colete que havia ficado torto.

_Queria conhecer essa agente misteriosa!-diz Dotty a Luna _ Fiquei admirada como ela mata a criatura! Nossa! Ela é demais! Será que nós agentes vamos trazê-la prá cá?

_Eu não sei! – diz Luna – Minhas moelas estão me dizendo que um dia vamos encontrá-la outra vez .

_Eu também sinto isso!- diz Dotty enquanto se encarava Luna sorrindo como se já fossem amigas.

*********

Três dias se passaram

Tudo havia se prosseguido normalmente.

Nenhum imprevisto havia acontecido e segundo o sistema, as crianças continuavam fazendo o mesmo que sempre faziam.

E nada de ruim acontecia.

Iam à escola, brincavam, assistiam a TV, dormiam e no dia seguinte começavam tudo de novo.

Urso e seus amigos estranharam o fato da criatura ter desaparecido daquele jeito.

Agora que estavam preparados para enfrentá-la novamente, parecia que ela havia desaparecido.

Mas a curiosidade não os impediu de irem mais a fundo e descobrirem a respeito dela.

Luna e os agentes descobriram que não se tratava de Breu, personagem icônico dos livros de William Joyce, Os Guardiões da Infância.

E sim um demônio que se alimentava dos sentimentos humanos mais sombrios possíveis.

E estava atrás das crianças para destruir toda sua inocência e bons sentimentos que seus corações carregavam para vê-las se tornando adultos ásperos.

Sem alegria e positivismo.

Somente tristeza, cólera e desespero.

Urso queria defender as crianças e não deixar que nada de ruim acontecesse a elas.

Logo começou a tentar achar uma solução que fosse possível.

_Devíamos tentar alertar os pais delas? E os professores também não teriam que fazer o mesmo? Afinal elas não passam a maior parte de seu tempo na escola? Tenho certeza que eles conseguiriam proteger as crianças dessa criatura. - deduziu Urso com determinação.

_Não, Urso. – respondeu a voz de seu chefe Sr Dos ecoando pelo domo da Unique_ Seremos nós a defender as crianças. É nosso dever como agentes especiais!

Urso ficou decepcionado.

Mas não demonstrou nada aos amigos e saiu da sala completamente chateado.

Afinal não conseguia acreditar no que estava acontecendo e não queria que as crianças estivessem sofrendo coisa pior que não receber ajuda para cumprir suas simples metas.

Para um agente da Unique, a coisa mais horrível de se ver seria uma criança transformada em uma pessoa completamente vazia e triste, sem sentimentos positivos.

Guia Palm o seguiu até o lado de fora da agência, onde ele ficou a esperar seu trem bala Rapide.

Ao olhar para seus olhos, a fadinha viu a tamanha preocupação que ele estava a sentir pelas crianças.

–Vai dar tudo certo, Urso. É só acreditar. - encorajou sentando-se em seu ombro e afagando seu rosto com sua mãozinha minúscula.

Urso solta um suspiro de desapontamento.

_Mas se alguma coisa acontecer com as crianças, sinto que a culpa vai ser toda minha...

Urso foi interrompido por um bipe vindo de seu relógio de pulso que exibiu na tela um pequeno mapa com um pontinho vermelho piscando num lugar situado.

_O que é isso?- questionou totalmente curioso enquanto procurava examinar o mapa.

_Eureca! Consegui localizá-la!- comemorou a fada completamente eufórica e fez uma conexão imediata com Dotty e Wolfie através de uma chamada de vídeo.

Urso vê pela primeira vez a fada usar seus poderes de tecnologia.

Ela abriu uma tela virtual em frente ao seu rosto que mostrava o escritório individual de Dotty.

_Dotty? Wolfie? Conseguem me ouvir! Aqui é a Guia Palm!

_Na escuta!- responde a voz de Dotty, logo seu rosto e o de Wolfie são exibidos na tela.

_Alguma coisa?-pergunta Wolfie

_Parece que consegui localizar a agente oculta próxima a estação de trens! Eu e Urso estamos indo pra lá dar uma investigada!

_Já estamos a caminho!- diz Wolfie.

_Nos encontraremos lá – disse Dotty e depois a fada desliga a pequena tela e a chamada foi encerrada.

Urso ficou admirado.

Nunca pensou que Guia Palm seria uma espécie de fada capaz de controlar todo o tipo de tecnologia e ajudá-lo em qualquer coisa.

E ela estava o ajudando a achar a agente misteriosa.

Logo ele ouviu uma buzina de trem e reconhece que era Rapide chegando.

_Como foi que conseguiu localizar a agente misteriosa?-perguntou Urso ainda admirado.

Ela lhe explicou que naquela noite em que haviam visto a agente misteriosa no quarto de Faith, havia implantado um chip com um localizador em suas costas para que pudessem achá-la.

–O Sr Dos quer muito vê-la e então naquela noite em que a vimos, aproveitei e implantei o chip antes que ela sumisse novamente de nossas vistas. – explica a fadinha.

Ao entrarem no trem, Urso pede a Rapide que os levasse até a estação, que era onde ele e sua família moravam.

_Então aperrtem os cintos por que lá vamos nós!- diz Rapide alegremente com seu inconfundível sotaque francês enquanto acelerava pelos trilhos da ferrovia.

Ao chegarem lá, Urso e Guia Palm vêem outros trens de diferentes tamanhos e cores em suas respectivas cabinas descansando.

Mas uma delas estava vazia.

_Onde serrá que o Vapeur está a essa horra da noite?- bradou Rapide um pouco preocupado.

Vapeur era seu primo , e filho de um dos trens mais reconhecidos daquela estação; Casey Junior.

Urso e Guia Palm saem para o lado de fora e procuram se esconder atrás dos outros trens para não serem vistos por ninguém.

Ate que escutam umas vozes vindas de outra parte da estação.

Andando um pouco mais a frente, Urso e Guia Palm vêem Vapeur próximo ao tanque onde o carvão era depositado nos vagões dos trens falando com alguém que se camuflara na entrada da estação.

Uma conversa estava sendo feita em Frances e Urso não conseguia entender nada.

Guia Palm usa um tradutor a fim de ajudá-lo a decifrar os diálogos.

_Mas você tem certeza que as crianças estão bem?_Urso reconhece a voz de Vapeur pelo fone de ouvido assim que o tradutor conseguiu traduzir as palavras em Frances.

_Sim! Estive as observando esses dias anteriores e parece que tudo voltou ao normal! - responde uma voz feminina forte e destemida na qual Urso reconhece de imediato.

Era ela!

Sem sombra de duvidas.

Christine.

_Mas o que você vai fazer se aquela criatura perversa e horrível voltar a aparecer?-pergunta Vapeur com preocupação constante em sua voz.

_Você sabe muito bem o que Christine fara com aqueles que querem destruir a inocência das crianças não é?- ela responde num tom brincalhão.

Ouve se um clique seguido de um estouro.

Aquele som viera de sua arma vermelha na qual ela carregara consigo mesma mais uma vez.

Urso então se lembrou das noites anteriores, na qual tinha a visto usá-la contra a criatura e com um único disparo, havia sido morta.

O que será que ela usou para isso? questiona tentando raciocinar.

_Ela usou balas de prata. -responde de repente Guia Palm.

Urso volta a sua atenção para a fada e viu a tela diante de seu rosto exibindo umas espécies de raios-X do calibre e no interior haviam as supostas balas que a pixie citara.

Depois ela abre outra janela e mostra as fotos que conseguira tirar do calibre, na qual Urso reconheceu qual era.

Ele se levanta um pouco de onde estava a fim de observar melhor Vapeur e a agente misteriosa.

E ele não conseguiu evitar em mais uma vez fitar seus lindos olhos verdes que continuavam a brilhar lindamente contra o céu noturno.

Um apito de trem ecoa pela estação e Vapeur se dirige a entrada assim que seu pai, Casey Junior o vê se aproximando de sua cabine, enquanto Christine aproveitou a chance para entrar em um dos vagões de passageiros por uma das janelas que havia ficado aberta.

Urso olhou para os trens parados mais uma vez e depois voltou sua atenção para a entrada da estação onde vê o avião de Dotty pousar.

Musa e Wolfie se aproximaram do local onde urso e Guia Palm se encontravam.

_E então? Onde ela está?- sussurrou Dotty completamente curiosa.

_Ela está se escondendo em um dos vagões do Vapeur. – sussurra o urso panda enquanto apontava para o vagão onde ela havia entrado.

_Então vamos lá fazer uma visitinha. - diz Dotty empolgada com Wolfie e Musa em seu encalço.

Mas Urso não estava se sentindo totalmente seguro.

Sentiu o nervosismo e o medo correndo em seu sangue enquanto se aproximavam dos trens.

Para a sorte dos agentes, Vapeur e seu pai Casey Junior estavam mais entretidos na conversa que estavam tendo com Rapide, que havia se acomodado em sua garagem individual junto dos outros trens.

Eles sobem os degraus do vagão e ao se adentrarem, Musa começa a lutar com algo camuflado na escuridão assustadora do vagão, que estava com todas as janelas fechadas.

Porém o ninja com sua incrível habilidade e astúcia não se abalou e mesmo no escuro impediu qualquer movimento de seus braços ou pernas com uma manobra milenar japonesa.

Quando Musa percebe que o corpo da agente não conseguia se desvencilhar ou se mover, o ninja a empurra para mais perto de uma janela aberta onde à luz pálida da lua estava a iluminar, e os agentes contemplam como era a aparência da agente misteriosa.

Urso fica fascinado ao ver aquele lindo rosto com os olhos verdes suplicantes e o cabelo ruivo cortado de um jeito que a fazia parecer um menino.

Exatamente igual a uma das fotos de Guia Palm.

La estava ela diante de seus olhos.

A heroína das crianças.

_Sr Dos! Achamos ela!- alerta Dotty falando em seu relógio de pulso cor de rosa.

Uma sombra se aproxima da porta do vagão.

_Estou aqui!- diz uma voz na qual Urso reconheceu de imediato.

Ficou totalmente surpreso ao ver seu chefe ali!

Não era uma tela de teve gigante que ele vira há um tempo quando fora chamado em sua sala no dia de natal.

Ele estava olhando para um leão de pelagem negra reluzente com a luz pálida da lua.

E viu destacado em seu jaleco vermelho vinho um distintivo igual ao que seus amigos usavam em seus coletes.

_lleva sus manos de mi!_ bradou a tartaruga que continuava sendo contida por Musa.

Sr Dos se aproximou ate onde eles estavam e olha atentamente para ela, que o encarava com uma expressão de medo.

_Apresente- se!- ordena Sr Dos.

O ninja então a ajudou a se levantar, mas não soltou de seus braços.

Ela olhou fundo nos olhos azuis topázio do leão e sentiu o nervosismo invadindo cada vez mais fundo seu sistema nervoso.

_Sou Christine! Atual membro do Esquadrão da Justiça!_ apresentou – se com seriedade e com um notável sotaque hispânico.

_Interessante, minha querida agente!- Levem – na até a sede da Unique! Tenho umas perguntas para fazer!- ordenou aos agentes.

Musa e Wolfie a levaram até o avião de Dotty, e não a soltaram durante o caminho inteiro até que chegassem a Unique.

Por mais que quisesse fugir, ela sabia que seria impossível com dois agente impedindo qualquer movimento que quisesse fazer.

Urso tratou de ajudar os amigos quando a acompanhou até a grande sala de seu chefe, e quando sentiu o contato da pele da tartaruga em suas mãozinhas felpudas, sentiu o coração disparado e pele do rosto ficando corada e quente.

"Ela é tão linda" pensou enquanto continuava a sentir aquela pele macia e sedosa em contato com a palma de sua mão.

_No me toques!-protestou Christine enquanto entrava com Wolfie e Dotty na sala de Sr Dos.

Urso se afastou e viu quando o chefe a fez se sentar.

As portas se fecharam e como a curiosidade falou mais alto, Urso pegou o fone de ouvido que havia ficado no bolso de seu colete e ouviu Sr Dos começar a fazer perguntas a tartaruga.

Uma atrás da outra.

Um verdadeiro interrogatório que demorou mais de meia hora.

_Pais de Origem?

_Pehuajó.*

_Data de nascimento?

_ 6 de Agosto.

Urso nunca pensou que um dia, veria seu chefe tão determinado em querer conhecer o passado de uma pessoa completamente desconhecida.

Mas conforme as perguntas eram feitas, Urso acabou descobrindo mais algumas coisas interessantes respeito dela.

"Será que ela é parente da Manuelita?" pensou Urso assim que sua mente acabou lembrando-se vagamente de uma cancão que uma vez ouvira as as crianças Argentinas cantando.

Que contava a historia de um tartaruga chamada Manuelita que vivia em Pehuajo e que um dia viajara para Paris sem um motivo apartente.

Ninguem sabia o por que, mas, sempre havia sido um misterio por trás daquela canção.

Assim que a entrevista chegou ao fim e as portas se abriram, os dois se encaram de imediato.

Nos olhos de Urso haviam fascínio e curiosidade.

Nos de Christine, seriedade e temor.

Ele pode notar isso antes dela ser levada por Buffo para outra sala, onde na porta podia ver escrito sala de teste.

Ao ver o chefe sair de sua sala, Urso fitou os olhos azuis topázio majestosos do leão que se encontraram com os seus.

_Sr.Dos? -pergunta Urso com um pouco de timidez e receio em sua voz, sem tirar os olhos do rosto de seu chefe.

_Deve estar impressionado, agente especial Urso. - deduziu o leão num tom pacifico enquanto também o fitava nos olhos.

–Estou chocado, na verdade!- afirma Urso enquanto se lembrava do modo de como ele se comunicava com o chefe na época em que ainda era um agente em treinamento.

_você sempre me chamava pra uma missão através do meu relógio de pulso, me fez até pensar que você era só uma voz numa tela de plasma no dia em que você me chamou para a sua sala naquele dia de natal em que tive de ajudar três crianças. - relembrou o panda enquanto abria a tampinha de seu relógio e o leão riu de sua observação.

_Nem tudo é o que parece ser, Urso. Acompanhe-me, por favor- diz o leão fazendo um gesto para que Urso o seguisse ate a porta onde Dr. Buffo e a agente haviam entrado.