O renascimento de Jon Snow escrita por Ana Carol Machado


Capítulo 42
Apenas queria que ela ficasse calada


Notas iniciais do capítulo

Oiii. Espero que gostem do capítulo de hoje. Ele vai ser bem intenso. Boa leitura e abraços e nos vemos nos comentários.



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Cersei

Eles estavam bem próximos de Rochedo Casterly quando Myrcella piorou. A menina começou a ter leves tremores e não abria mais os olhos. Cersei ficou desesperada e não pensou duas vezes, desceu da carroça com a filha nos braços e correu em direção ao local. No momento a dor e o medo de perder a filha a fizeram pensar que ela chegaria mais rápido a pé, correndo com a filha nos braços do que na carroça. O que em partes era verdade, porque as elevações da rocha quando estivessem bem próximos obrigaria todos a seguirem a pé.

Ela não sabe de onde conseguiu tirar forças para correr, pois estava fraca e sem comer bem havia semanas, mas seu lado de mãe lhe deu forças para correr bem rápido.

Tudo ocorreu muito rápido, uma confusão se instalou na sua mente e ela apenas conseguiu pedir para que salvassem Myrcella quando chegou ao castelo, só que sua voz estava confusa por causa da dor e do medo, e demorou um pouco para os guardas do portão entenderem o que ela queria e quem ela era. Quando entenderam foi uma corrida com Myrcella para dentro. Quando ela deu por si já estava dentro de um dos quartos com a filha deitada em uma cama.

Ao olhar para a menina um desespero tomou conta dela. A menina estava muito mal. O rosto dela estava branco demais e ela ainda estava desacordada. Cersei sentia que a sua lucidez sumia pouco a pouco, a medida que sua filha piorava e parecia mais perto da morte. A única coisa que afastava a loucura da sua mente era o fato de Myrcella ainda está viva.

Cersei começou a ouvir no vento que entrava pela janela a voz da bruxa. Isso havia ocorrido durante a viagem, mas nunca de forma tão clara. Ela podia ouvir claramente a bruxa dizer que seus filhos morreriam antes dela e que quando as lágrimas a afogassem o valoqar iria a enforcar e acabar com a sua vida.

Aquela voz que atormentava a sua mente somada ao estado de sua filha contribuiu mais ainda para que a razão a abandonasse.

O meistre de Rochedo Casterly logo chegou, junto com alguns servos que entraram apressados no quarto carregando vidros com poções e outras coisas a mando do meistre. Alguns curiosos também entraram.

Qyburn entrou um pouco depois do outro meistre, se ele estava chateado por ter sido deixado para trás não demonstrou. Ele devia entender a situação.

O meistre começou a examinar Myrcella com cuidado, Cersei estava do lado da cama segurando a mão da menina. O homem fez uma cara estranha em um dado momento. Havia algo errado, Cersei logo soube. Ele ficou um segundo parado como se analisasse a situação, olhava para umas manchas que estavam no braço de Myrcella e parecia pensar ou temer o que elas significavam, até que Cersei se descontrolou e gritou com ele, para que ele fizesse alguma coisa, desse alguma porção para a filha ou algo assim. Ele logo obedeceu e pegou da mão de um servo um vidro com um líquido verde.

Myrcella

Myrcella sabia que ia morrer e ela não estava com medo. A menina apenas temia pela mãe. Tinha medo do que ocorreria com ela depois que partisse.

A menina sabia que não havia mais nada a ser feito. Conseguia sentir o resto das suas forças lhe abandonando e sentia a mão da morte apertando a sua garganta. A cada segundo se tornava mais difícil respirar. Mas não era isso o que mais incomodava, o que mais incomodava era o fato de não conseguir falar. Dela não conseguir acalmar a mãe ou pelo menos se despedir dela.

Ela ouviu como se fosse ao longe a voz de sua mãe. Tudo estava ficando distante e baixo. Amenina apenas conseguiu entender que a mãe parecia brigar por algum motivo. Logo após esse momento a menina sentiu um gosto ruim na boca. Estavam tentando lhe dá algum remédio ou algo do tipo. Uma voz ao longe falava com ela e a mandava beber o líquido. Ela obedeceu com alguma dificuldade.

A mão invisível que apertava sua garganta e parecia a impedir de respirar também a atrapalhou de engolir todo o remédio. Ela sentia tudo mais distante ainda. Sua mãe falava algo, mas ela não conseguia mais ouvir nada.

Myrcella se lembrou dos irmãos e de tudo que tinha ocorrido até aquele momento. As lembranças estavam nubladas e meio sem nexo. Até pensar a deixava cansada. Ela sentia tanto sono e frio, principalmente frio. Era tanto frio que ela começou a sentir seu corpo tremer. Junto com a onda de frio veio o medo também. Naquele momento a menina teve medo da morte e quis a proteção da mãe. Ela tentou dizer algo para a mãe, mas não conseguiu. A única despedida que conseguiu foi um forte aperto na mão da mulher que tanto lhe amou. Depois disso tudo ficou ainda mais frio.

Jaime

Jaime estranhou muito aquela correria toda pelo castelo. Algo estranho estava ocorrendo. Mas o mais estranho não era a correria, mas o que sentia em seu coração. Sentia que sua irmã estava perto. A sensação que cresceu durante a semana estava em seu estado máximo em seu coração. Mas essa sensação não era de toda boa. Era uma misto de expectativa e medo. O homem não sabia ao certo do que tinha medo.

Ele por um momento pensou que poderia se tratar de uma invasão ou um ataque, porém logo descartou essa possibilidade. A resposta veio através de uma serva. Que disse com voz nervosa que Cersei estava de volta ao local com Myrcella.

Quando ouviu isso Jaime não acreditou que fosse verdade. Apesar de sentir diversas vezes em seu coração que a irmã estava viva, ele nunca chegou a acreditar. Por isso saber que ela estava realmente viva e ali era surreal demais. Não apenas Cersei, mas sua filha Myrcella também estava viva. Logo que se recuperou do susto inicial se dirigiu para o quarto em que segundo a serva elas estavam, era como se uma força maior o guiasse até o lugar.

Quando chegou ao corredor do quarto se espantou com o que viu. Os gritos de Cersei podiam ser ouvidos do fim do corredor. Eram gritos de puro desespero e dor. Jaime sentiu um aperto em seu coração e soube que Myrcella havia morrido. A única filha que lhe restava...

Não eram apenas os gritos de Cersei que se faziam notar, também era possível ouvir o barulho de coisas sendo quebradas e de servos correndo. O meistre saiu do quarto com uma parte do rosto arranhada e ao ver Jaime indo em direção ao quarto disse que não era uma boa idéia ele entrar lá. Não naquele momento.

Jaime ignorou o aviso e seguiu para o lugar. Os gritos ficavam mais altos a medida que se aproximava. Ao chegar ao local encontrou a porta aberta e vários objetos quebrados logo na entrada. Sua irmã estava desesperada e totalmente louca. Ela por um momento olhou na direção dele. Ao encarar aqueles olhos Jaime somente conseguiu se lembrar dos olhos de Aerys Targaryen, o rei louco.

Cersei

Ela não conseguia acreditar que sua princesinha estava morta. A única filha que lhe restava havia morrido e pior ainda, havia morrido no lugar onde Cersei cresceu. O lugar que guardava boas lembranças até então e que era tido por ela como um porto seguro... Quando o meistre atestou a morte da filha uma súbita raiva tomou conta de Cersei. A primeira vítima de sua raiva foi o próprio meistre que foi atacado. A mulher fincou suas unhas no rosto do homem que fugiu do quarto assustado, juntamente com os servos. Até Qyburn fugiu assustado. Com medo dela.

Não apenas uma raiva se apoderou de seu coração, mas uma forte dor e desespero também se fizeram presentes. Ela gritou até ferir a garganta. Gritou como se seus gritos pudessem espantar a loucura e a dor. Quebrou tudo que encontrou pela frente como se com isso pudesse a dor de seu coração quebrado passar. Ela estava tão perdida em sua dor que demorou a prestar atenção no homem que lhe encarava.

Jaime estava diferente. Parecia mais velho muitos anos e parecia cansado também. Ele olhava para ela como se estivesse com medo dela ou assustado demais com a situação. Uma raiva dele começou a crescer no coração de Cersei. Ela começou a culpá-lo pela morte dos filhos. Cersei começou a pensar que se talvez ele estivesse por perto os filhos poderiam está vivos. A raiva foi tanta que ela avançou para cima dele com toda fúria. Teria feito a mesma coisa que fez com o meistre, porém Jaime pegou sua mão antes que ela conseguisse atingir o seu rosto.

No momento em que Jaime pegou seu braço foi como se o tempo tivesse parado por um segundo. Cersei sentiu uma sensação estranha. Fazia tanto tempo que eles não se viam. Mas essa sensação logo morreu e deu novamente lugar a raiva. Ela lutou para se soltar de seu irmão.

—É tudo sua culpa! Nossos filhos morreram por sua culpa! Você se tornou um inútil quando perdeu essa sua mão!- disse ela com toda raiva. Ela falava as palavras para machucar o seu irmão. Queria que ele sofresse assim como ela estava sofrendo.

—Cersei...- falou Jaime com uma voz derrotada, tentando a controlar sem sucesso algum. Tentando a pegar com a sua única mão.

Cersei continuou brigando com ele. Jogando toda raiva que sentia nele. Pegou um objeto no chão e atirou na direção dele, por pouco não o atingiu na cabeça. Enquanto ela gritava sentia as lágrimas amargas que escorriam por sua face. As lágrimas que eram de raiva e desespero, mas que eram principalmente de dor. De dor por ter perdido as coisas mais preciosas que tinha na vida.

Jaime

Jaime queria que Cersei ficasse calada. As palavras dela estavam o machucando muito. Cada palavra era como uma facada em seu coração. Os filhos deles podiam nunca terem sabido que ele era o pai deles, mas Jaime os amava. Também sofria pela perda deles. Ainda mais de Myrcella que morreu tão perto dele...

Em uma última tentativa de fazer Cersei calar a boca Jaime tentou tapar a boca dela, usando as forças que lhe restavam, pois as palavras haviam o destruído por dentro. Ele conseguiu a pressionar contra a parede com o corpo e com a mão tapou sua boca. Jaime ia dizer algo, mas antes que fizesse isso Cersei mordeu a sua mão e continuou a brigar com ele. Depois disso o pouco de controle que havia nele se perdeu. Ele apenas queria que ela parasse de falar. Que parasse de o machucar com suas palavras duras. Sem que soubesse como, no calor do momento, sua mão segurou no pescoço da irmã, talvez isso tenha ocorrido em uma tentativa de a deixar quieta, talvez tenha ocorrido porque Cersei se mexeu muito e sua mão acabou descendo ao pescoço ao invés de ficar na boca. Jaime não sabia.

Mesmo quando ele conseguiu a segurar pelo pescoço ela continuou falando e se mexendo muito, chegou até a chutá-lo, mas Jaime não a largou e sem que percebesse começou a apertar o pescoço da irmã, para que Cersei se acalmasse e parasse de bater nele, também para que parasse de falar aquelas palavras duras. De o culpar pela morte do filhos. Quanto mais Cersei se mexia e o xingava mais ele apertava. Quanto mais ela tentava o afastar mais ele se segurava no pescoço dela. Até que por fim ela se calou.

Quando Cersei parou de o xingar, foi como se Jaime tivesse despertado, soltou o pescoço da irmã somente para a ver cair aos seus pés. A principio ele pensou que ela estava desmaiada, mas ao se abaixar e tocar nela constatou que ela estava morta.

“O que fiz?”- Disse ele desesperado e derramando grossas lágrimas. Nunca foi intenção dele matar a irmã que um dia foi a mulher que amou. A única coisa que Jaime queria era que Cersei ficasse calada e parasse de o machucar com as palavras


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Parece que a profecia da Cersei se cumpriu . Para quem não sabe o Jaime, apesar de ser gêmeo dela, nasceu depois, por isso pode ser considerado irmão menor(valoqar) dela. Não se esqueçam de comentar e me dizer o que acharam. Comentem para honrar a memória da Cersei e da pobre Myrcella kkkk.
Abraços e até o próximo capítulo.



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