O renascimento de Jon Snow escrita por Ana Carol Machado


Capítulo 39
Decisão difícil


Notas iniciais do capítulo

Oiii. Espero que gostem do capítulo de hoje. Abraços e não se esqueçam de comentar. Quando ninguém comenta fico meio insegura com a história.



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Roslin

Roslin sentia muita pena de seu pobre marido. Ele havia sofrido tanto que havia se tornado um homem duro e sempre calado. Sabia que ela tinha uma parcela de culpa em tudo que ocorreu, pois ela sabia que o Casamento Vermelho iria ocorrer e mesmo assim não fez nada para alertar a família de Edmure e os soldados do rei Robb. Mas o que ela poderia fazer? Sua família havia a obrigado a se casar e a colaborar contra sua vontade. Tanto que durante a cerimônia, enquanto sentia o peso do que estava para ocorrer, Roslin chorou e também chorou durante sua noite de núpcias.

A moça ainda chorava toda vez que se lembrava disso e quando seu marido a desprezava. Ele guardava certa magoa dela e não havia se deitado novamente com ela desde aquela trágica noite. Ele raramente a procurava ou falava com ela. Mas por outro lado o filho deles era muito amado por ele.

Quando o pequeno Hoster nasceu, Roslin ficou um pouco triste, pois o nascimento de um menino manteria o marido ainda mais afastado dela. Se tivesse nascido uma menina ele poderia se deitar com ela mais vezes com o objetivo de ter um herdeiro menino, mas como nasceu um garotinho ele não tinha mais motivos para a procurar novamente.

Logo depois que seu filho nasceu ela e o bebê foram enviados para Rochedo Casterly com o objetivo de se juntar ao seu marido. Todavia eles não ficaram muito tempo lá, pois grandes mudanças ocorreram no reino. Um rei dragão tomou Porto Real e um novo rei no Norte venceu todas as batalhas e até rendeu as Gêmeas. Essa última fez tudo mudar, os Lannisters que ficaram em Rochedo Casterly se sentiram perdidos e com medo e enviaram Roslin, o marido e o filho para o Norte com o objetivo de agradar o novo rei e impedir que ele guerreasse contra eles.

Roslin não entende muito de guerra, mas algo lhe dizia que o rei não pretendia atacar Rochedo Casterly, pois todas as batalhas que ele lutou, segundo falavam, foram com o objetivo de deixar o Norte seguro e bem preparado para o inverno. Tanto que o Norte seria a região que melhor enfrentaria o inverno, ao contrario das Terras Fluviais e de Correrrio.

Seu marido sofria também por Correrrio, por saber que ele não tinha soldados ou uma chance de tentar mudar a situação do local que ainda sofria as conseqüências de guerra e de grupos de foras da lei, sem falar de alguns vassalos oportunistas que tomaram Correrrio. Tudo está uma desolação só.

Roslin apesar de tudo se preocupava com a sua família e sofria ao saber que a cada dia mais morriam. Muitos haviam morrido em um confronto interno e ela também soube que grupos de foras da lei continuavam enforcando Freys e que ninguém parecia disposto a intervir por eles. Se continuasse nesse ritmo sua Casa poderia ser extinta antes do fim do inverno. Mesmo sabendo tudo que eles haviam feito a moça sentia um peso no coração.

Ao chegar em Winterfell, Roslin tentou afastar seus pensamentos de seus familiares e se preparou para se encontrar com o novo rei. Ela estava nervosa e olhou para seu marido para ver a expressão dele. O que viu muito a preocupou. A tristeza que sempre estava presente no rosto de Edmure foi substituída por raiva, porém ela não sabia dizer exatamente do que. Talvez fosse por ele saber que o Norte estava bem enquanto suas terras sangravam, talvez fosse por ele, alguém que tem nascimento nobre, ser tratado como refém, talvez fosse o fato do novo rei não ter laços de sangue com a falecida irmã dele ou talvez fosse somente a amargura que sempre povoava a alma dele que resolveu se manifestar na hora errada.

Roslin tinha medo dele falar algo que não devia para o rei. A dor as vezes mexe com a razão e ela temia por eles e pelo filho.

Logo que entraram sentiu que eles não eram muito bem-vindos naquele local. As pessoas e alguns poucos servos que faziam as suas atividades lhe lançaram olhares estranhos. Um dos servos até cuspiu no chão quando eles passaram.

Quando eles foram levados para dentro, para o local onde todos estavam reunidos a espera deles, Roslin reparou que no cadeirão onde era para o rei está sentado estava uma mulher que segurava uma criança. Pelas roupas e pela coroa ela logo soube que era a rainha e que a criança devia ser a pequena herdeira.

De cada lado da rainha havia uma menina. As duas deviam ser as sobrinhas de Edmure, Roslin achava, pois haviam chegado notícias de que elas estavam novamente em Winterfell. Ela lembra que quando soube disso Edmure sorriu, mas somente por um tempo, pois logo depois a tristeza voltou a o atingir. Tem certas coisas que o tempo não cura...

O local estava cheio. Haviam muitos soldados, vassalos e outras pessoas do castelo que estavam bem vestidas. Muitos os olhavam de forma curiosa e hostil. Os soldados que estavam lá olhavam com desprezo para os soldados Lannisters que ainda os escoltavam. Alguns até tinham as mãos segurando o cabo das espadas, como se a qualquer momento fosse preciso atacar. Um clima de tensão dominava o lugar.

A rainha disse o que tinha de ser falado com uma voz entediada, como se preferisse está em outro lugar. Era como se ela tivesse decorado as palavras e apenas as recitassem. Falou que o rei não estava e outras coisas. A mulher estava sempre com a mesa expressão, apenas a mudou quando suas palavras se direcionaram aos soldados Lannisters:

—Como todos aqui sabem há sangue entre os Lannisters e os Starks, por isso a presença desses soldados não será permitida em Winterfell em memória de todos os nortenhos que morreram lutando contra eles.

Roslin ouviu pessoas aplaudirem quando ela falou isso, foram poucos, mas ela ouviu aplausos. A grande maioria dos que estavam no local apenas concordaram com a cabeça e alguns derramaram lágrimas solitárias, com toda certeza se lembrando de parentes que haviam morrido. Ou seriam aquelas lágrimas de raiva?

Os soldados imploraram para ficarem, argumentaram que o caminho de volta seria cheio de perigos e que eles precisavam descansar. Um deles chegou até a tentar correr em direção a rainha e se jogar aos seus pés para implorar, mas não conseguiu se aproximar dela, pois guardas o impediram.  Só que os soldados continuaram a implorar. Uma das sobrinhas de Edmure comentou algo muito baixo com a rainha. A mulher que se chamava Melisandre concordou com a cabeça e disse que havia uma opção para os soldados. Que eles poderiam ir para a Muralha e se juntar a patrulha da noite. Que lá eram necessários novos homens para uma batalha que estava para ocorrer. Ela não entrou em detalhes sobre a batalha e de alguma forma os soldados pareceram satisfeitos e saíram antes que a rainha mudasse de idéia.

—Acho que terminamos aqui. – disse ela se virando para alguns guardas e dizendo- Conduzam nossos hospedes para os aposentos que foram preparados para eles e mandem os servos prepararem um banho.

Roslin respirou aliviada. Pensou que tudo havia acabado bem no fim das contas. Ir para o quarto era bem melhor que ficar lá com as pessoas a encarando. Ela precisava dormir, amamentar o filho e depois se preocuparia com sua nova vida lá. Mas a tranqüilidade dela morreu quando Edmure disse com uma voz cansada:

—Vossa Graça permite que fale algumas coisas?

Um silêncio se instalou em todo o lugar. Era como se todos estivessem com medo do que viria a seguir, mas ninguém estava com mais medo do que Roslin. Quando olhou para a rainha Melisandre ela reparou que a mulher não parecia contente. Ela olhava para Edmure como se o estudasse, como se tentasse descobrir o que ele tramava. O olhar dela parecia dizer que ela queria que aquilo acabasse logo. Ela sussurrou algo com uma das sobrinhas de Edmure, uma menina ruiva diferente da anterior que havia falado sobre os soldados. No final ela autorizou que ele falasse.

—Queria primeiro dizer que fico muito agradecido de ser aceito nos domínios de nosso nobre rei.- falou ele com uma certa ironia na voz que fez Roslin tremer, ela sabia que o marido não gostava muito do rei. Por sorte os outros pareceram não perceber, ou se perceberam, ignoraram- Mas não poderia ficar aqui tranqüilo sabendo que as terras de meus antepassados sangra e que o povo de lá sofre e passa fome.

Quando ele falou isso muitos sussurros se espalharam pelo local e Roslin ouviu alguém dizer com clareza que isso não era problema deles. As sobrinhas conversavam entre si, pareciam discordar e uma delas até chegou a ir para mais longe da outra.

—A situação das Terras Fluviais é muito triste, mas não há nada que possa ser feito. O rei está ocupado com assuntos mais importantes e além disso tem a questão do inverno que está muito perto.– disse a rainha sem nenhum pingo de tristeza na voz e com a mesma expressão do resto do dia.

Edmure riu uma risada amarga e disse:

—Não há nada que possa ser feito, Vossa Graça diz... Há sim algo que pode ser feito, mas creio que o nobre rei não está disposto a fazer. Peço apenas alguns homens, soldados para defender as minhas terras. Ele deve isso as Terras Fluviais, pois é somente por causa delas que ele se senta nesse cadeirão e usa a coroa. Ele tem que ajudar. É obrigação dele.

A expressão da rainha mudou drasticamente. Ao dizer o que disse foi como se Edmure tivesse lhe dado um tapa. Não somente a expressão dela, mas de todos no lugar. Alguns soldados estavam até com a espada erguida e algumas pessoas falavam de desrespeito e traição.

—Tem? Como ousa falar isso? Vou lhe dá uma oportunidade para que se explique e retire o que disse.- falou irritada a rainha

—É simples, o rei apenas usa a coroa por causa de seu irmão Robb, que foi rei no Norte antes dele. Por causa daquela carta que ele deixou. E Robb apenas conseguiu uma boa parte das vitórias por causa das Terras Fluviais. As terras de minha família sangraram por ele e sofreram perdas irreparáveis por ter entrado na guerra a favor dele. Algumas vilas até deixaram de existir na guerra dos cinco reis, alguns castelos foram queimados, muitos inocentes morreram. O Norte também muito sofreu, mas o novo rei restaurou o Norte e o preparou para o inverno, mas se esqueceu das Terras Fluviais. Se nada for feito quando a primavera chegar não vai mais haver nada quase no local onde eram as Terras Fluviais. Somente ruínas restarão do que um dia foi uma terra prospera.  Além disso muitas coisas nunca voltarão a ser como antes, muitas casas menores foram extintas, principalmente por causa do meu... do casamento vermelho.

Quando ele falou do casamento vermelho Roslin reparou que uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Ela também reparou que muitos passaram a encarar. Seu sangue Frey sempre iria a condenar perante os olhos deles. Todos começaram a sussurrar coisas em voz baixa e muitos pareceram envergonhados pelas palavras.

A irritação sumiu do rosto da rainha e ela olhava de uma forma diferente para ele. Como se o estudasse cuidadosamente e pensasse no que fazer. Ela pareceu que ia dizer algo, mas antes que pudesse falar a sua filha começou a chorar em seus braços. O choro da filha fez a expressão da mulher mudar . Foi como se ela despertasse de um sono, como se o choro a lembrasse de algo que havia esquecido. Ela logo acalmou a filha.

—Muitas crianças do mesmo tamanho ou maiores que a princesinha morrem todos os dias nas Terras Fluviais. – Edmure voltou a falar, dessa vez parecia que ele ia tentar apelar para o lado emocional de todos os presentes, mas principalmente da rainha. Roslin podia perceber que o marido estava se esforçando muito para falar aquelas palavras da forma mais respeitosa possível, aquele era um assunto doloroso e, além disso, ele estava se humilhando, praticamente implorando ajuda para salvar o povo das suas Terras Fluviais e pior, implorado para a mulher do rapaz que a sua irmã nunca gostou-  E muitas outras morrerão se nada for feito. O principal inimigo é a fome. Por causa da fome muitos pais vendem ou dão os seus filhos. Eles tentam consegui comida de todas as formas e quando não conseguem chegam a esses extremos. Muitos outros se juntaram a grupos de foras da lei e outros matam seus semelhantes. Muitas plantações foram queimadas assim como celeiros que estavam cheios de comida reservada para o inverno... Creio que disse tudo que havia para ser dito. Todos estão por dentro da situação. Tenho certeza que a rainha tomará a melhor e mais justa decisão. Não será justo abandonar quem ajudou a garantir a coroa que Vossas Graças usam.

Edmure parecia ter conseguido o que queria. Todos ficaram mexidos com as palavras dele e comentavam sobre isso. Um barulho tomou conta do local. Mas Roslin também sentiu o cheiro de dúvida. De todos quem ficou mais mexida com o discurso foi uma das sobrinhas, a ruiva que saiu de perto da rainha e abraçou o tio emocionada. A menina parecia ser bem doce, mas mesmo assim lançou um olhar estranho para Roslin. A moça ignorou o olhar. A presença da sobrinha era uma coisa boa. Isso iria influenciar a opinião da rainha. Iria mexer com emocionou dela e dos outros. Roslin torcia que isso ocorresse. Ela queria que seu marido recuperasse Correrrio, lá seria melhor para o filho deles crescer e talvez depois que ele recuperasse o local a amargura amenizasse e ele conseguisse a amar, ou pelo menos gostar um pouquinho dela e a perdoar por seu sangue Frey.

Meistre Xhitos

A situação era complicada. Realmente o certo seria ceder alguns homens para socorrer os senhores da Terra Fluvial. Mas a situação não era tão simples. Os soldados tanto os selvagens como os outros estavam cansados de guerra e de batalhas. Seria crueldade os mandar para outra batalha, ainda mais uma batalha em terras distantes e com o inverno tão próximo. Sem falar que ainda havia a batalha contra os Outros. Muitos homens seriam necessários.

O Norte sobre a liderança de Jon havia conseguido curar as feridas e estava pronto para o inverno. Eles tinham comida para até sete anos de inverno e o que todos desejavam era ficar em paz, pelo menos até a batalha. Tudo havia se organizado, muitos vassalos que perderam seus castelos passaram a morar em Winterfell. Todos estavam satisfeitos, pelo menos até aquele momento. Ninguém sequer pensava em como as Terras Fluviais estavam. Mas agora que Lorde Edmure havia falado, jogado na cara de todos a dura verdade, tudo estava diferente. Uma decisão tinha que ser tomada e não era uma decisão fácil.

Muito mais do que homens seria necessário para que as Terras Fluviais se erguessem. Seria necessário comida, roupas e outras coisas. Tudo lá eram ruínas. Talvez não fosse possível reerguer o local. Reerguer seria custoso para o Norte.

A cada segundo em que a rainha ficava em silêncio o caos no local aumentava. Muitas vozes discutiam o que fazer. Sansa chorava abraçada com o tio. Roslin olhava ao redor, a moça parecia envergonhada ou com medo, pois muitos a encaravam por causa de seu sangue Frey. Do lado do cadeirão Arya parecia não saber o que fazer, ela parecia está sem reação e não saber exatamente o que sentir. Ela em um dado momento sussurrou algo com Melisandre. O meistre apenas conseguiu ouvir a menina dizendo que era uma questão muito difícil e que apareceu em uma má hora. Depois disso ela olhou para Melisandre esperando que ela falasse algo e tomasse a decisão logo. Todos olhavam para Melisandre.

Se Melisandre fosse uma mulher comum ela teria agido pela emoção e já teria tomado a sua decisão, mas ela não era uma mulher comum. O meistre reparou isso na primeira vez que a viu, desde a época em que ela ainda nem era casada com o rei. Ela sempre foi forte em suas decisões, muitas vezes influenciava o rei, mas raramente era influenciada. As únicas coisas que pareciam a influenciar eram seu deus e o amor por sua filha. E ela por vezes era egoísta.

Ela tinha as suas próprias prioridades em sua mente. E o meistre sabia que a principal prioridade da mulher era vencer o grande outro naquela batalha que estava por vim e defender a sua filha. Ela não cederia homens sabendo que a batalha estava tão próxima.

Melisandre estava demorando demais para tomar a sua decisão e as vozes aumentavam de volume. Será que ela estava procurando as palavras certas para dizer que não iria ceder os homens? Ou será que seria medo das conseqüências? Não. O meistre sabia que ela não era de ter medo. Ele achava que era porque ela não tinha a firmeza que era necessária para uma rainha ou porque achava que poderia fugir dessa decisão. O meistre lembra que sempre que podia ela fugia, as vezes literalmente, de suas obrigações de rainha. Ela não servia para ser rainha. O meistre havia falado isso para Jon, mas ele não o ouviu. Ele balançou a cabeça tentando afastar esses pensamentos...

Sansa pareceu impaciente e disse que era para ela autorizar logo a ajuda, que esse era o certo a se fazer. Que se o Jon estivesse presente ele faria isso. Alguns homens concordaram com a menina e outros discordaram, falaram que tinham famílias, que os grupos de foras de lei eram muito perigosos, que eles somente iriam para a batalha por ordem do rei e com o rei, eles também falaram que o Norte ainda estava fraco para entrar em outra batalha e ajudar as Terras Fluviais a reconstruir. As vozes se exaltaram e quando a rainha se levantou dizendo que havia tomado a sua decisão sua voz quase não foi ouvida.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? No capítulo que vem vou falar do que está ocorrendo em Porto Real e na Muralha, os eventos vão ocorrer ao mesmo tempo que esses. Só lembrando que na minha história o inverno demora mais para chegar do que na história original. Abraços e agradeço a todos que leram.



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