Trouble. escrita por FantasyJuli


Capítulo 24
Capítulo 21




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Voltei para casa antes que todos acordassem e pela primeira vez durante toda a noite eu pude me sentir segura e fora de perigo. Carreguei os saltos e subi a escada em silêncio tentando oprimir os soluços causados pelo choro, cheguei ao meu quarto e encontrei a Cassie dormindo de pijamas de bolinha em um colchão no chão ao lado da minha cama, serena, como se nada tivesse acontecido. Queria poder dormir com a mesma serenidade.

Despi-me e entrei em um banho quente, senti a água limpando os meus fios e observei a maquiagem escorrendo pelo chão, senti uma pontada no estomago quando me lembrei do Cam e tal coisa que tinha para resolver. Quando será que ele me ligaria? Quais serão os problemas que ele está resolvendo? Afastei os pensamentos negativos que circulavam a minha mente e sai do banho, coloquei uma camisa e calcinha e fui dormir.

Acordei já na hora do almoço, ouvi batidas na porta e me levantei para abrir. A Taylor estava parada na porta expressando um falso sorriso e usava um avental que era tão ridículo quanto ela.

—bom dia, Taylor. –disse seria, não estava para sorrisinhos nessa manhã.

—o almoço está na mesa, é melhor vocês levantarem logo, o seu pai não gosta de atrasos. –ela deu um risinho sem graça, falso, como todo o seu ser.

—já estamos descendo. –fechei a porta antes que ela pudesse dizer qualquer coisa e me virei para acordar a Cassie.

Dois séculos depois eu consegui, ela estava no banheiro arrumando o cabelo enquanto comentava sobre o cara que ela estava ficando antes de ter que me procurar, pensei em contar tudo o que aconteceu, mas existem algumas coisas que nós não contamos.  Coisas do tipo: eu namoro um provável assassino, que provavelmente já fez coisa pior, que é envolvido em coisa pior, que é um tanto perigoso, mas é por quem eu estou perdidamente apaixonada. Ela não entenderia, na verdade nem eu mesma entendia o porquê de toda a minha atração por Cam.

Mas as coisas já haviam ido longe de mais, estávamos envolvidos de mais e eu não sentia medo algum do perigo que ele representava para mim, isso me envolvia cada vez mais, como uma droga.

—acho que nós deveríamos sair para fazer alguma coisa, não tenho mais muito tempo por aqui. –“eu também não” pensei.

—da última vez que saímos um cara morreu, sem chances.

—não, vamos fazer algo mais light por assim dizer, assistir um filme ou fazer compras. Fazer compras me parece à melhor opção!

—tudo bem. –eu estava mesmo precisando tirar um tempinho, esfriar a cabeça e fazer compras era quase a minha forma favorita de esquecer-me das coisas que me enchiam a cabeça.

—ai que maravilha, as lojas de cidades pequenas são geralmente bem mais baratas. –ela deu pulinhos de alegria e acrescentou uma camada de batom líquido nos lábios. –acho que você deveria dar um jeito nas sobrancelhas, ficar tipo Kardashian sabe? Ta super na moda, você nem imagina.

—acordaram tarde meninas, como foi a festa ontem a noite? – meu pai perguntou dando uma garfada no arroz com frango no seu prato.

—foi ótima! –disse com um entusiasmo desnecessário tentando mascarar a verdade e meu pai como sabe tão pouco sobre mim, acreditou.

—que maravilha.

—amor, a carta de transferência da Asthryd chegou, parece que o acampamento de férias está terminando. –disse a vaca loira tentando parecer triste, mas tudo o que captei em sua fala foi felicidade e contentamento. Puta.

—você vai voltar para a Austrália? –disseram a Maia e a Cassie juntas como se tivessem ensaiado.

—pelo o que parece, sim. –encerrei a conversa naquele momento. Quando terminamos pegamos as chaves e saímos imediatamente de casa, não agüentava mais um segundo naquele ninho de cobras em que estava inserida.

Estacionamos o carro próximo ao complô de pequenas lojas que ficavam no centro da cidade, eram em sua maioria brechós, lojas de 1,99 e tinha até uma Victoria Secrets no meio lembrando aquela cidade minúscula de que a globalização chegou, mesmo que nos lugares mais remotos desse planeta terra.

Como sempre a Cass se dirigiu a sessão mais ousada da loja, pegou uma calcinha preta de renda tão minúscula que nem exercia a sua real função como calcinha, depois pegou um sutiã rendado preto que, eu tenho que admitir, era a coisa mais linda desse mundo.

—toma, vai experimentar. –disse jogando as peças em minhas mãos me obrigando a pega-las antes que caíssem no chão.

—sem chances!

—vai lá, sua bunda vai ficar ótima nisso aqui, vai ficar parecendo uma verdadeira Angel. E outra, seu namoradinho gostoso vai adorar. –ela riu e saiu saltitando pela loja.

Caminhei sem graça até os provadores cor de rosa da Victoria Secrets, me despi e vesti as peças (a calcinha eu vesti sobre a minha, porque obviamente eu iria lavá-la antes de usar). O sutiã coube perfeitamente, ajustando os meus seios de uma forma que pareciam ser mais volumosos do que eles realmente eram, senti uma leve pontada no estomago ao me olha no espelho, do tipo de pontada boa. Talvez eu aparecesse na casa do Cam usando isso e um, sobretudo, assim que eu perdesse a minha vergonha na cara.

Tirei as peças e voltei a me vesti, sai dos provadores e encontrei a Cass no caixa pagando por um milhão de outras peças que ela havia escolhido, todas nem um pouco discretas. Ela lançou um olhar do tipo “ta olhando o que? Paga logo isso.” Antes de ir ao caixa eu peguei um dos meus perfumes favoritos e um tubinho de gloss de abacaxi e voltei, paguei pelas minhas coisas e saímos da loja super satisfeitas.

—pronto agora você já pode ter uma noite cheia de pornografias. –cantarolou enquanto desfilava pelas ruas atrás de outras coisas.

—meu deus Cass, para com isso. –eu sentia minhas bochechas queimarem, mas disfarçava, não gostava que a Cassie percebesse a quão tímida eu me torno quando o assunto é sexo e mesmo já tendo feito com o Cam eu não me sentia confortável para falar sobre isso.

—o que? É sempre bom apimentar a relação, é super saudável para a relação, aparece em todas as revistas! Até nas que só falam de política, tem escrito assim nas capas. –ela pigarreou e imitou a voz de um locutor de rádio. –evite brigas com o parceiro! Não discuta religião, façam sexo!

—ah sim, tenho certeza disso. –pela primeira vez em dias eu ri verdadeiramente, ri com leveza, uma risada sincera que eu sentia falta de dar.

—era isso que eu estava esperando! Vamos tomar uns frapuccinos, Angel.

Chegamos à cafeteria e nos sentamos em uma das mesinhas de madeira que eram mais confortáveis do que aparentavam, a Cass se levantou com a classe que tinha e caminhou até o balcão para fazer os pedidos. Era ela que sempre fazia os pedidos, já sabia o que eu sempre pedia e aquilo acabava se tornando algo nosso.

Assim que ela levantou a porta do café se abriu, desviei os olhos rapidamente e eu vi o Ash entrando, seus olhos pareciam cansados apresentando pequenas bolsas escuras, parecia um pouco eufórico e preocupado. Definitivamente não era como o Ash costumava parecer, ele estava sempre calmo e alegre, mas isso não se expressava agora.

—Asthryd. –ele pareceu surpreso e praticamente correu até a minha mesa. –que bom que eu te encontrei, p-posso me sentar?

—claro o que houve? –ele esfregou os dedos nos olhos vermelhos, mas não parecia estar chapado, parecia estar extremamente preocupado.

—é o Cameron, - seus lábios se reprimiram. –eu acho que ele está em problemas.

—que tipo de problemas, Ash? –a esse momento eu já nem conseguia sentir o meu coração batendo, meus dedos começaram a formigar e o meu rosto a ficar tenso. –que tipos de problemas, Asher? –aumentei a voz mais do que eu deveria.

—problemas sérios.


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