Trouble. escrita por FantasyJuli


Capítulo 23
capítulo 20 parte 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/629063/chapter/23

—eu espero que ele tenha morrido. –as dedos ensangüentados Cameron seguravam tão fortemente o volante que estavam começando a ficar brancos. –filho da puta.

—Cam, calma! –eu tentava me acalmar e acalmá-lo ao mesmo tempo, mas aquilo estava se tornando algo cada vez mais difícil. –ele não me machucou, eu estou bem.

—mas ele tentou!

Eu estava me esforçando para tentar mantê-lo calmo, mas eu nunca havia o visto daquele jeito. Ele exalava ódio e os seus olhos pareciam estar constantemente a procura de vingança, ele estava mantendo o maxilar rijo e todas as veias do seu rosto e pescoço pareciam estar prontas para estourar a qualquer instante.

—para o carro. –pedi baixo.

—eu não vou parar o carro. –respondeu em seu tom autoritário de sempre.

—Cameron para o carro, agora!

O carro foi desacelerando até que enfim parou.soltei o cinto de segurança e me esgueirei pelo espaço minúsculo interno do carro até conseguir sentar em seu colo. Ele me olhava duvidoso tentando entender o que eu estava fazendo.

Eu coloquei seu rosto entre as minhas mãos e fiz com que ele olhasse diretamente para mim, nossos corpos estavam pertos de mais então eu pude sentir as batidas de seu coração desacelerando e sua respiração se uniformizando, ele estava finalmente se acalmando.

Suas mãos deslizaram pelo meu corpo, passando pelas pernas e quadris até chegar ao meu rosto, ele fechou os olhos e colocou sua testa na minha. Estiquei os meus braços para que pudesse abraçá-lo e então nos beijamos.

Um beijo faminto e sedento um do outro, um beijo mergulhado em saudade e desejo que mal cabia em nós dois e precisava transbordar. Instantaneamente esqueci de qualquer coisa que pudesse nos impedir naquele momento, qualquer coisa que pudesse se colocar entre nós, éramos só nós dois e mais ninguém.

—eu senti a sua falta. –sussurrou quando nossos lábios finalmente se separaram. –me desculpe.

—não pensa nisso agora, eu também senti a sua falta.

—eu não vou mais te deixar sozinha, nem que você queira. –ele soltou um riso frouxo. –meu Deus,você não consegue ficar longe de confusão.

—você também não consegue. –acabei rindo e saindo da imensa tensão em que encontrava. Ele esticou os dedos e os embrenhou nos meus me puxando pra mais perto para que eu pudesse deixar em seu peito.

Ele abaixou o banco e nós ficamos ali por um tempo, meu rosto em seu peito acompanhando cada batida do seu coração, cada oscilação na respiração. Ele mantinha seus dedos brincando com os meus cabelos e nós permanecemos ali, em um silencio mutuo de duas mentes agitadas pensando. Não fazia idéia sobre o que ele estava pensando, mas eu estava pensando nele e em como, com todas as controvérsias, eu queria que aquele momento nunca acabasse.

—eu preciso te levar para casa, não quero mais problemas com seu pai.

—já?

—eu preciso resolver umas coisas. –seu olhar escureceu e sua voz tomou um tom tenebroso. –eu te ligo assim que tudo estiver bem. –percebi que provavelmente as coisas fossem um tanto quanto profundas para serem resolvidas rápido de mais.

—vai demorar? –perguntei ainda sentada em seu colo observando sua feição mais uma vez tensa.

—espero que não. –imediatamente meu corpo foi tomado por uma onda estranha de medo, medo de perdê-lo, medo de que algo ruim pudesse acontecer com ele e a única pessoa com quem realmente me importo fosse embora. Uma lagrima quente e pesada fugiu  pelo canto do meu olho e escorreu.

—eu não quero te perder.

—ei, calma. –ele passou o polegar pelo meu rosto limpando a lagrima que caiu e a que teimava a cair mais uma vez. –você não vai me perder, nem que você quisesse muito, nós ainda temos muita merda para aprontar juntos, somos Bonnie e Clyde esqueceu?

—Cam, isso é a vida real, não quero que um de nós acabe sendo metralhado, ou nós dois.

—ninguém vai morrer, Lady. Vamos, eu vou te deixar em casa.

...

Chegando em casa percebi que o carro do meu pai estava parado um pouco antes da frente da minha casa onde ele não pudesse ser visto por ninguém que ali morava.

Me aproximei da janela do carro e encontrei a Cassie dormindo lá dentro. Dei batidas fracas na janela até que ela acordasse, imediatamente ela saiu do carro e me envolveu em seus braços magros.

—meu Deus, você está viva! Eu fiquei pensando em como eu iria explicar essa historia para os seus pais e me Deus, nunca mais faça uma coisa dessas comigo! Eu fiquei tão preocupada, que bom que eu peguei as chaves com você se não eu ainda estaria naquela balada fudida com mil policiais e um cara morto, uma amiga desaparecida em um gostosão misterioso envolvido na trama.

—calma, o que você disse? Policiais?

—é, você sumiu e eu fui te procurar no banheiro chegando lá estava o maior alvoroço, uma cara morto e você tinha desaparecido. Eu só fiquei mais tranqüila por que uma garçonete me avisou em sigilo que você havia saído com o Cameron ai eu fiquei mais tranqüila, mas ai eu lembrei que ele era gangster ou algo do tipo então eu enlouqueci de novo, vim pra cá e te esperei.

—ele morreu?

—sim, pelo o que eu ouvi ele quebrou o pescoço numa briga, questão de azar mesmo ou o cara sabia o que estava fazendo.

Por um instante eu pensei em contar toda a história para a Cassie, desabafar e quem sabe chorar muito em seus braços, mas ninguém podia saber disso, eu não podia me envolver em mais confusão e eu não agüentava mais toda aquela pressão em cima de mim.

—que loucura, ainda bem que eu não vi nada, você sabe como eu sou com brigas. –menti na cara dura. –faz assim, volta pra casa, toma um banho e come alguma coisa a chave de casa fica de baixo do tapete. Eu vou ligar pra minha mãe, ela me ligou mais cedo e eu não pude responder.

—tudo bem. –ela sorriu e saiu desfilando até entrar em casa, peguei meu celular e disquei o número da minha mãe rezando para que ela atendesse.

—mãe. –ela atendeu no terceiro toque.

—Asthryd? Porque está ligando a essa hora?

—eu estou com saudades. –senti mais uma lágrima começou a cair, mas chorar na frente da mulher de ferro que era a minha mãe era um pecado.

—eu também estou filha, como estão as coisas por ai? Longe de problemas? –ela exibia tudo na voz, menos preocupação. Eu só queria uma figura materna pra me dar conforto, mas encontrei frieza mais uma vez onde deveria existir, no mínimo, amor.

—claro. –que não.

—que bom, espero que continue assim, fez novos amigos?

—sim, estou bem.

—que bom, porque seu tempo por ai está quase no fim, mais um mês e a sua vida volta ao normal. Como nós aviamos combinado.

Do nada a minha vida desabou, tudo ao meu redor começou a girar, o ar ficou mais frio e ficou cada vez mais difícil de respirar. Eu já estava tão imersa nesse lugar, nas coisas, nas pessoas... eu não podia voltar, eu não podia largar a única pessoa que já me fez bem, mesmo com suas controvérsias, eu não podia deixar as coisas por aqui.

Desliguei o telefone, tirei os meus saltos e os joguei em qualquer canto, comecei a andar sentindo as lágrimas virem com cada vez mais força e então comecei a correr. Todos os melhores momentos que passei por aqui começaram a passar na minha cabeça como um flashback.

Meu pés começaram a arder assim como os meus pulmões quase sem ar, me joguei no chão e abracei as pernas com o braço e chorei, tudo aquilo que ainda podia estar enterrado, tudo aquilo que restava aqui dentro. Eu não podia voltar para a Austrália, não sem o Cam.

Eu não podia voltar agora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Trouble." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.