Smiths escrita por Breatty


Capítulo 12
Viagem - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

I'm back people hahaha mais uma parte da maravilhosa (e tensa) viagem dos Smiths para vocês. Umas duas vezes vocês vão encontrar durante o capítulo um traço em negrito centralizado, utilizei ele pra fazer a transição entre o que está acontecendo com a Jane e com o John. (eu sei que vocês vão perceber isso logo de cara, mas achei melhor de qualquer forma falar haha) Espero que vocês curtam o capítulo, fiz com muito amor e carinho e com uma dose extra de tensão. Vamos lá. ♥



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John ainda no estacionamento do supermercado liga para o Ed e conta o que aconteceu.

— Meu Deus John, sequestrada? – Ed parece assustado do outro lado da linha. — Você viu o cara?

— Claro, nitidamente. E você não vai acreditar...

— Quem era?

— Um tal de Ben Tucker que estava hospedado na casa dos meus pais. – faz uma pausa e escuta Ed emitir um som de surpresa. — Segundo meu pai, ele é filho de um grande amigo dele, um tal de Bill. Que ódio Ed.

— Calma, cara... como assim ele estava hospedado na casa dos seus pais? Que loucura! – ele parece atordoado. — E porque ele ia sequestrar a Jane? Será que o cara é envolvido em nosso ramo também? Ou o quê?

— Não sei Ed, simplesmente não sei... – retruca irritado e confuso. — Tenho algumas teorias, mas ele não parece que trabalha no nosso ramo... logo quando o vimos no aeroporto ontem ele fixou os olhos em Jane e não parou mais de dar em cima dela. Desde o início ele me pareceu estranho, uma cara estranha e um comportamento mais ainda... eu disse a Jane, não fui com a cara dele... e agora isso. Eu estou imaginando que ele levou ela porque ficou fixado nela, algo assim... tipo aqueles caras psicopatas. – passa a mão no rosto repetidamente, nervoso. — Não quero nem pensar Ed... não consigo nem imaginar o que esse cara pretende com a Jane, eu simplesmente não tenho forças para pensar racionalmente... eu só quero matar ele e buscar a Jane, só isso. Se ele encostar um dedo nela pode ter certeza que nenhum pedaço dele vai restar pra contar a história. – fala sombrio.

— John, eu sei que deve ser difícil, mas você precisa pensar racionalmente, a Jane ia querer isso... você não pode simplesmente sair igual a um louco por aí, eu vou te ajudar cara, vamos te ajudar. – diz determinado. — Se ele se fixou na Jane pode ser mesmo que ele seja um daqueles caras psicopatas e tenha levado ela por capricho... mas pode ser também que exista mais coisa nessa situação, e eu acho que isso envolve mais coisas do que uma simples paixão do cara por sua esposa. – pensa. — Vou fazer uma investigação aqui sobre esse cara... vou contar a Jas pra ela me ajudar também e vou falar com o pessoal da inteligência da agência pra fazer uma varredura. Seria bom uma foto ou algo assim pra ajudar, pois você sabe que nem sempre a pesquisa pelo nome é garantia de resultado.

— Ed, eu não posso envolver a agência nisso... não se trata de criminosos, quadrilhas, armas ilegais ou coisa assim. É algo de polícia.

— Você sabe John?

— Não, não sei... – suspira pesadamente.

— Então pronto, você não tem como afirmar nada. E você não deve envolver a polícia ainda, pois se for mais do que uma loucura de um tarado maníaco, a responsabilidade é da nossa agência pois estaremos lidando com um criminoso e talvez um possível concorrente.

— Ed, não sei o que fazer... não sei o que falar para meus pais, não sei como me comportar agora. Minha vontade é correr atrás daquele carro, mesmo que seja inútil.

— John, você não pode contar para o seus pais, não ainda. Invente alguma coisa, sei lá... pense aí. Tudo o que vai acontecer daqui pra frente vai depender do resultado da pesquisa que fizermos aqui.

— DROGA, ED, ENTÃO FAZ LOGO ESSA PESQUISA! – retruca exaltado. — Não posso ficar sentado esperando, cada minuto que passa ela corre mais perigo na mão daquele panaca... não sabemos o que ele pretende ou qual o seu nível de loucura.

— Eu sei, eu sei, vou iniciar a busca agora. – John escuta o barulho do teclado. — O que você sugere? Ben Tucker, Bill... o que mais para a varredura?

— No momento só tenho isso, vou tentar pegar mais informações com meu pai a respeito deles. Mas se realmente eles forem envolvidos no nosso ramo, sem dúvidas a pesquisa deve focar no pai dele, as coisas sempre começam de pai para filho e esse Ben não parece muito responsável para levar uma agência ou um trabalho desse porte sozinho. Ele tem cara de pau mandado.

— Ok, ok. Fique firme aí cara, vou começar a pesquisa aqui agora e assim que tiver informações complementares me ligue. E John, não se preocupe, vamos achar a Jane. – tenta tranquilizá-lo.

— Claro que vamos, isso você pode ter certeza. Valeu. – desliga o celular.

John respira profundamente e vasculha a bolsa de Jane, encontra o celular e a carteira com todos os documentos e todas as outras coisas que ela carrega. Ele olha pra farmácia e volta o olhar pra entrada do mercado, passa a mão pelo rosto e anda até o mercado com passos lentos e meio confusos, carregando a bolsa da esposa sem saber como proceder daqui pra frente.

— John, filho, pensei que você havia se perdido. – Zack vê o filho se aproximar perto das sessões de comidas congeladas. — Cadê a Jane? – olha pra bolsa na mão dele. — Tudo bem, filho? – percebe um olhar triste e desolado do filho.

— Ah... sim pai, tudo bem. – faz um esforço enorme pra disfarçar. — A Jane precisou resolver umas coisas no banco, referente a algumas contas do nosso apartamento que esquecemos lá em Nova York. – encara o pai esperando que ele acredite na história.

— Ah... e porque a bolsa dela está com você?

— Ela só levou a carteira com os documentos... sabe, ela não gosta muito de ir pra qualquer canto com bolsa. – sorri sem graça.

— Ela foi de táxi?

— Sim.

— Poderia ter dito a ela pra esperar filho, nós iriamos juntos.

— Eu sei pai, mas a Jan não gosta muito de incomodar e ela achou melhor eu ficar pra curtir mais tempo com vocês.

— Sei... sempre carinhosa ela. – sorri sincero. — Ela vai voltar pra cá ou vai nos encontrar no restaurante? – John fica meio branco.

— Então, ela disse que vai me ligar pra dizer.

— Está bem. Vamos torcer para que sua mãe não demore horas aqui. – revira os olhos. John esboça um sorriso discreto, tentando parecer normal.

— Oi filho. – é a Sarah voltando até eles com alguns produtos na mão. — Cadê minha nora?

John então conta a mesma história que contou ao pai. Sarah escuta com atenção e não parece desconfiar, já Zack parece meio confuso com a história, mas não parece contestar nada. John fica meio aliviado, afinal ele não conseguiria administrar mais um problema na cabeça.

Durante o tempo que ficam no mercado John apenas segue os pais mecanicamente, observa e escuta eles conversarem animados alheio ao que está acontecendo, e a todo momento olha a tela do celular esperando alguma posição de Ed ou até mesmo uma ligação da esposa ou do Ben. Enquanto anda ele pensa em várias possibilidades de como vai fazer pra achar Jane, e quando pensa no momento final em que vai ficar frente a frente com Ben só consegue visualizar ele morto e estirado no chão. Pensa nos motivos que levaram o desgraçado a fazer aquilo, e como não percebeu antes que ele era perigoso a esse ponto, ao mesmo tempo que no fundo se culpa por ter deixado a Jane ir sozinha pelo estacionamento. Tenta clarear os pensamentos, a Jane não ia querer que ele se culpasse por algo que estava fora do controle dos dois, afinal eles jamais iam imaginar isso. Droga Jan, porque você não apagou aquele desgraçado? John pensa, olhando para todos os lugares e para nada ao mesmo tempo.

Depois de mais alguns longos e torturantes minutos eles pagam as compras e se dirigem até o carro. John então precisa inventar outra mentira para explicar o porquê da Jane não ir almoçar com eles, na verdade ele não quer ir almoçar, não quer fazer nada, ele não sabe se vai conseguir almoçar, sorrir e conversar como se tudo estivesse tranquilo.

— Filho, está tudo bem mesmo? – Sarah questiona preocupada. — Você está com um semblante abatido. - John toma um susto, pensou que estava conseguindo disfarçar mais ou menos bem.

— Ah... – pensa no que vai dizer e decide mudar a versão da história, para ser mais condizente com sua condição atual. — É que eu e a Jane brigamos, mãe. Foi isso. Me desculpem.

— Oh meu querido, o que aconteceu? Vocês estavam tão bem. – Sarah acaricia o rosto do filho.

— A mãe, coisas de casal... vocês sabem. – desconversa.

— Foi sério filho? – Zack questiona preocupado.

— Não muito, mas não foi legal também.

— Conte para nós, meu amor.

— Sarah, querida, acho que nos problemas deles nós não devemos interferir, certo? Acho que o John prefere não falar, não vamos dá uma de pais intrometidos. – Zack sorri sem graça. John concorda.

— Quer ir pra casa filho? Acho que você não está com uma cara muito boa pra ir almoçar, e suponho que a Jane não vá também.

— Vocês não iriam se importar? Eu gostaria, não estou com muito ânimo e não quero estragar o dia de vocês... vão almoçar e se divertir um pouco, e não se preocupem que me resolvo com a Jane depois.

— Imagina meu bem, não se preocupe! Vamos para casa com você, não vamos deixar você sozinho.

— Não, mãe, não é necessário. Podem ir almoçar. Vou me sentir pior se vocês ficarem em casa por minha causa. Por favor. – John tenta convencer os pais a deixarem a casa livre, pois assim ele pode pesquisar e acessar os dados da agência através do notebook sem interferências, e pode falar ao telefone sem correr o risco de eles ouvirem uma palavra que seja.

Zack e Sarah concordam com relutância e deixam John em casa, descarregam as compras e depois seguem para almoçar. John corre para o quarto e liga o notebook, sente os dedos suados e a mão tremendo de ansiedade e nervoso. Olha o celular repetidas vezes, mas nada do Ed e nem de um possível contato da Jane ainda. Cada minuto que passa ele fica mais e mais nervoso, e mesmo que tente pensar positivo não consegue deixar de sentir que as chances de obter informações que possam levá-lo até a esposa são bem escassas. O dia se arrasta e mesmo pesquisando todos os tipos de palavras-chaves possíveis no sistema de busca da empresa, ele não consegue encontrar nada, nem um rastro de quem seria esse Ben Tucker. Liga para o Ed umas três vezes, mas chama, chama e ninguém atende. Ele deixa recado na caixa postal, mas Ed não retorna. A tarde chega e John ainda não conseguiu almoçar nem colocar nada na boca, decide ir até o estoque de bebidas do pai e pega uma garrafa pequena de whisky, abre e vira na boca sem cerimônias. Ele escuta o carro do pai encostar na garagem e sobe correndo para o quarto trancando a porta, sem vontade de encontrar ou inventar mais mentiras para eles. O início da noite chega e ele permanece deitado na cama, depois levanta e anda pelo quarto pensativo sem encontrar nada que possa ajudar, se sente inútil e incapaz dentro daquele quarto, e com a mente vazia ele fica imaginando o que o desgraçado do Ben está fazendo com a Jane naquele momento, o corpo dele treme e irradia tensão quando ele imagina as piores coisas possíveis sem conseguir conter esses pensamentos extremos, sem conseguir ignorar esse sentimento de impotência. De repente o celular toca e ele se assusta, sente o coração bater mais rápido e corre atendendo rapidamente. Respira fundo.

— John, você está sentado? Cara, você nem imagina o que encontramos. – Ed fala eufórico e animado, e de certa forma orgulhoso, respirando alto.

— O QUE? DIZ LOGO ED! – berra. — Cara, você passou a tarde toda sem me dar uma posição, eu liguei pra você umas três vezes, deixei mensagem e você não retornou... você pode imaginar como eu passei a minha tarde? Eu não consegui achar merda nenhuma cara, NADA. Estou enlouquecendo, não sei o que fazer... não tenho nenhuma pista, NADA. Estou preso nesse quarto a tarde toda, e me sinto inútil. – desabafa.

— John, se acalme, tenho algo que você vai gostar... não se sinta inútil, afinal você está de mãos atadas... na verdade estava. – diz misterioso.

— Ed, o que você encontrou? – pergunta sério e ansioso.

— Vou mandar para seu e-mail da agência. É melhor que você veja todo o relatório detalhado para entender a porra toda. Cara, só te digo uma coisa: eu estava certo. E você também.

— Manda logo Ed. Pelo amor de Deus. – corre até o computador e desbloqueia a tela, acessando o e-mail.

— Eu não sei se agora é necessário, mas pegou mais informações com teu pai?

— Não, nem lembrei e nem tive cabeça... eles estavam me enchendo de perguntas, estava sem cabeça pra eles. Só queria despistar eles.

— Ok, tranquilo. Acho que agora também não é mais tão necessário. Mandei pra você o e-mail, leia tudo e depois me ligue. – desliga.

John joga o celular no travesseiro e o e-mail de Ed surge na tela do MacBook em negrito, ele clica e abre o relatório da pesquisa.

____

Jane abre os olhos sentindo a cabeça pesada e o corpo dolorido, se apoia onde estava deitada e percebe mesmo na escuridão que se tratava de um sofá não tão confortável, mas aparentemente não era dos piores. Senta no sofá e esfrega os olhos tentando identificar o ambiente em que estava, as luzes estão apagadas, mas do corredor uma fresta de luz entra pela porta encostada. Ela passa a mão pelos braços e pelo corpo tentando avaliar se teve algum dano físico ou machucado, por conta da queda e da luta que teve no estacionamento com o desgraçado do Ben. Coloca a mão instintivamente na barriga e alisa, preocupada com o bebê. Levanta e vai andando até a porta encostada, tentando pisar levemente no chão enquanto sente o coração disparar e uma onda de enjoou atingir seu estômago em cheio, mas ela ignora mais preocupada em saber onde está e porque foi levada para lá. Encosta o ouvido na fresta da porta e escuta um barulho de TV ligada e um barulho de copos e pratos sendo manuseados, abre a porta delicadamente e vai andando seguindo o barulho da TV, tentando pisar no chão apenas com a frente do sapato para não fazer barulho com o salto. Ela chega em uma sala com cheiro de mofo, onde um sofá se encontra em frente a uma TV meio desbotada e observa um homem de costas de frente para o balcão de uma cozinha igualmente feia e bem pequena. Era Ben. Ela olha em volta tentando achar algum objeto pontudo e afiado para se defender e atacar ele, mas ele vira na hora ciente de sua presença e capta seu olhar curioso provavelmente a procura de alguma arma de defesa.

— Nem adianta, coisa linda, guardei tudo que pudesse servir de arma para você... sei que você é esperta e bem preparada. – sorri presunçoso. — Que bom que acordou, estava esperando você para jantarmos.

Jane não fala nada e permanece parada na entrada da sala, encarando ele.

— Não precisa ficar com essa cara, não fique assustada. Comprei um jantar maravilhoso para você, especialmente para você.

Ele continua.

— A propósito, você está linda. Sempre bela!

Ela revira os olhos e ele sorri. Ela olha por uma brecha de uma janela e vê o céu escuro, anoitecendo.

— Não vai falar nada? Não vai perguntar nada? Não quer saber nada?

— Comece a falar. – retruca raivosa.

Ele aperta os olhos.

— Você me deu algo para apagar, Ben? – pensa instintivamente no bebê.

— Claro, você é bem dura na queda, vamos dizer. Era necessário.

— Porque está fazendo isso?

— Você quase quebra meu queixo. E ainda por cima furou um pouco a minha perna com esse salto. Uau, mas não fiquei surpreso. – sorri misterioso e Jane pensa no salto do sapato que ele falou, e pensa que é uma boa arma e está sobre seu domínio em seus pés. — Venha, sente-se aqui no balcão. Não está com fome?

— Porque você está fazendo isso? – sente a raiva dominar seu corpo. Só pensa em socar a cara dele até ele ficar irreconhecível.

— Calma, Jane. Você vai saber de tudo, mas primeiro estou com fome e acho que você também. Podemos jantar, por favor?

— Eu não quero. Coma você essa merda. – devolve um olhar de desprezo a ele. Ela percebe a fúria tomar os olhos dele e sua postura mudar visivelmente. Ele levanta e vem andando calmamente até ela.

— Acho melhor você tomar cuidado com suas palavras. Como você pode perceber, eu estou em vantagem aqui e não você. Eu posso te machucar e você não pode me agredir. Então é melhor se comportar.

Jane abre a boca como se fosse sorrir e dá um murro no nariz dele. Ele se curva pra frente segurando o nariz gemendo de dor e o sangue se espalha entre seus dedos. Jane tenta se movimentar, mas ele segura o braço dela cravando os dedos e com a outra mão dá um tapa bem forte na cara dela, ela meio que se desequilibra e coloca a mão no rosto sentindo o local do tapa queimar enquanto movimenta o maxilar com raiva.

— Jane, não quero machucar você, mas você me obriga. Você é impossível. – retruca raivoso enquanto segura o nariz que continua sangrando.

— Você me machuca, e eu machuco você. Eu não me importo Ben. Eu quebro seu nariz e você quebra meu maxilar. – ela passa a mão no queixo. — O que não é o caso aqui, pois eu quebrei seu nariz, mas você não quebrou meu maxilar. Acho que estou em vantagem agora.

Ele bufa de raiva e morde os lábios. Vai andando até o congelador, coloca alguns cubos de gelo dentro de um saco e encosta no nariz, tremendo de dor.

— Porque você está fazendo isso? Você já me sequestrou, agora o mínimo que eu posso saber é o motivo disso.

— Acho que você não merece saber, não depois desse seu ataque repentino em mim.

— Você é algum tipo de maníaco, estilo filme de Hollywood, que sequestra as mulheres em que você fica fixado? – ela tenta usar a tática da ofensiva, para desestabilizar o inimigo através de coisas que eles odeiam pensar de si mesmo.

— Eu não sou maníaco, sua maluca. Tem muito mais nessa história que você nem o seu maridinho sabem. – se exalta em tom de desprezo. — Mas eu sei de vocês, sei sobre vocês. – sorri maldoso, e Jane sente como se tivesse levado um murro no estômago. Ela pensa logo na agência.

— Ah é? O que? – desafia, mas sente medo.

Ele senta na cadeira ainda colocando o gelo no nariz, mas o sangue não para de escorrer.

— DROGA! – berra. — Essa merda desse sangue não vai parar?

— Não. Eu quebrei seu nariz, idiota. Só vai parar quando alguém colocar no lugar. Creio que você não é corajoso o bastante para isso. – levanta as sobrancelhas.

— Sua desgraçada.

— Estou esperando para ouvir sua história sobre o que supostamente sabe sobre mim e sobre o John.

— Basicamente vocês dois são agentes especiais. Assassinos profissionais e bem antigos na área. – sorri. — E ai? Acertei não foi? – Jane não deixa transparecer, mas se sente sufocada e surpresa.

Ela força um riso e olha para o teto.

— Cara, você é pirado mesmo. – desconversa. — Está lendo muito romance policial.

— Não adianta fazer esse joguinho de me fazer parecer idiota e maluco, não adianta mais... tenho provas e conheço sua agência não é de hoje. E só pra calar sua boca vou lhe mostrar uma coisinha. Meu pai não iria concordar, mas vou fazer esse favor para você.

Ele levanta e vai até uma mesa no centro da sala e abre uma pasta colocando o código de trava, Jane acompanha atentamente tudo. Tira de lá uma pasta preta com “confidencial” escrito na capa e entrega a ela com um olhar desafiador e vitorioso, ela olha para ele e depois pega a pasta e tenta ao máximo parecer indiferente fingindo que não sabe de nada. Pega a pasta se fazendo de desinteressada e caminha até o balcão, coloca a pasta sobre o móvel e a abre sentindo os dedos suarem e os pelos da nuca eriçarem. Sente Ben próximo a seu corpo, observando enquanto ela passa os olhos pela pasta e pelos documentos dentro dela. Dentro da pasta não tinha muita coisa, basicamente tinha fotos da frente da antiga sede das agências, fotos em péssima qualidade do John e dela, da Jas e do Ed e de alguns outros agentes como Thomas, documentos com a possível localização da nova sede da nova agência, protocolo de tentativas de invasões no servidor da Swapte, informações escassas sobre os agentes e sobre as possíveis operações realizadas por eles. Jane tenta ler cada palavra e captar cada detalhe, mas ao mesmo tempo tenta passar as folhas de forma desinteressada tentando não entrar no jogo do Ben e manter a imagem de quem não sabe de nada. O protocolo sempre foi esse: negar até quando for possível.

Enquanto ela tenta negar, o Ben abre o bico sobre todos os detalhes. Ela pensa: deve ser novato, é bem inexperiente. Entregar tudo de bandeja assim é contra as regras.

— Pois é, meu amor, esses são fatos. Sei quem vocês são e nossa agência vem investigando a sua a alguns meses. Incrível, não é?

Jane fixa na mente cada informação daquele dossiê e fecha a pasta, empurrando para a frente como se não significasse nada para ela e depois olha para o Ben com uma cara de desentendida. Isso ela sabia fingir muito bem. Ele fica irritado olhando pra ela.

— É o que? Vai dizer que é mentira? Está tudo aí nas páginas, não tem como negar. Você está fazendo papel de idiota.

— Eu? Acho que o idiota e maluco aqui é você. Não sei do que se trata nada disso, não vejo nenhuma prova aqui e nem nada.

Ele revira os olhos e abre furiosamente o dossiê, pega uma foto dela e do John meio desfocada e em péssima qualidade e praticamente esfrega no rosto dela. Ela olha impassível, mas por dentro seu corpo está em alerta máximo. Mas ela está conseguindo o quer: irritar ele, e deixá-lo vulnerável.

— Está vendo essa merda aqui? São vocês. Vai negar? – seus olhos explodem de raiva.

Ela dá de ombros e ele larga a foto em cima do balcão e pega dentro da pasta uma arma pequena preta, volta até ela e encosta o cano em sua cabeça. Jane observa a cena temerosa, sente o cano frio da arma pressionar em sua cabeça, observa Ben se descontrolando aos poucos se deixando levar pelo lado emocional da coisa em vez de manter a postura, ela percebe um sentimento de fúria em seus olhos e tenta ao máximo manter a calma, tenta se comportar como alguém que não se importa em ter uma arma apontada para a cabeça. Ela permanece fria, mas dentro de si um turbilhão de emoções se chocam, ela pensa em John, pensa no bebê, pensa na agência, pensa em tudo ao mesmo tempo.

— EU NÃO POSSO FALHAR NESSA MISSÃO, ENTENDEU? EU NÃO VOU FALHAR! – a mão dele treme e a arma se movimenta. — MEU PAI NÃO IRIA PERMITIR. E EU QUERO ENTRAR NISSO DE CABEÇA.

Hum, pai e filho, relação difícil pelo visto. Necessidade de provar e ter a aprovação do pai. Jane avalia friamente a situação, enquanto escuta Ben falar nervoso.

Ela decide falar.

— Seu pai não é amigo do pai de John? O que ele tem haver?

— Meu pai é o presidente da nossa agência, e ele me deu a oportunidade de provar meu potencial e subir de cargo dentro da agência com essa missão. E eu não hesitarei em conseguir meu objetivo. E sim eles são amigos, mas isso não tem nada a ver, afinal o Zack assim como não sabe sobre o trabalho de vocês, não sabe sobre o nosso.

— Eu trabalho com informática e tecnologia, o Zack sobre isso. – continua a negar.

Ele se exalta e pressiona mais o cano da arma em sua cabeça.

— Se você negar novamente, eu atiro na sua cabeça, coisa linda.

— Acho que a sua missão não é me matar, logo você não irá atirar em mim.

— Ah, então agora você reconhece não é. Será que a sua ficha está caindo?

— Qual o seu objetivo? – desconversa, mas decide aos poucos deixar a fachada de que não sabe de nada de lado.

— Creio que seu marido deve estar pensando que te sequestrei pois fiquei fixado em você, e me apaixonei e tudo mais... na verdade, isso não é totalmente mentira, fiquei fixado sim e me encantei, acho que era mais justo você estar comigo. Mas o motivo do sequestro não é esse, como eu disse tudo tem ligação com a nossa agência, e para conseguirmos o que queremos precisávamos pegar algum agente da agência de vocês, e como um presente de Natal antecipado eu precisei viajar pra cá e acabei encontrando vocês... não é fantástico? – sorri. — Então decidimos que precisávamos pegar você, pois assim será mais fácil obter o que queremos afinal seu marido não vai hesitar e não vai querer perder você, e assim mesmo que a agência de vocês se recuse em colaborar ele vai dá um jeito de pegar o que queremos afinal ele não vai querer perder a belezinha dele aqui, não é? O amor fala mais alto. – sorri convencido.

— E aí vocês me sequestraram também pois tecnicamente sou mulher e sou mais fraca. Isso?

— Não exatamente... eu pedi ao papai para ser você pois queria unir o útil ao agradável, afinal eu não mereço ficar preso em um lugar tanto tempo com outro homem, tendo que olhar todo dia pra cara feia dele e não poder tirar nada de agradável disso. Com você será melhor, pois mesmo que eu fique preso aqui por um tempo, vou poder admirar você e estarei em uma companhia agradável. Nada como observar uma mulher bonita e formosa. – sorri. Jane sente vontade de vomitar de nojo.

Ele continua.

— E antes que você pergunte, não, não sabíamos que o Zack e a Sarah eram pais do John e que muito menos vocês estariam aqui em Atlanta também. É como eu disse, foi como um grande presente de Natal antecipado, algo que nunca poderíamos imaginar e que caiu direto no nosso colo. Fomos agraciados e aqui estamos. Perfeito!

Jane respira fundo e ele tira a arma da cabeça dela.

— Está mais calma? Gostou da historinha pra dormir? Acho que agora você não pode negar mais, então acho melhor tirar essa pose de superioridade e começar a abrir a boca. Mas por hoje é só.

De repente ele tira a mão do bolso e coloca novamente aquele pano preto no nariz dela, sufocando-a. Ela tenta se mover e se soltar em cima do banco, mas ele imobiliza ela pela nuca o que torna difícil para ela se defender. Ela sente que dessa vez ele colocou mais produto no pano, pois o cheiro é ainda mais forte, o corpo perde força rapidamente e ela não consegue resistir e desmaia.

____

John ler e reler o relatório enviado por Ed. Não consegue acreditar que o desgraçado do Ben é mesmo do ramo deles e tecnicamente um concorrente. Tenta captar cada detalhe do relatório, que era um pouco escasso de informações, mas trazia detalhes importantes e cruciais.

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De: Ed Sutzer

Para: John Smith

Assunto: Relatório

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Nome: Ben Tucker.

Pai: Bill Tucker.

Mãe: Samantha Tucker.

Nascimento: 07/02/1974

Residência: Los Angeles.

Quando pesquisamos o nome de Ben não encontramos nada, mas ao procurarmos no banco de dados o nome de Bill é que as coisas ficaram interessantes.

Basicamente, Bill é presidente de uma agência nova em nosso ramo.

Nome da agência: Sitzer.

Tempo: Um ano.

Localização exata: Desconhecida.

Possível localização da sede: Los Angeles.

Ocupação: Criminosos.

Número de agentes: Dez.

Missões: Três.

Possíveis Complicações: Desconhecidas.

Foram poucas as informações que conseguimos encontrar, pois a maioria está criptografada no servidor, estamos trabalhando para encontrar mais coisa... foi bem difícil achar através do nome de Bill, só depois de muitas combinações os fragmentos foram surgindo e daí aos poucos conseguimos formar esse pequeno relatório. Mas já é o suficiente para tomarmos as direções para pegar a Jane de volta. A partir de agora já sabemos do que se trata e por tanto vou comunicar ao pessoal da agência e ao “pai” e a “mãe” também, para a gente iniciar a missão de resgate. Só que precisamos saber o que eles querem John, você consegue imaginar algo? Algo da nossa agência é claro, mas o que exatamente? Mas já sabemos: nada de polícia, isso é com a gente agora. E só para você ficar ciente, é provável que o “pai” e a “mãe” não queiram que você participe da missão, afinal o seu emocional vai estar envolvido, podendo colocar em risco a operação... bem, você conhece o protocolo. Estamos arrumando as coisas aqui, talvez você precise você voltar para Nova York, mas antes que você me mande pra porra sei que você não vai querer sair daí, então trocamos informações via conferência ou mensagens privadas. Quanto terminar de ler me ligue cara.

_________________________

John termina de ler, novamente, as palavras de Ed e se levanta andando pelo quarto, inquieto e nervoso. Ele pensa em Jane e no bebê, tenta imaginar que ela está bem e que logo estará de volta para os braços dele. Pensa em Ben e o ódio sufoca sua garganta.

Ninguém vai me tirar dessa missão, pensa determinado e revoltado.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram amores? Espero que sim! No próximo capítulo, parte 4, teremos o desfecho do sequestro de Jane, então nós vemos lá... e nos comentários, claro haha Beijocas.