Palavras de Heagle II escrita por Heagle


Capítulo 4
She isnt real, I cant make her real




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Matthew chegou estranho em casa naquele dia. Deu-me um beijo longo e bem mais romântico do que o dos últimos e murmurou, em um sorriso tímido:

– Você é tudo para mim.

Tudo bem, aquilo me pegou de jeito, tanto que tratei de agarrá-lo e continuar aquele beijo delicioso. Mas sem detalhes, por favor.

Sei que antes que fizéssemos algo, Syn, com sua delicadeza de elefante, tratou de arrombar a porta do apartamento com um chute e gritar, todo animado:

– Corey ligou. A gravação para o show vai ser essa semana.

– Já? Ele disse que avisaria com antecedência. – resmungou Matt, afastando-se de mim. – Ele é um corno, sempre fudendo minha agenda.

Sua zanga era mentirosa. Adiaria quantos shows e compromissos fossem necessários para cantar ao lado de Corey Taylor, o vocalista do Slipknot. Era, acima de um amigo, um ídolo de muitos anos. E não fiquei surpresa que ele acabou ligando no mesmo instante para o empresário sobre o compromisso.

– Que dia? – perguntou Matt, ainda ao telefone. Syn deu uma risadinha marota e coçou a cabeça:

– Amanhã.

– AMANHÃ? CARALHO! – deu um berro, mas sem modificar em nada seus planos. Depois ligaria para Corey... mas eu realmente não estava interessada nisso.

Estava empolgada por levar uma pessoinha que nos últimos tempos ia de mal a pior em sua fossa de corna. Nem preciso dizer que era a minha linda Mel.

– Notícias, notícias, nooootícias! – legal, eu não havia dito para Matt nem Syn que convidaria Mel, mas ela era minha irmã-melhor amiga, então foda-se. – ADIVINHA PARA ONDE VAMOS AMANHÃ, HUM?

– Pro inferno? Tô precisando. – resmungou, com a cabeça afundada no travesseiro. Tratei de pular em cima dela e gritar, eufórica:

– VOCÊ VAI REVER O SEU GOSTOSO DO COREY!

A face de Mel se iluminou de uma forma que pensei que ela vertia luz. Sem zuera.

– VOCÊ DISSE COREY? AQUELA DELÍCIA DA MINHA VIDA!? – repetiu, radiante. – MAS COMO?

– Por alguma ironia do destino... meu namorado e seu ex vão tocar com ele... no DVD da banda... e sabe né... vai rolar uns camarotes para a gente, espero eu.

Ela nem deixou que eu terminasse. Correu para o guarda-roupa, arremessou um monte de vestidos ao chão e escolheu um que estava bem no fundo.

– ESSE, ESSE VOU ARRASAR! – planejava, dando giros e piruetas como uma adolescente que foi convidada para o baile de formatura norte-americano (ou para a balada, na realidade dos jovens atuais). – AI DEUS, QUE EU FAREI?

– Bem... converse dignamente. – avisei, dando uma piscadinha. – Depois... bem... você pode se divertir um pouco. Caso ele queira.

– ELE ME COMEU COM OS OLHOS DA ÚLTIMA VEZ, MARIE!

Corey e Mel já estiveram juntos algumas vezes por causa dos direitos autorais de Vermillion, que utilizei no livro e na trilha sonora do filme “Os Murphy”. E essa cena voltaria a acontecer minutos antes do show, com toda as bandas e convidados reunidos no backstage.

Eles realmente se olharam longamente quanto se cruzaram, e tratei de disfarçar para que nenhum Avenged percebesse (leia-se: Synyster). No camarote, que dava uma visão privilegiada do palco, percebi os tais olhares outras vezes, até que no intervalo (na segunda parte, Matt faria a participação), um dos seguranças cutucou Mel sutilmente, dando-lhe um recado.

Seu rosto corou bruscamente, e no calor do momento, só conseguiu cochichar um “É HOJE QUE EU COMO AQUELE GOSTOSO, MARI!”

– Tudo bem, Mel... – ri, fazendo uma nota mental. – Na continuação do livro Palavras de Heagle... darei o presente de narrar esse fato hilário.

(Participação Especial: Mel – Lillian Gutierres)

Vermillion – Slipknot.

Segui o roadie pelos corredores do backstage, sem nem acreditar no que estava acontecendo. Digo, eu já havia conversado com o Corey algumas vezes, duas delas pessoalmente, por conta da trilha sonora do filme, mas nunca imaginei que isso poderia passar adiante. Eu disse pra Marie que ele havia me olhado diferente nas vezes que nos encontramos, mas ela dizia que era só minha impressão pelo fato de eu ser LOUCA por ele desde a adolescência. Amo Slipknot e Stone Sour, e o Corey é uma delícia, FALA SÉRIO. “Mas Corey, meu bem, eu estou desimpedida, solteira, traída e com muita vontade de trepar com você, me aguarde”, pensei, exibindo um sorrisinho malicioso.

– Aqui. – o roadie abriu a porta do camarim pra mim.

– Obrigada... – Phill, encontrei o nome dele no crachá – Phill! – e dei uma piscada para ele. É, eu não presto, mas tenho que aproveitar minha solteirice, não me julguem. Ele sorriu meio sem graça, provavelmente porque ninguém se importa com os roadies nem com o nome deles quando se é convidada pessoalmente para o camarim do vocalista. É, acho que se eu passasse meu telefone para ele, amanhã mesmo me ligaria. Homens, todos previsíveis, como aquele FILHO DA PUTA MANCA DO BRIAN PAU NO RABO.

O camarim estava incrivelmente iluminado (desculpa, mas por se tratar de Slipknot você automaticamente pensa em algo escuro, úmido, com uns vermes e tals) e limpo. Havia algumas mesas com comida e bebida, e a banda toda estava lá, inclusive Matt. Estavam todos sem máscara, mas com elas penduradas na cintura. Já disse que achava sinistro, mas muito, MUITO sexy? Eu sei, tenho sérios problemas.

– Hey Mel, que bom que veio, fiquei meio em dúvida se realmente viria. – eu virei e encontrei Corey encostado na parede, com os braços cruzados e com um sorriso bem cafajeste no rosto. Juro que me controlei para não atacar aquele homem ali mesmo e rasgar as roupas dele na frente de todo mundo. Eu nem me importava mesmo.

– E posso saber por que eu não viria? – levantei uma sobrancelha e dei meu sorriso mais sedutor.

– Não sei, existem vários motivos, mas nenhum que valha a pena discutir, já que veio. Venha, vou lhe apresentar o resto da banda.

E conheci todos, foi tipo um sonho de adolescente se realizando, quase como conhecer os Avengers, mas bem menos, já que o vício em A7X era (e ainda é) bem maior. Joey Jordison é muito foda, mas me assusta um pouco, acho que prefiro ele com máscara. Já o Shawn é meio arrogante, porém prefiro sem máscara, não curto muito palhaços. Me ofereceram bebida, e eu com muito sofrimento, recusei. Sabe como é, com a traição andei muito nervosa e andei descontando na bebida, Marie estava preocupada quanto a isso e Matt provavelmente também, então estavam todos resolvendo cuidar da minha vida, como se a qualquer momento eu tivesse outra crise que me levasse para o hospital e tirasse minha vida.

Mas neste momento, Corey me levou pra outro lado do camarim, passamos por uma porta que dava para um corredor e entramos em um cômodo pequeno com uma luz fraca que vinha de um abajur, em cima de um criado mudo ao lado de um grande sofá. Corey mal fechou a porta, nem acendeu a luz e me jogou contra a parede, me pressionando. Minha respiração parou por um momento, era agora.

– Você... me deixa louco... – ele encostou seus lábios em minha orelha e respirou lentamente. Eu soltei um gemido e agarrei as costas largas dele com as unhas. – desde o dia em que te conheci... – ele segurou minha cintura com suas mãos fortes e me puxou fortemente para ele – eu só pensava em como seria... – eu já não estava agüentando aquela tortura, subi arranhando suas costas, sentindo todos os músculos por baixo daquele macacão – sentir sua pele na minha... – ele subiu uma das mãos até meu pescoço, segurou meus cabelos entre seus dedos e puxou gentilmente, inclinando minha cabeça para um lado – seu perfume... – levou seus lábios até o pescoço tombado e deu um beijo suave, mas que me deixava cada vez mais excitada. Agarrei seus braços apertando, implorando para que nos devorássemos logo. Ele se afastou o suficiente apenas para olhar em meu rosto, com o desejo ardendo em nossos olhos e não aguentei mais.

– Sou sua... – e o beijei. O beijo se tornava cada segundo mais urgente e selvagem. Eu mordia seu lábio enquanto minhas mãos praticamente estouravam os botões do macacão, abrindo-o desesperadamente. As mãos ásperas do vocalista passeavam por todo meu corpo, apertando e deslizando deliciosamente. Livrei os braços dele das roupas e ele puxou meu vestido para cima, e o ajudei (lógico) a tirá-lo de mim, enquanto ele tirava a parte de baixo do macacão.

Empurrei-o até o sofá e o mandei sentar. Puxei meus cabelos em um rabo de cavalo e prendi enquanto parava na frente dele, seduzindo-o, deixando-o observar cada centímetro do meu corpo. Modéstia parte, eu era bem gostosinha até. Me inclinei para ele sem subir em seu colo ainda, era minha vez de torturá-lo. Apoiei minhas mãos no sofá ao lado dos ombros dele e dei-lhe um beijo bem sexy, mordendo seu lábio inferior no final. Empurrei-o delicadamente e voltei a ficar em pé na frente dele. Comecei a dançar lentamente, passando as mãos por meu próprio corpo. Virei de costas e desci rebolando até o chão, e subi novamente empinando a bunda na direção dele. Olhei-o ainda de costas e podia sentir o olhar dele me comendo, com aquele sorriso sacana que eu já amava. Tirei o sutiã e continuei de costas olhando pra ele. A ânsia de me ver de frente era tanta que eu podia perceber o enorme volume na cueca boxer preta.

Virei então de frente, ainda seduzindo com as mãos pelo corpo. Teria gente que sentiria vergonha, mas não eu. Eu gostava da sensação de se sentir desejada, do homem me olhando, me querendo. Eu fui para o colo dele finalmente e o beijei com desejo, rebolando em seu colo obscenamente, sentindo seu membro enrijecer a cada toque. Ele rapidamente levou uma das mãos em meu seio nu, massageando e apertando o mamilo delicadamente. Desceu beijando por meu pescoço, até chegar no outro seio e o abocanhou me fazendo soltar um gemido alto e agarrar a nuca dele, pedindo mais. Ele sabia que me deixava louca e isso o excitava ainda mais.

Eu arqueei as costas para trás, soltando a cabeça num impulso de me entregar totalmente ao desejo. Já não controlava mais minha respiração, nem minhas mãos que hora apertavam seus braços, hora arranhavam suas costas e hora amassavam o outro seio, pois agora as mãos dele percorriam minhas costas, cintura e minha bunda. Ele dava tapas e apertava com gosto minhas coxas e minha bunda, e eu ficava ainda mais louca.

Após algum tempo nos separamos, minha respiração estava descompassada e a dele igualmente. Sentia seu membro pulsando dentro das cueca, e já estávamos em um ponto em que nossas roupas de baixo nos incomodavam. Me afastei então dele e me levantei, sorrindo torto, ajoelhei-me em sua frente e ele se mexeu no sofá.

– Pede... – eu disse rouca, olhando fixamente em seus olhos e massageando com a mão, ainda por cima da cueca, o seu pênis. Ele olhou de volta com a mesma intensidade e sorriu também. Enroscou sua mão em meus cabelos e com aquela voz rouca e grave que eu tanto amava ouvir cantando, num tom quase que ordenando me disse:

– Me chupa...

Era só o que eu precisava pra sorrir ainda mais, tirar sua cueca e encarar aquele pau enorme. Juro, comparação besta pra se fazer no momento, mas era páreo com o do Matt (hoho, Marie, foi mal). Enfim, segurei seu membro de mão cheia e enquanto massageava com as mãos, percorria com os lábios frouxos toda sua extensão. Não toda, pois não cabia, mas o que dava. Eu fazia tudo obscenamente, olhando fixamente em seus olhos enquanto chupava, lambia e massageava-o. Ele fechava os olhos e tombava a cabeça para trás, mas nunca desgrudando os dedos de meus cabelos. Eu gostava assim, quanto mais puxasse meus cabelos, mais empolgada eu ficava. E ele deve ler pensamentos, pois puxava cada vez mais. Enrolava a mão no rabo de cavalo e puxava, ou só entrelaçando os dedos nos cabelos da nuca. E gemia rouco e perdia o controle da respiração, e eu adorava.

Ele me puxou para cima, provavelmente precisava de um tempo, se não iria gozar. Me jogou no sofá ao lado dele, e então foi sua vez de se ajoelhar na minha frente. Ele olhava pra mim e sorria torto, separou minhas pernas com violência e beijou meu sexo ainda de lingerie. Ouvi um celular tocando no chão, no meio das roupas, e não era o meu, mas Corey o ignorou, então não seria eu a me preocupar certo? Ele deu uma mordida de leve na minha barriga, e beijava ali, enquanto tirava minha calcinha. Então ele ficou ali parado, por um minuto, observando cada centímetro do meu corpo nu, na sua frente, e totalmente entregue.

– Você é muito gostosa cara...

E nem deu tempo de falar nada, já estava de boca lá, me deixando é claro sem ar. Agarrei em sua nuca e falta de cabelo e curvei as costas, já arfando. Ele sabia me tocar de um jeito que me tirava de mim. E usava dos dedos e da língua por toda a minha vagina e clitóris. Começou a me penetrar com o dedo e logo aumentou para dois. Eu gemia e arfava com dificuldade em manter a respiração. Deixei uma mão se levar para o seio direito e ele acompanhou com a dele também. Ele sugava meu clitóris e dava leves mordidinhas na virilha. Eu estava quase no nível de gritar, e ele começou a diminuir o ritmo, queria gozar junto comigo.

– Camisinha... – foi tudo o que ele conseguiu dizer, mas eu já nem conseguia ouvir direito.

– Não... tudo bem... eu tomo remédio... – e grudei no pescoço dele antes que ele pudesse se mover, e ele como homem é claro que não resistiu.

Deitamos pelo chão mesmo, com ele por cima de mim, e assim que encaixado, começou a estocar num ritmo forte. Já estávamos suados e nossos corpos respondiam juntos ao chamado do instinto. Eu gemia e o arranhava, apertava seus braços fortes e beijava e mordia seu pescoço. Virei e me coloquei por cima, montada em cima dele. Eu cavalgava com gosto enquanto ele descansava. Me dava tavas e apertões que me deixariam roxa, mas eu gemia “não para, assim...”.

Depois de um tempo eu já estava cansada, e ele então veio por cima novamente. Segurou meus braços no alto, tomando controle da situação, e começou a meter forte e rápido novamente. Foi então que eu me lembrei que estávamos ainda no intervalo do show, e o que era pra ser uma rapidinha já levava quase uma hora. Fui solidária e me apressei em acompanhar o ritmo, eu já não agüentaria por muito tempo mesmo. Ele sentou e eu fiquei por cima dele, e juntos, abraçados, chegamos ao ápice. Sentir seu líquido quente invadindo-me por dentro era extremamente delicioso, ele era delicioso, enquanto meu íntimo pulsava em explosão do orgasmo.

Encostamos no sofá e precisamos de uns cinco minutos pra nos recuperar.

– Isso foi... incrível...

– Foi... precisamos repetir mais vezes...

– Sem dúvidas... – eu sentei e tentei arrumar o cabelo, sem nenhum sucesso aparente – agora sem querer ser chata nem nada, mas acho que você tem um show pra terminar. – e pisquei pra ele, enquanto procurava por minhas roupas pelo cômodo.

– Puta que pariu, esqueci totalmente!

(Fim da participação especial da puta da Lillis ♥)

Vesti a roupa rapidamente e ajudei-o a encontrar as dele. Corremos, sem ao menos nos despedirmos, para os camarins. Ele saiu da porta com pressa e eu, um pouco mais controlada e aliviada por não ter ninguém ali perto, hesitei por um tempo.

Respirei, verifiquei pelo espelho se minha aparência estava digna e sai, com a cabeça erguida. Ela continuaria dessa forma se... oh shit. OH MERDA! NÃO FODE NÃO, DESTINO!

– Brian? – murmurei, dando de cara com meu ex-namorado (aquele filho da égua que me deu um belo presente, que consiste em um belo par de chifres) se amassando com uma vadia de quinta categoria.

Ele praticamente empurrou a garota, olhando-me dos pés a cabeça. Deu uma olhada para o fim do corredor e sorriu, percebendo o que estava rolando ali.

– Agora entendo o atraso de uma hora. – murmurou, se voltando para menina. – Hey gata, não vai rolar. Talvez outro dia, sim?

Com esse fora nada singelo, a garota acenou-lhe o dedo do meio e saiu irritada pelos corredores, resmungando algo que não consegui entender.

Agora era minha vez: eu precisava encarar as perguntas de Brian, que possivelmente seguiriam em uma torrente absurda. Ele era cheio de fazer isso, então eu dei uma durona e encostei-me na parede, cruzando os braços.

– Pronto, o que você quer saber?

Para minha surpresa, ele deu um sorriso e também se encostou, só que do lado oposto.

– Não quero saber nada, Mel. Não tenho direito de exigir isso.

Tá, tudo bem, eu não esperava por isso. Pensei que ele teria a pequena consideração de sentir um pinguinho de ofensa naquela minha trepada com o Corey. Mas não: ele emanada tranquilidade e indiferença.

Eu, a idiota, fui dar alarde. Como sempre.

– Brian... o que está acontecendo? Eu acabei de fazer um sexo selvagem delicioso com aquele gostoso do Corey e você sabe disso mas sequer está me repreendendo com o olhar ou querendo socar a cara dele. – e foi nessa maldita hora que eu fiz a pergunta que... por mais que não tentasse demonstrar, me aterrorizada. – Você não me ama mais? É isso?

Aquele sorriso de bocó castrado voltou a surgir nos lábios de Brian. Ele abaixou a cabeça um tanto quanto pensativo, mexendo a ponta do pé.

– Eu queria, mas não posso. – confessou, ainda olhando para o chão. – Não te questiono, Mel, porque... o que está fazendo comigo é certo. Está em seu direito de me jogar na minha cara todas essas coisas que perdi. Eu perdi seu beijo, seu toque, seu corpo, sua confiança... isso, perto de outras coisas, já é o suficiente. Mas, tem algo nisso tudo, que me deixa sem qualquer ação, sem qualquer impulso de ir até naquele palco e socar o homem que comeu a mulher da minha vida como se fosse uma vadia qualquer: eu procurei tudo isso. Não estava satisfeito em ter a melhor pessoa do mundo do meu lado. Não passei por provações suficientes quando você quase morreu... não. Eu tinha que me meter no lugar errado e nas circunstâncias erradas.

Nessa hora, por mais que eu quisesse manter aquela pose de: você não me afeta, não me incomoda, seu filho da puta!, não resisti. Abaixei-me no chão e atolei as mãos no rosto, tendo uma crise insuportável de choro. Não queria fazer aquilo, não diante do salafrário que jogou toda minha atenção e carinho numa boate suja cheia de vadias bêbadas. Mas o foda é que... eu o amava, e sentia que aquela declaração era verdadeira. Só que eu... não poderia perdoar. Talvez nunca pudesse.

Ele se manteve inerte, talvez chorando, talvez pensando, não me lembro ao certo. Só sei que ele cutucou os olhos com as costas das mãos e continuou, como se tivesse arquitetado muito bem aquele encontro.

– Não sou ninguém para te julgar Mel. Eu realmente desejo que o Corey, o Zacky, ou quem quer que seja, te faça feliz. Te cure do mal que te fiz porque... sinceramente, não é do meu feitio namorar. Mas também não é do meio feitio magoar quem eu amo. E possivelmente nunca será do meu feitio... te esquecer.

Me levantei de brusco e acertei-lhe um soco no rosto, sem dó nem piedade. Estava reprimindo aquele ódio, aquele rancor, aquele sentimento confuso dentro de mim desde o dia que o salvaram dos bastidores do Avenged. Eu queria agredi-lo por ter feito de mim sua idiota, sua namorada, a pessoa que passou a vida inteira sonhando com um “Mel, quer namorar comigo”. E quando surge, o homem dos meus sonhos, faz aquilo comigo.

Ele esperava por isso, por isso não reagiu, apenas cambaleou. Culpa dele... ele que me ensinou golpes, já que lutava artes marciais há muitos anos.

– POR QUE, BRIAN, POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO? EU TENHO A RAZÃO DE TREPAR COM QUEM EU QUISER TREPAR, MAS A RAZÃO DE EU ME SENTIR SUJA... OH DROGA, COMO EU TE ODEIO. EU TE ODEIO, BRYAN! VOCÊ BRINCOU COM A MINHA VIDA E ESTÁ FAZENDO ISSO AGORA NOVAMENTE. POR QUE, POR QUE, MEU DEUS... EU... EU NÃO MORRI NAQUELE HOSPITAL ANTES DE TE ACEITAR, DE VEZ POR TODAS, NA MINHA VIDA? SERIA MUITO MAIS FACIL PARA VOCÊ CONVIVER COM MINHA MORTE DO QUE... eu conviver com sua presença todos os dias. Isso me mata pouco a pouco. Pior que a minha diabetes. – essa última frase eu disse com a voz totalmente embargada, enquanto largava-o nos corredores e corria, desesperada, para o lado oposto.

Não havia mais clima para show. Não havia mais clima para eu fingir que estava tudo bem. Não estava.


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