A Prometida escrita por Temperana


Capítulo 12
All of the stars


Notas iniciais do capítulo

Olá meus anjos!
Agradeço por todos os comentários no capítulo anterior! Fiquei bem feliz por vocês terem gostado do capítulo. Espero que gostem desse aqui também. Ele é um pouquinho conflituoso, mas é bem importante e significativo.
A música, novamente do Ed Sheeran! Trilha sonora de A Culpa das Estrelas. Acho ela bem linda. Link nas notas finais e até lá...



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No dia seguinte eu era a pessoa mais alegre de Berk inteira. Eu poderia apostar isso. E com certeza ganharia. Ou talvez perdesse para Soluço que estava tão alegre quanto eu estava.

Nós ainda não havíamos contado para ninguém. Até porque ninguém precisava saber. Apenas nós dois já valíamos o mundo inteiro de cada um.

Não vi Soluço naquele dia. Provavelmente ele estava fugindo do pai, voando e treinando com Banguela. Stoico, o Imenso, estava tentava inutilmente ensinar Soluço os trabalhos de um líder. Não que ele quisesse ser um.

Tempestade e eu saímos da Academia, quando o Sol estava quase se pondo. Apenas alguns alunos haviam aparecido naquele dia, de modo que a aula havia sido mais rápida. Porém eu fiquei arremessando machados em alvos até tarde, como sempre ficava.

Eu estava passando pela casa de Soluço quando eu sinto mãos taparem a minha visão. Eu sorrio.

–Deixa eu adivinhar... Estou passando pela casa do Soluço. Mãos tapam os meus olhos. Talvez seja o Melequento – eu digo.

–Errou – Soluço diz no meu ouvido. Um arrepio percorreu o meu corpo.

–Bobo, eu sabia que era você. Seu toque é inconfundível.

Ele tirou suas mãos dos meus olhos e me abraça por trás. Eu sorrio e me viro para olhá-lo.

–Vim te chamar para falar com o meu pai. Sobre nós dois – ele diz sorrindo.

–Certo, vamos lá. Afinal, você não deve pedir permissão a ninguém para me namorar – eu digo descontraída.

Soluço fica sério de repente. E então eu percebo o que eu havia acabado de falar. Eu era a única da minha família. Eu não tinha ninguém.

E realmente Soluço não devia pedir a ninguém para me namorar. Eu era a única Hofferson. Eu afasto as lágrimas e sorrio para ele. Ele me olha preocupado.

–Está tudo bem, vamos – eu digo.

Ele entrelaça sua mão na minha e subimos a pequena Colina, entrando na casa dele. Stoico estava sentado na sua habitual poltrona, mas quando nos viu, levantou-se.

–Soluço, Astrid! Como vai querida Hofferson? – Stoico nos cumprimenta.

Eu sorrio. Ele havia virado um pai para mim. Minha única figura paterna depois de tudo o que aconteceu.

–Muito bem obrigada, e o Senhor?

–Mais do que bem. Sente-se, por favor.

Nós nos sentamos na mesa, em frente a Stoico. As nossas mãos entrelaçadas estavam em cima da mesa. Porém Stoico não percebeu isso.

–Bom pai – Soluço começa a dizer. –Nós viemos falar algo muito importante para você. Bom, eu quero dizer que eu encontrei a garota certa – eu sorri. – E bom, ela é uma ótima moça.

–E bom, eu também encontrei a melhor pessoa que poderia encontrar para mim. Disso eu tenho certeza. E do nosso amor também – eu digo e foi vez de Soluço sorrir.

Stoico olha para gente espantado. Eu arriscaria que ele estava surpreso, mas a sua expressão passava muito mais do que surpresa. Eu e Soluço nos entreolhamos.

–Vocês não podem se apaixonar – ele diz seriamente.

–O quê? – nós perguntamos ao mesmo tempo.

Aquilo era algo ridículo. Soava ridículo.

–Soluço, você já foi prometido a alguém quando nasceu. Assim como você Astrid também foi prometida a alguém quando nasceu.

Um silêncio se estalou ali. Eu havia sido prometida a alguém. Eu não acreditava que o meu pai tinha feito aquilo comigo. Ele iria me forçar a casar com quem eu nem ao menos conhecia?

–Como o meu pai pode fazer isso? – meus olhos começaram a encher de lágrimas.

–Vocês não podiam ter feito isso com a gente – Soluço diz e aperta a minha mão para me dar força. Eu aperto de volta para que ele também tenha força. – Nós temos o direito de escolher com quem iremos casar e quem iremos amar. Vocês não podiam decidir isso para gente.

Stoico estava sério. Ele se levantou e pegou algo dentro de um grande baú na instante da sala deles. Parecia um papel. Ele voltou à mesa e entregou o papel para nós dois.

Eu abri o papel e nós dois começamos a ler.

Em uma noite de Março, em Berk, Era das Trevas, um acordo foi feito entre os clãs Hofferson e Strondus.

Nós, os líderes desses clãs, Arthur, o Implacável e Stoico, o Imenso, respectivamente, não poderemos ser contestados. A união já está feita hoje.

Nossos filhos, Soluço Spansitocus Strondus III e Astrid Hofferson deverão se casar quando estes dois mencionados completarem 20 anos. Não importa o que ocorra com o destino desses dois.

Assim está feito. Uma promessa é uma promessa se é feita com sangue.

Eu tremia ao terminar de ler o Acordo. Soluço segurou as minhas mãos e me abraçou, para que eu me acalmasse. Eu retribuo o abraço para que ele não ficasse nervoso também.

–Como vocês tiveram coragem? – eu perguntei com raiva, enquanto me separava de Soluço e encarava Stoico.

Pela segunda vez eu queria gritar as piores coisas para Stoico, assim como na vez em que ele disse piores coisas para o seu filho.

–Astrid, entenda, é o melhor para vocês dois – Stoico diz.

–Não importa se é o melhor para a gente. Não importa se a gente se ama ou não. Se a gente é amigo ou não. Nós somos livres, devíamos ter o direito de escolher.

Eu elevo a minha voz e me levanto da mesa. Soluço faz o mesmo e passa a mãos nos cabelos ruivos para se acalmar.

–Vocês não tinham esse direito. E se tudo fosse completamente diferente? Se a gente se odiasse e quisesse o outro morto teríamos que nos casar? – Soluço diz.

–Não importa, vocês vão ter que se casar. Foi feito um Acordo. Eu prometi a Arthur que a filha dele seria a esposa do líder. Desculpe-me filho. E também a moça que escolheu.

A esposa do líder? Meu pai só estava pensando nisso quando fez o Acordo? Eu enterrei meu rosto em minhas mãos. Eu não conseguia escutar mais nada.

–A moça que eu escolhi é a mais corajosa e guerreira de todos os Hoffersons que eu já conheci em minha vida. Com acordo ou sem acordo eu me casaria com ela sem pensar duas vezes – Soluço grita. E por incrível que pareça aquelas palavras me passaram segurança.

–Vocês dois? – Stoico diz espantado, ao perceber o verdadeiro significado das palavras dele. – Então tudo está certo.

–Não, tudo está errado – eu olho para ele incrédulo. - Enquanto vocês pensarem que mandam em quem iremos amar e com quem iremos casar estará tudo errado – eu digo.

Meu pai não podia ter feito aquilo. E nem Stoico. Nem minha mãe. Eu caminhei em direção à porta, com as lágrimas enchendo os meus olhos.

–Astrid – Soluço chamou. – Espera, não pode sair desse jeito.

–Me deixa ir Soluço – eu digo, olhando em seus olhos suplicantes. – Eu preciso ir, eu estou bem. Mas você pode ir mais tarde me ver em minha casa? Acho que vai ser melhor – eu digo, segurando as lágrimas em meus olhos.

–É claro que sim, eu irei daqui a pouco – eu sentia a preocupação em sua voz. Assenti com a cabeça.

Eu saí e permiti que as minhas lágrimas rolassem. Fico parada um instante, em frente a porta da casa dele. E sem nem ao menos querer escuto a discursão que se seguiu entre Soluço e Stoico.

–Vocês não podiam ter feito isso – Soluço elevou a voz.

–Mas vocês não vão ficar juntos afinal? Vocês não se amam? – Stoico também elevou a voz.

–Não é isso que está em questão. É justamente porque amo Astrid que sei que ela está sofrendo. Vocês não podiam interferir na nossa vida.

Permito-me sorrir. Ele ainda estava me defendendo. Caminho até a minha casa, e não lembro como cheguei tão rápido até lá. Foi apenas eu ver a casa. Para desabar.

Eu sinto o chão embaixo de mim e as minhas costas no sofá. Enterro meu rosto em minhas mãos.

–Por que você fez isso comigo pai? – eu falava sozinha. Ou pelo menos eu achava que falava com ele. – Se você fez isso, porque queria me afastar de Soluço? Por que afirmava que não gostava dele e tentava nos separar a todo custo?

“Por que não deixou que eu seguisse os meus caminhos? E eu nem ao menos sei por que eu estou chorando. Deve ser por que tudo lembra você.

Eu ainda sinto a sua falta pai. Muita falta. E eu não tenho mais raiva sua mãe. Eu te perdoo. Eu te amo. Eu amo vocês dois. Para sempre.”

Talvez essa tenha sido a minha libertação. Por anos eu não quis chorar. Quis guardar para mim os meus sentimentos. Após a morte do meu pai eu não chorei mais.

Nem na morte da minha mãe eu chorei. Na verdade eu me proibi de chorar por isso. E ali eu derramei tudo àquilo que pesava dentro de mim.

Eu não sentia raiva pelo fato de nossas vidas terem sido destinadas por outros caminhos. Eu só não me conformava. Era um sentimento mais leve. De qualquer forma eles não interferiram nos nossos sentimentos.

Escuto a porta abrir. Soluço tinha essa permissão, entrar sem bater. Ele me viu no chão e se sentou imediatamente ao meu lado. E então eu senti os seus braços me abraçarem.

Ele me colocou em seu colo, como se eu fosse um bebê. E quando encostei minha cabeça em seu peito, a sensação de segurança me fez libertar minhas últimas lágrimas.

Ele acariciava os meus cabelos, com a cabeça apoiada na minha. Não eram necessárias palavras ali. E então aos poucos as minhas lágrimas cessaram. E eu me senti leve. Posso dizer até feliz.

–Você está melhor? – Soluço perguntou para mim. Eu me sentei ao seu lado e encarei os seus olhos.

–Sim, eu só... Eu apenas me lembrei dos meus pais. Eu amo eles Soluço e eu perdoei a minha mãe – eu digo, como se eu precisasse compartilhar isso.

–Isso é bom Astrid. Isso é muito bom. Não vale a pena carregar sentimentos ruins no coração.

–Sinceramente, ainda acho idiota o que eles fizeram. Mas pelo menos eu vou ter que me casar com você - ele ri. – É sério, podia ser pior.

–Com certeza podia ser muito pior. Embora você ainda possa me matar com o seu machado.

Nós rimos.

–Soluço, a nossa amizade não foi armada. Eu não fui obrigada a sentar na mesma mesa que você naquele dia – eu digo.

–E eu não fui obrigado a salvar você daquele Pesadelo Monstruoso naquele mesmo dia – ele diz.

–De uma forma ou de outra, nós iriamos nos apaixonar. É o nosso destino. Nele ninguém pode interferir.

–Eu te amo. Não importa mais nada para mim, além disso.

Ele se aproxima do meu rosto e toca meus lábios com os dele. As suas mãos puxam a minha cintura e o seu beijo me acalma.

Eu o amava muito. Mais do que você possa imaginar. Mais do que qualquer pessoa possa quantizar. Eu o amava.

Nós nos separamos e encostamos as nossas testas. Eu fecho os meus olhos e sorrio e ele faz o mesmo.

–Será que você poderia dormir comigo hoje? Eu acho que não conseguiria dormir sozinha – eu pergunto seriamente. E não estranhe o meu pedido.

–É claro que sim senhorita. Irei te proteger sempre – ele me diz com o seu sorriso encantador e sincero.

–E o Banguela? – eu perguntei.

Bom, olhei para trás e Banguela já estava dormindo ao que pareciam horas. Soluço riu e eu dei de ombros. Eu o puxei até o meu quarto. Nós tiramos os nossos sapatos (no caso dele um só) e nos deitamos.

Eu encostei minha cabeça em seu peito novamente. E então me concentrei na sua respiração leve e batimentos normais. Em suas mãos que me abraçavam e que também acariciavam os meus cabelos.

Isso me deu uma sensação de calma. E quando estava quase na terra dos sonhos, eu escuto a voz do Soluço uma última vez naquela noite.

–Eu te amo Astrid, boa noite.

E então adormeci. Leve como nunca experimentei estar. Afinal minha casa tornou-se um lar para mim novamente. Porque o meu amor estava lá comigo.

Quando eu acordei no dia seguinte, sabia que gostaria de estar com ele pelo resto da minha vida. Os seus braços em volta da minha cintura como se fosse para me proteger de tudo. Era a melhor sensação que poderia experimentar.

Eu o amava de verdade. Ele me amava de verdade. Era só isso que precisávamos sentir.

So open your eyes and see

The way our horizons meet

And all of the lights will lead

Into the night with me

Então abra seus olhos e veja

Os nossos horizontes se encontrando

E todas as luzes irão te guiar

Pela noite, comigo


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Notas finais do capítulo

E é isso aí queridos. Fofinhos esses dois...
No próximo há uma passagem de tempo de um ano. Não é ainda o tempo referente ao segundo filme. É algo importante que quis colocar na fanfic. Para os curiosos, a música do próximo capítulo é Rude. Acontece algo parecido com a música...
Espero que tenham gostado queridos. Link de All of the Stars: https://www.youtube.com/watch?v=nkqVm5aiC28&spfreload=10
Obrigada por tudo queridos! Até o próximo...
Temp