Choices escrita por Kaah, Luh Chris


Capítulo 4
Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Oiii pessoas.

Vim postar mais um capítulo para vocês.
Eu e Kah estamos amando escrever a história.
Espero que gostem e digam o que acham.

Bjos Gateeenhas!!!



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Tobias

Filas enormes, muitos jovens seguindo em direção ao teste, vejo um grupo de abnegados, mas nunca fui de me enturmar, então fico no meu canto. Vejo os eruditos pegando no pé do grupo de cinza, mas não me intrometo, em breve estarei na minha nova facção e não terei mais que vê-los.

Entro em uma sala ampla e clara, de imediato vejo uma moça tatuada mexendo em um computador, ela também prepara um soro, o qual eu já conheço, já sei o que vai acontecer, durante os últimos dias foi só o que meu pai falou, sobre esse teste. Se eu seguir todos os passos que ele me deu o teste dará abnegação, mas eu não quero isso, não quero ficar lá, por mais que eu sinta todo meu corpo sendo puxado para lá, pra perto dela. Darei um jeito de levá-la comigo.

Pensei por um momento e resolvi seguir a instruções que meu pai me deu, pois sabendo do seu poder no conselho não duvido nada que ele tivesse acesso ao resultado do teste e se eu pretendia mesmo ir embora eu tinha que fazer com que ele pensasse que tudo estava saindo como ele queria. Passei pela simulação, consciente do que estava acontecendo e como já era esperado o resultado foi abnegação. Saí da sala e fiz meu caminho de volta para casa.

Assim que cheguei meu pai que estava sentado na poltrona ao lado da porta, se levantou e me encarou, uma expressão séria. Será que ele está desconfiando que eu vou embora?

—E então, como foi? – Não, ele me parece ansioso. Espero.

—Foi como o senhor esperava: Abnegação. – Forcei um sorriso para tentar convencê-lo, mas ele não sorriu de volta, apenas assentiu com a cabeça e voltou a falar.

—Ótimo. Ninguém desconfiou que você estava acordado?

—Não – Menti. Tori me perguntou se eu sabia o que estava acontecendo no teste, mas é claro que eu não diria isso a ele, seria o suficiente para ele me espancar dizendo que fiz tudo errado.

—Suba, eu vou sair – Assenti e subi para o meu quarto.

Ouvi quando a porta da frente bateu, tomei um banho e me deitei, eu sabia que ele não me deixaria sair para vê-la e eu precisava deixar ele tranquilo, amanhã seria o meu dia.

Não percebi que dormi, acordei quando já estava amanhecendo, meu pai estava em pé ao lado da minha cama gritando para que eu levantasse. Fiz o nosso desjejum de sempre e em seguida ele saiu dizendo que voltaria antes do teste.

O dia passou normalmente, o normal ultimamente, era eu no meu quarto trancado. No começo da tarde meu pai chegou e eu comecei a sentir aquele típico nervoso de quando algo muito grande vai acontecer. Caminhamos em direção ao ponto de ônibus, a família de Beatrice está toda lá, apenas cumprimento-os e entro no ônibus, que está saindo. Não dou uma segunda olhada para ela, sei que Marcus está me vigiando. Comecei a questionar se não seria melhor eu ficar ali e enfrenta-lo, eu não podia viver fugindo dele e não queria ficar longe da Beatrice, deixa-la para trás era o que mais me matava naquele momento. Mas a cada passo que eu dava em direção ao salão onde ocorreria a escolha eu me sentia mais sufocado pelo meu pai, ele andava ao meu lado, me olhando às vezes, com certeza procurando algum vacilo da minha parte.

Subimos as escadas em silêncio. O salão estava lotado. Quando nos aproximamos da parte destinada a abnegação meu pai parou e cumprimentou algumas pessoas, parei ao lado dele e quando desviei meu olhar para o lado encontrei os olhos de Beatrice me olhando, ela estava escondendo um sorriso, pensei em devolver o sorriso, mas sabia que meu pai estava me observando, mesmo conversando com outras pessoas ele sempre via tudo. Fui para o meu lugar, entre os que participariam da cerimonia.

Chamaram todos os nomes e quando finalmente chegou minha vez eu senti meu estômago embrulhar. Me levantei e senti um último olhar do meu pai cair sobre mim, um claro aviso para que eu fizesse o que ele ordenou.

Caminhei até os recipientes que continham os elementos que representavam cada facção. Passei a lâmina afiada sobre a palma da minha mão e de imediato senti arder e o sangue formando uma pequena poça. Olhei para os recipientes e analisei minhas opções, sei que eu não queria ficar na Abnegação, por causa do meu pai, não era sincero o suficiente para ir pra Franqueza, Erudição estava fora de questão, aprendia bastante rápido para lá, não aguentaria fingir ser todo certinho, também não queria ir para os paz e amor da Amizade, o que eu faria? Senti os olhos de Jeanine, líder da Erudição em cima de mim. Eu estava demorando muito.

Respirei fundo e decidi, não irei ficar e continuar sendo espancado, deixarei de ser um covarde, me tornarei forte e corajoso, poderei defender a mim e aos mais fracos. Fechei os olhos e movimentei minha mão. Ouvi o chiado do meu sangue queimando. O deixei pingar sobre as brasas da Audácia!

No mesmo instante ouvi vozes sussurrarem atrás de mim. “Não pode ser!” “Ele é o filho do Marcus”.

Limpei o sangue em minha mão e com muito custo me virei para olhar para ela, espero que ela me entenda e me encontre. Daremos um jeito, seja onde for.

Quando olhei para a sua direção a encontrei com os olhos em lágrimas, segurando o choro, será por saber que eu vou embora, ou por que escolhi a audácia e não a amizade como planejamos? Ao mesmo tempo em que esse pensamento surgiu ele foi embora, pois ela balançou a cabeça em sinal de reprovação e se levantou para sair do salão. Ela não me entendeu, ela esta com raiva, o que eu fiz?

Desviei meu olhar dela, tudo isso em segundos e vi meu pai, vermelho e com a pior expressão que eu já vi nele, os sussurros continuavam e eu senti raiva do jeito como ele me olhava e como primeiro ato de rebeldia da minha vida eu quis humilhá-lo, como ele fez comigo a vida toda, e como vingança pela morte da minha mãe eu tirei o pequeno carrinho de madeira do bolso e coloquei sobre a mesa a minha frente, ao lado do recipiente da Audácia. Foi a minha carta de alforria. Saí sem olhar para trás, fui me sentar com os iniciados da Audácia, minha mão ainda queimava, rasguei um pedaço da minha blusa e amarrei ali. Reparei que o garoto da Erudição que a poucos dias zombou de mim também foi transferido, ele me olha de cima a baixo, como se me avaliando, não abaixo meu olhar até que ele dá um sorriso irônico e olha pro centro do salão. Após mais alguns participantes fazerem sua escolha, a cerimônia havia terminado e todos se dirigiam para a saída, não havia mais razões para estar ali, já que a única pessoa com quem eu me importava havia ido embora, mas não desisti dela, é por nós que eu fiz isso, vou me tornar forte para poder proteger a nós dois, quando formos embora da cidade, não serei mais um covarde, serei forte.

Acompanho o pessoal da Audácia que desce correndo as escadas e rumam em direção aos trilhos de trem. Corro como se minha vida dependesse disso, e talvez realmente dependa.

— Acho que o careta finalmente fez a sua escolha, e até que corre bem. – uma voz conhecida fala, olho para o lado e vejo Tori correndo, sorrio pra ela – Sabe que o trem não vai parar, né? E, se você não conseguir embarcar, já era para você. Você se tornará um sem-facção. É bem fácil ser expulso.

Assinto com a cabeça e continuo a correr. O trem se aproxima e diminui a velocidade, vejo Tori pular e pulo em seguida, me içando para dentro do vagão. Estou dentro, não fracassei no primeiro teste. Lembro-me do olhar de decepção no rosto de Beatrice, mas ela tem que entender que faço o melhor por nos dois. Mais dois anos e a verei de novo. Minha amiga, a única com quem me importo de verdade nesse mundo. Olho para fora e sinto a adrenalina correr por todo o meu corpo, a vista da cidade passando como um borrão me dá a sensação de ser livre. A partir de hoje essa será minha nova vida.

Beatrice

Não posso acreditar que ele fez isso.

Ele escolheu a Audácia? E os nossos planos de fugir? Ele desistiu de tudo?

Eu sabia que ele estava estranho, mas não imaginei que ele estivesse planejando ir embora e me deixar para trás. Tudo que ele disse sobre o nosso plano, de que talvez não fosse uma boa ideia, era por que ele não queria mais ir embora.

No momento em que ele fez sua escolha eu saí do salão, ignorei totalmente minha mãe que tentava me chamar, calmamente, como um bom membro da abnegação que jamais atraia atenção demais. Não dei ouvidos, saí e voltei para casa, me tranquei no meu quarto e chorei, chorei por que não o veria mais, chorei por que eu havia perdido meu melhor amigo e chorei por que me senti abandonada. Sim, ele me abandonou e agora eu teria que decidir se iria embora sozinha ou se ficaria na cidade e pior, teria que escolher uma facção.

Após algumas horas, escuto movimentação em casa. Eles chegaram. Não quero falar com ninguém.

Escuto passos na escada, e batidas na porta.

— Beatrice? Posso entrar? – minha mãe fala.

Enxugo as lágrima e digo que sim. Ela entra, parece chateada com alguma coisa. Sinto que ela repara que eu chorei. Olho pra baixo, tentando esconder meu rosto.

— Sei que está chateada com a transferência do Tobias, mas não deve dar vasão a esses sentimentos egoístas. Saiba que se ele foi embora, é porque não se encaixava aqui. – levanto o rosto e olho direto para ela, fuzilando-a com o olhar. – Não adianta olhar pra mim desse jeito, isso prova o quanto você está sendo egoísta hoje. Ao invés de ficar feliz por seu amigo ter tido sua oportunidade de escolher seu futuro, fica chorando, como se fosse o fim do mundo. – ela fala com uma voz amável, o que me deixa mais nervosa.

— Egoísta, eu? – falo com a voz alterada. – Ele que foi egoísta. Não pensou no que estaria deixando para trás, não pensou que estaria me deixando para trás. – deixo escapar.

— Como assim te deixando para trás, filha? – ela cria uma ruga na testa – Ele deixou a família dele, foi atrás do que o coração dele mandou. Você tem outros amigos, pode arranjar outros amigos e continuar sua vida.

— Que amigos mãe? Não tenho mais amigos. Eram só Caleb e Tobias, e Caleb finge que eu não existo ultimamente. – deixo uma lágrima escorrer.

— Deixe de ser egoísta, filha. Não foi assim que te criei e ensinei a ser. – ela afaga meu cabelo, um gesto raro por aqui. – Deixe essas lágrimas de lado e com o passar dos dias vai ver que a ausência dele vai diminuir, até não existir mais.

Eu assinto, e ela me dá um beijo na testa, saindo do quarto e me deixando sozinha, mas não por muito tempo, pois Caleb entra e se senta ao meu lado me abraçando.

— Sei que está difícil para você, e escutei a conversa com a mamãe....

— Sabe que não deve escutar a conversa dos outros, Caleb. – dou um sorrisinho involuntário.

— Sei, mas não vem ao caso. Quero que se lembre que também sou amigo dele, e que também vou sentir muita falta do tempo que passávamos juntos. Sei também que não tenho estado presente ultimamente, mas me comprometo a ficar mais tempo com você, e juntos faremos novos amigos, ok? – ele me aperta um pouco mais em seu abraço, e eu me acalmo.

— Ok – digo, e dou um sorriso.

Caleb retribui e sai, me deixando sozinha.

Eles estão certos, se Tobias foi pra Audácia, algum motivo teve para isso. Não cabe a mim julgá-lo. Mas os meus planos ainda vão continuar de pé, com ou sem ele eu vou descobrir o que tem do lado de fora da cerca. Com ou sem ele, vou seguir a minha vida, da mesma forma que ele deve estar seguindo a nova vida dele agora. Dois anos, é tudo o que eu tenho para pensar no que fazer, é tempo mais que suficiente. Começando por hoje.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?

Já estamos trabalhando no próximo, sempre com muito carinho.

Bjos!



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