Imaginary Love escrita por Woodsday


Capítulo 3
Capítulo 02.


Notas iniciais do capítulo

Olá leitoras, lindas. Preciso dizer que eu amei os comentários? E os favoritos então? Vocês são puro amor.



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Oliver.


Quando Felicity tinha doze anos, ela conheceu Barry Allen. Barry era um bom garoto, tão parecido com Felicity que os dois poderiam ser gêmeos se eu não houvesse visto a coisinha nascer. Barry era um garoto atrapalhado, magricela e tão inteligente quanto ela. Os dois adoravam conversar sobre tecnologia ou jogos, ou simplesmente desmontar coisas juntos.

– Oliver! Ele é tão legal! – Ela cantarolou, rodopiando ao meu lado e gesticulando. Os cachos loiros agitando-se conforme ela pulava, as bochechas estavam coradas e o nariz arrebitado parecia ainda mais vermelho devido ao frio que fazia. Felicity estava uma graça. – E ele conhece sobre computadores, o Barry disse que o pai dele tem muuuitos computadores e ele vai me deixar ver quando a mamãe me levar lá, não é demais, Olie?

– Claro que é demais, coisinha. - Eu sorri para ela, feliz por sua felicidade.

Apesar de que, não era exatamente demais a palavra que eu tinha em mente. Era assustador, péssimo, horrível. Felicity estava crescendo e apesar de Barry ser um bom garoto, eu gostaria que ele ficasse um pouco mais longe da minha garota. O que, obviamente, não aconteceu.

Certo dia, quando estávamos em frente ao seu colégio, Felicity estava esperando pela mãe e eu como um bom guardião, estava a acompanhando, foi quando Barry veio sacolejando em sua direção, Felicity se inclinou discretamente - ou o que ela achava ser discreta - em minha direção, como se fizéssemos parte de uma conspiração secreta. Bem, era sempre assim tratando-se da nossa relação, Felicity sempre agia como se eu fosse um super herói disfarçado e só ela soubesse do meu segredo. Era encantador e divertido entrar em sua brincadeira.

– E então, Olie, o que acha dele? - Ela me espiou de rabo de olho e eu evitei rir de suas caretas. Felicity odiava quando eu ria dela e não com ela.

– Não gosto dele. - Pontuei imediatamente. Mas, Felicity sabia que eu não tinha muita coisa contra o garoto, ele até mesmo lhe ensinava coisas boas. Coisas que futuramente fariam parte de Felicity.

– Mas Olie... - Ela praticamente choramingou, como se realmente precisasse da minha aprovação. A pequena constatação me deixou bastante feliz. - Ele é legal e é inteligente. E ele me escuta falar. - Ela sorriu brilhantemente. - Ninguém além de você me escuta falar!

Eu ri, balançando a cabeça. - Eu sempre vou te escutar falar sem parar, coisinha.

Felicity mais uma vez me dirigiu um de seus lindos sorriso. - Eu sei, Olie. Por isso você é demais!

No final das contas, eu acabei por aceitar Barry Allen, principalmente pelo fato de que nos próximos anos, ele e Felicity se tornaram ótimos amigos, tanto que me fazia sentir uma pontada de ciúmes pela minha garota e até implicar um pouco com Barry. No entanto, não havia de fato uma escapatória, Felicity não se dava bem com garotas, era uma regra do dia vê-la descabelada ou arranhada porque entrara em uma briga, então eu a convencera a parar com as brigas e os envolvimentos com o tipo de garotas que a irritavam e ela parou. Até conhecer Sara Lance, me surpreendia a forma como as duas brigavam constantemente e logo em seguida estavam agarradas uma a outra, cheia de brincadeiras e risos.

Sara era uma garota inteligente e completamente oposta a Felicity. Era ponderada e pensava sobre todas as opções antes de tomar uma simples decisão, como o sabor do bolo de sua festa de aniversário. Surpreendia-me a forma como ambas se completavam só tendo treze anos. Era óbvio que a amizade das duas garotas seria longa e me senti reconfortado por saber que a coisinha teria dois melhores amigos tão bons.

E havia o mais surpreendente dos fatos, Sarah e Barry sabiam sobre mim. Felicity confiava tanto nos amigos a ponto de deixar claro que havia uma quarta pessoa no trio. No começo, nenhum deles acreditara nela mas Felicity dera o seu jeito, é claro.

– Tudo bem! – Ela ergueu as mãos, rendida e frustrada. – Escondam as suas mãos e escolham um número, o Olie vai me dizer qual é! Você também, Sara.

Sara e Barry se olharam desconfiados, e então ambos abriram a boca prontos para discutir com Felicity. Eu cruzei os braços, esperando para ver o fracasso que seria a tentativa.

– Vamos lá! – Ela bateu os pés, cruzando os braços e trocando um olhar irritado comigo. Eu sorri, para acalmá-la e sua expressão se suavizou. – Por favor, gente. Acreditem em mim!

Eles suspiram e então, juntos levaram as mãos para trás das costas, escondendo-as. Eu caminhei até ter uma visão de ambos e então sorri para Felicity;

– Barry tem um quatro e Sara tem um três.

Felicity repetiu o que eu disse e ouvi o arfar das crianças.

– Agora tem um cinco. Opa, sete... Nove... Fel, peça para ela se decidir.

– Sara, o Olie pediu para você se decidir. – Ela sorriu convencida e Sara virou para trás parecendo desconfiada, olhando ao redor. – Ele é meu melhor amigo, Sara; E gosta de vocês... Menos do Barry.

– O que?!

– Ele tem ciúmes, Barry. – Ela fez um gesto de descaso com as mãos e sorriu confiante para mim. Não pude evitar sorrir de volta.

Ela era incrível.

Anos depois, por volta dos seus quinze anos, Felicity começou a se tornar uma adolescente e isso era terrivelmente irritante. Na maior parte das vezes, se eu não fosse um anjo e tivesse uma paciência quase infinita, eu certamente, tanto quanto Donna, surtaria com Felicity.

Ela estava impossível e incontrolável.

– Oliver, você acha que eu terei peitos bonitos? – Ela apertou a lateral dos pequenos seios, observando-me com a expressão petulante.

Eu suspirei, abandonando a revista que observava sem muito interesse.

– Acho que não precisa se preocupar com isso agora.

– Mas você acha que eu vou ter peitos bonitos? Tipo, aqueles melões? – Continuou insistente e eu arquei uma sobrancelha em sua direção. – Certo, não melões, mas tipo, laranjas.

– Claro. – Concordei rapidamente.

Não era exatamente incomodo falar sobre o assunto, mas eu não a via desse modo. No entanto, eu já podia imaginar o que se passava pela cabeça confusa de Felicity.

– Acha que os garotos vão gostar de mim? – Perguntou novamente, fuçando o guarda-roupa.

– Se forem inteligentes, sim.

– Oliver, o que é virgem? – Cruzou os braços, encarando-me com as sobrancelhas franzidas.

– Felicity...

– As garotas da escola vivem falando que eu sou a única virgem... Mas, eu não sei bem o que é virgem, eu só não discordo para não parecer boba. – Ela deu de ombros e eu sorri ao ver suas bochechas corarem.

Por fim, com um suspiro cansado me adiantei levantando-me e caminhando até Felicity, sentando ao seu lado na cama. Essa, definitivamente, era para ser uma conversa de mãe para filha. Mas, Donna vinha sendo assustadoramente relapsa em relação a coisinha e eu não queria que ela buscasse outro meio de ter respostas.

– Coisinha...

– Olie, eu não sou mais criança, não me chame de coisinha. – Me interrompeu impaciente.

Respirei fundo.

– Certo, Felicity. Você já é uma garota e uma garota virgem é uma garota que nunca fez sexo, entende?

Ela assentiu interessada e eu continuei, sem jeito de continuar a conversa, mas sendo claramente obrigado a isso. A curiosidade brilhava nos olhos de Felicity.

– Sexo é quando duas pessoas ficam juntas, trocam beijos e algumas outras coisas.

– Você já fez sexo, Olie? – Perguntou com os olhos em fenda.

Eu engasguei com a pergunta. – Oh, eu... Não, Felicity. Eu sou um anjo!

– Anjos não fazem sexo?

– Não, Felicity.

Felicity me encarou, tentando descobrir se eu mentia. Esquecendo-se do fato de que eu nunca mentia. - Ah! – Murmurou finalmente, corando violentamente logo em seguida. Arqueei a sobrancelha, curioso sob sua reação e ela balançou a cabeça. – E eu vou fazer sexo? – Perguntou novamente interessada.

– Quando você encontrar alguém que você ame, sim. Você vai. – Eu sorri confiante para ela, apesar da ideia não me parecer tão atrativa assim.

Felicity murchou a expressão, parecendo chateada.

– O que foi, coisinha?

Ela balançou a cabeça, pela primeira vez recusando-se a dividir algo comigo. Evitei a pontada de abandono que me tomou, Felicity jamais escondera nada de mim, nunca. Mas era compreensível que isso começasse a acontecer, ela estava crescendo e virando uma adolescente, descobrindo coisas. Era aceitável.

Após termos “a conversa” que incluiu todas as responsabilidades necessárias para fazer sexo, Felicity se tornou relativamente ainda mais distante, eu evitei passar tanto tempo ao seu redor, procurando dar a ela mais espaço.

Logo os meses foram passando e minha garota ia ficando cada dia mais inteligente, suas notas iam subindo e ela se aperfeiçoava cada dia mais na tecnologia. A criaturinha era um prodígio.

O maior tempo que eu passava com Felicity, era durante a noite, quando ela se deitava e então, chateada me chamava para sentar ao seu lado, finalmente, eu comecei a entender o que a afligia. Felicity estava finalmente se questionando sobre mim e finalmente estava entendendo que uma hora eu teria partir.

– Oliver? – Ela chamou uma noite. A expressão estava tristonha e as bochechas mais uma vez coradas, após observar diversos namoricos de Felicity – sob tortura, obviamente – contestei que Felicity sentia-se constrangida em minha presença, o que também não me fazia muito sentido, afinal, eu a vira crescer. Era de se esperar que ela se sentisse confortável comigo.

– Sim? – Eu me afastei da poltrona que sempre costumava sentar durante a noite, ajeitando-me ao seu lado na gigantesca cama.

Os cabelos de Felicity estavam escuros agora, sua fase adolescente rebelde havia começado e havia tantas coisas que eu desaprovava, mas a maior delas, no entanto, era o abandono dos cachos loiros.

– Porque você não é real? – Seus olhos azuis encararam-me chorosos.

Suspirei, aproximando-me o bastante para acariciar seu rosto com carinho. Felicity fechou os olhos ao meu toque e após anos, ainda me surpreendia o fato dela poder sentir a mim tão perfeitamente.

– Eu sinto como se fosse real. – Murmurou finalmente.

– É real para você, Fel. – Respondi a ela com gentileza.

– Mas não é para os outros. – Continuou e então abriu os olhos, havia lágrimas neles e o sentimento que me invadiu quase me dilacerou. Eu estava fazendo Felicity chorar. – Um dia você vai embora, não é?

Eu balancei a cabeça. – Só se você quiser. Quando quiser que eu vá embora, é só mandar e eu irei, enquanto isso eu estarei aqui, a um chamado seu.

A intenção era acalmá-la, mas eu sabia e Felicity também, que um dia, eu precisaria sair de sua vida. Felicity jogou os cobertores de lado e jogou-se em minha direção, rodeando meu pescoço com os braços. O ato me trouxe memórias de quando ela ainda era pequena e fazia a mesma coisa. Agora, porém, Felicity já tinha dezesseis anos e era uma grande garota. Bonita, inteligente e especial. Eu sabia que ela ficaria bem sem mim.

– Eu nunca vou pedir, Olie. – Murmurou contra minha pele e eu abracei, apertando-a ainda mais. – Eu não quero que vá embora, nunca. O que eu faria sem você?

– Seria a mesma Felicity de sempre. – Respondi a ela com doçura.

Felicity se afastou minimamente, encarando-me com os olhos azuis.

– Não seria não. Não sem você. – Ela suspirou. – Eu te amo, Oliver.

Eu suspirei, rendendo-me ao sentimento humano da felicidade. Eu também a amava. Minha doce, Felicity.


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Notas finais do capítulo

Yeah, a Felicity já está começando a ter sentimentos pelo Oliver, mas ele ainda vê ela inocentemente, espero que isso fique claro na história, as coisas vão mudar só mais pra frente. Espero que gostem!