Hell on us escrita por Sami


Capítulo 25
Aproximação


Notas iniciais do capítulo

Olá amores da minha vida! Mais um capítulo para vocês porque vocês merecem!



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POV Carl

[...]

Depois que o grupo de Abraham partiu para Washington levando Glenn, Maggie e Tara junto com eles, o clima que se formou dentro daquela igreja começou a me deixar muito desconfortável. Não era nenhuma novidade que Sasha e meu pai estivessem abalados por causa dos últimos acontecimentos que ocorreram ali dentro, até mesmo Michonne estava se mostrando um pouco diferente ali. Estava observando meu pai de longe, ele estava sentando em um dos bancos da frente cuidando de Judith e raparei que ele havia tirado a jaqueta que ele estava usando na noite anterior por ela estar suja de sangue que não pertencia a ele, mesmo que ele tenha feito aquilo o facão que ele carregava junto com ele ainda estava completamente coberto de sangue.

Não vou mentir, aquilo me deixou um pouco desconfortável também, ainda mais por saber o que ele havia feito para dar um fim ao grupo do terminus.O Padre também parecia estar abalado, ele não tirava os olhos da grande mancha de sangue que estava ali, a olhava como se ela fosse algum tipo de monstro ou até mesmo como se fosse algo ruim ali. Ver como ele estava agindo com aquilo não foi surpresa nenhuma para mim, o Padre se mostrou ser uma pessoa covarde logo no primeiro momento em que os vimos cercados de errantes; era óbvio que ele não ficaria confortável com aquele sangue ali. Ainda mais sabendo o que aconteceu dentro da sua igreja.

Levantei-me do banco em que eu estava sentando e caminhei até a porta, a abri com cuidado para não fazer muito barulho e assim que sai a primeira coisa que vi ali fora foi Ayla de costas para a igreja com metade do seu corpo apoiado em um pequeno cercado que havia ali. Um pouco antes de me aproximar dela fiquei um tempo parado na porta olhando, seu cabelo escuro estava preso num rabo de cavalo e alguns fios estavam um pouco bagunçados como se ela não tivesse penteado seu cabelo.

Depois do enterro de Bob eu não a tinha visto em lugar nenhum, eu sabia que ela não havia dormido na noite passada e eu também não consegui dormir, foi realmente muito difícil dormir depois de tudo o que havíamos passado. A vi mexer no cabelo por poucos segundos e logo se endireitar para arrumar a blusa que ela vestia e então ela voltou a mesma posição de antes, seu corpo apoiado no cercado e um pouco mais inclinado para frente. Eu não sei bem o motivo, mas eu estava gostando de ficar ali a olhando.

Ayla era uma menina bonita, mesmo ela sendo um pouco boca suja demais ela não deixava de ser uma pessoa bonita e mesmo não achando muito legal uma garota falar tanto palavrão como ela falava eu gostava disso nela.

O quê? Eu parei no mesmo instante que aquele pensamento se formou na minha cabeça, eu não podia estar falando sério, não naquele momento. Não, eu não estava não.
Respirei fundo sacudindo a cabeça para afastar aquele pensamento louco da minha mente e quando me dei conta ela estava virada, agora de frente para mim e me olhava um pouco pensativa. Corri meus olhos para o lado quando notei que ela pareceu abrir um sorriso de deboche e senti meu rosto esquentar; quase da mesma forma que havia acontecido na noite em que fizemos a aposta.

–Desde quando você está aí parado, xerifinho? –Ela perguntou num tom divertido, porém, carregado de deboche. –O que você faz aí parado?

Tornou a perguntar me deixando um pouco mais nervoso, passei minhas mãos já suadas na calça jeans que eu usava e comecei a andar na sua direção, Ayla ainda me olhava pensativa e seus olhos castanhos escuros me seguiram até eu chegar ao cercado.

–Eu estava tomando um ar só isso. –Respondi a olhando.

Ayla ergueu uma sobrancelha ainda me olhando e logo em seguida deu de ombros se virando novamente para frente como ela estava antes, fiz o mesmo que ela e apoiei todo o meu corpo no cercado deixando meus braços caírem do outro lado. Apesar daquele dia não ter começado muito bem, ele estava um dia quase normal; se tirássemos a parte onde ainda existia errantes para matar, aquele dia seria quase tão bom quanto os dias em que passei na prisão.

O sol estava um pouco mais quente, provavelmente já havíamos passado do meio dia, estávamos já na metade do dia e tudo o que havíamos feito foi enterrar o corpo do Bob e tirar os corpos do outro grupo. Fora isso, nós não fizemos mais nada.

–Vamos fazer alguma coisa? –Ouvi Ayla perguntar. –Eu sei que você também não está suportando mais ficar assim, então vamos fazer alguma coisa!

Eu não a olhei.

–O que você quer fazer? –Perguntei.

–Podíamos dar uma volta por aí, ver um pouco do lugar ou sei lá. –Respondeu.

–Meu pai não vai deixar a gente sair e você sabe muito bem disso.

Ela bufou.

–É verdade, ainda mais depois de ontem. –Bufou outra vez. –Então o que vamos fazer?

Dei de ombros.

–Eu não sei. –Dessa vez me virei para o lado a olhando. –Você que começou com essa de querer fazer alguma coisa.

Ayla também se virou ficando de frente para mim, ela cruzou os braços torcendo a boca e fez uma careta, coçou a cabeça como se estivesse pensando no que iríamos fazer e depois ergueu os braços para o alto balançando a cabeça em negativa.

–Não consigo pensar em nada. –Falou e logo em seguida se sentou no chão, dessa vez virada para a igreja. –Aqui é muito chato. –Falou cobrindo o rosto com as duas mãos e bufando mais uma vez.

–Você não viu como lá dentro está. –Olhei para a igreja. –

–Não é fácil ficar de boas quando você perde alguém, Carl. –Ayla me olhou. –Sasha está sofrendo com isso e vai demorar um pouco até ela estar voltar ao normal de novo.


Eu me sentei ao lado dela.

–Eu sei disso. –Falei. –É só que... Parece que tudo isso o que está acontecendo com a gente é um castigo. O Hershel, a prisão, Beth que está sumida e agora Carol e Daryl também e a morte do Bob. Não é só o Padre que está sendo punido.

Ela riu.

–A gente está numa merda mesmo. –Encostou a cabeça no cercado. –Mas pense no lado bom, Abraham foi para DC com o Eugene e logo tudo isso irá finalmente acabar e teremos nossas vidas de volta!

–Agora está sendo positiva? Não era você que estava dizendo ontem mesmo que esse lance de cura poderia ser uma mentira do Eugene? O que deu em você agora?

Ayla virou o rosto na minha direção me olhando como se eu tivesse dito alguma coisa errado, o que eu não entendi muito bem já que, ontem mesmo ela estava dizendo que Eugene poderia estar mentindo sobre a cura e tudo isso ser apenas enganação dele. Sim, eu me lembrava daquilo.

–Eu disso que isso poderia ser uma possibilidade, talvez seja mesmo ou talvez eu esteja errada e Eugene pode mesmo colocar um fim em toda essa porra de apocalipse zumbi. Isso são possibilidades, Carl. –Fez uma pausa ainda me olhando. –Mas agora, em um momento como esse que estamos passando eu acho que devemos tentar ser o mais positivos possíveis!

–O que você vai fazer quando isso acabar? –Perguntei mudando logo de assunto para não ouvir sermão dela.

–Eu não sei, vai ser um pouco estranho não matar os errantes e não precisar mais ficar invadindo casas por aí. –Deu de ombros torcendo a boca. –Eu não pensei nisso ainda. E você?

Eu pensei por um tempo.

–Não sei direito, provavelmente vou voltar para a escola.

Assim que eu disse aquilo, Ayla se virou me olhando com os olhos arregalados e sua boca aberta mostrando surpresa.

–Meu Deus Carl! –Ela riu alto. –Tanta coisa para você pensar em fazer e você me diz que vai voltar para a escola?

–Qual o problema nisso? –Perguntei a olhando, dessa vez sério.

–Carl, escola? –Ela manteve seu olhar sobre mim ainda rindo. –Quer em sã consciência quer voltar para a a escola logo depois do fim do apocalipse?

De certa forma Ayla parecia indignada com aquilo e ver o quanto ela parecia não ter gostado nem um pouco daquilo, acabei me divertindo com isso.

–Você não? –Perguntei fingindo surpresa.

–Não vou mentir, sinto falta de alguns colegas que eu tinha e alguns professores também. –Ela torceu a boca outra vez. –Mas voltar lá não seria a primeira coisa que eu iria fazer, provavelmente seria a última.

Eu ri.

–Ok. Lá vai outra: O que você vai comer quando o apocalipse acabar?

Dessa vez ela realmente pareceu pensar um pouco mais na resposta que daria, ela virou o rosto na direção da igreja e ficou com seu olhar focado para lá até que ela finamente voltou a me olhar.

–Sem dúvida seria Chilli con carne. –Ela fechou os olhos por alguns segundos inspirando o ar como se pudesse sentir o cheiro da comida que ela havia dito.

–Credo! –Falei. –Como você consegue gostar disso? –Perguntei fazendo careta.

–Espera aí seu projeto de xerife sem bom gosto culinário. –Ela me olhava parecendo realmente indignada. –Chilli com carne é uma das melhores comidas do mundo! Como você pode não gostar disso?

–É nojento. –Falei ainda fazendo careta. –Carne moída com feijão e molho de tomate apimentado junto? Eca!

Ayla fechou os olhos levando uma mão até sua testa e balançou a cabeça devagar em negativa, assim que voltou ao normal ela colocou suas duas mãos sobre meus ombros e me olhou fixamente com aqueles olhos castanhos que ela tinha. Ela estava muito próxima de mim naquele momento, eu não estava tão acostumado assim com aquele tipo de aproximação, mas se eu dizer que não gostei eu provavelmente estarei mentindo.

–Quando o mundo voltar a ser como ele era antes , você terá que comer Chilli. E isso é uma ordem, Carl Grimes! –Falou num tom sério e baixo sem desviar seus olhos dos meus até que ela se afastou novamente. –Agora eu quero saber de você, o que você vai querer comer?

Nessa pergunta eu não precisei pensar muito, eu sabia muito bem o que eu queria comer.

–Espaguete. –Respondi. –Não lembro da última vez que comi, então ficou no topo da lista.

Ayla riu.

–Agora é a minha vez de fazer perguntas. –Ela moveu todo o seu corpo ficando agora de frente para mim. –Qual o pior lugar em que você teve que dormir?

–Que tipo de pergunta imbecil é essa? –Franzi minha testa a olhando.

Ayla revirou os olhos e voltou a me olhar.

–Não é imbecil, basta dizer qual foi o pior lugar em que já teve que dormir. –Falou. – O meu por exemplo, o pior de todos foi em um porta malas.

Eu arregalei meus olhos e logo comecei a rir com aquilo, ela moveu a cabeça para o lado como se não entendesse o motivo da minha risada.

–Em um porta malas? Por que teve que dormir lá?

–Eu estava com minha mãe e o carro que tínhamos encontrado estava sem portas e como já era noite, não tivemos muita escolha. –Ela deu de ombros como se aquilo não fosse nada. –Foi legal, mas depois tive que aguentar a dor nas costas por causa disso.

Ela riu.

–Por que você não fala muito da sua mãe? –Assim que perguntei o sorriso no rosto de Ayla desapareceu por completo.

–Eu não gosto de lembrar do que aconteceu com ela. –Disse com desânimo na voz. –Esse assunto leva a outro assunto que eu tento evitar ao máximo, então eu sinto em lhe informar mas não será hoje que você irá saber sobre minha vida.

Ayla moveu uma sobrancelha rapidamente voltando ao seu humor de antes.

–Agora é a sua vez de responder! –Falou quase na mesma animação que antes, era incrível como ela conseguia mudar seu humor de uma hora pra outra.

Abri minha boca para responder e logo fui interrompido, meu pai apareceu pedindo para que nós dois entrássemos pois já estava quase no fim da tarde e não era seguro ficarmos ali fora quando começasse a escurecer. Eu não consegui acreditar que já estávamos quase no fim daquele dia, não lembrava de ter passado tanto tempo assim conversando com Ayla; mas foi um momento muito bom.

POV Ayla

[...]

Dentro da igreja as coisas pareciam estar ainda na mesma, quando vi a mancha gigantesca de sangue no piso eu me assustei um pouco; não lembrava que aquela mesma mancha estava tão grande assim. Fiquei ainda mais surpresa por ver que os brancos ainda se encontravam também manchados de sangue. Passei por aquela mancha sentindo algo me incomodar, não soube bem o que era, mas eu tinha quase cem por cento de certeza de que se tratava daquele sangue todo no chão e bancos. Me sentei um pouco perto de onde o Padre estava sentado, ele estava lendo uma de suas bíblias quando o olhei e como se soubesse que eu estava olhando logo a fechou e me olhou por um tempo até que ainda sem dizer nada ele estendeu a bíblia na minha direção entregando-a para mim.

A segurei com as duas mãos e logo comecei a folhear, vi alguns versículos marcados e ah algumas palavras sem sentido escritas na parte branca da suas folhas, olhei para o Padre Gabriel e deixei sua bíblia no banco. Minha mãe costumava ler alguns versículos junto comigo antes do mundo se tornar essa loucura, acho que esse era um dos poucos momentos que passávamos juntas e eu sentia falta disso.

Olhei mais uma vez para a bíblia de capa escura ao meu lado e vi que o Padre também estava a olhando, virei meu rosro para o outro lado mudando um pouco meu campo de visão, bocejei cobrindo minha boca com a mão e encostei minha cabeça no banco em que eu estava sentada. Ter passado a noite em claro não havia sido uma boa ideia e eu iria recompensar o sono perdido, sentia meu corpo estar um pouco cansado e assim que o relaxei ali mesmo naquele banco pude sentir meus olhos ficar pesados e se fecharem devagar. Respirei fundo colocando meu braço por baixo da mina cabeça deixando-a apoiada sobre ele, por um tempo pensei em Carol e Daryl, onde eles dois poderiam estar e se estavam bem.

Arrumei minha cabeça apoiada sobre meu braço e comecei a sentir o sono vir, quando eu pensei que iria conseguir finamente dormir o rangido da porta da igreja se abrindo me despertou na mesma hora. Levantei minha cabeça logo a virando para trás e vi Michonne entrar, segundos depois Daryl também entrou junto com um rapaz negro que parecia ser uns dois ou três anos mais velho que eu.

Olhei para a porta fechada atrás dele e esperei que Carol também aparecesse, ela não tornou a abrir e quando voltei a olhar para Daryl e o rapaz novo notei que eles pareciam um pouco entristecidos com alguma coisa. Rick já estava de pé quando eu me levantei também, Carl estava ainda sentado virado para trás olhando também na mesma direção.

–Onde está Carol? –Rick perguntou num tom preocupado alternando seu olhar entre Daryl e o rapaz negro.

–A levaram também. –Daryl bufou. –O mesmo grupo que levou Beth também a levou!

Rick coçou a cabeça suspirando.

–Ter certeza disso? –Tornou a perguntar ainda preocupado. –E quem é ele?

Daryl olhou para o rapaz ao seu lado por um tempo e voltou a olhar na direção de Rick, ele apresentou o rapaz como Noah e contou tudo o que havia acontecido desde que eles sumiram. Ele e Carol haviam visto um carro igual ao que Daryl havia visto antes e decidiram segui-lo e como sempre as coisas acabaram tomando um rumo diferente. Rick perguntou onde esse grupo estava e dessa vez foi o rapaz negro de nome Noah quem respondeu dizendo que aquele grupo vivia dentro de um hospital chamado Grady Memorial que se encontrava em Atlanta.

O pai de Carl logo se mostrou pensativo sobre o que iria fazer, se Beth e Carol estavam sendo mantidas presa naquele lugar era óbvio que ele iria bolar algum tipo de plano para conseguir tirá-las daquele hospital e pelo modo como Rick estava, não iria demorar muito para que ele logo decidisse o que iríamos fazer. Washington teria que esperar por nós um pouco mais.


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