Hell on us escrita por Sami


Capítulo 23
Um novo membro


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores capítulo novo!!

Capítulo dedicado a leitora Cami Barbosa que me presenteou com minha terceira recomendação!! Obrigada amore!!!



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[...]

POV Carl

Eu estava quase dormindo quando ouvi um som estranho não muito longe de onde estávamos, no inicio achei que poderia ser alguém do nosso grupo, mas, o som pareceu vir do lado oposto de onde nós havíamos montado um tipo de acampamento improvisado.
Na mesma hora me levantei num único movimento ficando sentado e olhei ao meu redor procurando pelo local de origem, não muito distante avistei meu pai e Michonne fazendo o turno de vigia e todo o restante do grupo já estava dormindo. Inclusive Ayla que estava deitada ao meu lado.

Ouvi novamente o mesmo som, dessa vez ele pareceu estar um pouco mais próximo de nós e então comecei a tentar acordar Ayla no mesmo instante, ela usava um dos braços para apoiar sua cabeça sobre a blusa que usava como travesseiro enquanto o outro estava cobrindo quase todo o seu rosto. Assim que comecei a mexer nela, Ayla soltou alguns resmungos e se virou, dando as costas para mim.
Bufei um pouco e dessa vez comecei a sacudi-la para que ela acordasse logo.

–Eu não vou parar enquanto você não acordar! –Dei um leve empurrão em seu ombro. –Acorda logo!

–O que você quer? –Perguntou com sua voz um pouco mole por causa do sono. –Se teve um pesadelo conte ele para o seu pai.

Até mesmo quando está sonolenta ela consegue arranjar um jeito de fazer piada. Revirei os olhos e continuei sacudindo-a até finalmente conseguir fazê-la se virar completamente para a minha direção. Ayla abriu os olhos devagar me olhando com um pouco de raiva por eu tê-la acordado, ela bufou e logo coçou os olhos finalmente se colocando sentada também.

–Eu espero que você tenha uma boa razão pra ter feito isso, seu xerifinho de merda! –Resmungou ainda mostrando estar com raiva.

–Eu acho que tem alguma coisa ali. –Apontei na direção onde havia vindo o som de antes e Ayla acompanhou minha mão olhando para lá também. –Eu não sei o que é, mas tenho quase certeza de que estamos sendo vigiados!

Ela voltou a me olhar e dessa vez suas sobrancelhas se arquearam um pouco e seus lábios se franziram, Ayla olhou em volta fazendo exatamente o mesmo que eu e então voltou a me encarar.

–Você só pode estar de gozação com a minha cara né? –Ela levou uma de suas mãos para o rosto deixando apenas a metade ser coberta por sua mão, ela parecia estar ainda com sono porque quando fez isso fechou os olhos por poucos segundos e sua cabeça se abaixou um pouco; por um único segundo eu achei que ela realmente tinha dormido sentada ali e quando a vi abrir os olhos novamente vi que ela ainda estava acordada. Ou pelo menos estava tentando parecer estar.

–Não tem ninguém ali, Carl. –Ela se virou ficando de frente para o local onde eu havia apontado antes. –Espera o que foi aquilo?

Ayla ficou um tempo calada e logo se levantou, ficando agora completamente de pé. Fiz o mesmo e logo vi que ela estava se aproximando um pouco mais da beirada do lago que existia ali.

–O que foi? –Perguntei quase sussurrando.

Ela ergueu sua mão deixando-a poucos metros do meu rosto como se dissesse com aquele gesto que queria que eu ficasse calado, assenti com a cabeça indicando que eu havia entendido o recado e voltei a olhar para a mesma direção que ela. Ayla deu mais três passos para frente deixando apenas a ponta das suas botas se molharem na água do lago, ela continuou parada até lentamente começou a se abaixar, ela tateou o chão um pouco até que pareceu encontrar o que supostamente estava procurando e então arremessou o que seria uma pedra para o local onde poderia ter alguém.

Ficamos em silêncio até que ouvimos –talvez a pedra– atingindo alguma coisa dura, o som não durou mais do que um segundo e então vimos alguns galhos se moverem também.

–Pega sua arma! –Falou apressada sem me olhar. Fiz o que ela pediu e a entreguei colocando-a na sua mão, Ayla então a destravou e logo a apontou para aquela direção sem dizer mais nenhuma palavra.
Eu arregalei meus olhos quando percebi o que ela queria fazer e a olhei espantado; se ela atirasse iria acordar todo mundo e teríamos que sair dali para não sermos pegos pelos errantes. Ela não estava pensando direito.

–Você ficou louca? –Perguntei ainda sussurrando. –Não pode atirar!

–Eu não vou atirar! –Falou me olhando rapidamente. –Só vou fazer isso se alguém ou alguma coisa sair dali.

Voltei novamente a olhar para o local onde ela estava apontando a arma, esperamos durante um bom tempo até que os galhos dos arbustos se moveram mais uma vez. Ayla não atirou, apenas continuou ali parada com a minha arma apontada para a mesma direção apenas esperando. Engoli seco quando a vi dar mais um passo para frente e quando pensei que ela iria realmente atirar senti alguém se aproximar de nós.

–O que vocês dois estão fazendo acordados a essa hora? –No mesmo segundo reconheci a voz de Michonne e me virei para olhá-la, Ayla por sua vez nem mesmo se moveu.

–Achamos que tem alguém ali nos observando. –Antes mesmo que eu pudesse responder Ayla já havia me cortado fazendo Michonne olhar para ela. –Joguei uma pedra lá e vimos uma movimentação no mesmo lugar duas vezes e eu tenho quase certeza de que não é um morto ali.

Michonne me olhou e eu apenas afirmei fazendo um sim com a minha cabeça, ela se aproximou de Ayla e logo a fez abaixar a arma.

–O que iria fazer Ayla? –Perguntou a olhando.

–Atirar. –Respondeu dando de ombros.

Michonne alternou seu olhar entre mim e Ayla, ela respirou fundo e olhou também para o local.

–Vocês dois tem mesmo certeza de que tem alguém ali? –Perguntou num tom sério em sua voz.

–Quase cem por cento de certeza. –Falei a olhando.

Michonne balançou a cabeça como se concordasse consigo mesmo e voltou a nos olhar.

–Eu vou falar para o seu pai e veremos o que vamos fazer amanhã. –Falou. –Enquanto isso, vocês dois voltem a dormir, teremos um longo dia amanhã e não podem estar cansados!

Sem dizer mais nada Michonne nos deixou sozinhos novamente, Ayla a seguiu com o olhar e depois voltou a me encarar com aquele par de olhos escuros dela.

–Quem você acha que era ali? –Perguntou enquanto caminhava de volta para o seu lugar onde ela estava deitada antes.


Dei de ombros.

–Não sei, mas, seja lá quem for deve estar com raiva de você por tê-lo acertado com a pedra. –Assim que Ayla se deitou novamente eu fiz o mesmo.

–Eu sempre tive uma boa pontaria para esse tipo de coisa. –Falou bocejando. –Agora, se você me acordar de novo o próximo a ser atingido por uma pedra será você, projeto de xerife!


...
POV Ayla


Já estávamos andando havia um pouco mais de duas ou três horas, depois do que contamos a Michonne sobre supostamente ter alguém nos vigiando, eu e Carl não ficamos mais sabendo de nada. Rick não havia vindo falar com nenhum de nós e eu estranhei isso; se havia mesmo alguém ali e se essa pessoa estivesse mesmo nos observando, então deveríamos fazer alguma coisa logo não é mesmo?

Deveríamos agir antes que essa tal pessoa agisse primeiro e a gente acabasse se ferrando por causa disso.

Eu não tinha tanta certeza se Michonne havia realmente contado a Rick sobre isso, eles estavam juntos quando acordamos e ela nem mesmo tocou nesse assunto quando a vimos. Na verdade, Rick parecia nem estar sabendo sobre isso.
Observei eles dois enquanto seguíamos caminho, Rick e Michonne estavam um pouco mais a nossa frente conversando entre si e mesmo que eu quisesse saber o assunto comecei a imaginá-los como um casal. Seria algo interessante eles dois juntos e, não sei se isso era coisa da minha cabeça, mas, o modo como eles dois se entreolhavam algumas vezes parecia denunciar ou pelo menos indicar que alguma coisa entre eles poderia existir.
Sorri brevemente com o pensamento e quando senti um leve empurrão de Carl em meu ombro logo me virei o encarando.

–Você anda muito cheio de empurrões menino. –Falei. –Se não tomar jeito eu mesmo te dou um jeito!
Carl sorriu sínico e fez menção de querer novamente me dar outro empurrão, quando ele ia fazer isso ouvimos gritos distantes de onde estávamos pedindo por ajuda e logo todos pararam. Encaramos-nos um pouco até que Rick e Michonne se colocaram novamente a nossa frente e logo começaram a correr na direção dos gritos.

Para não ficarmos para trás fizemos o mesmo, acabamos saindo da estrada que estávamos seguindo e logo me deparei novamente com a floresta. Ótimo, mais árvores!
Continuamos seguindo os gritos até que encontramos uma grande pedra no meio da floresta, em volta dela havia pelos menos quatro errantes e ambos estavam com suas mãos para cima tentando pegar o... Padre que estava em cima da pedra.

Rick e Daryl foram à frente seguidos por Michonne e Carol que logo mataram todos os quatro mortos, deixando assim espaço para que o padre pudesse descer.

Assim que ele o fez em menos de cincos segundos o mesmo se curvou e logo vomitou tudo o que havia em seu estômago, fiz cara de nojo quando o vi fazer isso uma segunda vez e estranhei aquela atitude. Já havia quase dois anos que o mundo havia sido tomado pelos mortos e era realmente estranho ver pessoas que pareciam ainda sentir-se enjoado por vê-los sendo mortos ou até mesmo por vê-los.

–Tudo certo. –Rick nos olhos brevemente. –Mas fiquem atentos!

Rick começou a conversar com o Padre, começou fazendo as mesmas três perguntas que ele havia feito um pouco antes de me chamar para fazer parte do grupo da prisão. As respostas que o tal Padre eram de deixar qualquer um de boca aberta, de acordo com ele, nunca havia matado nenhum errante e nem mesmo nenhuma pessoa já que ele tinha a ajuda de Deus.

Como ele pode não ter matado sequer um único errante até agora? Pensei ainda sem conseguir acreditar nele, em um mundo como aquele em que estávamos vivendo, não matar estava completamente e totalmente fora de cogitação. Matar era um mal necessário para se continuar vivo naquele mundo, por mais que isso não fosse algo do qual eu gostava, era algo que precisávamos fazer em dias perigosos como aqueles.
O Padre continuou falando, se apresentou como Gabriel e respondia mais algumas perguntas que Rick lhe fazia, em certo momento ele olhou para Judith dizendo em como ela era uma criança linda. Na mesma hora todos pareceram hesitar com aquilo, alguns lançaram olhares pesados para Rick enquanto outros olharam para o Padre Gabriel.

Todos ficamos em silêncio até que o padre finamente cortou o silêncio.

–Vocês têm um acampamento? –Perguntou com a voz um pouco trêmula.

–Não. –Rick respondeu firme. –Você tem?

O Padre pareceu hesitar em responder, nos olhou brevemente e voltou sua atenção para Rick parecendo pensar nas palavras que diria.

–Eu tenho uma igreja.

Rick logo pediu que ele levantasse suas mãos e então começou a revistá-lo do mesmo jeito que um policial faz ou pelo menos fazia antes de toda essa merda acontecer. Os dois trocaram mais algumas palavras até que Michonne os interrompeu perguntando sobre a igreja e pedindo que ele nos levasse até ela.

Durante parte do caminho o Padre explicou que não havia saído mais do que poucos metros de onde a tal igreja dele ficava, explicou até mesmo como havia conseguido sobreviver por tanto tempo sem precisar de armas pois ele tinha a palavra de Deus com ele. Tanto tempo sempre naquele mesmo lugar sem sair ou sem pelo menos ser encontrado por outros grupos hostis, ele tinha a sorte grande. Ou estava mentindo sobre tudo isso.

Assim que chegamos na igreja da qual o Padre Gabriel havia nos dito, ele foi o primeiro a querer entrar e antes mesmo que ele pudesse fazer isso, Rick disse que iria dar uma olhada antes para garantir que aquele lugar era realmente o que ele dizia ser. Rick não deixou que todos fossem, escolheu alguns para acompanhá-lo lá dentro enquanto o restante ficaria esperando do lado de fora.

Enquanto eles verificavam a igreja, aproveitei o meio tempo para descansar os pés um pouco, sente no cercado que havia e fiquei ali vendo o grandão ruivo andar um pouco pelos arredores do local. Notei que algumas pessoas do grupo pareciam ainda um pouco incertas em confiar no padre, claro que ele parecia ser um pouco estanho, mas, se ele realmente estivesse querendo nos fazer mal ele já teria feito e não seria nem mesmo louco de nos levar para o único lugar onde ele estava seguro.

–Hey! –Olhei para o lado e vi Carl se aproximar de onde eu estava com Judith em colo. –O que foi?

–Nada. –Franzi os lábios o olhando. –Só estou tentando imaginar como o Padre conseguiu ficar vivo por tanto tempo no mesmo lugar. Parece até mentira.

–Ele teve sorte. Muita sorte. –Falou se encostando também no cercado. –Abraham anda insistindo em nos levar para Washington, disse que podemos esperar uns dias até que tudo esteja pronto.

Eu o olhei.

–O que ele quer fazer em Washington?

–Não ficou sabendo? –Assim que Carl me olhou eu neguei. –Abraham disse que Eugene tem sabe como fazer tudo isso parar, se eles irem até Washington ele e alguns cientistas podem trabalhar para fazer uma cura.

–Uma cura?! –Me espantei. –Como assim, acabar mesmo com toda essa merda?

Carl assentiu.

Uma cura. Será que pode mesmo existir uma cura pra todo esse inferno que estamos vivendo? Uma cura, eu não estava conseguindo acreditar nisso.

–Espera, seu pai concordou em irmos também para Washington junto com eles? –Voltei a questionar.

–Eu não sei, quando Abraham nos contou sobre isso ainda estávamos presos no terminus. –Disse. –Não vi nenhum dos dois comentar sobre isso depois que saímos.

–Acha que pode existir uma cura? –Perguntei descendo do cercado.

Carl demorou um pouco para responder.

–Eu não sei, Abraham parece estar convicto sobre ir até lá e levar o Eugene para Washington. Mas eu ainda não sei se consigo acreditar que tudo isso pode ter um fim. –Ele me olhou. –E você?

Dei de ombros.

–Cura me lembra doença, –Falei com seriedade. – e eu não tenho tanta certeza de que as pessoas estejam doentes. Parece ser algo ótimo, mas Eugene pode estar enganado quanto a isso e talvez possa não existir uma cura.

Pensar que poderia existir uma cura para colocar um fim em tudo aquilo nunca havia de fato passado pela minha cabeça, claro que eu já pensei na possibilidade de um dia talvez esse apocalipse ter um fim. Mas saber que existia alguém naquele grupo que sabia como conseguir realmente acabar com o apocalipse era algo totalmente novo. Eu já pensei em como seria se caso tudo aquilo acabasse, iríamos ter nossas vidas de volta, porém não seria mais a mesma coisa que era antes de tudo isso ter começado. Minha família estava morta e eu era a única que havia conseguido sobreviver por tanto tempo, parentes eu não tinha além de uma tia por parte de mãe que havia morrido bem antes do início desse apocalipse.

Se essa cura realmente fosse verdade e se Eugene realmente conseguisse acabar com tudo isso, como seria viver depois de tudo o que já aconteceu? Depois de matarmos tantas pessoas e ver tantas pessoas serem mortas pelos errantes. Como seria nossas vidas depois que isso acabasse?

–Você é meio pessimista. –Carl me olhou enquanto caminhávamos.

–Pessimista não, só estou pensando na possibilidade de que isso pode não acontecer. –Falei. –Já parou pra pensar que ele pode estar mentindo sobre isso?

Carl parou e se virou para me olhar.

–Mentindo? –Perguntou com descrença. –Ayla, por que acha isso? O que o Eugene estaria ganhando com isso?

–É uma possibilidade, Carl. –Dei de ombros. –Esquece isso, lembre-se que temos uma aposta de pé!

Carl fingiu sorrir e logo fez descaso, ele realmente estava duvidando de mim e eu só estava gostando ainda mais dessa aposta. Eu iria encontrar uma tesoura, iríamos encontrar -de algum jeito- a barra de chocolate e então eu finalmente daria um jeito naquela juba enorme que Carl tinha coragem de chamar de cabelo. Eu sempre gostei de fazer apostas e por mais bobas que elas fossem eu raramente perdia uma.

...

Depois que voltamos para a igreja, Carl e eu demos uma rápida vasculhada pelo lugar, entramos em um pequeno quarto onde havia apenas uma cama de solteiro e uma mesa logo no canto com várias bíblias abertas e um caderno que já estava preenchido até sua metade. Enquanto Carl olhava o outro canto, eu me foquei apenas na mesa; como sempre fui curiosa claro que li o que estava escrito no caderno e me surpreendi quando vi que o Padre estava reescrevendo toda a bíblia naquele caderno.

Continuei lendo notando que ele destacava algumas palavras como não matarás entre outras. Na mesma mesa havia também alguns desenhos, alguns pareciam ter sido feitos por crianças com cinco ou seis anos e outros era apenas desenhos já prontos, porém estavam pintados; provavelmente por crianças um pouco mais velhas. Olhar para aquele monte de desenhos me fez sentir um pouco incomodada com tudo aquilo, odiava pensar no que poderia ter acontecido com aquelas crianças e saber qual havia sido o seu fim era ainda mais desconfortável.

–Ele está reescrevendo toda a bíblia. –Falei sem o olhar. –Esse padre...Ele é um pouco estranho!
Encontrei outro caderno, esse tinha a capa um pouco mais escura que o outro e quando eu o abri havia várias coisas escritas nas folhas. Foi um pouco impossível conseguir ler exatamente o que estava escrito ali por causa da caligrafia e também porque as palavras estavam sendo escritas umas em cima das outras deixando a leitura ainda mais confusa.
A única coisa que eu consegui ler com um pouco mais de clareza foi uma frase curta, mas que causou um arrepio pela minha espinha.

Você queimará por isso!

Ela estava escrita diferente das outras palavras, parecia ter sido rabiscada várias vezes sobre o papel deixando o traço dela mais firme e grosso. –Olha só! –Tirei o caderno da mesa e o abri mostrando a folha onde a frase havia sido escrita para ele, Carl se aproximou de mim olhando mais fixamente para a folha e depois me olhou parecendo ficar um pouco surpreso também.

–O que acha que isso significa? –Perguntou voltando a olhar para o caderno.

–Não sei,–Dei de ombros. –mas parece que ele quem escreveu isso aqui.

Carl voltou a me olhar.

–Por que ele escreveria isso? –Me olhou novamente.

–Acho que devemos perguntar a ele o motivo. –Respondi rindo brevemente até que Carl fez cara de que não achou graça nenhuma e voltou a olhar o caderno logo tirando-o da minha mão. Ele olhou as outras folhas e logo parou mostrando a mesma frase que havíamos visto antes escrita novamente, dessa vez ela ocupava as duas folhas do caderno. –Eu acho que ele fez alguma coisa, ou antes de tudo isso começar ou depois. Só pode ser isso.

–É, vamos sair daqui antes que eles voltem!

Concordei e então deixamos o pequeno quarto, fechamos a porta novamente e assim que pisamos fora dali Rick e os outros já haviam voltado com um estoque novinho em comida. Eu confesso que fiquei surpresa com aquele tanto de comida que eles haviam conseguido trazer, acho que a última vez que tive contato com tantos enlatados foi quando ainda estava com o grupo de David. Havia dias em que tirávamos a sorte grande e conseguíamos uma boa quantidade de comida para não precisar sair por pelo menos dois ou três dias no máximo. Acho que depois de tanta merda que havíamos passado, as coisas estavam enfim voltando a dar certo para nós.

Passou algumas horas até que começaram a preparar um tipo de "jantar" para nós, realmenre as coisas pareciam estar finalmente voltando a dar certo para o grupo. Já havia anoitecido completamente quando começamos a nos servir, sentei perto de Tyreese e logo vi Carl sentar ao meu lado.

–Perguntei para Michonne se ela havia encontrado alguma barra de chocolate e ela disse que não. –Falou num tom de decepção. –Acho que vai ser difícil encontrar uma tão cedo.

–Temos muitos lugares para procurar. –Ri. –Já pode começar a se despedir do seu cabelo.

Olhei para o meu prato e dei mais uma colherada na comida, comecei a mastigar e logo vi Abraham se levantar e caminhar até ficar no campo de visão de todo o grupo, ele levantou um copo que estava segurando deixando-o um pouco mais acima de seu rosto.

–Eu queria propor um brinde! –Assim que ele disse isso todos se calaram ao mesmo tempo. –Eu olho nesse pequeno cômodo e vejo sobreviventes. Cada um de vocês merece esse título. Aos sobreviventes!

Vi mais pessoas levantarem seus copos e repetir sobreviventes juntos, como eu e Carl não tínhamos nenhuma bebida apenas repetimos sem fazer muita cerimônia.

–É tudo o que querem ser? –Abraham continuou. –Acordar de manhã, lutar contra os mortos, pilhar comida, dormir de olhos abertos, a mesma coisa todos os dias? Levaremos Eugene para Washington e faremos os errantes morrerem e os vivos retomarão o mundo!

Ele olhou para cada um até chegar em Eugene.

–Eugene o que tem em DC?

–Infraestrutura construída para barrar pandemias até mesmo dessa magnitude. –Ele fez uma breve pausa. –Ou seja, comida, combustível, refúgio. Um recomeço.

Abraham agora olhou na direção onde Rick estava e todos pareceram seguir seu olhar até ele.

–Venham conosco. Ficarão mais seguros lá do que já estiveram desde que tudo isso começou. –Abraham tornou a dizer. –Salvem o mundo para a pequenina!

Um silêncio se formou logo em seguida, todos ainda olhavam para Rick como se estivessem esperando por sua resposta. Eu e Carl nos olhamos rapidamente até voltarmos nossa atenção para Rick que soltou uma breve risada quando Judith fez um som um pouco estranho com a boca.

–Ela topou. –Disse ainda rindo. –E se ela topa eu topo também!

Ouvimos algumas palmas e algumas pessoas comemorarem pela decisão tomada, iríamos para Washington junto com o grupo de Abraham. Iríamos colocar um fim nisso tudo.



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