A Reunião dos Heróis escrita por MaçãPêra


Capítulo 32
Contos de um Personagem Misterioso - Parte 4 (Participação Especial)


Notas iniciais do capítulo

Hey!
Demorei demais?
Nem me lembro da última vez que postei, mas deve ter sido há aproximadamente um mês, como sempre.
Bem, estou de volta com um Conto de nosso querido Personagem Misterioso! E dessa vez tem participação especial! Esse cap foi só pra colocar ainda mais mistérios na fic e pra desenvolver um pouco mais esse personagem.
Vamos ao cap!



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P.O.V. Personagem Misterioso

Olho para os lados cautelosamente. Não faço isso com medo de que alguns dos moradores daquele prédio me vejam. Não me importo se eles me virem, não fará diferença, mas em um mundo lotado de personagens, pode haver um ali por perto.

E não seria nem um pouquinho bom se um deles me encontrasse.

O que estou fazendo é muito arriscado. Estou indo direto para a raiz de tudo.

Espero ansiosamente pelo elevador, sempre olhando por cima do ombro para verificar se não tem ninguém me seguindo.

Se algum personagem me ver...

O elevador chega e entro rapidamente. Aperto no número doze.

Sinto um alívio quando as portas se fecham. Aqui dentro ninguém me pega. Mas à medida que o elevador vai se aproximando, meus temores retornam. E se tiver um personagem me esperando lá em cima? Mas não há ninguém no andar quando o elevador chega. Olho para a porta do apartamento 1201.

O apartamento de Ted e Zeke.

Meu coração bate forte. Seguro a maçaneta e a giro. Está trancada. Droga. É claro que está trancada, Amanda não está em casa.

Ah... Ainda tenho esperança. Dou uma volta no corredor e chego até a porta dos fundos do apartamento que dá para a área de serviço.  Embaixo do tapete, encontro uma chave.

Amanda esperava que Ted e Zeke retornassem... Mas se ela estivesse fora quando isso ocorresse, a chave estaria ali, esperando por eles.

Vai ter que esperar por um bom tempo.

Abro a porta e entro na casa. Devo ser rápido agora. Corro silenciosamente até o quarto de Amanda e revisto todas as gavetas. Não deve ser tão difícil de achar... Acho estranho quando vejo que uma das gavetas está trancada. Só espero que o álbum não esteja aí. Por sorte, encontro-o na gaveta logo abaixo.

Seguro em minhas mãos um álbum de fotos. Folheio-o e observo algumas das imagens. Escolhendo-as cuidadosamente. Como as fotos estão em ordem cronológica, vou direto às ultimas páginas, mas me decepciono assim que as vejo.

Aparentemente, Amanda, Ted e Zeke pararam de preencher o álbum desde que Zeke não tinha mais que oito ou nove anos, e Ted ainda mais novo.

Pego, então, uma foto do aniversário de cinco anos de Ted e outra do aniversário de seis anos de Zeke. Nas duas, os dois irmãos estão lado a lado, sorrindo para a câmera.

Já peguei uma quantidade razoável de fotos dos dois irmãos no Facebook deles, mas elas não ficaram com uma qualidade muito boa. Por isso decidi vir procurar alguma nesse álbum. Eu esperava encontrar alguma mais atual...

Os porta-retratos da sala!

Vou correndo até a sala de estar e encontro exatamente o que eu estava procurando. O porta-retratos reunia quatro fotos diferentes dentro. A primeira era uma selfie tirada na praia por Ted. Zeke está nessa foto também, com a mãe entre os dois. A segunda é uma foto do mesmo trio da foto anterior, mas essa foi tirada por uma quarta pessoa. O fundo da imagem mostra o Farol da Barra com clareza. A terceira foto mostra Ted e Zeke junto de um grupo de amigos. Todos estão vestidos com uma túnica branca militar, calça vermelha e boina, o uniforme padrão para o Desfile de 7 de Setembro. A última foto mostrava os dois irmãos mais novos, Ted aparentava ter 12 anos e Zeke 14. O braço de Zeke passava por cima do ombro de Ted e, ao fundo, o sol estava se pondo.

Todas essas fotos estavam com uma qualidade surpreendente. Definitivamente vai servir. Coloco esse porta-retratos na bolsa do Cultura Inglesa que eu trouxe. Coloco as outras fotos ali também. Foi mal, Amanda. Isso é realmente necessário. Só espero que ela não perceba que o porta-retratos e as fotos desapareceram.

Agora preciso encontrar mais alguma coisa que me faça lembrar dos dois irmãos. Qualquer coisa que represente eles...

Então, escuto o som da porta do elevador se abrindo do lado de fora do apartamento. Fico estático. As vozes que escuto estão meio abafadas, mas sinto que já as ouvi antes. Nenhuma delas é de Amanda. Devem ser só os vizinhos.

Alguém toca a campainha. Continuo parado. Escuto um sussurro do outro lado da porta. Quem quer que esteja do lado de fora gira a maçaneta e empurra a porta, sem conseguir abri-la.

— Tente a porta dos fundos — sugere uma voz de garota.

Eu me esqueci de trancar a porta dos fundos!

— Essa daqui está aberta — anuncia uma voz infantil.

— Quanta sorte!

Passos.

Tenho pouco tempo.

Procuro ao meu redor. Meu olhar cai diretamente sobre a grande cortina azul que cobre a porta de vidro que leva até a varandinha. Que clichê, penso, mas é a melhor possibilidade.

Escondo-me atrás da cortina.

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P.O.V. Rachel

— Bem, parece que não tem ninguém em casa — diz Hipnos com sua voz infantil.

Mesmo se tratando de Hipnos, consegui me acostumar com o fato de agora ele ser uma criança de dez anos. Pergunto-me, desde que o encontrei pela primeira vez, como ele se sente viver aprisionado em um corpo mortal.

Pelo menos ele ainda tem alguns de seus poderes.

— Eles estão voltando aos poucos — dissera hoje mais cedo — Mas não na velocidade que eu queria — ele completara desanimadamente.

Passamos pela humilde cozinha do apartamento e nos dirigimos até a sala de estar. Até que é bem arrumadinha. Há uma mesa de jantar em um canto, ao lado de um móvel cheio de porta-retratos. Atrás da mesa existe uma vidraça que leva à uma pequena varanda e, cobrindo essa vidraça, uma cortina azul. Do outro lado do cômodo estão dois sofás brancos — de frente para uma TV — e um pequeno corredor que leva à porta da frente, por onde tentamos entrar, sem sucesso.

— Espero que a mãe de Zeke e Ted não demore a chegar. — digo — É perigoso para nós ficarmos aqui. Tenho certeza de que nós não fomos os únicos a ter a ideia de investigar o passado dos dois.

Não posso afirmar com certeza que essa ideia foi nossa. Ou até mesmo só minha. Não tenho certeza, mas suspeito que tenha sido o próprio espírito de Delfos que colocara a ideia na minha cabeça.

— Umbridge não está em condições...

— Não acho que Dolores seja a única vilã aqui no Brasil — afirmo.

Essa era uma questão que eu havia pensado por bastante tempo. Não há como saber quantos personagens estão aqui no Brasil. Tem aqueles que já foram encontrados, aqueles que ainda não foram e aqueles que estão vindo para cá...

— Bem, como a mãe dos garotos não está aqui, o que podemos fazer? — Retorno ao assunto principal. — Talvez possamos stalkear eles no Face...

— Devíamos fazer isso? — Hipnos pergunta, intrigado — Não é falta de educação, ou algo assim?

— Bem, se eles deixam informações pessoais à solta na internet pra todo mundo ver... O problema é deles. — falo meio constrangida pela crítica — Stalkear não deve ser pior do que invadir a casa dos outros. — argumento.

— Faz sentido — concorda o deus. — E enquanto você faz isso, eu faço o que?

— Procure por alguma coisa nas gavetas — sugiro. E logo acrescento — Nem venha reclamar novamente sobre ética.

Hipnos prefere não comentar mais nada. Vou ao quarto de escritório, enquanto ele vai pra outro quarto. O cômodo que eu vou contém um armário, um sofá-cama, duas escrivaninhas — uma para cada irmão, provavelmente — e um computador em cima de uma delas. Sento-me em uma das cadeiras de escritório e ligo o computador. Acesso o Facebook e me surpreendo ao ver que a conta de Zeke já estava conectada.

Primeiro foi a porta dos fundos aberta... Agora o Face de Zeke ligado. Esse pessoal não sabe nada sobre segurança?

Fui até sua linha do tempo e procurei por suas postagens mais antigas. Zeke tem um Facebook desde 2010, isso deve dar bastante material para ser estudado. Own... Ele era tão fofinho!

Vou subindo mais e encontro muita informação interessante, mas nenhuma que nos ajude a entender o porquê de Ted e Zeke serem tão especiais. Acabo me distraindo com uma ótima foto de Zeke se preparando para alguma competição de natação no ano de 2012. Fico analisando essa imagem com tanta concentração que me assusto com a voz de Hipnos:

— Tem uma gaveta trancada aqui! — ele anuncia do outro quarto. — Talvez tenha alguma informação importante!

— Então, procure a chave! — peço.

Olho novamente para a tela do computador e sinto um rubor subir à minha cabeça por ter me distraído desse jeito. Eu ia continuar procurando por mais informações, mas o que Hipnos tinha encontrado me deixou curiosa, Uma gaveta trancada? Deve ter algo lá.

Abro a gaveta da escrivaninha e procuro. Encontro folhas de papel em branco, provas, documentos, alguns boletins... Decido me levar pela distração por só mais um tempinho. Pego os boletins de Zeke e Ted do segundo bimestre desse ano e os analiso. A primeira coisa que eu noto é o quão diferente os dois são nas disciplinas escolares. Enquanto Ted se sai muito bem nas matérias de exatas — e razoável nas de humanas —, Zeke é exatamente o oposto! Apesar disso, percebo que Ted é muito bom em História e Zeke vai muito bem em Biologia. Não deixo de notar que os dois são igualmente bons em Português.

Abro a segunda gaveta. Ela está cheia de canetas azuis e pretas. Também encontro um estojo vermelho. Abro o estojo e encontro lápis de diferentes cores. Não acho que os irmãos realmente usem lápis de cor no colégio. E por que as canetas estão do lado de fora?

Exploro o estojo mais profundamente e encontro uma pequena chave.

Apresso-me até o quarto onde Hipnos está.

— Acho que achei. Onde está a gaveta?

O “jovem” deus aponta para uma gaveta de cabeceira. Vou até lá e vejo que há uma fechadura. Insiro a chave e giro. Abro a misteriosa gaveta. Lá dentro há uma pequena pilha de papéis. Documentos médicos. Todas são relacionadas a Zeke. Confusa, tiro os documentos da gaveta.

Nesse momento, escuto o som de elevador. Passos do lado de fora do apartamento e um tilintar de chaves. Eu e Hipnos nos entreolhamos e corremos silenciosamente até a sala. Uma mulher alta de cabelos castanho-escuros entra no apartamento. Hipnos avança até ela, estala os dedos na frente de seu rosto e sussurra suavemente:

Durma...

A mãe de Ted e Zeke desmaia em cima do garoto-Hipnos. Ele a coloca deitada no sofá.

— Traga um cobertor e um travesseiro — ele pede para mim.

Pego esses itens de um dos quartos e levo até o deus. Ele estende o cobertor no chão, ao lado do sofá, e deita em cima.

— Apague a luz — ordena.

Obedeço a ordem e fica tudo escuro. Consigo ver os contornos da mão do garoto se levantar até a da mulher no sofá. Hipnos começa a roncar.

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— Ligue a luz.

Sou despertada de meus devaneios. Quanto tempo de passou? 15 minutos? Aperto o interruptor e tudo fica claro novamente. Hipnos se levanta, parecendo frustrado.

— Bem... Revirei todas as memórias dela e não encontrei nada útil Mas achei tudo muito estranho. Tive a sensação de que estavam faltando algumas memorias. Acho que alguém a encontrou antes de nós. — Ele olha para a mulher no sofá.

Suspiro decepcionada.

— Você não encontrou nenhuma memória relacionada aos documentos que encontramos?

— Nada. É por isso que estranhei que algo estava faltando.

Balanço a cabeça pensativamente.

— Vou ver o que esse documento tem de útil.

Vou até o quarto para pegar os documentos que eu tinha deixado.

A cabeceira está vazia.

A porta dos fundos bate com força.

— Ele está fugindo com os documentos! — grito para Hipnos.

Corro até a porta dos fundos. Trancada. Hipnos aparece na porta da cozinha.

— Tente pela porta da frente! — peço.

Hipnos volta correndo para a sala. Eu o sigo. Quando a dona da casa entrou, ela não tivera a chance de trancar a porta depois. Esse fato facilitou a mim e a Hipnos. Logo ao sair, noto que o elevador ainda está naquele andar. Ele foi de escada!

— Um de nós o persegue pela escada, o outro desce pelo elevador.

Ficamos nos encarando por uns cinco segundos. Ele com uma expressão bastante sugestiva e, eu, esperando alguma iniciativa por parte dele. Reviro os olhos.

— Entre logo nesse elevador! Estamos perdendo tempo.

Hipnos concorda, agradecido. Eu corro até as escadas e começo a descer. Doze andares. Cada andar mostra um número correspondente. Começo a ficar cansada já no oito. Se eu estivesse subindo, e não descendo, seria pior, penso. Ainda escuto os passos apressados de que quer que esteja fugindo.

Quando alcanço o quarto andar, escuto o outro parar de descer as escadas e correr para longe. Chego ofegante ao térreo e fico perdida. Para onde que eu vou mesmo? Vou para a entrada principal e dou de cara com Hipnos.

— Cadê ele? — o deus pergunta.

Saio do prédio e vou até o estacionamento, mas está escuro demais para ver alguma coisa. Há somente um poste de luz perto de um salão de festas vazio.

— Perdemos ele — e os documentos.

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P.O.V. Personagem Misterioso

Espio por trás da coluna. Rachel e Hipnos estão me procurando atrás dos carros. Isso me fez lembrar de um acontecimento engraçado...

Inspiro ofegantemente por causa dessa corrida na escada. O destino de tudo esteve por um fio. Eu quase desmanchei todas as bases da realidade. Se Rachel ou Hipnos tivessem me visto por um segundo sequer... Nem imagino as consequências disso.

Sento-me com as costas apoiadas na coluna e analiso os documentos. Eu os havia lido brevemente há poucos minutos, quando aproveitei que Rachel havia apagado a luz da sala para sair de trás da cortina. Não pude deixar esses documentos pararem nas mãos de Rachel e Hipnos. Eles não entenderiam e, se entendessem, descobririam coisas que não deveriam descobrir. Não agora. O conteúdo desse documento... Não posso dizer que ele explique algo, mas ele acrescenta informações sobre um dos maiores segredos de Zeke. Fiquei impressionado quando os li. Será que Zeke sabe? Se não, então um dia ele vai saber. Espere aí. Como Zeke vai descobrir isso se os documentos estão comigo?

— Isso não faz sentido — sussurro.

— Não deve mesmo — concorda um voz bem ao meu lado.

Assusto-me. Um homem pequeno e esquelético de cabelos pretos ao estilo Elvis Presley está sentado ao meu lado.

— Acho melhor eu ficar com isso. — Ele toma os papéis de minha mão — Não podemos deixar que isso caia em mãos erradas.

Então se transforma em uma espessa fumaça vermelha e entra na parede. Não deixando sobrar nada.

Fico olhando para o espaço vazio ao meu lado por um tempo, boquiaberto, e olho para minhas mãos vazias.

— Que? — pergunto para a noite.


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Notas finais do capítulo

Que?
Então? Gostaram? Algum erro? Dúvida? Sugestão? Opinião?
Quem vocês acham que é esse Personagem Misterioso? E por que ele está agindo desse jeito? O que ele quer, afinal?
E quem roubou os documentos desse Personagem Misterioso [que roubou de Rachel e Hipnos (que iam roubar de Amanda)]? Eu não vou fazer tanto mistério sobre ele, afinal, dei muitas dicas pra vocês. Prestem atenção a quando mencionei Elvis Presley.
Algo mais?

Vocês viram o novo trailer de Animais Fantásticos? Eu achei incrível.
Adeus.
:):):)