P.O.V Elena

– Okay, Tony. Você já teve seu momento de pausa para o drama... Agora fale logo – Eu quase gritava. Estava curiosa, mas já tinha algumas teorias em mente, mas não queria acreditar. Seria aquilo possível? Fiz minha melhor cara irônica e cruzei meus braços na altura do peito querendo uma resposta.

– É melhor você se sentar, querida – Falou Pepper, ela era amável, ela estava sendo amável e eu só sei ser uma sei lá, rude, mal educada, egoísta.

– Não, eu quero saber logo – Retruquei nem olhando para Pepper, ela ficou ainda mais nervosa e se sentou.

Tony se levantou e se aproximou de mim.

– O que eu tenho para falar é algo muito delicado e preciso de sua atenção e compreensão total, okay, Elena? É algo completamente...

– Okay, pare com essa porcaria toda. Apenas me conte – Eu o interrompi.

– Fale direito – Ele falou e eu ri irônica.

– E por que eu faria isso? Conviveu comigo por tempo suficiente para saber meu linguajar, não sabia que precisava mudar para o modo “linguajar apropriado para a ocasião” – Eu falava ainda irônica, estava nervosa e quando fico nervosa de repente, vem palavras e eu não faço a mínima ideia do que estou falando.

– Porque eu sou seu pai! – Ele gritou me segurando pelos ombros. E eu abri os olhos, depois franzi o cenho, sei que tinha uma cara confusa. Olhei para Pepper e ela continuava séria, depois olhei para Tony e ele tinha a mesma cara desesperada. Não, não poderia ser. De repente me veio uma reação que eu achei apropriada para situação, eu comecei a rir de verdade. E todos os olhares vieram até mim novamente, confusos. Não entendiam o motivo de eu estar rindo, e muito menos eu, poderia aquilo ser verdade? Ou eles estariam apenas brincando?

Eu dei passos para trás fazendo com que Tony tirasse as mãos de mim, então me virei para andar para algum lugar. Precisava pensar, precisava pensar mesmo.

– Okay, isso é claramente algum tipo de piada... – Eu tentei achar as palavras certas.

–Não estou brincando, Lena – Ele falou e eu continuei a rir, me virei para ele e ele estava na ponta da escada, eu andei tanto que já estava na ponta da escada, e ele me olhava como se pedisse para eu perceber que não era mentira, que ele estava falando sério, seu olhar era suplicante, o que era totalmente angustiante para mim. Não podia ser.

– Tony, eu sei que você ficou todo... Comovido com minha história, mas não precisa querer me adotar porque eu tive uma droga de pai e de passado – Eu falei. Tentei inventar, ele sabia que eu falava sério porque eu queria que essa fosse a teoria de tudo, que ele quisesse me adotar.

– Você se lembra de quando falou seu sobrenome pela primeira vez? Stonem? – Ele perguntou e eu apenas balancei a cabeça positivamente. – Alguns anos atrás eu fiquei com uma mulher chamada Katherine Stonem, eu não pensaria isso, mas... Droga, Elena. O tal chefe mafioso me mostrou isso – Ele ergueu um papel para eu pegar. Ele estava sem palavras e eu também, desci alguns degraus e fiquei teoricamente longe dele. Inclinei-me um pouco e peguei o papel, olhei alguns minutos para o rosto de Tony e só tinha aquela reação dele, aquele olhar que ele fez quando me falou aquilo. Não sei explicar. Não sei, mas não queria abrir o envelope, seria aquilo mesmo verdade? Eu tinha uma pessoa pelo menos, aceitável na minha vida e nunca tive a chance de conhecê-la até agora nessas circunstancias terríveis, poderia tudo na minha vida ter acontecido de forma diferente? Eu não teria morrido. Mas isso só poderia ser mentira, precisava ser mentira.

Engoli seco e tratei de respirar fundo antes de abrir o envelope, antes de abrir o papel eu pensei rapidamente, mas não tinha o que pensar, só agir. Nunca fui de sentir medo, ou até mesmo receio, não seria agora também. Precisava fazer isso. Precisava manter minha pose em qualquer circunstância. Qualquer coisa que está escrita ali, eu preciso ser forte e não demonstrar minhas reações, quaisquer que sejam elas. Eu já vi que já estava as demonstrando, mas precisava melhorar. Precisava fazer isso melhorar. Subitamente tive consciência da tensão nos músculos da sua nuca, abri e li com atenção, tentando isolar tudo à minha volta.

Não poderia acreditar no que estava ali, mas como poderia negar algo que estava bem na minha frente? Era a porcaria da verdade e eu não sabia como reagir. O homem estava certo, eu tinha um valor afinal de contas, ele acertou muito bem quando me pegou, não foi por acidente. Ele queria conseguir algo, talvez atingir eu ou até mesmo o famoso homem de ferro, mas não posso aceitar isso.

Tudo poderia ser diferente e agora, tudo está acabado.

Eu mordi os lábios negando com a cabeça.

– Isso aqui é uma... Mentira – Falei um tanto desesperada. Sei que já estava gritando e sacudi praticamente no rosto de Tony os papéis, mas não foi de propósito.

Stark apenas sacudiu a cabeça.

– Por que diz isso? Por que eu mentiria Elena? – Ele perguntou olhando para mim, eu apenas negava com a cabeça.

– Eu não sei... Eu... Isso não é verdade – Eu falei negando e desci as escadas rapidamente, praticamente estava correndo para porta.

Tony foi atrás de mim e me puxou pelo braço me fazendo parar e o encarar.

– Qual o problema com você? – Ele perguntou.

– Você seriamente perguntou isso? – Eu perguntei o olhando. – Tony, você está me dizendo que eu poderia ter tido outro futuro? Que eu não teria a droga de pai que eu tive? Que eu poderia nunca ter tido o passado que eu tive? Que eu poderia não ter morrido e ter voltado, dai eu não seria essa pessoa merda que eu sou agora? Você realmente está me dizendo isso? – Eu gritava e suas mãos caíram dos meus braços para minhas mãos e ele abaixou o olhar.

– Lena...

– Não venha com Lena – Eu o interrompi e ele me olhou, e então eu pude adivinhar. – Você sabia que ela estava grávida.

– Eu... Ela não me diria – Ele falou me olhando. – Ela disse que era de outro.

– Mas você sabia que era seu – Eu retruquei.

– Eu não estava pronto para ser um pai, Lena. Você precisa entender, mas agora estamos aqui e eu quero ser seu pai...

– Você não estava pronto para ser pai? – Eu gritei e ele abaixou o olhar. – Então eu estava pronta para ter a vida assim? É isso? Você não conseguia aguentar seus próprios erros e eu tinha que pagar? Primeiro ato de pai e foi abandonar sua criança? – Eu perguntei e ele me olhou, seus olhos estavam marejados. Eu fiquei surpresa. Eu não choro, nunca iria chorar por causa disso, apesar de que isso me abalou um pouco, mas Tony era um homem forte, não parecia chorar na frente de ninguém, aparentava estar arrependido. Mas não, não importa, irei embora daqui e ninguém nunca mais vai me achar e isso vai ser, assim como eu, esquecido. – Então eu sou adulta o suficiente por nós dois para ir embora e esquecer essa história maluca. Nunca tive um pai, e nunca precisei e nunca vou precisar – Esclareci enquanto o elevador chegou e eu entrei apertando o botão para fechar logo e Tony ficou lá, abandonado e sozinho. Ele aparentava estar tão desamparado, e não sabia o que falar para que eu ficasse, mas não tinha o que falar, nem o que fazer. Estava acabado, aquela história e tudo que existiu. Foi apenas o cara com quem fui sequestrada, nós saímos e é apenas isso. Homem de Ferro continua sendo Homem de Ferro e eu continuo sendo a estúpida Elena Stonem.

Assim que eu cheguei no térreo, não vi ninguém me impedindo, apesar dos seguranças e saí dando uma boa olhada na famosa New York e como diabos eu iria sair dela.

Não olhei para trás enquanto saia andando procurando um bom plano, e não iria olhar, porque eu nunca olho para trás.