Our Imortality escrita por Vingadora


Capítulo 7
Changing myself.


Notas iniciais do capítulo

Alguém ainda por aí? (Eu espero que sim).
Eu sei, eu sei. Foram muitos meses sem nem ao menos contatá-los, mas eu tenho uma explicação terrivelmente justificável para tanto tempo ausente assim.

Vou tentar explicar brevemente o que aconteceu.

Eu peguei uma bactéria enquanto cuidava das plantas da minha mãe. Acabei descobrindo e comecei o tratamento com antibióticos. Só que os antibióticos maravilhosos diminuíram minha imunidade de tal maneira que comecei a ficar internada com frequência tomando soro até meu médico resolver passar um remédio pra me ajudar com isso. Só que esse remédio me deu uma crise alérgica. Aí fiquei uma semana e meia internada até descobrir um anti-alérgico que funcionasse. Então eu fiquei bem. Só que como minha imunidade ainda estava baixa, peguei uma gripe que virou uma pneumonia. Aí fui eu ficar internada de novo. Há três semanas eu me recuperei, mas ainda sim não me sentia estável o suficiente e estava tão cansada que pensei em deixar a história de lado. Até que eu realmente me reencontrei e resolvi que não vou deixar nada de lado não! Que é injusto com todo mundo que gosta da história parar agora. E que, ainda nesse ano, eu acabo essa temporada (Deus nos ouça).

Eu realmente sinto muito, mesmo, por todo esse tempo ausente! Não sabem a saudade maldita que senti de vocês e de seus comentários maravilhosos.
Eu espero não morrer (risos) e conseguir dar um fim adequado a nossa querida Lilly.
Sem mais delongas, vamos a história.



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Fiquei um bom tempo ao lado de Iuel enquanto ele me contava mais sobre as espécies exóticas que haviam na estufa e revelava cada vez mais um pouquinho sobre ele.

Era uma merda, mas precisava admitir que me apegara ao menino em tão pouco tempo. Havia algo de solitário em seus sorrisos e carente em seus olhos que me obrigaram a ficar ali até ele perceber que estava ficando tarde e já era hora de voltar para minha cela luxuosa. Ele me ajudou com a capa que eu insistira em remover horas antes e me mostrou como realmente deveria utilizar o capuz, de forma que não cairia quando passássemos pela passarela.

Quando ele me contou sobre seus temores em relação a Semha, minha vontade imediata foi levantar, ir atrás daquela louca e dar uns tapas nela, mas precisei me controlar, afinal prometi que não iria contar a ninguém sobre o que ele havia me dito.

Iuel conseguiu me levar de volta ao quarto sem sermos notados, já que quando passamos pela cozinha novamente, eles estavam tão mais preocupados com o banquete a ser servido do que duas pessoas encapuzadas que por ali passavam...

Quando voltei ao meu quarto, Iuel prometeu falar com Odin para conseguir noticias sobre minha prisão domiciliar e sobre o que eles haviam decidido sobre mim e, principalmente, permissão para conseguir notícias de minha família em Midgard.

Enquanto entrava em meu quarto, já senti novamente o ar pesado que aquele lugar me transferia e sentia toda a boa sensação do passeio com Iuel desaparecer aos poucos, deixando em seu lugar uma sensação estranha de vazio. Resolvi me esconder o máximo de tempo que podia na sacada, já que não demoraria muito para um dos guardas dos corredores informarem a Odin e a sei lá mais quem que eu havia retornado ao meu quarto e que, muito provavelmente, acabaria tendo de trocar minha prisão luxuosa por alguma masmorra terrivelmente fedida e horrorosa em alguma das torres do castelo.

Resolvi aproveitar os poucos minutos que me restavam para refletir no que realmente iria fazer a seguir. Já se passaram dois dias em que eu loucamente seguira caminho até este lugar e nada de produtivo havia acontecido em minha vida. Certamente se Fury estivesse aqui, iria reclamar de minhas ações e chutar meu traseiro até a sala do trono e colocar aquele velho barbudo no lugar... Ou apenas chutar o meu traseiro. Já Natasha e Barton iriam vagar por uma lembrança de alguma missão em que passaram por uma situação parecida ─ se é que existe algo parecido com isso. Muito provavelmente Coulson ficaria encantado com tudo aqui e iria fazer passeios e mais passeios pelos corredores tentando desvendar os mistérios do lugar, enquanto Stark estaria ao lado de Nick, me chamando de tola, fraca, e apontando todos os erros que cometi desde que chegue aqui.

Quase conseguia ouvir seu resmungar: "Essa não é a Lilly que conheci em Monte Carlo. Aquela Lilly que não fugia de brigas, usava roupas de couro e dava surra em caras durões só pra mostrar que era mais forte que todos." Que tipo de pessoa eu havia me tornado em tão pouco tempo? Parecia mais um bichinho inofensivo, disposto a seguir ordens e acatar a pessoas que não conhecia. E eu ainda me acho no direito de continuar a me chamar de Ellizabeth Fury, e debater com todos, negando-me como uma filhinha sofrida? Quem é essa que me tornei? Eu cheguei mesmo ao ponto de nem mais me reconhecer? Cheguei ao ponto de me perder em sentimentos e me expor de uma forma incompreensível? Eu sou Ellizabeth ou Ignis agora? Sou uma guerreira meta-humana ou deusa do fogo destinada a um trono que nunca desejei? A única coisa que tenho certeza agora é que não gosto do que me tornei. Não gosto de parecer fraca, frágil, submissa. Não gosto e não quero continuar a ser assim. Onde foi que deixei pra trás toda minha sensatez e esqueci de manter o enigma que era Ellizabeth Fury? Quando foi que me perdi?

Como eu havia previsto, não muito tempo depois de meu retorno, Clodha e Rodha surgiram no quarto, com feições apavoradas em minha busca. Estavam de roupas trocadas, o que começou a me parecer uma rotina constante. Pela manhã usavam roupas claras, alegres, enquanto pela noite, apenas vestidos neutros e que destacavam as curvas de seus corpos.

─ Alteza? Princesa, a senhorita está aqui? ─ Clodha, sendo a mais nova e ─ ouso dizer ─ mais doce entre as duas começou a vasculhar o quarto em minha procura. Ela era baixa, quase uma anã e possuía um cabelo curto em tom cobreado, a pele possuía um bronzeado claro e olhos amarelados. Já Rodha, diferente da amiga, seus cabelos negros eram tão longos que quase arrastavam no chão com sua trança de sempre, olhos acinzentados e uma pele tão pálida que se igualava a minha.

Funguei e revirei os olhos. Apesar da interrupção de meu momento de reflexão pessoal, não deixei-me abalar pelas garotas e voltei minha atenção a cachoeira infinita a minha frente.

Algo precisava ser feito. Eu já estou farta de ser moldada a vontade dos outros. Essa não sou eu. E mesmo que Ignis fosse moldada, vou mostrar a eles que eu não sou a princesa que eles esperavam. Não sou a princesa vulnerável, indecisa e submissa que tanto aguardavam. Eu não sou Ignis. Sou Ellizabeth Fury. E assim serei até o fim dos tempos.

Ergui meus ombros e empinei meu nariz antes de sair da sacada e dirigir-me as garotas que frearam no meio do caminho ao receber meu olhar frio e duro. Uma reverência rápida das duas foi um sinal de paz enquanto Rodha apontava para o vestido que agora descansava sobre minha cama. Um vestido em tom caramelo, com alguns botões de rosas desenhados no tecido dando um charme casual e inocente no modelito.

─ O grandioso Odin solicitou sua presença no banquete de jantar desta noite. Sua mãe especialmente escolheu suas roupas para a noite. É uma peça muito especial e dará um toque de alegria a... ─ o tom de voz de Clodha foi diminuindo até desaparecer enquanto me aproximava do vestido e esticava o tecido com um pouco de desdém.

─ Não vou usar isso. ─ neguei-me rapidamente, deixando as duas sem ar ─ Se eu tiver que me vestir com algo florido, feliz e, principalmente, de escolha de Semha, eu me lançarei daquela sacada em direção a cachoeira e deixarei meu corpo desfalecer naquelas águas pela eternidade. ─ uma risada irônica e um pouco irada soou em meu interior, já que aquela frase soara melodramática demais ─ Só usarei roupas pretas. Não quero mais que Semha decida por mim. Meu livre arbítrio ainda existe e farei bom uso dele a partir de agora. ─ deixei o tecido do vestido escapar de meus dedos enquanto me voltava as mulheres petrificadas que se encontravam ao centro de meu quarto ─ E antes que vocês corram até Odin e compartilhem com ele tudo isso eu tenho algo a mais para exigir de vocês que requer total atenção de ambas. ─ seus olhares perderam a paralisação e piscaram em conjunto aguardando minha ordem ─ Quero que me levem até a cela de Loki.

─ Mas senho- ─ cortei Rodha com um dedo erguido ao ar pedindo silêncio.

─ Não quero discussões ou protestos. Levem-me até Loki. Agora.

Elas precisaram de mais alguns segundos até entenderem e assimilarem que eu realmente estava falando sério. A primeira a despertar do transe foi Clodha que imediatamente endireitou a postura e caminhou reto em direção a porta, abrindo-a e fazendo uma leve mesura, convidando-me a segui-la. Rodha não demorou muito a compartilhar do mesmo gesto que a companheira e logo eu seguia duas mulheres que nunca me fizeram nada de mal que me guiavam a um encontro mortal ao pior ser vivo do universo.

Minha mente foi desligada durante todo o trageto até as celas onde os possíveis piores assassinos, mercenários e golpistas do universo se encontravam. Durante alguns breves momentos tive de exercer minha recente altoridade e ordenar que alguns guardas permitissem minha passagem. Era até mesmo cômico observar o pânico no olhar dos homens quando brevemente meus dedos ascendiam em chamas e crepitavam enquanto eu brandava firme e sem gaguejar.

A prisão em si fedia a urina, suor masculino, podridão e um pouco de naftalina. O aroma combinava muito bem com todos os presidiários das celas primárias. Não havia um ser ali que aparentasse ser da mesma espécie que os homo sapiens o que acabou me fazendo lembrar o quão longe de casa eu estava. Tive de engolir uma ou duas vezes em seco toda vez que um monstro aproximava-se das paredes avermelhadas e tentavam conversar comigo em uma língua nem um pouco compreensível. Ousei cogitar a possibilidade de perguntar a Clodha se algum deles estava me xingando, mas aquilo iria contra meus novos conceitos de viver.

A cela de Loki era uma das últimas e a única mais isolada do espaço. Enquanto me aproximava do local, pude perceber que o odor ia mudando cada vez mais e logo eu começava a sentir um cheiro de rosas no inverno e grama cortada. Será que Loki era capaz de fazer isso também?

Quando fitei o homem que desejava encontrar, surpreendi-me com seu olhar magnético que não demonstrava surpresa alguma em me ver, muito pelo contrário: um brilho traiçoeiro estava lá, forçando-me a questionar todas as possibilidades daquele ser fugir daquela cela e, com toda a certeza, me atacar e até mesmo matar.

─ Sentiu tanta saudade assim, Ellizabeth? ─ sua voz era melódica e um tanto quanto casual, porém não perdia a pontada de ironia de sempre. Deu alguns passos em direção a parede de força que o mantinha preso naquele cubo e tocou levemente a barragem, forçando-a a exibir um tom mais avermelhado com o seu toque.

─ Deixem-me a sós com ele. ─ meu tom autoritário também não surpreendeu o deus da trapaça e foi tudo o que precisei para forçar os dois guardas que me acompanhavam a se afastarem junto de Clodha e Rodha.

─ A que devo a honra da magnitude de sua presença, vossa Alteza? ─ uma leve mesura foi feita por Loki enquanto eu dava alguns passos em direção a cela, tentando não perder o foco e começar a discutir com ele ali mesmo.

─ Você já deve imaginar o que eu vim perguntar, então não farei rodeios. Quero saber quem matou Haz. ─ ele ia começar a gracejar alguma coisa, mas usei o que ainda tinha de dignidade e moral para interrompê-lo ─ Não estou aqui para mais joguinhos, Loki. Meu tempo é curto, então que sejamos breves. ─ soltei um suspiro rápido e um tanto quanto áspero ─ Passei um bom tempo de qualidade com Iuel e ele me contou algumas coisas sobre o período em que eu estive por aqui e a época em que Haz faleceu. Apesar de não ter dito com palavras exatas é fato que o palpite dele e, obviamente, da grande maioria que desconfia dessa história é que foi Semha que matou o marido. Preciso que você confirme. Ou... que pelo menos me dê algo para que possa pesquisar.

Seu olhar transitou de curioso, preocupado e um pouco debochado. Ficou um instante em silêncio parecendo assimilar minhas palavras, mas o momento foi breve, já que de forma fria e calculada ele soltou a palavra monossilábica:

─ Não.

─ Loki será que pelo menos uma vez na sua vida você poderia não pensar em si mesmo e começar a pensar nos outros? ─ grunhi irada ─ Eu realmente preciso da sua ajuda agora, será que não está percebendo? E eu não tenho nada, absolutamente nada pra te dar em troca de um pingo de ajuda e bom-sens-

─ É essa a questão, Ellizabeth. ─ um sorriso que eu ousaria pensar que era cálido surgiu brevemente em seus lábios enquanto seu tom de voz ainda frio e calculado discursava de forma rápida ─ Não estou pensando em mim neste momento. Na verdade a única coisa que venho feito nos últimos anos é pensar em você e não em mim. Você não está preparada para receber esse tipo de notícia. Nem nessa e muito menos na outra vida.

Precisei admitir mentalmente que ele, finalmente, havia me pegado de surpresa com sua eticidade e contraste. Ele parecia franco e sem joguinhos. De alguma forma meu cérebro aceitou bem aquelas palavras e eu acabei me desarmando por completo. Talvez fosse isso que Loki fizesse com Ignis no passado.

─ Você pode até pensar que esse é mais um de meus jogos, porém assim como você, eu também estou falando sério e sendo verdadeiro aqui. Não vou contar. Eu sei o que aconteceu, mas não irei quebrá-la assim novamente. ─ seu tom de voz perdeu a frieza e ganhou uma nova proporção.

Loki possuía um olhar carinhoso e carente, sedento por algo, porém afetuoso e cheio de sentimentos contidos. Por um segundo até cogitei a ideia de ter visto um pouco de amor entre um brilho e outro de seus olhos, mas me neguei a continuar a pensar naquilo. Era estranho, mas ele realmente parecia estar falando a verdade e aquilo foi tudo o que precisei para quebrar uma das barreiras que tinha imposto a ele.

─ Então... a Ignis sabia o que tinha acontecido com o pai? ─ indaguei agora utilizando da mesma calma que Loki.

Ele apenas assentiu, concordando, parecendo relutante com alguma coisa.

─ Obrigada, Loki. ─ e aquela fora a primeira e possivelmente única vez que eu seria educada com o deus da trapaça.

─ Antes que você vá posso lhe pedir algo? ─ ele perguntou deixando um pouco de sua inquietação soar em seu tom.

─ Não vou pedir a Odin que liberte você. ─ fui franca e prática. Não ia mesmo fazer isso. Não é só porque eu havia parcialmente entendido o cara e respeitado sua decisão que iria virar amiguinha dele.

Por um momento seu sorriso irônico percorreu seus lábios, mas foi tão rápido que nem pude registrar o momento direito.

─ Na verdade não é isso. ─ ele surpreendeu-me mais uma vez ─ Na verdade é mais um conselho do que pedido. Fique longe de Semha. E não a provoque. Você não conhece nem um terço do que aquela mulher é capaz de fazer para conseguir o que quer. Quando ela descobrir que você sabe sobre Ignis, logo fará de tudo para evitar que você descubra mais sobre essa história.

─ Então foi ela quem matou Haz, não foi? ─ dei um passo em sua direção enquanto perguntava ansiosa e amuada. Eu sabia! Sabia que aquela vadia tinha dedo metido nessa história!

─ Tenha uma boa noite, Ellizabeth.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que esse tenha sido um bom capítulo depois de ficar sei lá quantos meses sem escrever absolutamente nada além de redações para o ENEM.

Será que eu ainda terei a honra de encontrá-los em comentários?

Até breve.



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