Our Imortality escrita por Vingadora


Capítulo 30
Ilidia


Notas iniciais do capítulo

Hello, it's me!
Falei que seriam 1 capítulo por madrugada, porém esse já estava pronto e é a sequência exata de "Semha", então não teria motivo óbvio para mantê-lo aqui e fazer vocês esperarem mais.

Ainda agradeço aos doces e meigos comentários que sempre recebo. Não tenho palavras para expressar o quão feliz fico com os elogios e ainda espero que os fantasmas apareçam e comentem também (eu realmente tenho esperança, pessoal!).

Bom, é isso. Prometo mais um capítulo ELETRIZANTE, repleto de confrontos e novos aprendizados para nossa Lilly.

Porque tudo, nem sempre, pode ser do nosso jeito.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/621683/chapter/30

Tive pouco tempo para ficar sozinha e refletir, então decidi que caminhar mais lentamente até encarar Ilidia seria o mais sensato a se fazer, enquanto eu tentava colocar os pensamentos em ordem.

Não revelar que Ignis matara o próprio pai seria, provavelmente o maior segredo que já mantive em toda minha existência e fez-me sentir importante e usada ao mesmo tempo.

Merda.

A vida na realeza era realmente uma merda.

Refletir sobre tudo o que eu sabia a respeito de Ilidia, me fez ponderar algumas coisas e perceber que, no fundo, ela não ouviu tudo o que precisava. Aquela menina era uma mimada, traidora que vendeu a irmã à Odin em troca da possibilidade de se casar com o amor eterno de Ignis. Ela era uma cachorra!

Não havia brigas que eu quisesse comprar, mas senti que Ignis descansaria melhor lá no outro lado sabendo que sua irmã ouviu poucas e boas sobre sua postura aqui em Asgard.

Thor me informou que tomou conhecimento com um dos guardas que passava pelo corredor do paradeiro da princesa regente Ilidia. Ela estava no salão das damas e, deste modo, ele não poderia me acompanhar até lá dentro, contudo ficaria do lado de fora para me seguir em outras conversas. Eu poderia acha-lo um intrometido por ter se oferecido sem nem ao menos ganhar um convite, mas algo me dizia que sua única intenção ali era se redimir por ter sido um... bom, escroto no passado.

Ilidia realmente combinava com o preto, assim como Ignis imaginava, o que me fez acreditar que ela o usava sempre, pois sabia deste fato.

Ela estava sentada, sozinha ─ que sorte ─, tendo como a companhia apenas do que parecia ser um livro dourado e reluzente, como tudo em Asgard.

De certo, Ilidia notou minha aproximação, pois ergueu seus olhos em minha direção, fechou seu livro e se levantou, aparentando estar pronta para uma briga.

Tá, tudo bem que eu cheguei marchando, com uma cara feroz e os punhos cerrados e isso, definitivamente, apresentava ser uma cena de combate.

─ O que você deseja, Ellizabeth?

─ Eu desejo, do fundo do coração, que traidores morram queimados. ─ uma pequena chama escapou propositalmente de um de meus dedos e ela retesou seu corpo, assustada com minha reação ─ Mas, sei que se eu tiver vinganças com minhas próprias mãos, posso acabar presa nesse lugar pra sempre, por ter assassinado da regente.

─ Não entendo o que fiz pra você para que deseje algo desse tipo. Eu nunca lhe fiz nada. ─ sua voz era trêmula, e ela não se envergonhava disso.

─ É. Mas e quanto à Ignis? ─ ergui uma das sobrancelhas ─ Você dedurou ela por pura inveja. E não adianta me dizer que eram ciúmes por conta de seu relacionamento com Loki, pois eu tenho todas as palavras que você disse à ela bem gravadas aqui. ─ apontei para minha cabeça.

─ Não sei do que você está falando. ─ ainda na defensiva, ela se afastou, acompanhada do livro preso em seu abraço, para mais perto da porta, onde, obviamente, seria mais fácil correr ao alcance de guardas, caso eu a atacasse,

Você acha mesmo que eu iria deixar passar a chance de destruir a sua vida, depois de todos esses anos em que fui obrigada a ficar em segundo lugar? ─ fiz uma imitação ridícula e nem um pouco real de Ilidia ao reprisar suas palavras usadas para atacar a irmã. Quando tive a atenção de Ilidia totalmente voltada para mim, resolvi continuar com meus jogos ─ Acha mesmo que deixaria isso passar? Ficaria do seu lado, mais uma vez? Sendo submetida a ser substituída pela minha irmã mais nova? Por aquela que roubou tudo de mim? Não, queridinha. É melhor você se sentar e assistir o que eu tenho para fazer com você.

─ E-eu..

─ Isso, exatamente. ─ balancei a cabeça em afirmação ─ Sem nenhuma defesa, como eu esperava. ─ cruzei meus baços e franzi minha testa enquanto dizia: ─ Você sentiu inveja da sua irmã e deu o primeiro passo em direção da sua morte. Você é uma das culpadas pela morte da Ignis.

─ Não fui eu quem segurou aquela adaga! ─ Ilidia grunhiu, parecendo reunir forças para se defender.

─ Não, não fez. Mas não segurou suas palavras também, não é mesmo? ─ rebati ─ Na primeira e única oportunidade você correu para Odin e contou tudo. Você é uma grandessíssima vadia.

Ela ergueu seu nariz na tentativa de tentar mostrar-se superior à mim.

─ Saia agora daqui. Eu não desejo mais conversar sobre isso.

─ Há há! Vejam só, pessoal! É assim que a princesinha regente se defende: Fugindo.

─ Você é exatamente igual ao que ele se tornou. ─ ao dizer aquilo, senti-me por fora do assunto.

─ Igual a quem?

─ Loki. Você é exatamente igual ao que Loki se tornou. Um monstro agressivo que ataca a quem quiser, sem frear, só para sentir seu ego inflar.

─ Bom, querida, não fui eu quem sai correndo para entregar minha irmã e seus pecados. Além disso, até onde eu sei, não saí do meu mundo para atacar o de ninguém.

─ E o que você está fazendo agora, Ellizabeth? ─ ela apontou para mim de forma firme ─ Está me atacando com palavras, me acusando de traição à minha própria família.

─ Mas você traiu sua família! ─ ergui os braços para o céu, como se aquilo fosse o mais óbvio do mundo ─ Você entregou sua irmã.

─ Isso aconteceu há 24 anos, Ellizabeth! ─ ela gritou em resposta e fez-me parar de rebater por um instante ─ Você nunca cometeu um erro? Nunca pecou contra sua família em Midgard? Você sempre foi perfeita, correta, impecável? Pois é, Ellizabeth. Eu traí minha irmã, fui a causa inicial da sua morte e convivo com isso todos os dias. Vejo o que minha mãe se tornou, vejo o que meu mundo está se tornando, o que o meu povo está passando pela falta de um regente melhor... Se você acha que eu não paguei por meus pecado, fique chocada, lady, mas eu. Ainda. Estou. Pagando!

Como eu não consegui dizer nada, pois estava chocada com suas palavras, ela continuou.

─ Não sei quais são os métodos de tortura que seu povo utiliza para pecadores, mas em meu mundo, os meus pecados estão sendo pagos. Eu tive que assumir um casamento com um sargento qualquer do exército que o povo entendeu como de bom agrado, só para vê-lo morrer em combate duas semanas após meu casamento ser consumado. Mas minha desgraça não parou por aí. Adivinhe só, lady Ellizabeth? ─ ela estava parada no mesmo lugar, jogando as palavras e permitindo que algumas poucas lágrimas escapassem de sua face ─ Eu estava grávida de meu falecido marido. Bom, mas se você pensa que minha criança teve um bom futuro, está enganada! Fui envenenada por uma criada que considerava que eu não era boa o suficiente para ficar no trono. A mesma criada que um dia servira minha irmã com todo gosto do mundo. E se você acha que acaba por aí, enganou-se. Meu povo já ameaçou o trono com dúzias de rebeliões que não teríamos ganho senão com o apoio do trono de Asgard. Diversos guardas se suicidaram, com medo de terem de lutar contra a própria gente ou de ir contra a vontade da coroa. Eu vivo em desgraça, Ellizabeth. A desgraça e a punição me acompanham onde quer que eu vá.

Ouvindo aquelas palavras, senti-me fútil por ter pensado que conseguiria vencer uma discussão com aquela mulher. Ilidia não era nada do que eu imaginava. A vida aqui não era nada o que eu imaginava. Toda aquela família estava em desgraça e eu, imaginado que a minha situação era a pior, esfregava na cara deles, todos os momentos em que passei ao seu lado, que os pecados que eles cometeram ainda os perseguia.

─ Você deve achar que tudo o que passei ainda é pouco, mas, sinceramente, Lady Ellizabeth. Há dias que penso em desistir de tudo. ─ Ilidia revelou o que parecia ser um de seus mais secretos desejos ─ Ainda não desisti, pois tenho, apesar de tudo, Iuel para cuidar, já que nossa mãe enlouquecida não nos ampara mais e só sabe viver debaixo da proteção asgardiana, sem nem se importar com o que seu irmão terrível programa com o exército, já que é o novo general.

Sem palavras.

Pela primeira vez eu estava literalmente sem palavras.

Uma espécie nova de Ilidia ofegante, chorosa e irada afastou-se o suficiente de mim, até sair pela porta que abriu bruscamente e sumir de minha vista.

Uma lição foi aprendida ali: eu não poderia simplesmente achar que conhecia aquela gente só porque tinha uma perspectiva de uma mulher que viveu 24 anos atrás nesse mundo. Eu tinha muito que aprender e, sinceramente, estava temerosa dos próximos passos que estava prestes a dar.

Na verdade, no fim das contas, eu me sentia meio estúpida.

 

↜❁↝

 

Eu apaguei em algum lugar desconhecido sem nem pensar o quão errado isso poderia ser.

Antes disso, claro, saí marchando pelo corredor que antecede a entrada do salão das damas na companhia de Thor e pedi que ele me levasse a algum lugar onde eu poderia beber feito uma mulher de verdade e ficar alcoolizada ao ponto de esquecer meu próprio nome.

Ele me levou ao que parecia ser uma convidativa taverna, onde garantiu que havia a melhor cerveja de todo o universo. E, por incrível que pareça, precisei concordar com ele depois da terceira dose.

De início, minha presença ali causou à alguns uma certa euforia e até mesmo constrangimento. Precisei perder boas horas com um discurso onde eu afirmava ser apenas uma mulher de outro mundo querendo aproveitar bebidas e boas amizades. De certo, tive os dois, pois os fieis amigos de Thor surgiram e alegraram minha noite.

Dancei com Volstagg, seu amigo ruivo e rechonchudo, que garantiu-me ser o melhor dançarino de todos. Tive certeza de que era exagero, pois ele pisou em meu pé algumas vezes e perdia o ritmo quando se empolgava demais. Apesar de rir muito sua incapacidade de coordenar seus pés num ritmo constante, dançamos até eu sentir-me tonta demais para ficar de pé.

Thor sugeriu algumas vezes que eu parasse de beber, mas garanti que estava bem. Como prova disso, bebi mais duas canecas de cerveja até cair dura de cara na mesa e perceber que meu limite havia sido alcançado.

Depois dessa aventura, fui carregada para algum quarto e deixada lá desmaiada. Eu só tinha certeza mesmo daqueles fatos, pois era exatamente onde me encontrava: uma cama macia, em um quarto com mobília rústica, um tanto quanto masculino para meu gosto que me parecia muito familiar.

Permaneci em posição fetal até que toda minha dignidade fosse restaurada e eu me sentisse menos cachorra por ter iniciado uma briga tão ridícula com Ilidia. Para isso, precisei listar alguns motivos pelos quais eu considerava-os úteis e que explicavam minha atitude em relação à ela e a tudo que ela fizera à mim no presente e no passado. A lista possuía mais itens de Ignis do que, necessariamente, meus, mas garanti a mim mesma que não havia nada de errado em tomar as dores da minha vida passada, já que, de certa forma era, bom... minha vida.

Só fui capaz de levantar quando uma criada entrou no quarto, carregando um jarro com água, toalhas limpas e uma muda de roupas. De acordo com suas poucas palavras, fora Thor que escolhera para mim e ele tinha certeza de que eu ia aprovar a escolha.

Antes de ver o que quer que fosse o modelo que deus do trovão imaginava que eu apreciaria, aceitei a sugestão de Máwli, a criada, de tomar um banho, pois, de acordo com sua sinceridade que solicitei, meu mau odor podia ser sentido há metros de distância.

Não queria demorar no banho, pois com minha energia revigorada, eu teria muitas coisas para fazer, então fiz o máximo de esforço possível para remover toda a sujeira de meu corpo e aproveitei os óleos fornecidos por Máwli, que me permitiriam ter um cheiro refrescante e sedutor (palavras dela e não minhas).

─ Caso a senhorita não goste da roupa, por favor, me avise que providenciarei peças novas. ─ Máwli alertou antes de me entregar as peças que estavam em cima da cama.

Abri a primeira peça e deixei escapar um sorriso contente. Sem demora, chequei a segunda e percebi que Thor realmente entendia o que eu precisava naquele momento. Era um conjunto de uma calça de tecido grosso, porém elegante e uma camisa simples, de mangas curtas. Ambos pretos e sem muito brilho ou detalhes chamativos demais. Para completar, Máwli mostrou-me uma bota de tecido, sem salto, simples e que combinava perfeitamente com a roupa que Thor escolhera. Aquilo era exatamente o que eu precisava. As peças de roupas íntimas asgardianas não se diferenciavam muito das que da Terra, e, por possuir todas as lembranças de Ignis, já estava acostumada com a ideia de não usar um sutiã, pois ali os tecidos eram grossos o suficiente para segurarem tudo no lugar.

Vesti-me sem demora e deixei que meus cabelos molhados caíssem em minhas costas, sem me importar muito que eles acabariam molhando minha nova camisa. Quando Máwli sugeriu que ela o arrumasse, neguei no mesmo instante e pedi apenas que ela me mostrasse onde ficava a escova naquele quarto, pois eu mesma daria um jeito de me arrumar.

Por ter passado bastante tempo revivendo as memórias de Ignis, eu ainda era capaz de sentir entranhada na pele a leve sensação de incapacidade que ela parecia ter para fazer as coisas do seu jeito. Para provar que eu tinha autocontrole e era capaz de cuidar de mim, peguei a escola que Máwli me emprestara e a partir do simples ato de arrumar meu cabelo loiro, fui deixando a frustração de lado e abandonando um pouco aquela sensação que há poucos me incomodava.

Quando voltei para meu quarto, vi que uma imensa mesa foi montada com diversos tipos de comida, vinho e água, prontos para serem devorados por mim. Eu poderia reclamar daquela atitude dos empregados, porém resolvi que já estava cansada de discussões e de me meter na cultura dos outros. Minha conversa com Ilidia no dia anterior abriu meus olhos e eu percebi que ficar sentindo que eu era a superior aqui não me levaria a lugar algum, se não à foça novamente.

Enquanto comia, passei a observar mais atentamente o lugar em que me encontrava até perceber que se tratava do antigo quarto de Loki.

Engoli o último pedaço do pão com um pouco mais de dificuldade e olhei para Máwli, buscando nela uma força maior em toda sua calmaria que me impedisse de sair xingando todo o universo por terem me colocado no quarto daquele homem.

─ Máwli, quem pediu que eu viesse para esse quarto? ─ fiz o possível para esconder a rispidez em minha voz, pois sabia que ela não merecia minhas grosserias.

─ O príncipe Iuel, lady Ellizabeth. Ela solicitou que você viesse para esse quarto.

A notícia foi um baque surpreendente, pois, sinceramente, eu esperava que tivesse sido qualquer outra pessoa, até mesmo Ilidia para me afrontar. Mas Iuel? Por que ele?

Bom, só havia um jeito de descobrir. Eu precisava encontrar o pequeno príncipe.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obviamente, vocês já sabem que o próximo capítulo será para Iuel. Aos pouquinhos Lilly vai aprendendo um pouco mais sobre a real família de Ignis e descobrindo que nem sempre é bom meter seu nariz onde não é convidada (como foi o caso com Ilidia, não é mesmo?).

O que acharam desse capítulo? Gostaram? POR FAVOR, me digam o que sentiram ao ler essas revelações de Ilidia.

Aguardo vocês nos comentários!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Our Imortality" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.