Our Imortality escrita por Vingadora


Capítulo 19
Fall


Notas iniciais do capítulo

Três capítulos em um dia.
Três vitórias.

Apesar da falta de comentários em um dia, não desistirei.

Eu ainda estou aqui e pela força que Ignis me deu, continuarei a escrever. Até porque a história está quase acabando!



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─ Deixem-me a sós com minhas filhas, por favor. ─ a voz penetrante de minha mãe causou uma reação imediata nos guardas que nos acompanharam até a porta do salão das damas.

Assim que eles saíram, minha mãe, com toda sua onipotência e soberania, nos encarou de cima a baixo, deu meia volta e caminhou pelo corredor, seguindo um caminho diferente do que esperávamos.

─ Sigam-me. Agora. ─ sua ordem soou firme e de imediato a seguimos corredor a dentro ─ Não dirão uma palavra sequer. Não sorrirão à ninguém. Não irão encarar ninguém até chegarmos onde devemos.

Certamente eu e Ilídia não éramos idiotas. Sabíamos exatamente para onde ela estava nos guiando e, portanto, significava que algum tipo de repreensão muito grave estava por vir.

Subimos escadas, caminhamos por longínquos corredores reluzentes. Sempre firmes, de postura impecável. Nossa mãe sequer deixou soltar um suspiro e eu evitei ao máximo encarar Ilídia que preferiu caminhar ao lado de minha mãe enquanto eu as a acompanhava alguns passos atrás.

Quando chegamos ao nosso destino, as portas foram abertas pelos guardas e com um único sinal com a cabeça, minha mãe os dispensou.

Aqueles eram guardas de Niflheim que vieram proteger o quarto de alguns membros extremamente importantes, como o de minha mãe.

Ao entrarmos, ela não deixou de caminhar até se acomodar em uma das quatro cadeiras dispostas ali que combinavam com uma mesa próxima à janela do quarto que agora estava fechada, impedindo que a maior parte dos raios de sol adentrassem em seu quarto.

Diferente da maioria dos móveis do palácio, minha mãe solicitou que pudesse trazer suas coisas de sua terra para compor seu aposento. Todos em tom branco, gelo e preto, me fazia recordar de seu antigo quarto em nossa casa. Na cama dossel, havia uma enorme almofada dourada e vermelha disposta no lugar, indicando que, em algum momento, meu pai dormiria ali e, portanto, ele estava sendo representado pelos tons de sua herança familiar.

Ilídia sequer esperou nossa mãe pedir que nos sentássemos, pois ela fez questão de se acomodar ao seu lado na mesa e me encarou com desprezo, aguardando sua chance para falar.

Nossos pais sempre se preocuparam com nossa educação, principalmente quando se tratava de discussões familiares. Nestes raros momentos, nossa única instrução era aguardar que nossos pais nos desse a palavra e, portanto, só assim, teríamos a chance de nos defender.

Por sorte, na maioria das vezes, era meu pai quem mediava uma resolução de problemas entre mim e Ilídia e, portanto, não precisava falar muito para ele compreender o que eu queria dizer, já que nossa ligação me permitia enviar-lhe tudo o que eu sentia. Contudo, para meu azar, não funcionava da mesma forma com minha mãe. Ela não fazia ideia do que eu estava sentindo e de tudo que realmente tinha acontecido.

─ Ilídia, gostaria que me explicasse o que exatamente aconteceu para Ignis precisar ataca-la no corredor, burlando, assim, uma regra que há muito tempo foi importa por Odin: a de nunca utilizar seus poderes em território Asgardiano.

Por poucos minutos me senti bem o suficiente para sentir-me aliviada. Minha mãe colocou aquelas palavras, deixando claro sua posição de que, apesar de tudo, naquele instante, ela acreditava que eu tinha razões o suficiente para atacar minha irmã. Eu tinha, finalmente, uma vantagem.

─ Ignis e Loki estão juntos. ─ e lá se foi minha vantagem.

─ E? ─ para minha surpresa e a de minha irmã também, foi a única coisa que minha mãe indagou da surpreendente notícia que Ilídia havia revelado.

─ Como assim e?, mamãe? Ignis está apaixonada por Loki. Eu peguei os dois aos abraços na cúpula hoje e ela estava entregando seu coração ao Loki, irmão do seu noivo. Irmão. Do. Thor. Ela planejava fugir com ele e-

─ Ilídia, não minta para mim. Reformule sua última frase, por favor. ─ Era incrível! Minha mãe agia como se já estivesse a par de tudo que acontecera mais cedo e de forma tão fria e calculista ia desmascarando minha irmã.

─ Tudo bem, eu... ─ ela me olhou por um breve momento raivosa antes de prosseguir ─ Tudo o que consegui ver realmente foi um beijo e promessas de um amor absurdo, mas... mamãe, pense comigo: é claro que os dois vão planejar fugir.

Minha garganta ardia loucamente, eu estava extremamente ansiosa. Precisava rebater minha irmã, contrapô-la, chama-la de mentirosa! Era mentira! Eu não planejava fugir.

─ Você viu Ignis planejando fugir com Loki? ─ nossa mãe indagou, encarando-a da forma mais firme já vista em toda nossa vida.

─ Não. ─ foi tudo que ela foi capaz de responder.

─ E de onde você tirou que sua irmã abandonaria suas responsabilidades com a família para fugir com Loki?

─ Eu... apenas...

─ Deduziu o pior. ─ nossa mãe completou a frase antes mesmo que Ilídia terminasse de gaguejar as palavras ─ E aí veio correndo contar para todos do castelo a transgressão de sua família, Ilídia? Veio entregar sua irmã?

─ Não! Eu estava indo direto até a senhora, eu juro mamãe! ─ ela conseguiu proferir as palavras antes de seus olhos ficarem mareados de lágrimas ─ Não é possível que a senhora não esteja vendo da mesma maneira que eu o erro absurdo que Ignis está cometendo. Mamãe ela está traind-

─ Já basta. ─ Ilídia foi sessada por uma mão levantada e um olhar rude de nossa mãe ─ Uma transgressão não se paga com uma traição. E você falhou aí.

Não havia muito para se discutir agora. Ilídia havia perdido e ponto final.

Só o que não conseguia entender era o motivo para minha mãe me defender a este ponto.

Só fui perceber que comemorei a vitória cedo demais, quando chegou minha vez de falar.

─ E você, Ignis. Sua vez de falar.

O que eu poderia falar naquele momento? Dedurar a inveja de minha irmã? Contar sobre a raiva e inveja que ela sente de mim? Seria justo fazer isso, depois do breve discurso que minha mãe deu sobre traição? Seria traição contar sobre tudo isso à minha mãe?

─ Estamos esperando, Ignis.

─ Não tenho nada para dizer, mamãe. ─ o que eu disse, claramente, surpreendeu às duas, já que ambas me encararam abismadas. Minha mãe nem tanto, mas Ilídia não mediu esforços para demonstrar sua surpresa.

─ Sua irmã acabou de acusa-la de estar apaixonada pelo príncipe Loki. Você confirma este fato? ─ sabiamente, minha mãe não me deixaria sair dali sem antes revelar o maior de todos os meus segredos.

─ Sim. ─ abaixei minha cabeça, envergonhada dos possíveis olhares que receberia dela e, preferi encarar meu vestido esverdeado que escolhi especialmente para o dia de hoje.

─ E você acha que isso é certo? ─ alfinetou minha mãe, aguardando uma resposta

Complicado responder uma pergunta que circunda diferentes pontos de vista. Tudo o que fui capaz de dizer naquele momento e que parecia correto foi:

─ Se amar é errado, o que vem a ser certo em nosso mundo?

─ Família. ─ ela devolveu meu questionamento à altura.

─ Amor e família andam lado a lado, mamãe. ─ rebati, agora tomando uma dose extra de coragem, já que percebi que não conseguiria me render e me deixar levar pelos esforços de Ilídia em me derrotar hoje.

─ Não quando seu amor interfere na felicidade de sua família.

─ Como meu amor poderia interferir em nossa família, mamãe? O que eu sinto por Loki é o sentimento mais puro e verdadeiro já permitido em todo o universo! O mesmo sentimento que a fez ficar com meu pai, apesar dele ser um herdeiro de Surt, apesar de todo o destino de nossa família, apesar de todas as ameaças recorrentes do Ragnarok. Apesar de tudo. Você o amou! ─ tomada pelas emoções e pela falta de interrupções de minha mãe, não me calei: ─ Só o que eu peço, mamãe, é que me permita amar. Eu me caso com Thor, me torno rainha de Asgard. Vivo como uma prisioneira neste castelo pelo resto da minha vida, mas... por favor. Por favor. Me dê essa chance, essa única chance de ser feliz. Me deixe amar.

Ilídia estava tensa, pois simplesmente eu havia derrotado qualquer possibilidade dela discursar contra mim. Já minha mãe... Bom. Ela simplesmente desviou seu olhar de mim para minha irmã e a encarou de forma séria novamente.

─ Você tem obrigações com sua família, Ilídia. ─ pousou a mão sobre a de minha irmã e prosseguiu ─ Não contará a ninguém. Ninguém, ouviu bem? Loki e Ignis são amigos. Grandes amigos. Extremos amigos. Ninguém saberá sobre o que você viu na cúpula ou sobre qualquer outra coisa que você se deparar. Seu dever é com seu sangue.

Nada mais precisou ser dito. Minha mãe finalizara a discussão, obrigando Ilídia a concordar com seus termos e, portanto, ela jamais poderia contar a ninguém o que havia dito. Falhar com nossa família é pior do que falhar com qualquer coisa e Ilídia compreendia bem que a família era maior que tudo.

─ Já você, Ignis... Evite que eu tenha problemas parecidos como este novamente. ─ e foi tudo.

Apesar da longa discussão com Ignis, não conseguia me sentir firme em sua promessa e, portanto, decidi que ao sair do quarto de minha mãe, eu iria direto para o meu tomar um longo e delicioso banho.

Ao chegar em meus aposentos, já encontrei Rodha e Clodha aguardando por mim, extremamente falantes e demonstrando toda a ansiedade que sentiam.

─ Ah, graças a tudo que é mais sagrado! Você retornou! ─ Clodha ergueu-se de sua poltrona e veio correndo ao meu encontro, seguida por sua irmã ─ Você precisa nos contar tudo o que aconteceu. Que história é essa de atacar sua irmã no meio do corredor?

Minhas doces e incríveis amigas. Elas sabiam absolutamente tudo sobre mim e Loki e, portanto, isso é um grande sinal de que eu confiava minha vida à elas.

Clodha há alguns anos se casara com um lorde de Niflheim e, portanto, deixara de ser minha dama de companhia. Eram raras as vezes que ela me visitava, mas quando o fazia, sempre trazia junto de si, suas duas filhas. Hoje, pelo jeito, não era um desses dias.

─ Senti tanto sua falta. ─ abracei minha incrível amiga o mais forte que me foi capaz de fazer, após toda a adrenalina diária a qual fui obrigada a passar.

─ Ah, Iggy! Não faz ideia de como sinto falta da vida agitada em Asgard. ─ ela retribuiu o abraço tão forte quanto o meu ─ A vida em Niflheim é tão tediosa sem você por lá para abrilhantar nossas tardes.

─ Como se as gêmeas não lhe proporcionassem muitas aventuras. ─ Rodha logo se enfio no nosso abraço para completa-lo ainda mais.

Por fim, passei o resto da claridade do Sol conversando com minhas doces amigas, revelando, certamente, sobre os últimos acontecimentos e comemorando com uma dose forte de bebida asgardiana a derrota de Ilídia.

Infelizmente, contamos vitória cedo demais.

Duas batidas na porta, seguidas pela entrada de quatro guardas, foi o suficiente para me deixar tensa e me trazer uma pontada de nervosismo a tona.

─ Odin solicita a presença da princesa Ignis ao salão do trono. ─ um dos guardas pronunciou as palavras enquanto nos encarava de cima ─ Imediatamente.

Ergui-me do sofá ao qual eu estava acomodada e endireitei meu vestido levemente amassado.

─ Rodha, pegue minha coroa, por favor. ─ pedi à minha amiga que já estava o fazendo antes mesmo que eu terminasse a frase.

Após acomodada a tiara em minha cabeça, coloquei novamente minhas sandálias e segui caminho até sair do quarto e rumar até meu destino.

Já havia participado de algumas assembleias no salão do trono ao longo de minha vida em Asgard, então toda a exuberância não me surpreendia mais. Na verdade, já estava acostumada com os exageros dourados aos quais aquela terra adorava exibir.

─ Aproxime-se, filha de Haz, herdeira do trono de fogo e gelo. ─ Odin proferia as palavras enquanto eu seguia com meu caminhar firme e determinado.

Toda a coragem que havia me erguido do sofá no quarto, fui deixando no caminho, ao observar que mais à frente, Thor, Frigga e Ilídia me aguardavam de um lado, enquanto minha mãe estava em sua melhor postura do outro. Apesar de um leve sorriso estampado em sua face para me receber, seus olhos gritavam algo que não consegui compreender, apenas sentir que algo de muito errado estava acontecendo.

─ Ouvi seu chamado, majestade. ─ fiz uma rápida e leve mesura ao Odin e logo endireitei minha postura da forma mais ereta que consegui.

─ Ilídia trouxe-me uma história muito interessante. ─ ele começou, por fim ─ A de que uma jovem fênix apaixonou-se por um jovem príncipe que, surpreendentemente, não é o herdeiro do trono. ─ ele me encarou cético e esperou por qualquer reação minha, mas mantive-me firme e me fiz indiferente.

Segundos antes, enquanto caminhava até o mais próximo permitido ao trono, eu já sabia exatamente o que havia acontecido. Ilídia contou sobre minha história e provavelmente solicitou que a união entre a família Surtson e Odinson fosse promovida por intermédio de seu casamento com Thor. Minha mente martelava no tipo de punição que eu iria receber, contudo não era o que mais me preocupava no momento. Tudo o que me bastava era saber o veredito de Odin.

─ Gostaria de saber o desfecho dessa história, jovem princesa?

─ Adoraria, na verdade. Parece que será surpreendente. ─ me dei a liberdade de experimentar, pela primeira vez, a acides acumulada que existia em mim com aquele rei.

─ O casamento entre a phenix e o trovão foi, finalmente marcado, para daqui há 7 luas. Além disso, contaremos também, nesta mesma cerimônia, com a união entre a jovem e doce Ilídia com o príncipe Loki.

Meu mundo caiu.

Deixei escapar um não como sussurro e minha mão imediatamente se voltou para meu peito, como se tentasse segurar meu coração que se partia em mil pedaços.

─ Majestade, por favor, me deixe ao menos tentar ex-

─ Já basta! ─ finalizou-me rudemente, erguendo sua mão para me calar ─ Estou farto das picuinhas das filhas de Haz. O casamento entre você e Thor vai acontecer, nem que você tenha de ser amordaçada para que isso ocorra.

─ Meu pai nunca concordaria com isso! ─ rebati, impedindo-o de continuar a proferir ameaças ─ Ele nunca deixará que me toque. Eu sou Ignis, renascida do fogo eterno!

─ Você é Ignis, neta de Surt. Meu exército aniquilaria todo o seu mundo se não fosse pelo compromisso que você tem com Thor. Negue-se e veja seu povo perecer diante da minha ira!

Dei passos para trás, buscando sustento em meu corpo por conta daquelas palavras que me atingiram feito flechas.

Senti minhas mãos arderem e, por um segundo, pensei no quão fácil seria matar todos naquela sala. Mas, por um breve lapso, deparei-me com o olhar desesperado de minha mãe e o seu leve sussurrar dizendo não faça nada, querida e me dei conta de que havia perdido a batalha com Odin.

─ Se você deseja tanto esse casamento, eu lhe darei o maior casamento já contemplado por todo esse mundo e todos os outros. ─ encarei fixamente Odin enquanto proferia aquelas palavras. ─ Mas nunca darei um herdeiro à Asgard. Nem que eu tenha que perfurar minha barriga mil vezes, nem que eu tenha que morrer. Thor nunca terá um herdeiro nascido do meu ventre. Juro pelo meu sangue e pelo fogo que em mim habita.

Dei meia volta e caminhei às pressas para o mais distante possível de Odin, do meu futuro carcereiro Thor, da traidora da Ilídia e da sofrida Semha, minha doce mãe.

O que viria a seguir, somente o universo poderia dizer, mas... Eu não ia cair sem antes lutar. Não mesmo.


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Notas finais do capítulo

curtiram???

Eu simplesmente amo a força que Ignis tem e a realeza que existe nela.

Nem dá pra dizer o quanto estou contente com a evolução de nossa princesinha... Além do mais, se passaram séculos desde sua chegada à Asgard, né? Já estava na hora de uma melhoria...

Enfim. Ainda aguardo seus comentários!



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