Intuição escrita por TheEpic


Capítulo 9
Quando chega a hora de parar.


Notas iniciais do capítulo

Oi! Estou feliz de estar seguindo um ritmo bom para a postagem dos capítulos, por mais que eu tivesse esperado postar este aqui mais cedo. Bem, antes tarde do que nunca, não é?

Muito obrigada pelos reviews, favoritos e acompanhamentos. Sejam bem-vindos, leitores novos!

E claro, meus eternos agradecimentos à Molly Holmes21 pela recomendação que melhorou minha semana no dia que eu a li! ♥

Como sempre, desejo uma boa leitura. ♥



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― E então, Sakura... Como fez o Itachi convencer o Líder a te deixar sair?

Kisame e Sakura estavam voltando de um galpão que vendia ervas e medicamentos no mercado negro e que garantia a discrição e sigilo da identidade do cliente. A maioria era vendida em lojas comuns, mas a diferença era que muitas das plantas medicinais lá encontradas estavam sendo extintas e só poderiam ser adquiridas ilegalmente. Coincidentemente, Sakura precisava de várias delas.

Itachi encontrou a oportunidade perfeita para atender ao pedido de Sakura quando o protótipo do antídoto para os seus olhos ficou pronto. Ela não sabia detalhes de como ele havia persuadido Pain a permiti-la ir pegar o necessário junto com Kisame, mas seja lá o que ele tivesse falado, havia funcionado.

― Eu não sei, sinceramente ― respondeu ― mas me fez bem sair. Eu sentia falta do sol.

― Realmente, não é ruim ter companhia pra um trabalho chato desses. Mas seria melhor se você tivesse uns peitões, claro.

― Digo o mesmo. Não dos peitos, mas quem sabe se você parecesse mais como gente normal?

Kisame riu satisfeito. Sakura havia se sentido extremamente ofendida quando o nukenin fez uma brincadeira envolvendo seu corpo pela primeira vez, mas com o tempo passou a entender o senso de humor sarcástico dele e viu que ele só queria ser provocado de volta. As piadas dele sempre tinham um fundo de verdade e as dela também, o que só tornava as coisas mais divertidas.

― Você quer parar em uma estalagem? Estamos perto de um vilarejo sem ninjas e está ficando tarde ― Kisame perguntou para a garota e ela assentiu.

A noite foi calma. Kisame havia saído atrás de algum bar e voltou horas depois, encontrando uma Sakura adormecida na cama ao lado da sua. Olhando bem para aquela menina nova, baixinha e de gênio forte, era impossível não gostar dela. Ele achava muito estranho como sentia simpatia – e até mesmo uma pontada de afeto – pela kunoichi e sabia que quando Itachi estivesse curado e ela já não fosse mais útil, seria morta sem remorso por Pain. Esperava com sinceridade que aquele momento não chegasse logo, por mais que fosse inevitável.

Decidindo não pensar mais naquele assunto (quando ele pensava demais, acabava revendo seus próprios conceitos), deitou-se em sua própria cama e também dormiu até o amanhecer.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

― Pois é, baixinha, chegamos ― Kisame passou pela entrada do esconderijo acompanhado por Sakura. ― Espero que tenha se despedido do sol e que não chore demais.

― Eu vou sentir falta dele. ― O tom de voz da menina era melancólico pelo retorno à Ame.

― Bem... Eu posso falar para o Líder sobre sua eficiência na missão, como lidou bem com aquele vendedor e que não deu problema algum para mim. Talvez ele permita você sair em missões mais vezes?

― Você faria isso mesmo?! ― ela perguntou, os olhos até mesmo brilhando. Ela sabia que não seria enviada para missões muito desagradáveis caso Pain permitisse que ela saísse mais vezes, então não estava muito preocupada com a natureza dos trabalhos que poderia receber.

― Não ache que vai ser de graça. Você vai cozinhar os jantares pra mim pra sempre. E usar umas laranjas dentro do sutiã.

― Oh, claro. Se me permite, já vou colocar elas. Não prefere que sejam melões em vez de laranjas? ― brincou com o maior.

― Seria ótimo! Depois venha me ver e me mostre como ficou.

Rindo de Kisame, se despediu quando o viu ir para o corredor onde se situava o escritório de Pain. Rumou em direção ao seu quarto, mas viu Deidara saindo de seu próprio algumas portas ao lado. Ele notou a presença dela e caminhou até ela.

― Oi. A missão foi rápida ― ele comentou.

― Ela era bem simples. Pegar algumas coisas que eu preciso, estocar o que estava em falta... ― Sakura respondeu com um sorrisinho. ― É até infeliz estar de volta.

― Eu te entendo. Aqui é bem monótono, né? Mas ainda assim, mais seguro do que ficar dormindo em pousadas geralmente ruins e tendo que correr de caçadores de recompensas o tempo todo. O esconderijo veio a calhar. ― Ele encarou a menina por alguns segundos. ― E ficar de fora fez bem para você. Sua aparência está melhor, hm.

― Está? Mas foram só dois dias fora daqui!

― Aham ― afirmou ― seus olhos estão mais vivos. Eles ficam mais bonitos assim.

Ela sorriu sem graça com o elogio e Deidara retornou o gesto com o seu próprio sorriso de sempre.

― Eu vou tirar essas roupas molhadas e tomar um banho quente ― Sakura informou, já abrindo sua porta e mantendo o sorriso no rosto. ― Tchau, Deidara.

Deidara esperou a garota entrar e fechar sua porta para voltar a andar, porém sentiu a presença de alguém por perto e, ao se virar, viu um dos Caminhos de Pain não muito distante de si.

― Boa tarde, Líder.

― Boa tarde. ― Um longo silêncio pairou sobre os dois antes do homem de olhos roxos se virar e prosseguir o próprio caminho.

Deidara deu de ombros com a situação e também voltou a caminhar, porém consciente de que Pain havia se interessado na cena que havia ocorrido anteriormente com Sakura e com a certeza de que ele tentaria se aproveitar disso de alguma forma para se aproximar da Kyuubi.

 

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

― Até mais tarde, Sai! ― Naruto acenou com o braço para o colega, que saía do campo de treinamento nos arredores de Konoha.

Eles haviam treinado a tarde toda e Sai se retirou para seus próprios afazeres, prometendo que iriam juntos ao Ichiraku pela noite. O novo integrante do Time Sete estava se resolvendo lentamente com o loiro e também havia melhorado na questão de socializar após ter mais contato com as pessoas, por mais que ainda fosse muito esquisito e falasse as coisas mais ridículas possíveis.

Naruto não entendia o motivo de Sai não saber agir em meio às pessoas e ele sabia por intuição que seria melhor não perguntar, mas estava feliz de que o colega estivesse aprendendo aos poucos sobre o mundo ao seu redor. Ele parecia valorizar cada nova descoberta e apreciar os gestos de gentileza dos demais ao seu redor. Ah, se a Sakura-chan estivesse por perto para poder ver como ele havia progredido. Ela havia sido a primeira pessoa a estender a mão para Sai e–

O jinchuuriki sentou-se no chão, repentinamente fatigado. Por mais que tivesse se conformado que não podia fazer nada no momento para ajudar a amiga, ele tinha a certeza de que ela estava viva, porém duvidava demais que estivesse bem. O que aqueles monstros poderiam estar fazendo com ela naquele momento?

O pensamento de que ela não deixaria barato que alguém fizesse qualquer mal a ela o confortava, no entanto. Ele sabia que Sakura não era alguém que aceitava insultos e injustiças, tanto fisica quanto mentalmente. Se ela tivesse alguma esperança de voltar para eles, ela se agarraria a ela e seguraria firme até o fim. Mas por quanto tempo ela aguentaria todas as coisas que provavelmente estava passando?

Semanas antes, Tsunade chamou-o em seu escritório para conversarem sozinhos sobre toda aquela situação. Ela estava mais determinada do que nunca a recuperar Sakura, já que o Conselho parecia não se importar com o fato de que uma kunoichi de Konoha, ninja médica exemplar e melhor amiga do Jinchuuriki da Kyuubi, havia sido capturada pela Akatsuki e poderia ser usada para os mais diversos horrores.

A Godaime e Naruto estavam desenvolvendo vários planos durante dois dias, mas sempre paravam os projetos na metade ao verem como os métodos que pretendiam usar eram absurdos e provavelmente impossíveis de alcançarem o sucesso.

No fim do segundo dia, um falcão chegou para Tsunade e ela se surpreendeu com uma mensagem de Gaara, informando-a que Sakura havia sido vista por seus ANBU com dois criminosos da Akatsuki na fronteira do País do Ferro e propondo uma união para recuperarem a menina. A virada de eventos foi extremamente oportuna, com os dois shinobi de Konoha conseguindo o apoio de um aliado importante e aumentando significantemente as chances de alcançarem seus objetivos.

Tsunade e Gaara se reuniriam em três dias para discutir os eventos com mais precisão e tentar alcançar pelo menos um protótipo de solução. Infelizmente, de alguma forma a informação da captura de Sakura se espalhou por Konoha e todos já tinham consciência de que a ausência dela não se devia a uma missão de emergência. Ino havia ficado devastada e chorou por dias a fio, Lee mal conseguia manter seu “poder da juventude” e Hinata estava ainda mais taciturna do que era anteriormente. No entanto, eles sabiam que não poderiam fazer nada pela amiga no momento e haviam se conformado em seguir suas vidas. Os times Asuma e Kakashi até mesmo haviam conseguido matar mais um Akatsuki, Kakuzu, em uma missão de dias anteriores! Hidan, no entanto, fugiu, dando antes a certeza de que Sakura ainda estava viva e que a faria pagar por eles.

Ele esperava que o encontro dos dois Kages conseguisse originar algum plano de resgate e ele mesmo faria questão de ir até onde Sakura estava para trazê-la de volta. Se tivesse a oportunidade, também acabaria com aquele Deidara que escapou da última vez e…–

Foi tirado de seus pensamentos ao notar a chegada de uma nova pessoa no campo aberto. Era uma menina muito jovem e bonita, provavelmente um ou dois anos mais nova que Konohamaru. Possuía um longo cabelo castanho e os inconfundíveis olhos perolados de um Hyuuga.

― Oi ― ele cumprimentou a menina, que aproximou-se com calma.

― Olá. O seu nome é Naruto, não é? Minha irmã e meu primo falam muito de você. Prazer, eu me chamo Hanabi Hyuuga e sou a irmã mais nova da Hinata-oneesama. Vocês estudaram juntos, certo?

― Olha, a irmãzinha da Hinata! ― Naruto sorriu. ― Prazer. O que faz aqui, perto de escurecer?

― Bem… O meu pai se tornou bastante exigente agora que eu me tornei uma genin e aconselhou que eu passasse a exercitar o meu Byakugan mais intensamente. Achei que seria um bom começo melhorar a minha visão no escuro ― explicou ― ele acredita que a herdeira do clã deve mostrar capacidade superior aos demais logo antes de se tornar um chuunin.

― Mas ué, a herdeira não seria a mais velha? No caso, é a Hinata, né?

Seria, mas... ― Ela pareceu repentinamente desconfortável. ― Papai acredita que eu sou mais apta que minha irmã. No caso, é meu dever mostrar a minha capacidade e continuar mantendo altas as expectativas do meu pai.

Naruto não sabia o que responder naquela situação. Ele havia visto Hinata lutar contra alguém apenas nos exames chuunin e, por mais que a força de vontade e caráter da garota fossem admiráveis, o nível de luta dela estava realmente a vários degraus abaixo do de Neji.

― Entendi… Então se esforce para conseguir mostrar o seu valor, certo? Tenho certeza de que a Hinata também faz isso e deseja que você faça o mesmo! ― estimulou-a e foi respondido com um sorriso. ― Eu também me esforço todos os dias para mostrar que eu sou capaz de qualquer coisa e finalmente me tornar Hokage!

― Se o seu coração for tão determinado quanto os seus olhos, não vai ser difícil realizar o seu sonho. Eu acredito que você vai conseguir alcançar o que quer muito rápido ― Hanabi disse ― se não se importar, eu preciso treinar antes que fique tarde demais para voltar para casa.

― Ah, certo! Eu também tenho que ir. Tchau, Hanabi-chan. Foi um prazer te conhecer!

― Até mais, Naruto-san.

Naruto saiu do campo de treinamento pensando no que Hanabi disse sobre os seus olhos. Ela era claramente menos acanhada que a irmã e, mesmo que se sentisse incomodada ao mencionar o pequeno problema de família, em momento algum mostrou sentir culpa em ter um poder admirável. Ela a lembrava de Sakura, de certa forma: consciente dos problemas que tinha, porém orgulhosa de suas próprias qualidades alcançadas por meio desses.

Se dirigiu ao Ichiraku com o peito doendo um pouco mais de saudades da sua amiga de cabelos róseos.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Sakura soltou um suspiro forte, claramente entediada.

Havia passado a manhã toda trabalhando no antídoto e não havia feito progresso considerável. Ela achou que seria fácil, mas se as coisas continuassem daquela forma, ela demoraria muito tempo para poder usá-lo em Itachi. De fato, ela estava distraída, com a mente focada em alguém que certamente não tinha nada a ver com o medicamento em preparo.

Deidara passou na enfermaria poucas horas antes e chamou-a para passar o tempo novamente naquela noite. Daquela vez, ele queria esculpir um pouco com um tipo de argila que não conseguia fundir com seu chakra e achou que seria mais divertido na companhia de Sakura, que aceitou sem pensar duas vezes.

Eles, desde a noite no teto da Akatsuki, estavam passando muito tempo juntos. Deidara passou a ir na enfermaria quase todos os dias para conversar com Sakura por puro prazer e ela sentia falta do tempo que passavam juntos quando ele estava em missão. Dessa forma, descobriram muito um sobre o outro em duas semanas e apreciavam a companhia agradável que geravam.

A garota sabia que o coleguismo com Deidara não poderia ser saudável de forma alguma, porém ela não conseguia se conter. Ela estava sozinha naquele lugar, entediada, desesperada e precisando urgentemente de companhia. O bombardeiro poderia ter suas dezenas de defeitos, porém era uma companhia agradável e que se parecia com ela em diversos aspectos.

Ela tentou deixar de lado o mal que Deidara havia cometido a ela quando ordenou-a assassinar a filha de Natsutsuki, já que rancor não facilitaria muito a sua convivência com ele – e no fim, acabou descobrindo que ele só fez aquilo a mando de Pain –. Com esse problema resolvido, acabou descobrindo que tinham muito em comum.

Sakura tinha certeza de que estava passando mais tempo com Deidara do que o que poderia ser considerado seguro e estava com medo de desenvolver algum apego ao nukenin, como estava desenvolvendo com Kisame; no entanto, com o homem loiro esses possíveis sentimentos seriam muito mais perigosos. Afinal, ela não podia negar que Deidara era muito bonito, tinha um charme natural e a atraía de várias formas. Mas mesmo que soubesse que passar tanto tempo com ele era arriscado para o psicológico já instável dela, ela não se atrevia a se afastar do rapaz.

Na verdade, suspeitava que sua mente estava ficando mais equilibrada depois de começar a aproveitar seu tempo livre com Deidara. Era como se ele a acalmasse e conseguisse colocar a cabeça dela no lugar, deixando a vida como prisioneira bem mais fácil de se lidar.

Talvez ela não devesse parar de ficar perto dele, afinal.

~#~

A ninja médica hesitou por alguns segundos antes de bater na porta do quarto de Deidara.

Sakura jamais havia sequer pensado em entrar no cômodo pessoal do rapaz, mas ali estava ela, esperando que ele abrisse a porta para ela entrar. Estava insegura, afinal, era o quarto de um garoto, porém não se sentia com medo. Ela se apavoraria com o fato de entrar no quarto de alguém como Hidan, por exemplo, mas sabia que poderia confiar em Deidara, que era respeitoso em relação ao espaço pessoal de Sakura.

O nukenin abriu sua porta e deu seu tradicional sorriso ao ver o rosto da kunoichi.

― Oi, entra ― convidou-a.

A menina, ao fazer o que fora requisitado, parou para admirar o quarto de Deidara por alguns momentos. Era idêntico ao dela em estrutura, mas tinha toques dele por todo o canto. O cheiro de argila e também o aroma natural dele estavam impregnados no ambiente e por todo canto podiam se ver esculturas que ele fez daquele modo característico dele. Nas paredes se encontravam algumas pinturas abstratas, que Sakura não duvidava nada que haviam sido pintadas por ele. Na mesa, estavam depositados montes de argila, uma vasilha com água e utensílios para auxiliar na moldagem do material, além de duas cadeiras.

― Você e sua mania de observar, hm ― chamou-a, tirando dela um sorriso sem graça.

― É que o seu quarto é tão você. Gosto de ver os detalhes ― explicou para ele. Dessa vez, quem gerou um sorriso no rosto do outro foi ela.

― Seria estranho se não fosse. Vem vamos começar, antes que a argila endureça e eu tenha que amolecer dela de novo.

Eles se sentaram nas cadeiras de frente a mesa e Deidara separou dois pedaços grandes de argila, um para ele e outro para ela. Entregou-a o material e passou a orientá-la a como modelar de forma prática.

Sakura decidiu fazer um panda, já que era relativamente fácil e bem fofinho. Enquanto modelava com as mãos, foi conversando de assuntos variados com Deidara, sem parar para reparar no que ele fazia com a argila. Estava mais preocupada em observar o rosto dele enquanto o fazia, tão concentrado e evidentemente feliz por estar fazendo arte, com uma expressão genuinamente bela.

Vez ou outra, os olhos azuis se encontravam com os verdes e ele dava pequenos sorrisos, encorajando a menina a prosseguir com o que estava fazendo antes de voltar ao seu próprio trabalho.

Quando Sakura terminou seu panda – que não tinha uma aparência tão agradável quanto deveria ter –, mostrou-o para Deidara.

― Bem melhor do que a minha primeira tentativa com argila! ― ele disse.

― Sério?!

― Não. Minhas criações eram ótimas dese o início. Disse isso pra ser legal, mesmo ― respondeu sinceramente com tom brincalhão e Sakura revirou os olhos, rindo. ― Quer pintar ele?

― Quero. Onde eu pego tinta? ― aceitou.

― Ali, naquela caixa amarela ― Apontou para um dos cantos do quarto. ― Mas lava as mãos antes e espera pra argila secar, ok? Vai demorar mais um menos uma hora.

Sakura assentiu e foi ao banheiro de Deidara, se surpreendendo com o cômodo inesperadamente organizado. O quarto do rapaz era um caos artístico, intenso com o dono, mas o banheiro era limpo, com cada coisa em seu lugar e bem limpo. O cheiro natural dele era bem mais intenso lá, com a ausência de todos os materiais que usava.

Descobriu que gostava muito daquele cheiro e ficou lá por mais algum tempo depois de tirar a argila de suas mãos.

― E você, o que está fazendo? ― perguntou enquanto retornava ao quarto.

― Você vai ver. Vai demorar um pouco pra terminar, mas espera um pouquinho que eu te mostro em breve, hm ― respondeu. Sakura sentou-se ao lado dele. ― Não. Senta em outro lugar. Não é pra você ver por enquanto.

― Bem... Ok.

Ela se levantou e ponderou se sentar na cama, mas não sabia se ele se incomodaria com aquilo. Decidiu apenas perambular pelo quarto, observando detalhes antes perdidos por serem discretos demais, porém logo se entediou.

― Poxa, Deidara! O que é pra eu fazer enquanto você fica aí?!

― Mas que saco, hein?! ― o bombardeiro se irritou ― você não sabe ficar quieta e meditar um pouco?

― De forma alguma. E você, sabe? ― Arqueou uma sobrancelha pra o mais velho. A resposta nunca veio e ela soltou um sorriso de satisfação. Sentou-se na cama dele, não se importando mais se era o ato era incômodo e passou a observar o teto, pensando em várias coisas desimportantes.

Passou a sentir sono por não fazer nada e Deidara percebeu os bocejos que ela dava de tempos em tempos. Virou a cabeça para trás para poder vê-la.

― Acho que o seu panda secou. Ainda quer pintar ele? ― perguntou e foi respondido com um som em afirmação. Viu Sakura pegar as tintas preta e branca e sentar-se ao seu lado. Ela nem ao menos tentou olhar sua criação, e se sentiu um pouco frustrado por isso.

― Tem alguma coisa que eu preciso fazer antes? Ou é só pintar do jeito que eu achar melhor?

― Use a sua criatividade e pinte normalmente ― Deidara orientou.

Sem dizer mais nada, pintou o panda mais rápido do que esperou. Ela nunca teve uma mão boa para fazer arte, comprovando isso desde os tempos de academia, e seu animal de argila havia ficado com algumas manchas pretas em alguns pontos onde elas não deveriam existir, o rosto não estava lá tão simétrico quanto deveria estar e ela tinha certeza que até uma criança de poucos anos de vida poderia fazer muito melhor.

Ela jamais admitiria isso para Deidara, no entanto.

Colocou sua escultura de argila em cima da mesa e Deidara olhou para o objeto, segurando um riso absurdo. Ele evitou encontrar o olhar de Sakura, que provavelmente se enfureceria ao ver sua expressão de incredulidade com o suposto panda que estava ainda mais horrível. Para distraí-la da falha terrível que foi sua primeira escultura, resolveu mostrar o que estava fazendo.

― Enquanto você pintava eu dava os toques finais. Surpresa. ― Mostrou-a o que havia feito com tanto cuidado e Sakura soltou um sorriso contente.

Deidara havia feito ela em uma versão bem fofinha. Era pequena e a cabeça era grande demais, o que deixava a mini Sakura mais adorável ainda. Ele havia modelado-a em um vestido de marinheira com um grande chapéu de praia, se preocupado até mesmo com o repicado do cabelo.

― Que gracinha, Deidara! ― disse com o sorriso alcançando os olhos.

― Eu ia fazer em uma versão mais realista, mas daria trabalho demais e não faz muito o meu estilo, então te fiz do jeito que eu te imagino ― ele explicou.

― Você me vê como uma cabeçuda marinheira? ― Sakura brincou, ainda muito feliz.

― Não ― Deidara respondeu seriamente ― como alguém de coração leve e bom. O vestido é relacionado à pureza, e o chapéu por você passar a sensação de tranquilidade, como se eu estivesse relaxando em uma praia. A expressão com as sobrancelhas para cima e o sorriso desdenhoso é para representar seu gênio forte.

A medida que cada palavra era dita, Sakura corava um pouco mais. Deidara a via de uma maneira tão linda! Ela o fazia se sentir tranquilo e a via como uma pessoa muito boa... Oh céus, as coisas não deveriam estar indo por aquele caminho.

― É maravilhosa... Muito obrigada, Deidara. De verdade. ― Ela corou mais um pouco e o coração bateu mais forte quando encontrou o olhar cor de céu do rapaz. A intensidade com a que ele a fitava fez ela sentir pequenas borboletas no estômago.

Sakura havia elogiado a arte de Deidara mais uma vez. Ela era a única pessoa que havia feito isso em toda a sua vida, e o jeito que ela estava vermelha, com aquele sorriso discreto nos lábios, mechas do cabelo extravagante moldando as curvas do rosto... Wow, como ela era linda.

Sua mão se direcionou lentamente ao rosto de Sakura, que havia se curvado ligeiramente para frente, antecipando o toque, tão frágil, pronta para aceitar o contato...

Até ele deixar o braço cair, o olhar desviar e voltar a uma postura desleixada.

― Preciso lavar minhas mãos antes que a argila nela seque. Volto logo.

Sem aguardar resposta, andou casualmente até o banheiro e fechou a porta sem necessidade alguma.

~#~

Droga, o que ele estava pensando?! Já era de se esperar que as coisas fossem acabar daquele jeito, ele sabia desde o momento em que chamou-a para comemorar seu aniversário, mas a realidade da situação bateu muito forte naquele momento. Não era por ele ter flertado com ela ou por ela ter permitido – as intenções sempre foram aquelas –, mas sim por como ela o fez se sentir, pela forma carinhosa como ele queria tocá-la. Não envolvia apenas o desejo carnal, tinha algo a mais e ele sabia perfeitamente o que era. Mas mesmo assim...

Deidara havia dito para ela como ele se sentia em relação a ela! Ele jamais teria feito aquilo em qualquer outra situação! E o jeito que ele se sentiu estranho quando viu a expressão de Sakura, receptiva à probabilidade de receber seus toques, definitivamente não era comum.

Aquela garota estava mexendo com ele de uma forma que ninguém havia mexido antes. Ele estava a conhecendo lentamente, descobrindo cada aspecto dela e gostando daquilo. Sem perceber, Deidara havia passado a fazer questão da companhia dela, que o deixava diferente de um jeito bom. A amizade dela – sim, ele tinha certeza de que haviam se tornado amigos – o fazia muito bem, só não sendo mais prazerosa do que praticar sua arte.

Aquilo poderia ser ótimo em outras situações, mas não na deles. No mundo em que viviam, aquilo era uma coisa muito péssima. Eles eram inimigos, ela era uma prisioneira que seria morta em breve e se a oportunidade surgisse, eles deveriam tentar matar um ao outro sem remorso algum; no entanto, as coisas estavam sendo o contrário do esperado. Eles queriam estar próximos, sentiam conforto na companhia compartilhada, estavam aprendendo a se gostar e se respeitar e encontravam refúgio no tempo que passavam juntos.

Aquilo não poderia, de jeito nenhum, resultar em algo bom.

Deidara havia levado tudo aquilo longe demais e precisava parar antes que fosse tarde. Ele gostava de se arriscar e não ir na linha do considerado certo, porém o seu bom-senso gritava para ele que ele estava tomando atitudes estúpidas que iriam se tornar muito, muito ruins em pouco tempo, se as coisas continuassem naquele ritmo.

Fazendo a coisa certa pela primeira vez em meses, decidiu interromper seja lá o que ele e Sakura quase tiveram minutos atrás. Ele estava irritado por não levar as coisas adiantes, mas era necessário.

Voltou ao quarto e Sakura encarou-o com um sorrisinho, ainda sentada e com o corpo virado para trás. Ele sabia que ela havia pensado em toda a situação, da mesma forma que ele fez, e que a conclusão que havia tirado daquilo tudo não era muito diferente da dele. A garota sempre havia sido muito mais sensata que ele, afinal.

― Eu poderia pintar, só que sei que estragaria um pouco ― disse, se referindo à pequena Sakura que havia feito. ― Mas é um presente, hm. Se algum dia tiver vontade de colorir algo com canetinha ou algo assim, usa ela.

― Vou usar. O que eu fiz também é um presente pra você. Obrigada de novo ― ela respondeu enquanto se levantava e se espreguiçava discretamente. Ambos sabiam que ela deveria ir embora dali e estavam estranhamente confortáveis com aquilo.

Sakura pegou a boneca com muito cuidado e Deidara acompanhou-a até a porta, gentilmente abrindo-a para ela. Se olharam mais uma última vez com um entendimento mútuo, olhares que diziam tanto e ao mesmo tempo não diziam nada.

Sem mais palavras, Sakura virou-se para ir para seu próprio quarto e o loiro não esperou muito para fechar a porta. Ao se ver sozinho, soltou um suspiro forte e olhou para a mesa bagunçada, o caos de material artístico que não o incomodava nem um pouco.

No meio de restos de argila estava o pseudo-panda que kunoichi havia feito. Estava torto, pintado de forma desastrosa e poderia lembrar mais uma mutação repugnante de alguma coisa do que um urso panda em si. Deidara riu para o ar e tomou muito cuidado ao pegar a pequena escultura com as pontas de vários dedos, tentando não danificar ainda mais a pintura terrível.

Posicionou o objeto em uma de suas prateleiras praticamente vazias, guardando com esmero um presente do qual não conseguiria se desfazer tão cedo.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Konan observou quieta o quarto de Deidara, o ninja se despedindo de Sakura com uma intensidade incomum no olhar dele. Nenhum dos dois pareceu notar sua presença nas sombras e a menina mais nova saiu de lá com uma expressão pensativa.

Não se demorou muito para voltar a seguir seu caminho, entrando em seu quarto. Pain estava acordado, olhando para o nada como sempre fazia, pensando em tantas coisas ao mesmo tempo que provavelmente jamais conseguiria dizer em palavras o que cada uma delas significava.

― Acabei de ver Sakura saindo do quarto do Deidara. Eles estão bem próximos, pelo visto ― comentou ― e as atitudes deles atualmente vem mudando. Sakura está mais animada e sorridente. Também está gostando mais de conversar.

― Realmente. Deidara anda mais calmo e o humor dele melhorou. A relação dos dois tem beneficiado a ambos.

― Um alguém para conversar e nos fazer esquecer do mundo geralmente é o que mais precisamos, não é? ― perguntou retoricamente ― eu só me pergunto o que vai ser dos dois. Uma amizade como aquela não vai ter um final feliz.

― Deidara adora quebrar regras e se arriscar. Podemos usar esses traços dele ao nosso favor, Konan. ― Pain finalmente encarou-a.

― Como?

― Se a menina confiar e se sentir confortável o suficiente para abrir seu coração para Deidara, ele pode descobrir muita coisa que ela não nos contaria nem por ameaça de morte. Você acredita que a amizade deles pode se aprofundar?

― Acredito ― respondeu Konan, após pensar por um momento. ― Sakura está se sentindo solitária ao extremo e precisando de companhia. Deidara estendeu uma mão para ela e ela aceitou-a.

― Então é só esperarmos eles mesmos desenvolverem um laço mais forte e nos aproveitarmos dos frutos que eles gerarem. Naruto Uzumaki e Konoha cairão em nossas mãos em breve.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que alguns vão querer me matar depois desse capítulo, me desculpa BJSHWAIOANI.

Correções? Opiniões? Quer me dizer que quer me jogar de um penhasco pelo que eu fiz? Deixe seu review, seu comentário é sempre muito importante para mim. ♥



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