Conspiração escrita por Lura


Capítulo 42
Essência da Vida


Notas iniciais do capítulo

Como sempre, agradeço a todos que leram e comentaram o capítulo anterior.
Para quem gosta de emoção, este capítulo é um prato cheio. E para quem não gosta, bem, espero que estejam preparados.



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Magnolia  — 06 de julho de X792

Tentando sustentar a lógica em seu raciocínio caótico, Lucy esforçou-se, mesmo em meio a dor, para manter a respiração regular.

Suas mãos permaneceram protetoramente sobre a barriga endurecida, enquanto aguardava que o tormento passasse. Assim que sentiu os músculos relaxarem, suspirou em alívio fisico, sem, no entanto, se esquecer da situação de risco em que se encontrava.

Seus espíritos haviam sumido repentinamente e, a menos que ela estivesse muito errada, aquilo não havia sido uma contração de ensaio, e sim o indicativo de que poderia estar entrando em trabalho de parto prematuro.

Apesar da nova e desesperadora condição acrescentada à sua longa lista de desespero, a loira raciocinou que se sua filha estivesse mesmo prestes a nascer, a próxima contração deveria demorar um pouco. E embora ela não soubesse se essa regra se aplicava aos partos prematuros, o fato a motivou a se deslocar em busca de um abrigo. Para não perder tempo, não fez questão de se levantar, mas engatinhou pelo chão da biblioteca até encontrar o vão entre duas estantes, que poderia acomodá-la sentada. 

Por um instante, permitiu-se devanear que, em uma realidade perfeita, ela estaria em sua casa agora, com Natsu ao seu lado, confortando-a, enquanto contavam, juntos, o tempo até a próxima contração. No entanto, ali estava ela, sozinha, se escondendo como um rato que foge do gato, comprimida entre a mobília e aproveitando a visão escassa que tinha da porta da biblioteca através do espaço minúsculo existente entre a parte de trás da estante a sua frente e a parede.

O barulho de passos, fez com que ela tivesse que levar as mãos à boca para abafar os soluços de terror que lhe escapavam. As lágrimas, no entanto, continuaram escorrendo torrencialmente, acumulando-se brevemente no local em que seus dedos encontraram o rosto, para em seguida seguirem seus caminhos sobre as costas de suas mãos.

O que ela não daria para que tudo aquilo não passasse de um pesadelo de que poderia se livrar apenas acordando.

Em vez disso, as figuras que pôde contemplar no momento em que cruzaram a porta, mesmo com a visão precária que dispunha, lembraram-na que seu desespero era real e aparentemente sem fim. 

Miori e mais dois capangas estavam ali para matarem seu bebê e, sem Virgo para cavar um caminho ou seus demais espíritos para defendê-la, a biblioteca, que antes seria sua rota de fuga, se transformara em sua gaiola, limitando-a a agarrar-se à possibilidade ínfima de a oponente encontrá-la em seu esconderijo infantil.

 

 

Vila do Sol — 06 de julho de X792

— JUVIA!!! — a maga da água se lembrava de ter ouvido a voz de Gray gritar em desespero, antes que tudo ao seu redor se tornasse água.

Por um milésimo de segundo, sentiu felicidade. Era automático, nela, se alegrar com qualquer grama de preocupação que Gray demonstrasse a respeito dela.

No entanto, um instante depois, tudo era frio e atordoamento.

Juvia

Outra voz a chamou. Ela já não a havia ouvido antes? Era cálida e tinha o timbre carinhoso. Reconfortante.

Juvia

A voz era feminina, agora sabia dizer. Ao concentrar-se na curiosidade a respeito de quem a chamava, a maga da chuva pôde manter o foco.

A primeira coisa que ela deveria fazer, era recuperar o fôlego. E ela podia fazer isso mesmo debaixo da água.

A água era seu domínio. 

Após regular a respiração, a maga da chuva notou a dor, o que trouxe uma onda de desespero. Ela precisava estar bem. Precisava, por seu bebê.

— Seu filho está bem — a voz que vinha da água garantiu. 

Como você sabe? — em sua mente, não pôde evitar perguntar.

Eu posso sentir. Porque você é água, assim como eu — a explicação foi oferecida em tom maternal.

Eu preciso ajudar o Gray-sama! — No momento que tal pensamento tomou sua mente, a maga da chuva abriu os olhos, para contemplar o brilho do céu, longínquo, distorcido pelos movimentos da água.

Há mais pessoas que você precisa ajudar —  a voz avisou.

Naquele instante, uma urgência tremenda de estar em casa surgiu no interior da mulher água. De estar na Fairy Tail.

O que devo fazer? — ainda em pensamento, indagou, em desespero. 

Tudo em você, do corpo aos pensamentos, é água. E sabe o que mais é água? — a voz questionou, prendendo a atenção a mulher de cabelos azuis. — Gelo — acrescentou. — Então deixe sua mente fluir até onde precisa.

Eu não sei como fazer isso — em sua mente, Juvia contestou, desesperada.

Acho que posso guiá-la desta vez — a voz prometeu.

Foi estranho no começo. Juvia sentiu como se estivesse sendo puxada em determinada direção. Mas não seu corpo. Este, permanecia suspenso, balançando suavemente em acompanhamento às ondulações da água.

O que estava sendo puxada, era a sua consciência.

À princípio, foi como se o seu fluxo de raciocínio tivesse sido conduzido diretamente para longe de si e, então, se expandido. Se expandiu de maneira absurda, captando simultaneamente uma gama de informações incalculável.

Os pensamentos da maga da água giraram e sua cabeça doeu, diante da sobrecarga de informações, enquanto ela assimilava aquela nova realidade.

Juvia não era apenas parte da água, mas a água era parte dela. 

Toda água.

Era muito para suportar.

Concentre-se. Deixe que sua consciência alcance apenas o que você precisa sentir — a voz orientou, gentilmente.

“Mais fácil falar do que fazer”, Juvia pensava, quando seu próprio ser expandiu ao ponto de ela sentir cada corpo de água que pudesse se comunicar como um de seus órgãos; todos os rios e afluentes como suas veias, todo vapor como sua mente e todo gelo como sua pele.

E então, no esforço para filtrar todas as informações que chegavam a ela de uma vez, ela se concentrou no que era familiar. A água doce fluindo em canais recortados, em aquíferos potáveis e em um lago calmo.

Ela reconhecia aquele lugar. Ela estava em Magnolia.

Ansiosa para fugir da agonia e agarrar-se em algo conhecido, a maga da chuva teve o ímpeto de sair da água, apenas para se lembrar que seu corpo não estava de fato ali, mas a sua consciência. No entanto, como se para atender o seu desejo, a água moveu, se moldou em formas diversas, surpreendendo a mulher ao trazer-lhe a sensação corpórea daquele local.

Juvia podia ver, ouvir e sentir. 

Ela podia moldar a água em um novo corpo e controlá-lo como o seu próprio. 

Foi o que ela fez, no pacato lago próximo à sede da guilda, apenas para encontrá-la em ruínas e cercada por inimigos.

Tomada de um arrepio que nada tinha a ver com a água a que se fundia, antes que pudesse realmente pensar sobre isso, ela avançou.

 

 

Magnolia  — 06 de julho de X792

— Lucy… — Miori cantarolou o nome da maga estelar, em clara provocação.

Não sendo mais necessária para segurar Erza, que agora padecia sem magia como todos os seus companheiros de guilda, a integrante da Signum Sectionis não precisou de muito tempo de procura para encontrar a biblioteca.

A disposição revirada de algumas das cadeiras demonstrava que pessoas apressadas estiveram ali recentemente e reforçaram seu palpite de que havia acertado em cheio.

Ah, se a loirinha pudesse contemplá-la agora, em vez de estar escondida, certamente com o rabo enfiado entre as pernas.

Veria confiança. Perceberia sua intenção homicida e a determinação de não falhar uma segunda vez. 

Miori não tinha dúvidas que Lucy pagaria com a vida pela humilhação que a havia feito sofrer. 

Verdade, uma vez quiseram atingir apenas a criança maldita que ela carregava, mas as ordens que precederam o ataque de hoje foram claras: Lucy e seu bebê deveriam ser assassinados no local em que fossem encontrados, para não dar à semente de E.N.D. nenhuma oportunidade de surgir no mundo através de outra gestação, já que a loira se mostrara capaz de suportar a concepção tão anormal.

E após a morte da maga estelar, todos os integrantes da Signum Sectionis responsáveis pelo ataque à sede da Fairy Tail recuariam. 

Por isso, Miori saboreava cada passo vagaroso que dava em direção ao seu objetivo, ciente que apenas viva, Lucy poderia ser dominada pelo intenso terror que antecederia uma morte inevitável. Após, seria apenas a casca vazia do que fora alguém. Do que fora uma jovem condenada por trazer ao mundo uma existência abominável. 

Não, não havia diversão em matá-la depressa. Aquele momento era dela e as runas de Nial garantiam que poderia desfrutá-lo, já que todos os outros membros da Fairy Tail estavam sendo subjugados naquele instante, incapazes de dispor das próprias habilidades mágicas.

O soluço abafado que Miori pode captar, atraiu a atenção para uma seção espeficica da biblioteca. O sorriso da integrante da Signum Sectionis aumentou, enquanto seus passos se direcionavam para o esconderijo do seu alvo.

Ao passo que se aproximava, uniu as mãos para conjurar uma estaca de gelo. Considerando a natureza da seita em que fora criada, “Ice Make” era uma magia de ensino básico a todos integrantes, embora a maioria, como a própria Miori, limitava-se a moldar objetos e armas pequenas.

Imediatamente, runas gravadas nos pulsos de Miori brilharam em um branco pálido, permitindo que uma magia estranha corresse por sua pele em direção à estaca: um unisson raid perfeito entre a magia de encantamento da velha profetiza, que previra o retorno E.N.D. em suas visões desesperadoras; bem como da magia devil slayer do liter atual da Signum Sectionis e das habilidades de Nial, que serviram como condutores.

Se antes eles tinham confiança em lidar com a cria de Dragneel e Heartfilia por meios comuns, agora, tão perto fo nascimento, sabiam que deveriam dispensar daquele mundo o possível receptáculo de E.N.D. com a técnica adequada. Empalá-lo em uma estaca de gelo imbuída em magia devil slayer, certamente faria o serviço, assim como fizera com todos os outros possíveis receptáculos que eliminaram até ali. E quando Miori terminasse de atravessar o ventre de Heartfilia, se voltaria para o coração dela, concedendo-lhe a misericórdia de parar de bater para sempre, após sofrer com a perda da filha.

Com a antecipação percorrendo o corpo em ondas prazerosas de adrenalina, a maga jogou o rabo de cavalo que continha seus cabelos azulados para trás, antes de acelerar em direção à missão que deveria cumprir.

Não faltava muito agora e, com sorte, eles livrariam o mundo da ameaça de E.N.D. e, a Signum Sectionis, da presença odiável de seu líder, que aparecera ao mesmo tempo que as visões da velha profetisa. 

Mais do que tudo no mundo, a moça de cabelos azuis desejava que Absolut Zero sumisse juntos com as visões, quando tudo aquilo acabasse.

E ela executaria a sua parte com perfeição, para que isso acontecesse.

 

 

Magnolia  — 06 de julho de X792

O coração de Lucy martelava no peito, enquanto ela se esforçava desesperadamente para manter a respiração pouco ruidosa e o choro controlado.

Cada segundo que escorria, trazia para a maga estelar um terror ainda maior que o anterior, por estar muito ciente do que estava prestes a acontecer, a menos que um milagre a salvasse.

— Parece que ninguém vai aparecer para te salvar agora — abaixando-se repentinamente ao lado dela, Miori declarou, o pensamento em evidente sintonia com o da loira em relação à situação em que se encontrava.

Lucy estava perdida e lamentou seu destino tão logo vislumbrou o triunfo nos olhos cor de mel da inimiga de cabelos azulados.

Se ao menos tivesse sua magia, poderia fazer algo além de gritar, quanto os capangas que acompanhavam Miori a puxavam pelo pé e a arrastavam pelo corredor para imobilizá-la.

Não que o uso de magia fosse o suficiente para protegê-la contra as habilidades de Miori. Mas se fosse o caso, ao menos ela teria algo para fazer, em vez de apenas esperar que a integrante da Signum Sectionis descesse a estaca de gelo que segurava em direção à sua barriga para perfurá-la, situação muito semelhante à que se encontrara meses antes, no atentado ocorrido na enfermaria da penitenciária do Conselho Mágico.

Sua mente, nos milésimos de segundos que lhe restavam, trabalhou para fornecer-lhe a imagem feliz do mago do fogo segurando em seus braços fortes a filha que nunca conheceriam ou criariam juntos.

Já não havia futuro para eles.

Com o coração tomado pelo luto antecipado, Lucy chorou, tão exausta e ressentida com todas as tragédias que se abateram sobre sua vida que mal discerniu os gritos que vinham de cima.

 

 

Do lago e dos canais de Magnólia situados próximos à sede da Fairy Tail, saiam braços d’água, que se estenderam como rios flutuantes e atingiram qualquer pessoa considerada hostil. E quando algo os repeliu para longe do prédio deteriorado da guilda, Juvia reconheceu a existência de uma barreira anti-magia.

Melhor dizendo, ela sentiu a barreira com suas habilidades, já que o campo de força foi criado com o próprio gelo. Precisamente, runas de gelo.

Gelo também é água — mentalizou, repetindo o que a voz gentil e desconhecida havia lhe dito momentos antes.

No entanto, ainda era um elemento que estava fora de suas habilidades de manipulação.

Porém, enquanto ela o sentisse como água, poderia combatê-lo.

E foi assim que os braços de água que agora serpenteavam por todo o entorno da Fairy Tail, arrancando gritos apavorados de inimigos e aliados, se tornaram ferventes e circularam sobre as runas que rodeavam a sede da guilda com ferocidade, misturando-se a areia do terreno para acrescentar abrasão ao golpe.

Era praticamente uma broca, que varreu as runas impiedosamente e permitiu que os braços de água adentrassem a área da guilda e arrastassem os inimigos que encontrassem pelo caminho.

Permitiu, também, que gêiseres irrompessem, na terra, nos assoalhos e nas pedras, criando mais braços que arrastavam os oponentes, onde quer que a umidade anormal da neve que acometeu Magnólia em pleno verão, lhe indicasse a presença de aliados.

Porque neve também era água.

Foi assim que Juvia, mesmo sem prever, arrastou uma Miori prestes a fincar uma estaca de gelo na barriga avantajada de Lucy para longe, em uma onda de água fervente. Os dois capangas que seguraram a maga estelar para permitir o atentado, tiveram a mesma sorte.

A última coisa que a maga da chuva conseguiu assimilar, antes de ter a consciência puxada de maneira abrupta para o próprio corpo, foi que apesar de aparentar estar ilesa, Lucy chamava por Natsu desesperadamente, enquanto chorava, curvada sobre a própria barriga, sentada sobre uma poça de água.

E aquela água não era ela.

— Ah não — foi o que mentalizou, após o leve tontear de ter a consciência puxada novamente ao seu corpo original.

Sua mente, novamente, estava limitada ao seu corpo, ainda submerso nas águas que rodeavam a Vila do Sol.

 — Precisamos acabar com isso depressa — concluiu, com urgência, ciente demais da ligação e do amor que uma gestante tinha com o filho não nascido para permitir que algo acontecesse à Lucy.

Agora você sabe como — a mesma voz gentil de antes a encorajou.

Juvia assentiu, agradecida, decidida a tentar por conta própria a expansão de sua consciência para um lugar muito mais próximo e fazer o que tinha que fazer.

E Juvia? — ela ainda pôde ouvir, enquanto sentia sua consciência se espalhar pelos rios que fluíam por baixo das superfícies congeladas da Vila do Sol, o próprio gelo amaldiçoado sendo assimilado aos poucos por sua magia. — Diga ao Gray que eu os desejo felicidade pelo filho de vocês. — Foi a última coisa que escutou antes que sua magia se expandisse novamente em ímpetos violentos. 

 

 

Vila do Sol - 6 de julho de x792

As asas negras demoníacas se agitaram, impulsionando Mirajane em sua forma Satam Soul, para que pudesse se desviar de mais uma saraivada de flechas mágicas lançadas.

De uma hora para outra, a vila e o bosque congelados, haviam se enchido de membros da Signum Sectionis, todos encapuzados e, boa parte deles, com sua atenção voltada para ela.

A albina estalou a língua em irritação.

Ela podia dizer que a maioria deles não passava de soldados de nível baixo. No entanto, até mesmo formigas, por menores que fossem, em grande número poderiam se tornar problematicas. 

À princípio, ela conseguia incapacitá-los de maneira eficiente, usando sua explosão de poder para causar danos nas áreas que identificava conter apenas inimigos. No entanto, os soldados logo começaram a se abrigar sob as árvores congeladas e nas casas da vila, o que tornou a estratégia inicial perigosa, diante do risco de atingir seus amigos acidentalmente. Afinal, ela não sabia onde Gray, Juvia e Flare se encontravam e, apesar de se lembrar do local em que havia se separado de Natsu e Happy, havia uma grande possibilidade de eles terem se deslocado no decorrer da luta contra Absolut Zero.

Sem opções para o momento, Mirajane contentou-se em desviar habilmente dos ataques lançados, por meio dos quais identificava a posição de seus inimigos e, então, promover contra-ataques eficientes. Estava frustrada pois sabia que aqueles soldados provavelmente tinham sido enviados para atrasar os magos que haviam acompanhado Natsu, a fim de evitar que o dragon slayer obtivesse reforços e, no momento, logravam sucesso nesse objetivo.

No entanto, também sabia que uma forma eficiente de ajudar o mago do fogo, era cuidar dos inimigos menores para que ele pudesse dar tudo de si em sua própria luta.

Assim, Mirajane seguiu em sua missão pessoal, derrubando dezenas de inimigos por vez, embora a estratégia cobrasse seu preço. Ela não fez questão de conferir, mas sentia em seu corpo a dor de alguns ataques que a haviam atingido.

Ignorando o sofrimento, continuou suas investidas até que, num golpe de sorte, captou uma movimentação incomum na copa de uma das árvores. 

Sem demora, lançou um ataque eficiente contra o local e sorriu satisfeita ao constatar que o atirador da Sylph Labyrinth caiu de lá para estacionar inconsciente no chão congelado, com um baque ruidoso.

Ela chegou a sentir compaixão do caçador de tesouros, mas não havia nada a fazer. Ele e seus parceiros estavam no lugar errado, na hora errada e, ao menos agora, os magos da Fairy Tail poderiam lutar sem o temor de serem atingidos por balas perdidas, foi o que pensou, antes de voar em um mergulho em direção a outro grupo de soldados da Signum Sectionis.

Ou melhor, antes de tentar, pois o tremor da área e o que ocorreu em seguida, obstou sua pretensão de voar livremente.

 

 

Vila do Sol - 6 de julho de x792

As coisas não foram bem para Gray, no período que precedeu a queda de Juvia do penhasco.

Inicialmente, ele estava frustrado por terem sido emboscados por um inimigo totalmente idiota. Pior, por ele não ter sido capaz de proteger a maga da água e ter que lidar com a incerteza de saber como ela estava, porque o oponente não permitia que ele chegasse até ela.

E embora ele estivesse confiante que poderia lidar com o idiota da Sylph Labyrinth, ainda que as habilidades dele fossem um pé no saco, o fato de dezenas de soldados que presumia pertencer à Signum Sectionis ter se juntado à rinha de maneira desordenada, não ajudou.

Ok, eles eram fracos, mais ainda saiam do meio das árvores como formigas, o que fazia com que Gray tivesse que lidar com os oponentes de cinco em cinco, sem poder contar com a ajuda de Flare, que estava na mesma situação e ainda enfrentava o espadachim da Sylph Labyrinth.

E como tudo que era ruim tendia a piorar, ele supôs que não deveria ter se surpreendido quando a queimação excruciante acometeu seu braço direito, ao mesmo tempo que as marcas enegrecidas com que tinha se familiarizado recentemente surgiam, fazendo com que ele se ajoelhasse em agonia, deixando-o completamente à mercê dos oponentes.

Independente de quão fracos fossem, o fato de não poder reagir, evidentemente, não acabaria bem para ele.

Era o que Gray gritava mentalmente, enquanto tentava superar a terrível dor para continuar lutando.

Seus esforços, mal foram suficientes para colocá-lo de pé, apenas para cair novamente quando os primeiros golpes o atingiram.

Por enquanto, eram apenas chutes e socos, mas ele já conseguia ouvir os assovios característicos de lâminas cortando o ar, ciente de que vinham em sua direção.

No pouco tempo que teve antes de ser atingido, um sentimento de miséria o acometeu, diante da morte patética à sua frente. Cair para inimigos tão fracos, sem conseguir fazer nada por seu filho e pela mãe dele, era uma desonra a tudo o que havia aprendido enquanto membro da Fairy Tail. Ele quase podia imaginar Natsu berrando para que levantasse, e ofendendo-o com termos nada decorosos, quando os primeiros cortes foram infringidos em seu corpo.

Ótimo.

Apesar de dolorosos, pareciam superficiais. Aparentemente, os inimigos pretendiam flagelá-lo para zombar de seu sofrimento e prolongá-lo, mas a verdade é que a dor de nenhuma daquelas feridas se comparava à agonia fervente em que se encontrava seu braço direito.

Com a pouca visão de que dispunha, ele pôde ver o sorriso zombeteiro do membro da Sylph Labyrinth, que o abandonou à sorte dos membros da Signum Sectionis, para se concentrar em Flare junto ao parceiro espadachim. 

Ele supôs que deveria agradecer por sua sorte, já que o fato de os soldados terem decidido pelo caminho mais longo para a sua morte, lhe deu a chance de tentar se recuperar. Assim, apesar da dor terrível em seu braço, tentava se levantar, embora os golpes de mãos, pés e lâminas dos inimigos o empurrassem novamente para baixo.

Foi então, que ele se ergueu de uma vez.

Melhor dizendo, foi suspenso.

Gray não tinha visto acontecer, apenas sabia que agora flutuava no interior de uma coluna d’água.

O pensamento de que poderia ser obra de algum dos inimigos, nunca poderia ser o primeiro a tomar sua mente. Porque se Gray pensava em água, pensava nela.

— Gray-sama — o rapaz ouviu ao mesmo tempo que se deu conta da bolha de ar que envolvia a sua cabeça para que continuasse respirando. — Eu sei que é difícil para o Gray-sama lidar com essa magia. — A voz gentil de Juvia parecia falar diretamente em sua mente. E, apesar da agonia de seu braço direito, o mago do gelo sentiu o corpo relaxar automaticamente em meio a todo o líquido que o envolvia. — Mas talvez Gray-sama sofra menos se senti-la através da Juvia. 

Naquele momento, o mago do gelo não tinha a menor ideia do que Juvia estava falando. Mas foi então, que ele sentiu, emanando da água, a energia demoníaca que o perturbava desde que chegara ali, por ser tão semelhante à natureza da magia de Deliora, o ser que dizimara sua família e acarretara o sacrifício de sua mestra.

Mais que isso, sentiu a magia que dominava o próprio braço, assimilando a compatibilidade entre as ondas mágicas.

As informações de energia chegavam aos poucos, como se a água ao redor filtrasse e permitisse que apenas o que ele poderia suportar, o alcançaria.

E foi então que, apesar de toda a sua aversão decorrente do sofrimento de seu passado traumático, Gray acolheu a magia, independente da natureza que tivesse. 

Ele não se importava com a origem de seus poderes, desde que eles fossem suficientes para ajudar os amigos que contavam com ele.

Para mantê-la sempre protegida.

Como uma benção, a dor em seu braço começou a aliviar, momento em que a mente de Gray clareou o suficiente para olhar novamente para o penhasco que havia se transformado em seu campo de batalha, embora a vista fosse prejudicada pelas ondulações da água ao seu redor.

Ainda assim, pôde assimilar que muitos dos soldados da Signum Sectionis eram varridos ou lançados para longe por braços d’água que brotavam da terra, ou subiam pelo penhasco, vindos do mar abaixo.

Com a confusão que isso gerou, Flare e Mirajane — a última, ele não sabia exatamente quando havia chegado ali — cuidavam facilmente dos oponentes restantes da Sylph Labyrinth.

Os poucos soldados da Signum Sectionis fortes o suficiente para lidar com a magia incrível de Juvia, pareciam ignorar totalmente que Gray ainda estava ao alcance, suspenso apenas por uma coluna d’água, o que o intrigou.

Nesse instante, rapaz percebeu que a água que o rodeava, não se movia de maneira regular.

Enquanto o líquido mais próximo do seu corpo permanecia parado, as partes mais distantes do pilar molhado se moviam em velocidade vertiginosa e em diversas direções, como se várias correntes de um rio envolvessem uma cápsula feita da própria água que, por sua vez, o protegia.

Assim, ele supôs que, talvez, os inimigos de fato não pudessem vê-lo.

Maravilhado e sentindo que seu braço direito finalmente era utilizável, apesar da dor remanescente ainda ser forte o suficiente para que que ele tivesse que se esforçar bastante para movê-lo, ele juntou as mãos em um movimento que conhecia bem.

— Juvia — chamou.

Sim, Gray-sama — a voz dela respondeu, da água.

— Você vai me ajudar? — indagou, humildemente.

Não se passaram milésimos de segundos antes que a resposta convicta da mulher chuva viesse:

Sempre

Depois disso, os timbres decididos do casal, misturados em gritos determinados, puderam ser ouvidos de toda a vila:

— Unisson raid!!!

E foi assim, com inúmeras lanças de gelo que saiam dos braços de água apenas para atingirem certeiramente os membros da Signum Sectionis restantes, que eles terminaram de limpar a área de seus inimigos.

Apesar de sua condição atual não se comparar à de momentos anteriores, Gray ainda gemeu de dor quando a coluna de água se desfez e ele aterrissou no chão de joelhos.

— Gray-sama! — Juvia chamou, preocupada, enquanto corria em direção a ele, após deixar o pilar de água em que seu próprio corpo estivera oculto.

A mulher chuva se agachou para conferi-lo, especialmente ao perceber, assustada, a marca negra que se estabelecera como uma tatuagem no braço do rapaz, porém, não teve chance, uma vez que o mago do gelo a envolveu em um abraço apertado assim que se aproximou.

Surpresa demais para retribuir, a jovem de cabelos azulados sentiu seus olhos arregalarem e seu peito se aquecer.

— Você está bem — não era uma pergunta, e sim uma constatação proferida na voz aliviada de Gray, que não teve pudor em enterrar o rosto no pescoço da mulher.

— Sim, Juvia está bem — desconcertada, a maga confirmou, movendo as mãos timidamente até as costas do rapaz, para devolver o abraço de forma desajeitada.

— Tem certeza? — indagou ele empurrando-a pelos ombros, o timbre repentinamente urgente enquanto os olhos escuros faziam uma triagem por todo o corpo feminino, envolvido, como de costume, em roupas invernais azuis, as quais, no entanto, haviam sido reduzidas a farrapos em muitos pontos.

— Juvia tem certeza — respondeu ela e, quando as orbes negras terminaram de analisar o corte em sua testa e se desviaram para o seu abdômen, decidiu acrescentar: — E o bebê também está a salvo.

Gray a soltou, um tanto desconcertado, as bochechas repentinamente aquecidas.

— Como você pode saber? — Suas palavras podiam parecer rudes, contudo, seu tom exalava dúvida e preocupação.

— Porque Juvia pode sentir a vida do bebê através da água — contou, exultante.

O mago do gelo piscou, confuso, supondo que isso pudesse ter relação com os novos poderes que a maga da água demonstrou na batalha recente.

E por falar em batalha recente, os olhos de Gray percorreram a planície do penhasco, examinando os corpos dos inimigos que caíram, até pousarem sobre o ponto distante em que Mirajane, em sua forma Satan Soul, conferia se Flare estava bem.

— Juvia — começou ele, lembrando-se de algo que o intrigara, quando em meio à peleja, foi protegido ao ser envolvido pela água dominada pela mulher. —, sua magia me deixou invisível? — perguntou, incrédulo.

A maga da água franziu o cenho, a expressão denunciando que buscava a melhor maneira de explicar.

— Não exatamente invisível. Mas mesmo uma piscina clara pode esconder grandes objetos quando a água se agita — contou. — Juvia só seguiu a lógica de um rio, que tem correntes variadas, para se esconder e camuflar  Gray-sama no interior da água, para que os inimigos não soubessem em qual das colunas se encontrava — completou.

— Juvia, você é brilhante! — exclamou o discípulo de Ur, apertando levemente os ombros dela para demonstrar empolgação.

— Gray-sama elogiou a Juvia — a mulher falou, com incredulidade.

— Claro que elogiei! A mãe do meu filho é um baita gênio! — exultou-se. — Eu espero que esse moleque herde pelo menos metade da sua inteligência — desejou.

— Moleque? — a maga praticamente esganiçou.

Novamente, Gray pareceu estar desconcertado e coçou a nuca com a mão esquerda.

— Bem, eu acho que o bebê é menino — comentou, levemente constrangido. — Claro que eu não reclamaria em ter uma menina. Apenas não acho que seja — acrescentou, apressadamente.

As palavras do mago do gelo, em qualquer outro momento, poderiam ter sido fonte de grande felicidade para Juvia. Contudo, naquele instante, apenas fizeram com que ela arregalasse os olhos, horrorizada.

— Oh, céus, como Juvia pôde esquecer! — censurou-se, antes de levantar repentinamente e correr em direção à floresta de árvores congeladas.

— Juvia! — Gray chamou, preocupado, atrapalhando-se em levantar.

— O que aconteceu com ela? — Mirajane, que se aproximava naquele instante, indagou, um tanto confusa, sentimento que também podia ser visto nos olhos vermelhos de Flare, que a acompanhava.

— Eu não sei — o mago do gelo respondeu, enquanto corria atrás da mulher chuva, sendo seguida pelas outras duas. — Droga, Juvia, seja mais cuidadosa no gelo! — criticou, tentando acompanhar a jovem, que dava tudo de si ao correr. — O que diabos aconteceu? — questionou.

— Precisamos achar o Natsu-san e levá-lo de volta à Fairy Tail — sem perder o ritmo, respondeu ela, alarmada —, porque a Lucy-san entrou em trabalho de parto!

 

 

Vila do Sol - 6 de julho de x792 - Alguns momentos antes 

Natsu se empenhou em mais uma sequência de golpes, Happy auxiliando-o em sua mobilidade, mas Absolut Zero desviou-se com facilidade de todos eles.

Apesar da armadura pesada e de seu porte musculoso, o inimigo conseguia ser extremamente ágil, enfrentando, apenas com esquivas, um Natsu que já havia assumido a dragon force, dando tudo de si em uma luta que necessitava encerrar o mais breve possível.

Ele precisava chegar até Lucy e confirmar que ela e a filha deles estavam bem.

Happy engoliu a seco, sentindo o calor corporal de Natsu subir exponencialmente.

Em breve, ele não poderia fazer nada para ajudar, a não ser evitar atrapalhar e se afastar.

Porque embora ele tivesse extrema intimidade com o estilo de luta do mago do fogo, no que tangia dragon force, ainda caminhavam em terreno desconhecido, uma vez que o poder se manifestava de maneiras diversas, cada vez que Natsu lograva acessá-lo.

Hoje, por exemplo, além dos olhos terem assumido o tom ambarino e as pupilas terem sido reduzidas a fendas verticais, a pele ao redor dos olhos e dos braços de Natsu não apenas se dividiu em escamas, mas, pela primeira vez, assumiu um tom avermelhado. A maior novidade, no entanto, eram os chifres de fogo que cresceram entre os cabelos róseos.

Happy não pôde deixar de lembrar que aquela forma incrível, outrora tão difícil de ser alcançada mesmo com estímulos externos, dominava o dragon slayer com extrema facilidade sempre que a segurança de Lucy parecia estar envolvida.

Bem, não era apenas Lucy dessa vez.

E quando Natsu ganhasse aquela batalha — porque o gatinho não podia se permitir acreditar em qualquer resultado diverso desse — ele não tinha certeza se desejava estar perto para testemunhar o estado em que ele deixaria o oponente.

Apesar de sua confiança no amigo e teimosia em aceitar desfechos diferentes, era difícil manter a compostura quando Natsu precisava de todo o seu poder para enfrentar um inimigo que nitidamente zombava deles. 

O exceed percebeu que suas mentes estavam em sintonia pelo rosnado que abandonou a garganta do mago do fogo, mas teve sua atenção desviada para o leve tremor de terra que sentiram e o estrondo que pôde ouvir da parte leste da vila, que foi seguido pelo surgimento de diversos pilares e braços serpenteantes que pareciam feitos de água e poderiam ser vistos acima da linha da copa das árvores, contra o céu alaranjado pelo fim da tarde.

— “Diabéisso”? — o gato azul esganiçou, desejando intensamente que aquela magia de água tivesse a ver com Juvia, e não com um possível inimigo, embora não se lembrasse de ter visto qualquer habilidade da mulher chuva semelhante àquela.

— Não importa — Natsu respondeu e grunhiu.

Pelo dragon slayer, o mundo podia explodir em água ou em fogo e ele ainda chutaria a bunda do bastardo à sua frente para que pudesse chegar até Lucy. Era exatamente isso que pensava enquanto dispensava uma nova sequência de chutes e socos flamejantes.

Afastando-se num salto com a nova investida do inimigo, Natsu trincou os dentes, não levando mais que milésimos de segundos para unir as mãos e retaliar o contra-ataque com uma esfera de fogo gigantesca, que voou em direção ao oponente.

Absolut Zero, no entanto, dispersou-a com um escudo de gelo invocado com sua mão direita, apenas para deparar-se com o corpo flamejante do mago do fogo, que rugia as palavras “Karyuu no Kenkaku”, lançado em sua direção.

O golpe de corpo inteiro do dragon slayer foi repelido com mais uma defesa de gelo providenciada pela outra mão do inimigo, que parecia não ter usado mais que o esforço de movimentar-se para  para tanto.

O sorriso de deboche ainda riscava o rosto do moreno maior que nitidamente se preparou para uma nova investida de um ataque que não veio.

Natsu mal teve tempo de franzir as sobrancelhas e questionar-se mentalmente se estava errado em presumir que o inimigo falhou em um golpe mágico, antes que um ataque realmente poderoso fizesse com que aquele gelo estranho que recobria o chão da vila fosse remodelado em inúmeros espetos.

Happy logrou levar Natsu para cima, mas os espetos continuaram crescendo para o alto, seguindo-os, o que os desestabilizou. Foi quando espinhos de gelos estremamente longos e pontiagudos, cresceram das laterais dos espetos, cercando o mago do fogo e o exceed em algo semelhante a uma cama de prego.

Happy gritou, quando teve uma de suas asas perfuradas, mas logrou lançar Natsu para longe do campo pontiagudo congelado, antes de cair próximo do limiar das árvores.

— Happy! — Natsu gritou alarmado.

— Estou bem! — o exceed garantiu, mesmo que sua vozinha demonstrasse sofrimento.

Com os olhos literalmente em chamas, Natsu preparou-se para encarar o inimigo que, finalmente percebeu, já não sorria.

Então apenas agora ele começava a levar a luta a sério, e o mago do fogo tentou não se abalar com o fato de estar apanhando para acompanhar, em sua forma mais forte, um inimigo que, até então, apenas brincara com ele.

Em vez disso, preferiu concentrar-se no fato que o gatilho para aquilo, parecia ter sido a suposta falha da magia do oponente. Talvez isso lhe desse alguma pista.

O aspecto frio que os olhos caídos do inimigo assumiram, apenas demonstraram para Natsu que já não havia jogos ali.

Mas também lhe trouxeram a sensação de familiaridade.

E a brisa que soprou naquele instante, trazendo não apenas o cheiro do inimigo, como o de seus amigos que não estavam muito longe, apenas consolidou a conclusão em sua mente.

— Você se parece com o Gray… 

O que ele diria depois, Happy ou o inimigo, jamais saberiam.

Porque antes que pudesse terminar, um mínimo movimento de mão foi o suficiente para que o dragon slayer estivesse tão coberto do gelo amaldiçoado quanto todo o resto da vila.

— Você não tem o direito de pronunciar esse nome com essa sua boca imunda — Foi o que Absolute Zero proclamou, antes de se aproximar em passos calmos. — Por isso vou calá-lo definitivamente — decidiu, estendendo a mão direita para invocar uma estaca de gelo semelhante às que perfuraram os peitos de inúmeros outros magos do fogo. 

Impotente e ferido, Happy não pôde fazer mais do que gritar, enquanto observava.


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Notas finais do capítulo

OMG! Eu quero tanto escrever os próximos capítulos! Ainda teremos um período de altas emoções!
No mais, Juvia brilhou neste capítulo sim ou claro? Eu sinceramente amei escrevê-lo, mesmo com toda ação envolvida, por causa dela.
E a Lucy, coitada, passando por mais momentos, enquanto o Natsu está meio
Impossibilitado de alcançá-la. Mas é isso aí, estou aqui para dificultar a vida deles.
Espero que tenham gostado!
Até mais!



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