Jacob

 

 

Na véspera do dia de Ação de Graças resolvi que iria me declarar para Bella. Era uma coisa estranha de um cara da minha idade fazer, mas ela parecia que não enxergava as minhas indiretas. Já tinha decidido fazer na próxima noite, ela estaria de folga e iríamos jantar todos juntos. Mas na noite em questão bem na hora em que eu ia falar alguma coisa, o celular dela começou a tocar, claro que aquilo me deixou nervoso, mais ainda quando soube que era o Cullen, ele estava fechando o cerco contra ela e ela nem havia percebido.

 

- O que ele quer dessa vez? – Eu falei, estava ficando nervoso.

 

- Ness tá chorando e ele não tá conseguindo acalmá-la. Eu vou até lá. – Ela falou como se aquilo fosse a mãe da menina.

 

- Bella como você pode ser tão cega? – Eu falei e ela me deu as costas, indo em direção a casa. – Não vê que ele só tá querendo se aproximar de você? Para te usar, como ele fez com todas.

 

- Jake, não vou discutir com você agora. – Ela falou se virando para mim, estava sentindo a tensão na sua voz – Depois conversaremos.

 

Ela se virou novamente e continuou indo em direção a minha casa, não deixaria ela ir assim, fui atrás dela e segurei o seu braço. – Tudo bem, mas eu vou te levar.

 

Deixei ela se despedir de todos, e avisei a Billy que não demoraria. Quando chegamos ela desceu da moto e me entregou o capacete.

 

- Desculpa pela noite, Jake.

 

- Tudo bem. - Eu falei.

 

- Você tinha uma coisa pra me falar, o que era?

 

Eu olhei para seu rosto por alguns instantes, para me decidir se falaria ou não. Mas percebi um movimento em uma janela no segundo andar da casa. Deveria ser o Cullen, e eu mostraria agora a quem Bella pertencia. - Isso. – Eu respondi, puxando a sua nuca, fazendo-a chegar mais perto de mim e beijando-a, ela retribuiu o beijo. Ao terminar eu falei. – Não fala nada, depois falamos sobre isso.

 

Ela se afastou e eu fui embora.

 

Dois dias depois liguei para ela, ela estava em casa então fui até lá. Sem nenhuma cerimônia entrei a sentei no sofá, ela por sua vez sentou-se na mesinha de centro a minha frente.

 

- Bells, desculpa pelo outro dia, eu não sei o que deu em mim. – Eu comecei.

 

- Ok, Jake, não se preocupe com isso. Eu só não quero te ver sofrendo.

 

- Então não tenho chances, não é?

 

- Não Jake, sinto muito. – Ela falou abaixando a cabeça.

 

- Você tá apaixonada pelo Cullen não é?

 

- Ah, Jake, não me faça uma pergunta dessas, você sabe que não irei mentir.

 

- Então eu já sei a resposta. Você sabe que ele só te fará sofrer, e você não merece isso. E nem ele merece alguém como você.

 

- Não sei, Jake. A única coisa que eu tenho consciência agora é que estou apaixonada por ele.

 

Naquela noite conversamos mais um pouco e logo fui para casa. Quando achei que ia ter sossego para poder pensar, Leah entra no meu quarto. Eu estava deitado na cama com o travesseiro em cima da cabeça.

 

- Ah, você está ai. – Ela falou com certo descaso.

 

- O que quer Leah? – Falei, o som saindo abafado por causa do travesseiro, sem olhar para ela, Leah era minha meia-irmã, nos conhecíamos desde pequenos, mas alguns anos depois que o seu pai morreu sua mãe, Sue e Billy, meu pai resolveram morar juntos, no começo foi divertido, ela me tratava bem e tudo mais, mas com o passar do tempo ela já não me tratava tão bem assim.

 

- Vim pegar uma camisa emprestada. – Ela falou, maldito costume dela de usar minhas camisetas.

 

Olhei para ela, e foi ai que percebi que ela estava só de calcinha e sutien na porta do meu quarto. Levantei no susto, fui em sua direção e a puxei pelo braço para dentro do quarto, fechando a porta atrás de si.

 

- Você está louca Leah? Se Billy, Sue ou até mesmo o Seth te vêem assim na porta do meu quarto o que vão pensar? –Falei a encostando na porta.

 

Ela deu risada. – Não tem ninguém em casa Jake, só eu e você. – Ela falou chegando mais perto de mim. Nossa aproximação era tal que nossas respirações se confundiam. Ela passou um de seus braços ao lado de minha cintura e puxou algo que estava atrás de mim. Era uma camiseta. Ela vestiu e se virou para sair do quarto.

 

- Obrigada, Jake! – Ela falou ao sair.

 

Naquela noite não consegui dormir direito. Imagens de Leah comigo na cama se confundiam em meu sonho, um desejo até então desconhecido começou a nascer em mim.

 

Na semana seguinte encontrei com Bella na praia, foi no dia do acidente da menina Cullen, lembrei imediatamente do dia do acidente de Bella, e o quanto ela já havia sofrido com aquilo. Ao vê-la sentada no chão chorando por aquela menina pude ver que os sentimentos que ela tinha por aquela família estavam mais fortes do que ela mesma imaginava, na hora fiz de tudo para ajudá-la, liguei para a emergência, que logo mandaram uma ambulância, levei Bella até ao hospital e fiquei com ela lá tentando acalmá-la, porém ao ver o que o Cullen a tratar como lixo, tive que me segurar, a minha vontade era de partir para briga ali mesmo, mas a Bella, que estava em meus braços chorando copiosamente, não merecia que eu fizesse isso com ela, dessa vez passaria. Depois do episodio lamentável no saguão do hospital, levei Bella para casa, quando liguei para Alice. Alice e eu tínhamos uma velha amizade, ligada ainda somente por causa de Bella. Quando estávamos no colegial andávamos na mesma turma, mas logo depois que Bella se mudará não nos víamos mais e não sentíamos falta também, afinal a única que nos ligava era ela, e ela havia partido. Mas nesse momento não hesitei, eu tinha que falar com Alice, ela teria que por um pouco de juízo na cabeça do irmão dela, e caso fosse, me dar notícias da menina Cullen, Bella gostaria de saber o que acontecia.

 

- Alice, é Jacob!

 

- Oi Jake, Bella está com você? – Pelo visto ela já estava sabendo do acidente.

 

- Sim, está no hospital?

 

- Sim, estamos todos aqui... – Eu a interrompi.

 

Contei tudo a Alice, até mesmo as palavras proferidas pelo seu irmão. Ela escutava tudo com atenção, sabia que ela iria me ajudar, apesar da pouca amizade, eu a conhecia. Depois de ter contado toda a historia para Alice, e de ela ter me contado como estava a situação de Vanessa, consegui por fim acalmar Bella.

 

Na semana seguinte, mantive contato com Bella quase todos os dias, ela estava melhor, porém se notava pela voz que estava triste.Culpa do Cullen. Faltando dias para o Natal Bella me ligou.

 

- Oi princesa! – Falei animado

 

- Oi, Jake, olha... – Ela hesitou – Estou voltando para NY.

 

- Como? Quando?

 

- Daqui alguns dias, vou fazer as compras de Natal e deixarei seu presente aqui em casa, espero que venha buscá-lo. – Ela falou descontraída.

 

- Claro que irei, mas não precisa embrulhar, afinal deve dar trabalho embrulhar um carro de presente. – Ela riu.

 

- Tá certo, Jake.

 

-Tem mesmo que ir Bella?

 

- Tenho, será melhor assim.

 

- Entendo, passo na sua casa para me despedir.

 

- Tá bom. Obrigada por tudo.

 

- De nada, princesa. Não se esqueça de mandar e-mails! – Eu falei triste. Não queria que ela fosse. Ainda mais por imaginar o motivo.

 

Alguns dias depois ela se foi.

 

 

Edward

 

 

O dia tinha passado voando, me recordei que acordei com Bella nos braços, e agora eu estava louco para voltar para aquela cama. O meu plantão estava acabando, assim que saísse daqui iria direto para casa dela, tinha que me desculpar por todas as coisas que havia dito. Tanya ligou no hospital e pedi para avisá-la que não poderia atendê-la, não tinha como me desculpar por dar um bolo nela na noite anterior.

 

Ao sair do hospital, passei na floricultura e comprei algumas flores, ela iria gostar, eu estava um pouco nervoso com a situação, ainda não sabia direito o que iríamos conversar, sabia apenas que tinha que começar a pedir desculpas. Mas ao chegar à frente de sua casa, estranhei, todas as luzes estavam apagadas, toquei a campainha com a vã esperança de alguém atender, mas ninguém o fez. Fiquei ali na varanda de sua casa por mais ou menos uma ou duas horas. Será que ela havia esquecido que eu viria? Liguei diversas vezes em seu celular, e sempre caía na caixa postal. Deixei as flores na soleira da porta e voltei para o carro, minha mente estava a milhão, ia de um pensamento a outro e em nada fixava. Quando percebi já estava na frente da casa de meus pais.

 

Ao entrar na casa estavam todos na sala conversando.

 

- Edward, por que demorou tanto? – Minha mãe perguntou.

 

- Tive que resolver algumas coisas. – Falei ainda no modo automático que minha cabeça funcionava.

 

Fui até minha filha que estava sentada no sofá sentada ao lado de Alice.

 

- Filha como você está? – Falei beijando-lhe a testa.

 

- Bem, papai. – Ela falou toda sorridente. Notei um brilho diferente em seu pescoço, era uma gargantilha, onde pendia um medalhão.

 

- O que é isso filha? – Ela mudou sua reação de relaxada para apreensiva em questão de segundos, desviou o olhar para a Alice que olhou para mim com a mesma reação, sem saber o que dizerem. – Alice, o que foi?

 

- Edward, me escuta antes de brigar comigo. – Alice falou pausadamente.

 

- O que foi que você aprontou Alice? – Perguntei já ficando nervoso.

 

- É que Bella queria dar o presente de Ness antes dela ir embora, então eu levei...

 

- Bella foi embora? – Falei a interrompendo

 

- É, desculpa Ed, sabia que você não queria que Ness fosse vê-la, mas... – Antes de ela terminar eu saí da sala, fui para o escritório de meu pai. Precisava pensar.

 

“Ela sabia que ia embora e nem me falou nada, tivemos uma noite ótima, e o que havia significado pra ela? Uma despedida?” Um misto de sentimentos foi tomando conta de meus pensamentos já não me deixando ver nada, naquele momento eu só queria distancia de Bella.

 

 

Bella

 

 

As onze em ponto meu pai já estava com a viatura parada na porta de casa, fomos almoçar juntos e seguimos para o aeroporto.

 

- Filha, tem mesmo que ir?

 

- Sim, pai. – Falei o abraçando.

 

- Então, saiba que terá sempre um quarto esperando por você.

 

- Eu sei. – Falei com lágrimas nos olhos. Estava me segurando para não desabar ali na frente dele.

 

Depois de toda a despedida, embarquei, e ali sozinha já não pude conter as lágrimas, e nem queria, não tinha mais o porquê de esconder toda a tristeza que estava sentindo. A noite anterior foi maravilhosa, mas eu sabia que não daria certo, Edward sempre me usaria e eu tinha certeza que não conseguiria resistir a ele. Fiz o que era melhor para mim. E o melhor era me afastar dele. Chorei até que o sono me tomou.

 

Acordei com o pouso já sendo anunciado, me recompus antes de desembarcar, se minha mãe me visse com a cara que estava, saberia que algo havia acontecido. Não demorei muito para encontrar as minhas malas, mas antes de retirar a última da esteira uma mão a pegou, me virei para ver quem era.

 

- Oi Bella. – Ele falou com um lindo sorriso no rosto.