Pov. Barry

–Peguei você! –falo quando finalmente consigo agarrar seus pulsos, mesmo com uma luva especial que Cisco fez pra mim, ainda consigo sentir sua pele levemente gelada.

–Parabéns, Flash... –dá o melhor sorriso sínico. Seu tom não é mais doce e quente, é sedutor e gelado. Ela dá um passo para frente, estremeço com a proximidade. E não é de medo. Toda vez que nos encontramos sinto a mesma coisa. Seu sorriso se alarga- Posso sentir o calor do seu corpo aumentando... Você se sente atraído por mim. –fala convencida. Não digo nada. Não tem o que dizer. Ela se aproxima mais e consigo sentir sua respiração fria em minha pele. Engulo seco.

Percebendo meu nervosismo ela me beija. Seus lábios gelados em contato com os meus é enlouquecedor. Como era de se esperar, assim como ela, seu beijo não é nada delicado, e muito menos tímido –não que eu ficasse pensando sobre isso antes-, a sensação de calor e o frio deixa tudo mais intenso. O contraste de temperatura, faz todo meu ser se arrepiar. Nunca me senti assim antes. Solto seu punho e levo a minha mão até sua cintura definida, ela passa os braços pelo meu pescoço e sem descolar nossos lábios, nos guia até uma parede e me pressiona contra ela. Sinto seu corpo colado ao meu, e ironicamente, um calor começa a me invadir.

Procurando por ar, minha boca sai da sua e vai até o pescoço gelado. Meus pensamentos viram um borrão quando ouço seus pequenos gemidos, em resposta as minhas caricias. Volto pros seus lábios com a mesma intensidade de antes. Ela passa a mão por todo meu braço até chegar em minhas mãos, segurando-as e a encostando na parede. Sinto uma sensação estranhas nos meus pulsos, mas ignoro quando ela morde meu lábio inferior, fazendo uma corrente elétrica passar por todo meu corpo. Para minha decepção, a Dra. Gelada, se afasta bruscamente. Me deixando confuso, porém ainda sobre seu efeito, ela sorri.

–Agora eu peguei você! –diz ofegante e vitoriosa.

–O que... –olho para os lados e percebo que inda estou com braços na parede, com um montinho de gelo em volta dos meus pulsos. Ela me prendeu! Tento puxar, mas nada acontece.

–Então... –ela passa a ponta dos seus dedos gelados pela minha bochecha, com um sorriso no rosto- Vamos descobri quem e o dono desses olhos verdes encantadores!

–O que você vai fazer? Me matar e revelar minha identidade para o mundo? –falo tentando ficar calmo- Zoom te mandou fazer isso?

–Ninguém manda em mim! –fica brava- Eu que sou muito curiosa mesmo!

Então, a versão malvada da minha amiga, faz o que diz, e tira minha máscara, não sei que reação esperava dela, mas com certeza não era essa:

–Barry?! –arregala os olhos e se afasta bruscamente, ela não é a única surpresa.

–Como... Como sabe meu nome? –pergunto.

–De onde eu vim... Eu... Eu te conheço... –e pela primeira vez ela parece assustada e confusa.

–O que??? –agora definitivamente eu não estou entendendo nada- Você é amiga do meu Eu da Terra-2?

–Não! –dá uma risada sarcástica- Nunca disse que somos amigos!

Eu reviro os olhos e ela se aproxima, fica analisando meu rosto.

–Somos inimigos então? –ergo as sobrancelhas. Meu coração começa a reagir com sua proximidade.

–Não... –ela ainda está concentrada em mim como se fosse a coisa mais interessante do mundo- Você é só um nerd que eu conheço...

–Claro! –exclamo- Você é uma supervilã e eu continuo a ser um nerd? Só que ainda pior, sem os meus poderes! –falo decepcionado, porém não tão surpreso.

–Algumas pessoas têm mais sorte que outras! –sorri cinicamente e eu acabo sorrindo também.

–Por que está me olhando assim? –finalmente pergunto.

–Nada, eu só nunca imaginei que você poderia ser atraente! –diz e sinto meu rosto esquentar, devo estar da mesma cor do meu traje.

–Obrigada, eu acho... –falo tentando me recompor.

–Você na Terra-1 também cora, quando fica sem jeito!

Finalmente consigo tirar meus braços da parede, quando ela percebe se afasta.

–Olha, não precisamos lutar! Meus amigos podem te ajudar a voltar para casa! –digo me aproximando devagar.

–Você acha mesmo que eu vou virar uma heroína só porque tivemos uma conversa de 3 minutos? –ela ri rapidamente.

–Por que você escolheu esse lado? –pergunto sério.

–Esse lado que me escolheu! –responde no mesmo tom.

–Não! Nós escolhemos nossos lados! Eu poderia roubar bancos, matar pessoas, sem nunca nem ser visto! Mas eu escolhi proteger a cidade de pessoas que escolheram o lado errado, assim como você! –continuo me aproximando- Então por que tem que ser desse jeito?

–É muito mais divertido ser má! –diz simplesmente e faz menção em sair, mas seguro seu braço e a puxo para perto de mim. Ela se surpreende.

–Eu te conheço, sei que não gosta de ser assim... –olho para aqueles olhos claros como gelo, e lembro dos olhos aconchegantes de Cait.

–Errado! Você conhece uma versão de mim! Aquela é normal, que tem amigos que a amam, que tem alguém como você ao lado... Essa não sou eu! Agora me solta! –fica brava.

–Não! –foi minha vez se sorrir.

–Sabe que eu posso te matar né?!

–Então vai! –a desafio- Acaba logo com isso!

Ela cerra os olhos, e coloca sua mão solta em meu peito, sinto uma leve dor, mas nada que não possa aquentar. Não estou com medo. Continuo a encarando, ergo uma sobrancelha como quem diz “Sei que não vai consegui!” e ela suspira frustrada.

–Eu de odeio! –fala me fazendo soltar uma risada.

–Te deixo ir, se você prometer não matar mais ninguém!

–Uma promessa? Só isso?

–Estranhamente eu decidi que confio em você! –sou sincero.

–Decisão horrível! –responde, porem vejo um sorriso querendo escapar dos seus lábios.

–Vou arriscar! –dou ombros.

–Que tal assim, você me solta, e eu não volto mais aqui, nunca mais vai ouvir falar de mim! –e de repente a ideia dela indo embora não me parece tão gratificante assim- Vai até esquecer que me conheceu!

–Acho bem difícil! –minha voz quase não sai e ela se aproxima e me beija novamente.

Dessa vez com mais calma que antes. Meu coração parece querer saltar para fora. Nossos lábios parecem ter sidos feitos um para o outro. Tão errado e tão certo ao mesmo tempo. Como ela acha que vou esquece-la desse jeito?

A irritadinha, se afasta cedo demais, porém eu não a solto. Ela passa a mão livre pelo meu cabelo rapidamente e diz:

–Eu tenho que ir... Prometo não matar mais ninguém...

–Não pode me dar beijos como estes e simplesmente desaparecer! –falo e pela primeira vez ela dá um sorriso sincero. Sei disso, pois é muito parecido com o sorriso da “minha” Caitlin.

–Posso sim, sou a garota má da história, esqueceu? –mesmo sabendo que iria me arrepender, solto seu braço.

Ela coloca a mão em uma das minhas bochechas e dá um beijo rápido na outra, é o suficiente para fazer meu corpo se arrepiar inteiro. Quando se afasta, juro que posso sentir meu coração se partir aos poucos –dramático, eu sei, mas não é novidade que eu tenha me apaixonado pela garota errada.

–Vou te ver de novo algum dia? –pergunto com uma pontinha de esperança.

–Talvez... –ela sorri- Em seus pesadelos com certeza! –responde me fazendo soltar uma risada silenciosa.

Fico ali parado observando ela ir embora.

Deus, como eu vou sentir falta dessa garota!