Pov. Barry

–Eu vou! –digo em meio a discussão e todos os olhares se voltam para mim- Com sua velocidade de volta, juntos podemos pegar ele! Vou para a Terra 2 junto com você!

–Não, é muito perigoso! –Jay responde.

–Ele tem razão, Barry! –Cisco concorda.

–É a única maneira de pará-lo! –retruco.

–Você pode nunca mais conseguir voltar... –Caitlin diz quase em um sussurro.

–Eu não tenho outra opção... –falo mais delicado. Porém os olhares de desaprovação não saem dos seus rostos- Olha, eu não estou pedindo permissão. Eu vou! Já tomei minha decisão.

Os observo atentamente, esperando alguma reação. Mas ninguém se meche.

–Você tem certeza disso? –Joe se pronuncia no meio do silêncio.

–Absoluta.

–Okay! –Cait começa a tirar seu jaleco- Não consigo fazer isso! –diz com certa raiva, me deixando confuso.

–Do que está falando? –de repente fico com medo de sua resposta.

–Eu me demito! –fala colocando o jaleco na mesa de computadores e começo a sentir algo muito estranho dentro de mim.

–O que?! –o latino tira as palavras da minha boca.

–Vocês entenderam!

–Não pode fazer isso! –respondo com mais desespero em minha voz do que queria.

–Eu acabei de fazer! –dito isso, dá meia volta deixando o cortex.

Todos me olham, como se estivessem esperando algo. E meu cérebro parece ter parado de raciocinar, pois estou me sentindo completamente sem direção.

–O que você está esperando para ir atrás dela? –meu pai adotivo diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Não espero uma segunda ordem. Quando chego ao lado de fora do laboratório, paro e começo a procura-la com os olhos. Finalmente a acho indo em direção ao estacionamento, totalmente encharcada pela chuva que caia.

–CAIT! –chamo-a.

–Me deixa! –grita com a voz quebrada, sem nem olhar para trás.

–Não. –digo aparecendo em sua frente- Não pode deixar o seu trabalho só porque está com raiva de mim!

–Você não entente! –começa, e só então percebo que está chorando- Não é só raiva Barry! Eu não vou conseguir suportar perder alguém de novo! Então quanto antes eu sair melhor!

Meu coração se aperta ao ouvir aquilo, mesmo com pouca luz posso ver seu rosto cheio de tristeza, o lábio delicado tremia, não sei se era de frio ou por causa do choro.

–Cait... –eu não sabia o que dizer, então fui sincero no que quero e sinto- Por favor, não faz isso! Não me deixa!

–Você é que está me deixando! –responde olhando nos meus olhos. O pior de tudo, é que é verdade.

Suspiro pesadamente.

–Caitlin, se eu não fizer isso, o Zoom vai sempre voltar e isso nunca vai ter um fim! –explico da melhor maneira que consigo- Mas eu preciso de você!

–Barry... Eu já perdi o Ronnie 3 vezes! Meu mentor, era um louco do futuro que matou a mãe do meu melhor amigo! Agora o Jay vai embora! Todos de quem eu me aproximo de alguma forma vão embora! Não vou ficar para ver você indo também! –ela fala brava.

Nesse momento eu começo a me desesperar. Como um reflexo, me aproximo e coloco minhas mãos em suas bochechas segurando seu rosto molhado. Ela se assusta com meu ato repentino mas não recua.

–Eu vou voltar. –digo simplesmente, com uma confiança tirada não sei de onde. Dessa vez estava falando aquilo por nós dois, porque agora sinto mais que nunca que eu tenho que voltar, eu preciso voltar.

–Como pode ter tanta certeza? –diz em um sussurro.

–Porque você está aqui! E, repito, eu preciso de você! –falo e de repente uma angustia e necessidade percorre todo o meu peito- Preciso de você, como eu preciso de ar para respira! –não estava exagerando, só em de pensar em perde-la fico sem folego. Encosto minha testa na sua e ela segura meus pulsos- Então, pelo amor de Deus, não me deixa! –meu coração bate tão rápido que tenho medo que ela escute.

Por longos segundos, Cait não fala nada, e eu começo a temer aquele silêncio. Então ela finalmente se afastas alguns centímetros só para olhar em meus olhos novamente.

–Barry Allen, você promete que vai fazer o possível e o impossível para voltar? –pergunta visivelmente com medo de tomar uma decisão.

–Prometo! –sou rápido- Dou a volta ao mundo mil vezes se precisar! –e eu não estou mentindo.

Ainda assim ela me fita com aqueles olhinhos cheios de dúvidas. Acaricio sua bochecha gelada com meu polegar. Eu queria tanto beija-la, mas a coragem não vem. Para minha sorte ela é uma das mulheres mais corajosas que eu já conheci.

Caitlin se inclina para frente acabando com os espaços entre nós. É a melhor sensação que eu já senti. Como se fogos de artificio estivessem estourando no meu peito, quando aprofundo o beijo, meu corpo se aquece por inteiro. Esqueço completamente do mundo ao meu redor, da chuva, dos problemas, de tudo. Por aqueles minutos maravilhosos, somos só nós dois.

Quando nos separamos, um sorriso automático surge no meu rosto. Eu me sinto inexplicavelmente bem. Parece que achei uma parte importante de mim que nem sabia que estava faltando, mas que agora, literalmente dependo dela.

–Já perdi muitas pessoas também e, definitivamente, não pretendo perder mais uma! –falo.

–E não vai! –responde com um sorriso encantador.

Acaricio seu cabelo molhado e observo sua feição radiante, não estou diferente.

–Você é tão linda! –digo do nada. Os pingos de chuva haviam diminuído, mas ainda caiam no seu rosto a fazendo piscar adoravelmente.

–Claro, toda encharcada e com a maquiagem borrada, linda! –ironiza me fazendo soltar uma risada.

–Maravilhosa! –completo roubando outro beijo de seus lábios- Podemos entrar agora?

–Sim! –sorri e entrelaças nossos dedos.

Começamos a caminhar sem pressa, apenas aproveitando nosso pequeno momento.

–Barry?

–Hm?

–Também preciso de você! –fala me olhando e apertando mais forte nossas mãos.

–Então parece que precisamos um do outro! –respondo, mesmo nós dois já sabendo disso.