Capitulo 2

Richard tinha acabado de sair do hotel em que estava hospedado, decidiu caminhar pelo Central Park. Voltar para Nova York era algo que ele não esperava neste momento, porém como era movido pelo desafio não deixaria essa chance passar, com certeza seria mais uma oportunidade de ouro para sua carreira que estava em ascensão. Caminhando pelo Central Park relembrou de quando era criança e de quantas vezes esteve ali com seus pais, fez uma nota mental de no dia seguinte ligar para eles e avisar que estava na cidade.

Richard com 32 anos era considerado um prodígio na área que trabalhava, quando jovem foi para Europa estudar e acabou se estabelecendo por lá. Não tinha o que reclamar, seu pai James não aceitou muito o fato do filho decidir trabalhar fora, o que acabou causando algumas desavenças, mas aos poucos foi aceitando. Rick havia decidido não avisar aos pais sobre seu retorno, para evitar falsas esperanças, quando tudo estivesse certo e se ele realmente aceitasse o emprego daria a boa notícia. Só não contou com a extrema saudade, decidindo que no dia seguinte iria telefonar para marcar um jantar com eles, talvez ele já pudesse dar a boa notícia ou simplesmente iria omitir o real motivo pelo qual estava em Nova York.

Caminhava observando bem aquele parque que lhe trazia ótimas lembranças de sua infância. A música alta fazia com que ele sorrisse, não imaginava que pudesse dizer isso, mas se sentia mais do que preparado para voltar para casa, queria voltar e poder trabalhar em sua cidade. Com um sorriso no rosto em meio a tantos pensamentos agradeceu por essa negociação aparecer, pois se não fosse esse convite, talvez ele nunca voltasse a Nova York e agora ali, andando pelo parque onde passou sua infância brincando e passeando ele teve a certeza que era onde ele gostaria de estar.

Enquanto andava em direção a saída do parque deparou-se com uma moça caída. Assustado, aproximou-se lentamente e seu corpo gelou ao ver o sangue que escorria pelo pescoço dela. Com todo cuidado ele verificou se ela tinha batimentos cardíacos e se ainda estava respirando. Aliviou-se ao ver que ela estava viva, porém estava desacordada e o parque deserto, assim como ele, a moça parecia estar fazendo exercícios, olhou para os lados e sem ter quem chamar sua reação foi pegar a moça nos braços e caminhar até o ponto de taxi. Pediu para o motorista que os levasse urgentemente para o hospital mais perto. Com a jovem aconchegada em seus braços, ele passou a mão em seu rosto retirando os cabelos que cobriam uma visão do rosto dela.

– Oh meu Deus. – Rick disse ao perceber quem era a moça desmaiada e sangrando em seus braços. Kate. Ficou surpreso e não percebeu quando chegaram a entrada do hospital. Pagou o taxista e desceu do carro rapidamente.

Já entrou procurando a primeira pessoa que o pudesse ajudar.

Enfermeiro: o que houve?

Richard: Estávamos caminhando e minha esposa desmaiou e bateu a cabeça. – Tivera que mentir, caso falasse que tinha encontrado ela no parque não deixariam que ele a acompanhasse. E o que mais o faria mentir seria saber quem era bela moça que tinha cruzado seu caminho pela segunda vez. Ele tinha um motivo para não abandona-la.

Enfermeiro: Qual o nome da sua esposa senhor? – abrindo passagem para que ele a colocasse em um leito.

Richard: Katherine, Katherine Rodgers.

Enfermeiro: Estarei chamando um médico, o senhor por favor pode preencher o documento de entrada dela no balcão.

Richard: Obrigado.

Richard caminhou rapidamente para o balcão, conseguiu dar entrada de Katherine, ou melhor, a sua Kate no hospital, pensou como a vida era engraçada, se conheceram na Europa, viveram uma paixão intensa, mas a oportunidade de estudar em Dubai fez com que eles se separassem, ela partiu e ele nunca pode esquecer o quão forte tinha sido a curta vida ao lado dela, e agora após suas primeiras horas em Nova York, por alguma armadilha do destino encontrará ela desacordada em pleno Central Park, o que poderia ter acontecido?

Enfermeira: senhor Rodgers, assine aqui, por favor.

– Rodgers?

Richard reconheceu aquela voz, virou-se de frente para a pessoa que o chamou e sorriu.

Richard: olá papai.

James: O que faz aqui?

Richard: acabei de chegar.

Enfermeira: senhor Rodgers, a sua esposa já está sendo atendida. O senhor pode ir ao leito que ela está.

Richard agradeceu a enfermeira e voltou seus olhos para o pai que estava com cara de quem não entendia nada.

James: Esposa?

Richard: Podemos conversar sobre isso depois?

James: eu não acredito que você casou escondido.

Richard: Papai não é nada disso.

James: não é à toa que sua mãe anda tendo problemas de pressão, você mal dá notícias. O que sabemos sobre a sua vida?

Richard: mamãe está doente?

James: acha que estou no hospital a passeio?

Richard: será que podemos conversar civilizadamente?

James: você tem muito a nos explicar, porque não avisou que estava na cidade?

Richard: eu cheguei agora a noite, queria fazer uma surpresa para vocês amanhã.

James: com certeza seria uma grande surpresa. Ver meu filho após 5 anos chegando em casa e casado.

Richard: como está a mamãe? – Ele ignorava as piadas.

James: está em observação, teve uma ameaça de infarto, mas o médico disse que chegamos a tempo.

Richard: eu sinto muito.

Enfermeiro: senhor Rodgers, o senhor irá acompanhar sua esposa?

Richard: sim, só um momento.

James: Quem diria, meu filho está casado.

Richard: Papai temos muito que conversar, em que quarto a mamãe está?

James: no 302.

Richard: prometo que assim que puder passo lá.

James: espero que não demore 5 anos, poderá ser tarde demais.

Richard nada disse, já havia coisas de mais a serem explicadas, não iria querer brigar com seu pai naquele momento.

Virou-se para enfermeira e pediu informação sobre o caminho do leito e lentamente foi até Kate. Sentou-se ao lado da cama devagar para não acorda-la. Não conseguia acreditar que ela estava ali, não pode deixar de sorrir ao lembrar-se dos momentos que passaram juntos. Pegou a mão dela e deu um beijo, a vida realmente era uma caixinha de surpresas, algumas as melhores surpresas.

Acariciava a mão dela em pequenos toques quando sentiu que ela estava acordando já retirando sua mão do homem que lhe tocava.

Richard: Olá Bela adormecida.

Katherine: onde estou?

Richard: no Hospital.

Katherine: Rick é você? – disse terminando de abrir os olhos e reconhecendo a voz que lhe respondia. Encarou os olhos azuis que um dia ela havia se apaixonado e por segundos as lembranças voltaram.

Rick: Sim preciosa, sou eu. Kate o que você aprontou?

Kate: eu estou sonhando? – disse sorrindo ainda não acreditando que ele estava em sua frente e conversando com ela.

Rick: você não está sonhando. – passou a mão sobre seu rosto – eu te encontrei no Central Park. Você estava desmaiada.

Kate pensou um pouco tentando lembrar do que havia acontecido, mas suas mente só lhe levava a lembranças de anos atrás de duas pessoas apaixonadas trocando juras de amor. Sabia que depois de ver ele, sua mente só a levaria a isso.

Médico: Vejo que a paciente já acordou, como se sente senhora Rodgers?

Kate olhou para Rick e mostrou que não estava entendendo nada. Seu sobrenome não era Rodgers, esse era o sobrenome do Rick.

Realmente, o que estava acontecendo?