Katherine corria pelo Central Park, suas emoções estavam a flor da pele e sua cabeça estava um turbilhão. Desde muito nova ela sempre soube que seria herdeira de um império, passou a vida sendo preparada para um dia assumir o lugar do Pai, por muitos anos estudou fora para especializar-se em gerenciamento e análise de mercado, afinal sabia que sua herança não era pouca e ela mais do que ninguém tinha que saber como comandar a empresa. Muitos dos cursos que escolheu fazer ao redor do mundo foram de vontade própria, seu pai apoiava a escolha da filha em se especializar e se sentia muito orgulhoso do interesse que Katherine tinha pelos seus negócios, ele sabia que não havia sido fácil construir o império que hoje possuía, começou de baixo, não havia nascido em berço de ouro, foi preciso muito suor e trabalho para poder estar onde estava hoje. E esse não era um orgulho apenas de Jim mais também de sua filha, que nunca menosprezou a origem pobre de sua família, sabia que seus pais haviam lutado e trabalhado duro para poder conseguir alcançar o sucesso e por isso ela investia a sua juventude nos estudos e mesmo estando pela Europa, Ásia ou Oriente Médio, sempre pedia ao pai que enviasse os relatórios da empresa, gostava de acompanhar tudo que estava acontecendo na empresa, afinal precisa se familiarizar com tudo e todos, não se incomodava de passar noites em claro para poder participar através de conferencias das reuniões da empresa.

Juventude de Katherine havia se resumido a estudos e muito foco em seu futuro, mesmo com tudo isso ainda com 30 anos não se sentia pronta para assumir o lugar de seu pai, porém era preciso. O momento não era dos melhores e como diz o ditado, quando a fase não é boa a tendência é piorar.

Ela havia voltado para Nova York a pouco mais de seis meses e trabalhava como diretora da empresa da família e estava se destacando e ganhando a confiança dos funcionários. Seu pai era puro orgulho, assim como sua mãe que era responsável pelo setor de Recursos Humanos.

Mesmo com seus esforços e estudos, ela ainda não se sentia pronta, para seu pai ela estava mais do que preparada, o exemplo disso era que ele já deixava algumas reuniões a cargo de Katherine, porém ela dizia que ele ainda era jovem e ainda tinham muito que aprender com ele, tudo que pode aprender nas universidades ela havia se esforçado, agora era o momento de aprender com seu pai, ela dizia isso com todo orgulho do mundo, tinha em seus pais os heróis.

Mas a vida nem sempre é justa com a gente.

Katherine foi posta à prova quando seu pai sofreu um grave AVC, esse fato fez com que sua vida virasse de ponta cabeça, havia chegado a hora de assumir a empresa e o momento não era dos melhores, a empresa passava por uma grave crise financeira, seu pai vinha tentando de tudo para reerguer a empresa era preciso se reestruturar, por isso ele depois de muito tentar tinha conseguido marcar uma reunião com um executivo especialista em gerenciamento de crises, porém seu AVC foi uma semana antes da reunião. Tudo estava nas mãos de Katherine, por mais que soubesse o que estava acontecendo na empresa, lhe faltava confiança e ainda havia o grave estado de saúde de seu pai, isso estava deixando a jovem ainda mais atordoada, porque tudo tinha que acontecer desta maneira?

Muitas vezes ela e seus pais planejaram como seria a passagem da presidência para ela, porém nada aconteceu como planejado e agora ela se sentia perdida e com medo.

Como enfrentaria esse tsunami que estava sua vida?

Depois de um longo dia de trabalho, onde ela ficará todo o dia trancada em sua sala, analisando relatórios e buscando alternativas para encarar essa crise. Da empresa foi diretamente para o hospital onde seu pai estava internado e saiu de lá arrasada. O boletim médico não era dos mais favoráveis, ela e sua mãe se desesperaram ao ouvir as notícias do médico da UTI, as próximas 72 horas eram cruciais para a vida de Jim Beckett e depois disso ainda teriam que ser analisadas as sequelas do AVC.

Todas essas informações fizeram com que mãe e filha chorassem abraçadas. Uma tentando passar força para a outra. Katherine sabia que precisa ser forte por ela e pela mãe.

Depois de tudo, por enquanto sua mãe só tinha a ela.

Após sair do hospital Katherine deixou sua mãe em casa e mesmo com a insistência para que ficasse ela preferiu ir para seu apartamento. Estava muito apreensiva, nervosa e ficar com sua mãe naquele momento não era uma das melhores opções.

Dirigiu até seu apartamento e após um copo de água, trocou de roupa e foi em direção ao central Park. Já passavam das nove da noite e ela não se importava.

Precisava correr. Precisava extravasar tudo que estava sentindo e era na corrida que poderia fazer isso.

Depois de muitas voltas ela perdeu a conta. A noite estava fria, porém seu corpo estava quente e sua cabeça estava como um vulcão em erupção. Pensava nas decisões que estavam sob sua responsabilidade, a crise que teria que enfrentar sem o apoio do seu pai.

Como gostaria de poder voltar ao tempo e poder ficar mais ao lado dele, ter aprendido mais com ele.

Em meio a sua corrida, as lagrimas caiam por seu rosto, sabia que o dia seguinte não seria fácil e precisa encontrar forças de nem onde ela mesma sabia para encarar as diversas reuniões que estavam marcadas. Buscava em sua corrida encontrar respostas para tudo que precisava enfrentar.

Seu folego estava no limite, sua cabeça estava quase explodindo e seu corpo também chegará ao limite. Ela tinha se entregado aos problemas e esqueceu de se cuidar e principalmente de se alimentar. Correndo da maneira que estava não teria corpo que aguentasse o esgotamento físico e emocional.

Em meio aos seus pensamentos, Katherine começou a se sentir tonta e procurou um local para se sentar. E quando percebeu que não tinha um banco a vista já era tarde e seu corpo desfaleceu no chão com sua cabeça indo de encontro com uma pedra.

Ela havia batido a cabeça e estava sozinha.