Agentes escrita por Ana Cdween


Capítulo 8
Hospital


Notas iniciais do capítulo

É sexta-feira o// o// o// o// o// Quero agradecer os comentários do capitulo anterior, em especial Morghana linda :) pelo belíssimo comentário, eu e Ana amamos eternamente!



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John

Acordei depois do almoço, Edd já tinha até ido embora. Recolhi algumas garrafas e limpei a sala, deixei tudo organizado porque Jane podia aparecer há qualquer momento.

Eu comi algo que achei na geladeira e subi, fiquei ligando pra ela, e ligando, e ligando, muitas vezes ela desligava, outras vezes ela deixava tocar até cair, mas eu sabia que ela estava vendo cada ligação minha e ignorando. Talvez rindo da minha cara e me achando um otário.

Não fiz nada a tarde inteira, Edd deixou chá pra mim, então eu fumei e dormi mais. Acordei e tomei um banho de banheira tão longo que me senti cozido naquela água quente. Insisti em ligar e por fim ela atendeu.

Sua voz era fria e amarga e eu sentia tristeza nela, cada palavra era forçada a sair, cuspida mesmo, e ela se fazia de forte como sempre, dizendo não se importar, se mantendo superior e alheia ao sofrimento. Era a casca que ela sempre carregava, a de Jane forte e superior, mas a verdade é que quando ela é olhada nos olhos, ela se entrega, fica vulnerável e mostra o que é de verdade. Eu quebraria essa casca quando eu tivesse chance, olharia dentro de seus olhos e deixaria que ela falasse, e sempre funciona. Depois que eu desliguei dei mais alguns tapas no beck, o suficiente pra eu relaxar e me deitei.

Segunda-feira e fui bem cedo para o escritório, queria botar pra quebrar, sair pra qualquer missão e deixar as coisas se ajeitarem em seu tempo, na verdade era minha fuga, meu trabalho dessa vez seria minha forma de não pensar no que estava acontecendo, e não pensar nela. Pedi para outro agente tirar o dia de folga e tomei o lugar dele em uma missão.

Dei o melhor de mim, mas não me senti cansado o suficiente para ir para casa. Fui para academia e treinei box por mais duas horas. Meu treinador até ficou surpreso ao me ver lá, pois tinha deixado o boxe meio que em segundo plano depois que me casei com Jane. O treino foi duro e ele pegou pesado comigo, muito pesado mesmo, fiquei todo dolorido e com alguns hematomas. Voltei para o escritório correndo e peguei meu carro, dirigi tranquilamente e apaguei.

Jane

Eu acordei meio tarde, na hora do almoço quase. Era uma coisa que nunca fazia, acordar tarde em dias de semana, mas era uma exceção porque não iria para o escritório essa semana, e essa mentira que inventei sobre estar viajando com John acabou me ajudando muito nessa fase tensa de divorcio.

Tomei um copo de suco e comi algumas torradas, me sentia enjoada e muito indisposta, tomei um banho de banheira bem longo, até sentir meu corpo ficar todo cozido pela água quente, eu e John costumávamos cozinhar na banheira às vezes, bem no início do relacionamento, quando não dos desgrudávamos.

Alfred veio e me deu um oi, acho que na verdade queria se certificar de que eu tinha comido. Conversamos um pouco e depois ele saiu, foi para o trabalho no hall e me disse pra chama-lo caso precisasse, disse também que eu estava muito pra baixo e não parecendo a Jane que ele conhecia, mas que quem sabe assim eu parava com a besteira de me separar.

Até eu por um momento pensei em desistir e voltar pra casa, estava sentindo a falta do cheiro bom dele, das mãos dele que às vezes me tocava e dos olhos de desejo sempre em cima de mim.

Parei por um momento em frente o espelho, tinha emagrecido um bocado nesses dois dias e me sentia fraca e feia. Eu tinha olheiras e meu corpo inteiro doía. Me vesti para ir até o escritório do advogado, mas me senti muito indisposta e por um momento queria voltar para a cama, mesmo assim peguei a bolsa e desci o elevador até o térreo, decidi ir de taxi porque me sentia mal até para dirigir.

Alfred me abraçou forte, soltei o corpo no colo dele.

–-Minha menina, acho que você deveria ir ao médico, to te achando tão pálida.

–-Não tem nada de errado comigo Alfred, só to me sentindo um pouco indisposta hoje.

–-Porque não sobe e toma uma caneca enorme de leite quente e dorme, sente esse friozinho.

–-Eu preciso falar com meu advogado, já marquei com ele,e marquei uma massagem pra depois pra relaxar.

–-Não precisa correr com isso Jane, não é melhor ter certeza?

–-Eu já marquei, não posso...

–-Você pode sim querida.

–-Chama um taxi pra mim Alfred, esqueci uma coisa lá em cima.

–-O que você esqueceu Jane?

–-Minha arma.

–-Pra quê?

–-Não ando sem ela.

Subi e desci logo em seguida, Alfred já tinha me chamado um taxi e apenas me despedi dele e entrei.

O escritório do advogado ficava só alguns quarteirões dali, eu poderia ter ido andando, mas como eu me sentia mal acabei indo de taxi mesmo.

Cheguei e subi, último andar, levei cerca de 1 min. para chegar lá, mas como estava entediada, era como se eu estivesse ficado lá por mais de 1hr.

Meu advogado era um homem alto, grisalho e muito atraente. John o odiava porque sempre dizia que ele era um homem atraente. Quando eu disse do que se tratava nossa conversa pude perceber um sorriso nos lábios dele, disfarçado, claro!

Ele me assegurou que faria da melhor forma possível e o mais rápido possível. Desci e peguei outro taxi até onde iria fazer a massagem.

Quando cheguei Anna já me esperava, eu fazia massagem semana sim e semana não.

Tirei a roupa e me deitei, ela começou a massagem pelas minhas costas e disse o quanto eu estava tensa e com o corpo rígido. Meu celular começou a tocar insistentemente, provavelmente era John. Eu ignorei o deixando na bolsa.

Parou de tocar por alguns instantes, mas logo voltou e me irritou. Me estiquei e peguei o celular, era um número desconhecido. Coloquei no silêncioso, mas não atendi a ligação. Tocou mais umas 4 vezes. Era insistente, pedi licença para Anna e atendi.

–-Sra. Smith?

–-Sim.

–-Aqui é do hospital New York Center, seu marido é John Smith?

–-Sim.

–-Que bom que conseguimos localiza-la.

–-O que houve? Fiquei tensa novamente.

–-Seu marido sofreu um acidente num cruzamento há alguns quilômetros daqui do hospital. Ele...

–-Como ele está? Passaram várias imagens de minha mente.

–-Chegou inconsciente e com ferimentos graves, está acordado agora, mas vamos induzi-lo ao coma para fazer duas cirurgias delicadas. Quando ele acordou ele chamou pelo seu nome, então procuramos nos registros e encontramos seu telefone.

–-Não façam nada, eu to indo pra ai. Desliguei. –-Anna, meu marido sofreu um acidente, preciso ir até o hospital correndo, eu volto aqui e acerto com você depois.

–-Não esquenta a cabeça com isso Jane, você está de carro? Quer que eu chame um taxi?

–-Pode chamar um taxi para mim?

–-Claro. Ela ligou na recepção pedindo um taxi enquanto eu me vestia.

Eu desci igual uma doida e entrei no taxi. Levei cerca de 30min para chegar lá, era perto, mas estávamos na hora do rush, o que me fez demorar. Quando eu entrei no hospital meus olhos estavam cheios de lagrimas, mal conseguia enxergar.

–-Sou Jane Smith, vim pelo paciente John Smith, acidentado há pouco. Mal consegui falar

–-Pode subir Sra. Smith, 7º andar, sala 57.

–-Obrigada.

Liguei para o Edd enquanto esperava o elevador.

–-Edd, John sofreu um acidente, pode por favor vir até o New York Center?

–-Jane não entendi, pode falar mais devagar?

–-John sofreu um acidente, estou no New York Center, você sabe onde fica?

–-Mas como isso aconteceu?

–-Eu ainda não sei muita coisa, mas ele vai fazer duas cirurgias.

–-Eu tô voando pra ai.

–-Ta bem. Desliguei e entrei no elevador.

Quando eu subi o andar estava uma correria, muitas enfermeiras entravam e saiam do quarto, dois médicos analisavam radiografias do que pareciam ser o osso da perna, John estava deitado, imobilizado e olhava para o teto, seus olhos estavam cheios de lagrimas e seu nariz sangrava muito.

Me aproximei e deixei que ele me visse.

–-Achei que não viesse. Ele disse baixinho.

–-Como eu poderia não vir? Não me contive e corri para perto dele.

–-Ainda está brava comigo e quer o divorcio?

–-Para de pensar nisso agora, está bem? Quando você sair dessa vamos brigar mais um pouco para que eu possa ficar mais brava com você.

Ele sorriu e a lagrima presa nos olhos escorreu de lado.

–-Acha que saio dessa?

–-Talvez com algumas cicatrizes na perna, mas por sorte nada no rosto, vai continuar o mais gato de todos. Dei-lhe um beijo na testa.

Ele sorriu de novo, a enfermeira me pediu que segurasse uma faixa de algodão no nariz dele.

–-Não queria que me visse assim.

–-Você está melhor do que pensei, tirando sua perna, você parece bem.

–-Minha perna ficou prensada na ferragem do carro, fiquei muito tempo lá até cerrarem o carro, eu juro que não bebi e não estava correndo.

–-Não precisa ficar me dando explicações agora. Ele segurou minha mão.

–-Só quero que diga a eles, eu juro que não fiz nada errado, não dessa vez, eu juro.

–-John, se acalma ou vai perder ainda mais sangue pelo nariz.

–-Você está grudenta Jane. Ele tocou meu braço.

–-Estava no meio de uma massagem quando me ligaram, ainda estou cheia de óleo.

–-Quando eu sair dessa quero fazer massagem em você, para compensar pelo estresse.

–-Acho que quem precisa de massagem é você nessa sua perna fudida ai. Sorri e ele sorriu de volta.

–-Viu fazer uma massagem em mim? Hein querida?

–-John!

–-Sra. Smith, precisamos leva-lo para a cirurgia agora, uma enfermeira lhe explicará todos os procedimentos, precisamos leva-lo para a sala de cirurgia.

–-Claro Doutor.

Me voltei para John que ainda olhava meu rosto.

–-Vão me apagar, mas eu queria ver você antes.

–-Vai dar tudo certo, não se preocupe, você é forte, John.

–-Vai estar aqui quando eu acordar?

–-Claro meu amor. Beijei a testa dele que fez o mesmo comigo, soltei sua mão e deixei que o levassem.

–-Sra. Smith, sente-se aqui, vamos conversar. A enfermeira me chamou.

Me sentei ao lado dela, minhas mãos estavam tremulas e meu corpo tenso.

–-Como tudo isso aconteceu? Quais cirurgias ele vai fazer?

–-Seu marido teve esmagamento da perna direita, os médico vão refazer o osso ou se o caso for mais grave e não dê para refaze-lo, vão colocar um pino no lugar. É uma cirurgia delicada, porém, o risco de uma fatalidade é pequeno, foi descartado hemorragia interna, o que descartou uma segunda cirurgia.

–-Você tem alguma informação sobre o acidente?

–-Recebemos um boletim da policia pelo qual eu não tenho acesso, mas no térreo tem um escritório onde podem te passar todas as informações.

–-Muito obrigada.

–-Não se preocupe que se marido vai ficar bem, só vai precisar de ajuda na recuperação que é bem lenta.

–-Quanto a isso não se preocupe, John tem muitos amigos, tem família e...Olhei e minhas mãos tremiam. –-Tem a mim também.

–-Tenho certeza que cuidaram bem dele. Agora preciso continuar meu trabalho. Com licença, Sra. Smith.

É, eu acho que posso cuidar bem dele sim. Respondi para mim mesma dentro da minha cabeça turbulenta.

Fiquei sentada lá vendo os ponteiros do relógio girarem enquanto pensava se ligaria ou não para os pais de John para contar sobre o acidente. Quem sabe a mãe dele viesse pra cá e cuidasse dele, e eu ficaria livre, mas ela vindo provavelmente ficaria no meu pé para não pedir o divórcio e inventando jantares românticos para que nós dois voltássemos.

Decidi deixar que John decidisse quando ele acordasse.

Edd chegou e ficou comigo a espera de noticias, me falou sobre a rotina de John o dia inteiro.

–-Edd, ele parecia cansado? Com sono?

–-Nada Jane, posso afirmar que ele não dormiu no volante.

–-Ele estava bem mesmo?

–-Jane, se quer saber se ele estava triste por você tê-lo deixado, sim, ele está péssimo, tá fingindo ser forte, mas da pra perceber o olhar dele de que está triste.

–-Foi péssimo mesmo.

–-Jane, eu não tenho nada com isso, mas mais uma vez vou falar o que acho, estão se precipitando, vocês se amam e só precisam conversar, colocar em pratos limpos e só assim podem levar o casamento a sério de novo...

–-Olha quem fala em levar as coisas a sério.

–-Jane, não precisa ser cínica comigo, meus relacionamentos não deram certo porque não era pra ser e todos sabem disso, agora com você e Johny é bem diferente, todo mundo fala que vocês são lindos juntos, o pessoal lá da agencia fala sempre de como ele muda quando você vai lá, do quanto ele fala bem de você, Jane. John é um cara apaixonado, idiota, só isso, ai ele perde a noção das coisas, mas ele não faz por mal, ele ama você e posso apostar que essa distância que essa separação de vocês vai acabar mais com ele do que com você...

–-Como pode saber se eu não estou sofrendo, Edd?

–-Não é questão de apenas sofrer, Jane, John se faz de forte e independente, mas na verdade é mais fraco do que parece e totalmente dependente de você.

Não respondi mais. Fiquei apenas analisando o que ele tinha dito sobre John ser dependente de mim. E era verdade, ele era muito dependente de mim, e era pra tudo, apesar da sua personalidade instintivamente protetora e até mesmo machista, às vezes. Ele sempre se fez de forte, mas sempre era ele quem perdia a briga pra gente ficar bem, era ele quem pedia desculpas por coisas que nem fez, só pra ganhar um beijo e foi ele quem segurou a barra do nosso casamento até hoje, talvez ele apenas fosse um menino perdido e que nesse momento necessitava de cuidados.

–-Edd pensei em ligar para os pais dele para falar sobre o acidente, falar que ele vai precisar de cuidados.

–-Não precisa ligar para a mãe dele não, a velha já tem problemas demais, já que você não vai cuidar dele eu chamo uma enfermeira particular.

–-Do que tá falando?

–-Da Susi, aquela enfermeira que cuidou de mim no ano passado, quando sai da casa da minha mãe e bati o carro.

–-Aquela vadia? Acha mesmo que vou deixar ela chegar perto do John?

–-Ele não é mais seu marido, não é?

–-Enquanto a gente não assinar a papelada ele continua sendo meu marido, então respeite, Edd.

–-Então tem que cuidar dele, Jane.

–-Eu já disse que vou cuidar Edd, agora vamos descer, uma enfermeira disse que lá embaixo tem uma sala onde ficam os laudos das entradas dos pacientes, vamos dar uma olhada se falam algo sobre o acidente do John.

–-Te falaram o tempo da cirurgia?

–-Não, mas pela situação da perna dele, deduzo que pode demorar.

–-É que quero vê-lo o quanto antes.

–-Talvez tenha que esperar o tempo dele acordar para ter visita, e fui colocada como acompanhante.

–-Passa para o particular e pode entrar quem quiser.

–-Vou fazer isso assim que encontrar a enfermeira que me atendeu.

Descemos até o térreo e pedimos informações e na sala de atendimento mesmo um recepcionista me informou sobre o acidente. John estava num cruzamento quando um homem passou no amarelo e o atingiu no lado esquerdo, sua perna foi prensada por uma parte da lataria do carro. Escoriações no rosto, nos braços, perda de consciência no impacto e sangramento no nariz também fazem parte do relatório entregue na emergência pelos socorristas. Realmente, John estava certo dessa vez, nada de estar correndo, nem bêbado e também não dormiu no volante como eu achava.

Voltamos para o andar da cirurgia e fomos logo parados por um médico.

–-Sra. Smith?

–-Sou eu.

–-Saiu o laudo toxicológico do seu marido e acusou álcool e THC em baixo teor nas últimas 24 horas.

–-Bebemos um pouco e também fumamos maconha, mas isso foi no sábado.

–-Essas substância podem deixar resíduos no organismo por vários dias, bem pequenos e incapazes de causar tal estrago, nem a maconha nem o álcool teriam feito John cometer o acidente, se estão preocupados com a inocência dele, podem se tranquilizar, em meu relatório para a investigação da causa do acidente vão constar apenas o estado em que o paciente chegou no hospital e quais procedimentos foram necessários.

–-Obrigada, Doutor.

–-Ele já saiu? Edd parecia mais ansioso do que eu para que ele saísse.

–-Ainda não, mas fiquem tranquilos que fiz a supervisão e a cirurgia foi um sucesso.

–-Mas foi colocado pino?

–-Não, fizemos a reconstrução do osso pela parte interna da perna dele, o único problema vai ser a sequela.

–-Sequela? Acho que meus olhos se arregalaram, não conseguia ver John com nenhuma sequela.

–-Calma Sra. Smith, a perna dele vai ficar muito sensível, o que vai impossibilita-lo de praticar esportes de impacto, mas ele pode caminhar e até mesmo correr com conforto, na verdade tudo depende da recuperação.

–-E como vai ser essa recuperação?

–-Primeiro repouso total, ele deve andar o quanto menos até o inchaço perder volume e os postos secarem. Após os pontos começa a fase de fisioterapia, é a parte onde muitos desistem e acabam com a perna limitada a apenas caminhar, porque é um processo lento e muito dolorido, mas pelo tipo físico do seu marido, ele deve malhar ou praticar algum esporte, o que faz com que ele seja mais forte e tenha mais perseverança em voltar a pratica diária e tenha sucesso na fisioterapia.

–-Ele corre, faz box e joga golf.

–-Talvez o box seja arriscado, mas tudo é possível se ele insistir na recuperação.

–-Certo Doutor, obrigada.

–-Quando ele sair você pode ficar com ele.

–-Doutor, como eu faço pra passa-lo para o particular?

–-Ah, ele foi cadastrado como particular Sra. Smith, parece que na carteira dele tinha o cartão de convenio.

–-Ah claro, então está tudo certo.

–-Sim, ele pode receber visitas há qualquer horário, porém, é melhor deixa-lo descansar.

–-Claro Doutor, não se preocupe.

Eu comemorei por dentro que estava tudo bem com John, apesar de eu querer a cabeça dele, eu ainda o quero inteiro, se alguém tiver de mata-lo que seja eu.

Desci até a lanchonete e comi um sanduiche, o remédio que aquela médica idiota me deu estava fazendo efeito, eu não estava mais passando mal, porém, eu não sentia mais fome e comia porque sabia que tinha que comer. Acho que por isso me sinto indisposta, e ando bebendo demais e atrapalhando o efeito correto do remédio.

Voltei e não encontrei Edd na sala de espera, me sentei e tentei me acalmar, já faziam mais de 3hrs que John estava na cirurgia, eu estava ansiosa para receber notícias.

A enfermeira que tinha conversado comigo quando ele entrou para a cirurgia reapareceu.

–-Sra. Smith, seu marido já vai sair, a cirurgia foi um sucesso e acredito que ele acorde em breve.

–-Ele vai ficar bem?

–-Sim, só vai parecer meio grogue e pode ser que não fale coisa com coisa, mas logo ele volta ao normal.

–-Ai graças a Deus. Agradeci aliviada.

–-Pode comemorar Senhora, com licença.

Edd apareceu e se sentou ao meu lado, contei a ele que John seria levado ao quarto a qualquer momento e ele demonstrou alivio como eu.

Meio hora depois ele foi transferido da sala de cirurgia para o quarto, eu e Edd entramos. John estava inconsciente e era pálido e frio.

–-Nunca o vi assim Edd, est á tão frio, parece mais que não está aqui.

–-Para de falar besteira Jane, ele só está anestesiado.

–-Quero que acorde logo.

–-Para brigar e pedir o divorcio?

–-Edd, cala a boca. Acho que o fuzilei com o olhar.

–-Jane. Era a voz de John, só que rouca e baixa.

–-Oi, você está bem? Acho que até meu tom de voz mudou para falar com aquele John frágil e deitado.

–-Ficou aqui?

–-Claro, esperando você acordar, como se sente?

–-Não sinto nada agora, mas tenho certeza que quando isso passar meu corpo inteiro vai doer.

–-Podemos dar um jeito nessa dor no corpo assim que ela aparecer.

–-Vai dar uma surra nele, Jane?

Eu só me virei e fuzilei Edd, mas na verdade eu queria era bater nele.

–-Vai para casa comigo? John disse e fez com que me virasse fitando seu rosto.

–-Ainda vamos conversar sobre isso.

–-Já sabe quando eu posso voltar para casa?

–-Quanta pressa, John.

–-Só quero o conforto da nossa casa.

–-Johny, valeu por perceber que estou aqui.

–-Edd, eu sei que você está ai, agradeço por ter vindo...

–-Ta bom, não precisa explicar nada, eu sei que vocês dois tem muito o que conversar, só queria mesmo ver o estrago.

–-Só minha perna foi para o saco.

–-O pior já passou John, que bom que tá bem cara. Eu já vou indo, vou deixar os pombinhos a sós.

–-Nada disso Edd, fica o tempo que você quiser. Eu insisti para que Edd ficasse, pois não queria ficar sozinha com John.

–-John, conta pra gente o que você lembra.

–-Eu sai do treino e fui andando até o escritório, peguei o carro, liguei o som e peguei o caminho que faço todos os dias, porém eu só me lembro de ter chego até a Fifth Avenue, lotada como sempre, o sinal estava vermelho e quando ficou verde eu acelerei e apaguei, não me lembro de mais nada.

–-Pelo pouco que sabemos, o cara te atingiu em cheio, você deve ter apagado no impacto, seu carro virou um bagaço, ta cheio de fotos nos jornais online.

–-Tem meu nome?

Fiquei apenas ouvindo a conversa e olhando o rosto dele, cheio de pequenos cortes feitos pelo vidro do carro, no pescoço e nas mãos. Eu fiquei vidrada nos lábios dele, senti meu corpo mole e tremi na base, a verdade é que eu queria beija-lo desesperadamente, eu queria sentir aqueles lábios nos meus, talvez Alfred tivesse razão quando diz que eu o amo, mas porque eu tenho vontade de mata-lo?

–-Nada John, estão colocando como “dono do carro desconhecido.”

–-Melhor assim.

–-Por que, John? Resolvi quebrar meu silêncio.

–-Ah querida, imagina minha mãe vendo meu nome no jornal, meu irmão e...

–-E quem?

–-Meus sócios em Atlanta.

–-Humn.

Fui para perto da janela e fiquei olhando aquela lua enorme que estava no céu.

John ficaria lá por tempo ainda indeterminado.

A primeira noite eu dormi lá, queria estar junto quando a dor começasse, e foi bem na madrugada, eu dormia toda torna na poltrona, acordei e John resmungava baixo, gemendo pela dor. Me levantei e toquei seu rosto, ele suava frio e tinha os lábios cerrados, fazendo força para não gritar de desespero, me disse que era uma dor engraçada, uma sensação de ferida aberta que ardia e queimava.

Me sentei na cadeira ao seu lado, tentei me aproximar o máximo sem toca-lo, mas não adiantou muito porque ele segurou minha mão, um toque forte, mas não era de desejo, era um toque de dor.

Eu sentia a respiração dele no meu colo despido, era quente e por um momento esqueci de nossas brigas e de ter pedido o divorcio, apenas me aproximei e acariciei seu orelha.

–-Se acalma, relaxa, respira! Acho que sussurrei porque estava próxima demais e não precisei falar alto.

Ele respirou fundo e foi fechando os olhos a medida que eu acariciava suas orelhas e depois seu cabelo loiro e curto.

–-Você não tem noção do quanto esse carinho me acalma.

–-Eu sei que você gosta, fica quietinho fica?

Quando eu percebi já tinha lhe dado um beijo bem próximo aos lábios.

–-Você vai mesmo para casa comigo?

–-Para te ajudar na recuperação. Continuei com o carinho na orelha.

–-Eu devia ter me acidentado antes.

–-Por que está falando uma besteira dessas?

–-Porque ai a gente não teria brigado e você não teria ido embora.

–-Para de pensar nisso, fica quietinho que você relaxa.

–-Estou com dor Jane, tá sendo pior do que eu imaginei.

–-Você é forte, eu sei que vai aguentar.

–-Tomara que eu seja forte o suficiente.

–-Para de pensar nisso e relaxa!

–-Vai ficar comigo?

–-Não vou sair do seu lado.

–-Promete amor?

–-Prometo se você ficar quieto. Acabamos sussurrando um para o outro, era engraçado estarmos ali, daquele jeito, com toda aquela ternura rolando, todo aquele carinho que nós conhecíamos muito bem, porém, andava meio em segundo plano, trocávamos olhares sinceros e nossas mãos unidas fez com que dormíssemos, eu sentada e com a mão na nuca dele e ele virado como se me observasse antes de dormir.


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Notas finais do capítulo

Xo Jolies



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