America estava enlouquecendo.

Todas as ruas eram iguais: os mesmos carros e engarrafamentos, os mesmo semáforos e faixas de pedestres, as mesmas lojas e prédios, as mesmas árvores e pessoas.

Era tudo exatamente igual.

Ok, não exatamente.

Mas era bem parecido, pelo menos para America.

Depois de horas no “inferno” mais conhecido como trânsito, America encontra uma lanchonete estilo pub, onde resolve entrar. Depois de estacionar o carro e quase morrer atropelada, ela entra na lanchonete cheia de bancos vermelhos estofados e senta em uma mesa de frente para a janela enorme.

— Alguma coisa em mente? — uma garçonete com grandes olhos azuis e cabelo loiro muito liso pergunta.

— Hã... Como? — America pergunta confusa.

— Estrangeira? — a garçonete pergunta e ri carinhosamente. — Bem, as pessoas geralmente vêm aqui já sabendo o que querem pedir, mas você é nova na cidade, eu recomendo o cappuccino para beber, combina com qualquer outra coisa que você pedir.

— Ah, certo. Bem, então quero um cappuccino, e... Isso aqui — aponta para um bolo que aparecia no cardápio pequeno sobre a mesa. —, por favor.

— Me chamo Marlee, se precisar de alguma coisa ou não gostar de algo, é só pedir para alguém me chamar. A maioria das pessoas me conhece. — a garçonete loira diz e então começa se afastar.

— Eu sou America, e eu não conheço ninguém por aqui, a não ser o Maxon Schreave. Mas não somos amigos.

Ao ouvir o nome de Maxon a garçonete, Marlee, se vira rapidamente para America.

— Você conhece o famoso Schreave? — Marlee pergunta curiosa.

— Então ele realmente é famoso?

— Você realmente não sabe quem ele é? — Marlee parecia não acreditar.

— Não. — America fala sincera.

— Certo, vou levar seu pedido e já volto. Falta exatamente cinco minutos para meu turno acabar.

***

Pelo que Marlee contou Maxon Schreave era realmente famoso. Dono de um grande império de empresas de Whisky. Tem cinco filhos. Todos de casamentos fracassados.

— De algum modo aquele pedaço de mal caminho nunca segura uma mulher por muito tempo. — Marlee diz, ambas estavam passeando a pé pelas ruas.

— Perdeu tantas mulheres, talvez o problema esteja nele e não nelas.

— Talvez você esteja certa, mas então, ele realmente convidou você a ser babá dos filhos dele e disse que vai te pagar mais que uma arquiteta e jornalista ou você estava apenas zoando com a minha cara?

— Estou falando sério. Não sei se aceito. Vou ver se consigo outro trabalho, vou deixar isso como um plano B.

— Acho que você devia aceitar. Ele não vai tentar nada com você, se é isso que tens medo, e cara, você vai ser praticamente rica com a fortuna que vai ganhar.

— Eu sei, mas algo me diz para não aceitar. E são 5 crianças! Cinco!

— Três, outros dois são maiores de idade.

— Não faz muita diferença.

— Façamos um trato, você me disse que precisa de uma colega de apartamento. Bem, eu sou sua colega de apartamento e prometo pagar tudo em dia e não fazer nada estranho, se você aceitar o emprego... Vamos, você vai trabalhar na casa de um famoso! Não deve ser tão ruim.

Mesmo com poucas horas de amizade, Marlee conquistou America e o ato foi recíproco. Marlee tinha algo que fazia com que todos aceitassem suas propostas e saciassem seus desejos. E depois de muitos “nãos” America dá o braço a torcer e concorda.

— Vou ir no escritório dele e talvez aceitar o emprego, feliz assim senhorita Marlee Tames?

— Ótimo! — Marlee começou a dar gritinhos adolescentes de excitação e a bater as mãos em um gesto infantil de alegria.

— Você pode se mudar amanhã para o meu apartamento, já te passei o endereço, não? — America pergunta rindo.

— Sim. Vou passar lá de manhã. Há... America tem mais uma coisa... Bem, tenho um namorado. Carter Woodwork e bem... Ele pode ficar conosco no seu apartamento? — Marlee pergunta hesitante.

— O apartamento agora é nosso, e sim ele pode, mas... Precisa ajudar no aluguel, podemos dividir entre nós três, o que acha? O apartamento é caro, mas é bem espaçoso. Apesar de que acho que vão dormir juntos... — America responde com um sorriso gentil nos lábios.

— Obrigada! Obrigada! Obrigada, obrigada, obrigada! Muito obrigada, America! Você é a melhor! — Marlee abraça America pelo pescoço, sufocando a ruiva.

— Ei, Marlee, estou meio perdida, deixei meu carro na frente da lanchonete, podemos voltar? — America pergunta depois de ser solta pela nova amiga.

— Certo, vou te mostrar o caminho, tente decorar, tudo bem? Na rotina você se acostuma... Promete que vai direto falar com ele? Quero ver você empregada logo! Ai vemos suas noites de folga e podemos sair por ai...

— Mas já? Marlee...

— Prometa, America! Assim que entrar no seu carro você vai direto às Empresas Schreave’s.

— Mas, eu posso fazer isso amanhã... — America tenta de novo.

— Prometa logo mulher!

— Prometo.

***

Maxon respirava fundo enquanto entrava novamente na empresa. Clara sua fiel escudeira estava já estava o esperando.

— Aqui está seu celular, a senhora sua mãe já foi para a própria casa com seu pai, e disse que está lhe intimando a comparecer no almoço de hoje, disse que só assim para você realmente aparecer por lá. Sobre o manobrista e os arranhões... Todos os carros já estão na sua casa, e eu não demiti o manobrista nem nada, mas disse para ele tomar mais cuidado e não tocar em nenhum carro seu, Sr. Schreave. — Clara fala de uma vez só assim que Maxon se aproxima e depois de terminar a grande fala, respira fundo várias vezes, dando tempo para Maxon responder.

— Primeiro: obrigado pelo meu celular... — Maxon começar, pegando o celular e guardando no bolso interno do paletó. — Segundo: minha mãe acha que eu passo meus dias em um parquinho de diversões. Terceiro: COMO ASSIM VOCÊ NÃO DEMITIU ELE, CLARA? ELE ARRANHOU MEU CARRO! ELE MERECE SER DEMITIDO E TER O PREÇO DO CONCERTO DESCONTADO DO SEU SALÁRIO!

— Ele não é rico como você Maxon! Meio mundo não é. Você sabe disso, ele tem três filhos e uma mulher grávida em casa para sustentar. Eu não podia demiti-lo... Mas seu coração de pedra não entenderia isso. E o salário dele é um terço do preço do concerto do seu “carrinho”.

— Quem vê você não pensa que é apenas a minha secretária lésbica... — Maxon murmura irritado.

— Quem vê percebe que eu convivo com você há quinze anos. — Clara rebate irritada e ambos ficam esperando o elevador chegar.

Já dentro dos elevadores, Maxon começa a ditar as coisas que Clara devia fazer.

— Ligue para minha mãe e avise que eu vou me atrasar para o almoço, tenho coisas a resolver aqui na empresa, mas eu chego a tempo. E ligue para Eadlyn, peça para ela pegar os irmãos em casa e levar para a casa dos avós. Ligue também para Ahren, diga que se eu chegar nos meus pais e ele não estiver lá, vai ficar sem mesada por dois meses.

— Algo mais chefia? — Clara pergunta anotando em um bloco de notas em uma letra rabiscada tudo que Maxon dizia.

— Se uma ruiva aparecer e eu não estiver, passe para ela o endereço dos meus pais... Pelo jeito eu vou ficar preso lá pela tarde inteira...

— Qual o nome dela?

— America Single... Algo assim, sei lá. Beleza exótica, se irrita fácil e solta alguns palavrões sem perceber, você vai saber reconhecê-la.

— Até por que existem poucas ruivas por aqui... É bonita? — Clara, que também era ruiva, apesar de não ser de nascença pergunta.

— Não sei, Clara, preste a atenção e me conte depois, certo? Não tive tempo de reparar...

— Tem certeza que é para dar o endereço da casa dos seus pais?

— Tenho, é urgente. — Maxon diz, o elevador para no andar deles e Maxon parte direto para sua sala e Clara para sua mesa no corredor.