Hurricane escrita por Moriah


Capítulo 19
15. Cheap Sunglasses


Notas iniciais do capítulo

Capítulo de presente para Abbey que recomendou a fic ♥♥
Suas palavras mexeram bastante comigo, eu pensei esses dias em desistir de Hurricane, mas então entrei e reli sua recomendação e isso meu de uma luz para escrever esse capítulo.
Hurricane ainda está aqui por sua causa e da sua recomendação maravilhosa!

Quero pedir desculpas pelo tamanho do capítulo, até pensei em separar em duas partes, mas aí resolvi que era melhor não.
A foto é o quarto da Ames gente ^-^
Lindinho, né?

Só uma explicaçãozinha: Eu não avisei ao longo da fic exatamente quanto tempo se passava de um capítulo para o outro, por isso aquele dia que Maxon apareceu bêbado completou dois meses que Ames trabalha para ele!



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Óculos de Sol Barato

.

“You're packing magic and ah

Você está embalando magia e ah

You're making habits and ah

Você está criando hábitos e ah

You're automatic, you are

Você é automático, você é

The way you are

Do jeito que você é

Your glitter, sparkle and ah

Você brilha, faísca e ah

You glow in the dark and ah

Você brilha no escuro e ah

Make everybody go ah

Fazer todo mundo ir ah

The way you are

Do jeito que você é

— RAC, Cheap Sunglasses.

.

.

A manhã já havia começado uma bela merda. Depois da ruiva ir embora Maxon acabou pegando no sono na droga do sofá outra vez. Acordou com gritos.  Olhos tão azuis como os seus lhe encaravam irados, uma boca fina e elegante, com uma camada de batom rosa, não parava de ralhar com o mesmo e a voz geralmente calma, estava ofegante, descompassada e completamente desafinada. Mas os gritos não cessaram até que a sua adorável mãe se cansasse.

Prefiro poupá-los do grande sermão que a Amberly Schreave fez naquela manhã. Bem... Não era bem uma manhã, já eram onze horas da manhã e Amberly, obviamente, também gritou isso na cara do filho.

— Se você se desse ao trabalho de telefonar antes de vir aqui, talvez, não me encontrasse nesse estado. — Resmungou esfregando os olhos e encarando o teto, com preguiça de levantar.

— O que você está insinuando? — A voz de Amberly se eleva. Ela se aproxima do corpo do filho jogado no sofá como um morto.

— Estou dizendo que você devia parar de agir como se fosse à dona da minha casa. É a merda da minha casa!

Amberly respira fundo, pega a bolsa que deixou em cima da mesa de centro e se vira de costas para Maxon.

— Saiba você, que eu liguei. Dezessete vezes. E, sim Maxon, eu me preocupei. Desculpe se eu sou uma tola e não dei ouvido aos avisos do seu pai e vim aqui mesmo assim. — Ela respira fundo, põem a bolsa no ombro.

— Não seja dramática — suspira se levantando com dificuldade e ficando sentando, encarando seus pés. A claridade da sala estava fazendo sua cabeça latejar.

— Já levei meus netos para minha casa.

— Osten tem futebol hoje.

Eu sei o que o meu neto tem hoje. E eu resolvi que ele iria faltar.

— Sem pedir a minha permissão?

— Pedir a sua o quê?! — Amberly se vira em uma rompante. — Cale essa sua boca suja para me cobrar algo, Maxon.

— Você está me mandando calar a boca? — Maxon se levanta cambaleante do sofá e leva a mão à cabeça, embolando os pés e quase caindo para o lado, soltando um gemido de dor.

— Não foi a mim que suas crianças pegaram bêbado, sujo, com um olho roxo, fedido e nojento no sofá da própria casa. Na foi você quem teve que explicar a Alexia o que estava acontecendo. Então cale, sim, a sua maldita boca.

Maxon se preparou para rebater a mãe, mas antes que ele dissesse qualquer coisa, ela se virou outra vez, indo em direção a mesma porta pela qual America havia saído.

— Eu vou ir embora agora — aponta para a porta de vidro, como se explicasse a uma criança. — Eu vou para a minha casa, e quando você for lá buscar seus filhos, nós vamos fingir que nada aconteceu. Agora, você está atrasado, seu pai está te esperando até agora na empresa.

Maxon vê os cabelos loiros da mãe irem em direção a porta e atravessá-la e se virou de costas para ela, começando a procurar seu sapato, tinha certeza que havia chegado até o sofá com ele.

— Só... Maxon?

Maxon revira os olhos e bufa baixinho, sem se virar.

— Tome um bom banho e passe alguma maquiagem nesse olho roxo, você está realmente horrível. É deprimente.

Nada está tão ruim que não posso piorar.

Maxon percebeu isso enquanto enfaixava seu pé, sentando no sanitário do seu banheiro. Nunca foi bom com enfermagem, era a mãe das crianças que davam beijinhos nos joelhos ralados, limpavam e passavam remédio nas feridas abertas, ele... Ele só ficava olhando e sorrindo como um bobo.

Caramba, quantas vezes isso se repetiu? Ele só ficava lá como um idiota!

Tudo culpa da maldita ruiva, agora além de uma resseca que está resultando em um humor horrível, ele tem um pé machucado que o faz mancar como um... Como um idiota? Eu sei, já usamos muito essa palavra, mas quando se trata de Maxon, penso que nunca é demais.

***

Maxon estava indo em direção a sua garagem quando a voz se aproximou pela sua esquerda, assustando-o.

— Senhor Schreave? — o jardineiro se aproximou timidamente. — Seus... Seus sapatos. — Alcançou os dois pés do sapato social de Maxon e o mesmo pegou, constrangido, mas sem demonstrar.

— Hã... Obrigado...?

— Werren, senhor. — Era um garoto novo, na idade dos gêmeos.

Maxon quase temeu por sua filha, mas da ultima vez que se importou com algo do tipo, ela o disse que estava namorando um rapaz. Certo, certo, isso faz dois anos, mas... Namoros ainda podem durar anos, não é? Eadlyn não é o tipo de garota que fica. Ao menos ele acha.

— Jovem Werren, você... Você pode dizer como eu... Sabe? Como me comportei ontem? Tipo, onde meu sapato estava e... Por quê?

— O senhor tirou o sapato quando chegou ao jardim senhor. Recusou-se a ir pela estradinha, disse que era uma estrada de gelo e aí... Bem, tirou os sapatos antes de pisar na grama, você achou que era um tapete fofinho e não queria sujá-lo.

— Sabia que aquele barman havia botado algo no meu copo.

— Porque a Barman iria fazer isso com o senhor, senhor?

— Não iria, ela queria transar com o cara ao meu lado. Fizemos um brinde meio errado e trocamos de copos... Não pergunte o motivo, se eu sabia provavelmente a bebida me fez esquecer.

— Ah, entendi senhor. — O garoto fala e então se prepara para se retirar.

— Werren? Você sabe se fiz alguma outra coisa constrangedora?

— Bom, um dos seguranças disse que viu você falando com o cachorro de um homem. Vo-você parou o homem no meio da rua e começou a falar com o cachorro dele. Falou algo sobre a... Sobre a senhorita Kriss não lhe querer de volta e... Só parou quando o dono do cachorro começou a brigar com você, um dos seguranças teve que segurar o homem enquanto outro ajudava você a entrar.

Maxon segura um palavrão e volta a olhar para o garoto.

— Você não fez mais nada senhor.

Maxon concorda e se vira, girando as chaves nas mãos, mas se vira outra vez e o chama, perguntando em seguida.

— Uma ultima coisa Werren, você tem namorada?

O garoto engole em seco e desvia o olhar do de Maxon, antes de voltar a encará-lo.

— Hã, não senhor. Por quê?

— Bem, trate de arranjar uma, ouviu?

— Sim senhor — o garoto responde confuso.

***

Estacionou na frente da empresa e jogou a chave para o manobrista.

— Senhor, o carro tem alarme? — o mesmo pergunta ao ver Maxon se afastando.

— Tem sim, meu caro, principalmente a perguntas idiotas.

O homem lançou a ele um olhar estranho e curioso. Maxon apenas deu de ombros e começou a desfilar pelos corredores, sem deixar que as pessoas percebessem que ele estava com uma resseca terrível e sem ligar para as pessoas que cochichavam sobre o fato do mesmo estar andando torto.

— O que houve com você? — o grito de Carla chegou a ser histérico, quando o mesmo apareceu dentre a multidão passando pela mesma, indo em direção ao elevador.

— Ao menos alguém teve coragem de fazer a pergunta que todos os outros não tiverem coragem de perguntar. — Ele revira os olhos e então solta um gemido. — Carla, primeiro missão do dia: Lembre-me de cinco em cinco minutos que não devo revirar os olhos.

Ela começa a segui-lo em direção ao elevador.

— A resseca tá braba?

Ambos entram no elevador e ela puxa o caderninho. Anotando o ultimo pedido do chefe, afinal nunca se sabe quando Maxon Schreave está brincando ou não.

— Tomei alguma coisa doce e com bastante álcool que estava batizado. — Maxon faz uma careta forçada, seguida de outra careta espontânea. — Carla?

— Sim?

— Me lembre de não fazer caretas.

— De cinco em cinco minutos?

— De três em três.

O elevador abriu e Carla ficou para trás, Maxon deu alguns passos, mas parou ao ver a porta do escritório ao lado do seu se abrindo e seu pai saindo lá de dentro.

— Oh, por favor, me diga quem é o jovem príncipe que acordou meu filinho de seu sono profundo? Serei eternamente grato a ele.

— Aproveite e pague o dote.

— Você quer dizer a conta no bar.

— Exatamente. — Maxon pisca e passa pelo pai, mas o mesmo segura seu braço. — O quê? — rosna.

— Há um relatório de 24 páginas no seu escritório, preciso dele para hoje à noite.

— Como é? Hoje é sábado!

— Era para você ter me entregado ele ontem, florzinha. Ah, isso me lembra que Olympia é uma criatura e tanto, espero que mantenha ela.

Então seu pai saiu com a pose de poderoso chefão e Maxon mal teve tempo de se perguntar quem era Olympia. Uma senhora de olhos grandes e azuis, um óculos que só velhos usam e um cabelo branco acinzentado surgiu na sua frente tão rápido que o mesmo se sentiu zonzo por segundos. Mas o que mais o chamou atenção foi com toda certeza as rugas na cara da mulher.

— Olá senhor Schreave. Eu sou Olympia. É um prazer conhecê-lo, fui contratada pela sua secretária para ser sua secretária — a senhora pareceu meio confusa ao dizer isso —, ela, Carla não é mesmo? Achei ela uma gracinha, ela me disse que é lésbica. Esses jovens de hoje em dia, sempre inovando! Enfim, ela me disse que é secretaria oficial de toda a família Schreave, mas que cada um tem a sua própria secretária particular. Para isso fui contratada. Você tem filhos? Eu tenho dois, mas eles já cresceram. Agora eu tenho um cão e um gato. Eles se chamam...

— Olha Olympia, eu... Tenho naturalmente um humor bosta e minha manhã está se saindo uma bem grande, fedida e recheada merda, então, fale menos. — Maxon fala e logo completa: — Nem fale.

— O que houve? — a senhora pergunta hesitante.

— Sim, eu estou com resseca, e sim, eu apanhei ontem e, o que mais? Ah, é: a incompetente da babá dos meus filhos deixou uma maldita xícara na escada, mas a pior parte não é ela ser uma preguiçosa e não ter levado o objeto até a pia, a pior parte é que eu quebrei a droga da xícara, e não, a porra do meu estresse não é porque eu gostava da xícara, eu odiava aquela xícara na realidade, a droga da minha irritação é porque eu quebrei a xícara com o meu pé e milhares de caquinhos rasgaram a minha pele e metade deles ainda estão dentro de mim, e, finalmente, estou irritado porque aparentemente o mundo quis jogar na minha cara que eu sou mais inútil que a babá e me mostrou que nem um curativo eu sei fazer direito.

A mulher escancarou a boca e Maxon só relaxa quando Carla apareceu e encostou uma das mãos no seu ombro direito.

— Tem certeza de que está bem? — pergunta séria.

— Pareço bem?

— Não.

— Então você já sabe a droga da resposta, não devia nem ter perguntando.

Carla fala alguma coisa para a senhora, sobre aspirina e café forte e a mesma sai de cabeça baixa, logo em seguida a ruiva puxa Maxon para a sala dele.

— Ela tem 68 anos, foi abandonada pelos filhos e perdeu o marido ano passado. — Bate a porta atrás de si. Aquilo é um tipo de maldição? Por que raios ruivas adoram gritar com eles? Fetiche? — Se quer descontar sua raiva em alguém desconte em mim e em outros funcionários que já estão acostumados a serem pisados por você, mas não nela.

— Por que uma velh... Se-senhora? Exatamente agora tudo o que eu preciso é de um corpinho de vinte e dois.

— Você pediu isso há poucos dias. — Carla fala séria e então completa: — E futuramente vai agradecer por isso, além de que ela é uma graça.

— Eu sei que eu pedi, tá? Só me deixa sozinho. E me traz um café.

— Olympia foi buscar. Trata-a bem Maxon.

Carla sai da sala antes que Maxon falasse qualquer coisa. O mesmo não perde tempo e fecha a cortina que tampava toda a parede de vidro que lhe dava uma vista linda mas, exatamente agora, clara demais. Também desligou as luzes, estavam aumentando sua dor de cabeça. Apreciou o silêncio, mas o mesmo foi interrompido por uma mensagem:

“Não se esqueça de não revirar os olhos e não faça caretas!”

Automaticamente Maxon fez uma careta, em seguida fez outra careta — dessa vez de dor — e então revirou os olhos após perceber como foi idiota, gemendo de dor mais uma vez por tê-lo feito.

***

— Meri? Você vai passar o fim de semana inteiro nessa cama? Já são três da tarde.

Era Marlee, mais uma vez vendo a chamando para levantar. Porém como em todas as outras vezes a ruiva apenas murmurou algo e se virou para o outro lado.

— America, é serio. Você está doente ou algo do tipo? Quer que eu prepare um chá?

— Não transforme a frase “Passar o fim de semana inteiro na cama” em algo negativo, porque não é. Só estou descansando. Eu não durmo bem há dias.

— Eu sei, só acho que você devia passear um pouco. Eu até te mostraria a cidade, mas Carter quer me levar para um restaurante que abriu semana passada.

America resmunga ajeitando o travesseiro.

— Eu acabei de preparar um café bem forte...

— Isso é golpe sujo. — Murmura. Marlee conhece o vicio de America por café.

America se levanta rapidamente, põem um blusão qualquer sobre a blusa verde bebe de pijama e veste uma calça de moletom cinza por cima da sua legging velha e azul desbotada que usa para dormir.

— Você parece uma mendiga, America.

— Cara, eu estou no meu apartamento, é meu direito vestir a minha confortável e velha roupa de mendiga. — America se defende — além de que nem está tão velha e feia assim...

— Se vista melhor, você vai passear e quando eu chegar de noite eu quero ouvir todo o roteiro do seu passeio, sim?

— Como você faz isso? Sempre ganha essas discussões, você precisa me ensinar. — America procura uma roupa mais bonitinha e confortável para caminhar.

— Você também ganha, só precisa estar inspirada.Vou servir uma xícara para você! — Marlee fala saindo do quarto de Ames e fechando a porta.

America se recusou a tirar seu pijama quentinho então pôs o sutiã por cima do pijama mesmo, pegou o primeiro blusão que encontrou, cinza que ia até um pouco depois da sua cintura, quase como um sobretudo, pegou o único casacão que tinha, verde musgo, enorme e com pelo sintético na toca também verde musgo, pôs a legging preta por cima da outra e então calçou o velho coturno de cano longo, preto, gasto e o amorzinho de America.

America sentou na cama e olhou em volta, as paredes eram brancas e lisas, nada enfeitava nem a direita nem a esquerda, na esquerda tudo o que manchava o branco era a porta marrom, de frente para a cama ficava o armário. Na parede onde a cabeceira da cama encostava ficava uma janela simplesinha, branca como a parede, era a única parede que não era completamente lisa, pois havia um quadro ao lado direito da janela. No parapeito da janela havia uma planta e do lado dela um enfeite que America comprou no aeroporto quando chegou nos Estados Unidos.

Ao lado direito da cama havia um criado mudo, também branco, onde ficavam alguns livros em uma prateleira dentro dele e uma plantinha em um suporte de enfeite. O livro que está lendo estava jogado de um jeito que antigamente a causaria arrepios, mas agora era apenas reflexo do seu estado emocional.

Uma bagunça.

Ir para os Estados Unidos não havia mudado nada. Aquele peso, aqueles sentimentos que você sente que te fazem mal e te empurram para baixo, estavam ali. A puxavam para trás, para o passado. Ultimamente se olhar no espelho nua, já era um sofrimento. Suspirou, seu cabelo devia estar uma merda, embaraçado, sujo e ressecado, mas quem se importa? Ela não tem ninguém para impressionar lá fora mesmo.

Respirou fundo e se repreendeu. Parece até uma garotinha dramática na puberdade, tal qual o garoto de quem gosta não a deu bola.

Patético.

Se levantou e remexeu nas gavetas do armário atrás de uma toca, encontrou uma que nem se lembrava de ter, roxa com marrom, enfiou a mesma na cabeça de qualquer jeito e ajeitou os cabelos, pegando a bolsa tiracolo em seguida. Suspirou e saiu do quarto, batendo a porta atrás de si. Saiu do quarto e se viu no corredor azul. Quadros pendurados na parede e alguns encostados na mesma, porém no chão. Marlee adora arte e foi um dos motivos para America deixar toda a decoração nas mãos da loira.

— A bela adormecida acordou! — Carter fala alto assim que chego na cozinha. — E ela está com uma cara nada bela — completa.

Ele estava sentando na mesa, lendo um jornal e tomando chá. America se senta na banqueta.

— Eu me esqueci momentaneamente de como se dá patadas nas pessoas, então, essa vitoria é sua. — America murmura e então boceja.

— Eu e Marlee estamos preocupados com você Meri. Você anda se arrastando há uma semana, parou de ser aquela presença marcante, eu gostaria de saber o que está acontecendo.

— Não é nada demais. — America responde vagarosamente.

— É que... Sabe? Se for por eu estar morando aqui junto com vocês, eu já falei com um amigo meu e ele disse que eu posso ir morar com ele.

— Carter, não seja neurótico. — America o interrompe e então ri — você é a Marlee são as melhores companhias que eu podia pedir e eu na vou deixar você sair por aquela porta nunca sem me garantir que vai voltar. Eu preciso de vocês, sério.

— Tá legal... Só nos diga quando... Quando quiser. — Ele diz antes de se voltar para o jornal.

— Eu ainda não quero. — America sorri minimamente e se volta para o microondas. — Sabe onde a Marlee foi?

— Pro quarto, procurando o celular, seu café está no microondas.

— Obrigado cunhadinho.

Ele sorri para mim.

Os cabelos marrons dele estavam bagunçados e meio arruivados por causa da claridade da sala. America pensou em como ficaria encantada facilmente por ele, se o mesmo não fosse namorado de Marlee. No inicio eles não se deram muito bem, ficava um tipo de tensão constrangedora no ar, mas depois de alguns dias se acostumaram à companhia um do outro e convivem como irmãos.

— Por que está me encarando? — Carter pergunta franzindo o cenho, seus olhos azuis transmitiam seu constrangimento.

— Não sei, você sorriu e me lembrou alguém. — America dá de ombros, desencostando da bancada e indo pegar seu café.

Não era mentira, ela se lembrou do seu chefe ao ver o sorriso de Carter. Isso lembrou-a que Carter não sabia para quem America trabalhava. Ser babá dos filhos do Schreave não era mais bem visto na cidade, era a mesma coisa que trabalhar como prostituta particular. Ao saber disso a única coisa que não a permitiu pedir demissão na ora foi Marlee lembrá-la das crianças. Caramba, ela ama demais aquelas crianças!

— Quem?

— Um conhecido. — Sorri — acho que vou por o café em um copo de isopor e já vou indo.

— Bom passeio. Espero que goste do que Louisville tem para oferecer.

***

Muhammmad Ali Center ✓

Cemitério Cave Hill ✓

Museu 21c ✓

Waterfront Park ✓

The Kentucky Center ✓

Museu de Arte Speed ✓

Casa de Thomas Edison ✓

Já eram dez horas da noite quando America enviou uma mensagem para Marlee avisando que estava bem e que logo voltava para casa. Se encontrava em uma calçada, encarando duas caixas eletrônicas, no centro de Louisville, carros passavam por ela e a separavam do ponto inicial de nossa historia.

America atravessou a rua e respirou fundo antes de ir em direção a “sua cabine”telefônica. Deu os primeiros passos antes de sentir uma mão no seu ombro.

Engoliu em seco e fechou os olhos.

Dois meses.

Fazia dois meses que os dois se encontraram ali mesmo.

Dois meses que ela trabalhava para ele.

E mais ou menos um mês que ela simplesmente havia ficado muda, nada de brigas, discussões ou sermões, ela se portava como uma empregada mesmo e dificilmente lhe dirigia a palavra. Se isso deixou o nosso protagonista confuso? Ah, sim. Mas, por mais que ele procurasse, não havia motivos para brigar com ela e brigar por alguém não estar brigando com ele parecia não fazer sentido.

— Você passou na minha frente. — Ele ergue arqueia as sobrancelhas loiras, com uma expressão desafiadora.

America abriu a boca, mas nada lhe veio a cabeça. Isso andava se repetindo diariamente, todas as suas cortadas e patadas haviam fugido. Ela poderia dar a mesma resposta que deu a Carter mais cedo, mas ela não gosta de ficar repetindo argumentos.

— Não está mais de resseca?

— Não.

Ficam em silencio.

— Você anda estranha... — Pausa, como haveria de chamá-la? Singler? Singer? Senhorita? As coisas estavam tão confusas para ele — e eu gostaria de saber se alguém em particular é culpado disso.

— Não, vai passar. Espero que isso não esteja interferindo no meu trabalho. — Fala formalmente.

— Não, não está. O que está acontecendo America?

Ela ergueu os olhos e ambos se encararam pela primeira vez em dias, semanas talvez, os olhares se prenderão. Ela havia fugido e se esquivado disso milhares e milhares de vezes. Fugido das pessoas, dos olhares, dos encontros, dos esbarros, fugido de qualquer contato como aquele. Entretanto Maxon sempre a chamou de Singler para irritá-la e Singer quando estava irritado. Não se lembra de uma única vez que ele tenha a chamado pelo primeiro nome, e só de pensar nisso seus olhos encherão de água.

— Meu Deus, me diz que você não vai chorar. — Ele parece repentinamente desesperado e confuso.

— Nada demais, sério.

— Nada demais não é um motivo bom para você estar chorando. Não é um motivo bom para você estar sendo fria e distante o tempo inteiro. Nada demais não é um bom motivo para qualquer coisa, America.

— Para de me chamar assim. — Ela pede, sentindo a garganta arder pelos soluços.

Ele pisca repetitivas vezes.

— Prefere Singler? — ele pergunta e ela sorri minimamente. — Olha, um sorriso, ou quase um, não via isso há alguns tempos. Hoje o meu dia foi recheado de pessoas me olhando torto.

— Por quê? — America começa a caminhar para baixo de uma arvore onde havia um banco de madeira, onde se sentou.

— Alguém deixou uma xícara na escada, resumindo eu a quebrei com meu pé, acabei me cortando e agora estou andando de um jeito idiota.

America sorri alto.

— Aparentemente isso é engraçado para todo mundo, só eu não vejo a graça. — Maxon dramatiza e America revira os olhos.

— É o passado, sabe aqueles dias em que ele decide voltar? Por poucos e longos dias...

Maxon concorda vagarosamente e ficam em silêncio.

— O que faz aqui?

— Deixei meu celular em casa. — Revira os olhos. — E você, veio lembrar do dia maravilhoso que você conheceu o meu rosto apaixonante?

— Não, na verdade vim ligar para minha mãe.

— Engraçado.

— O quê?

— Vim ligar para Carla. Como naquele dia.

— É. — America se levanta e desamassa a roupa, sorri para ele. — Vamos?

— Vamos.

Ambos voltam para as cabines telefônicas e cada um entra na mesma daquela primeira vez.

— Oi mãe... Eu sei que faz tempo, é aquela mesma historia... Achei que vir para cá mudaria alguma coisa, não adiantou muito... Eu consegui um emprego, sim... Trabalho de babá... Estou ganhando o bastante para me manter e estou vendo alguns cursos de arquitetura para fazer... Manda um beijo para o papai... Sinto muito não ter ligado antes... Boa noite... Benção mãe...

A ruiva preferiu não falar para quem trabalhava, bastava alguns cliques e sua mãe saberia da fama de Maxon e ficaria preocupada com America. Engraçado. Maxon continuava sendo o mesmo safado sem vergonha, insinuando coisas, fazendo piadas maliciosas e coisas do tipo. Além de que ainda sai todas as noites, mas America consegue ver algo de maduro nele. Vê tipo um amigo, é divertido ficar ao lado dele. Com toda a certeza nada monótono. Ele ainda se acha o gostosão garanhão e faz America revirar os olhos diariamente, mesmo que esteja tão fechada.

Porém, o mais engraçado, é que agora que America anda tão calada, Maxon se aproximou mais, as piadinhas aumentaram, as insinuações também, como se ele apenas quisesse provar que a antiga ruiva ainda estava ali, e ela de fato estava, só um pouco triste, mas tristeza sempre passa.

Ela sai da cabine telefônica e varre a praça com os olhos a procura de Maxon, não o encontra, entretanto vê o seu carro estacionado perto de onde estava, se aproxima e o vidro de trás se abre.

“Claro que ele vai estar de motorista”, America revira os olhos.

— Quer carona?

— Eu gosto de caminhar. — Dá de ombros. — Então, boa noite. — Suspira. — Obrigado, Maxon. Por tudo.

Ele apenas sorri, antes do vidro subir.

É claro que ele não sabe dizer um de nada sem ter que passar por cima do seu orgulho! Tão típico...

America começa a andar e vê o carro de Maxon passar por ela, mas o mesmo acaba parado no meio de um engarrafamento enquanto America passava por ele e acenava para o vidro por pura gozação. Chegaria mais cedo que Maxon em casa.

Ela ri de toda aquela piada do universo.

Isso a lembrava uma música:

.

.

“Your limousines get stuck in traffic

Suas limusines ficam presas no trânsito 

And we all know you’re made of plastic

E todos nós sabemos que você é feito de plástico

And you may seem like something classic

E você pode parecer algo clássico

But you’re cheap sunglasses

Mas você é um óculos de sol barato

You’re cheap sunglasses

Você é um óculos de sol barato

And I see right through you

E eu vejo através de você

I see right through you

Eu vejo através de você

— RAC, Cheap Sunglasses.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez me desculpem pelo capítulo enorme!
Peço perdão pelos erros, revisei, mas como sempre, devo ter deixado passar muitos erros :p

Aqui tá o link da roupa de America:
https://stylemeetsart.files.wordpress.com/2014/09/autumn-2012-street-style-fashion-looks-11.jpg


Do apartamento deles (O quarto que aparece é o de Carter e Marlee):
http://casavogue.globo.com/Interiores/apartamentos/noticia/2015/11/clima-despojado-em-apartamento-clean.html

P.S: Não precisam ler o que está escrito já que é a explicação do apartamento e sobre os donos reais dele, só vejam as fotos para verem como ele é mesmo :v


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