Loving can hurt sometimes escrita por Luna Lovegood


Capítulo 3
All of Me


Notas iniciais do capítulo

Quantos comentários maravilhosos a fic vem recebendo! Eu não imaginei que vocês iriam gostar tanto... Enfim eu só queria agradecer a quem favoritou, comentou ou esta acompanhado. Significa muito para mim! Bjsss



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‘Cause all of me

Loves all of you

Love your curves and all your edges

All your perfect imperfections

Give your all to me

I’ll give my all to you

You’re my end and my beginning

Even when I lose I’m winning

‘Cause I give you all, all of me

And you give me all, all of you.

(All of me - Jonh legend) 

 

Felicity Smoak

A semana seguinte foi simplesmente perfeita.

Oliver se empenhou ao máximo na promessa dele de fazermos novas lembranças. Ele havia se dado alguns dias de folga na Queen Consolidated e deixou as responsabilidades com o Vice Presidente. Eu disse que não precisava, que eu estava bem, que ficaria bem sozinha em casa. Mas ele foi categórico em sua decisão, e honestamente eu não sei se consigo dizer não para Oliver Queen.

Aproveitamos esse tempo para ir ao parque de diversões, mas, Oliver não me deixou andar no carrinho de bate-bate, acho que ele ficou traumatizado com o meu acidente. Fomos também ao cinema comemos pipoca e assistimos um filme de romance. Jantamos fora, cada dia em um restaurante diferente. Caminhamos de mãos dadas debaixo de um céu estrelado.

Apenas típicos programas de namorados.

Era como se estivéssemos começando de novo, e eu estava me sentindo confortável com isso. Quem precisa de três anos quando eu viveria o resto da minha vida com Oliver, preenchendo todos os meus dias com momentos felizes?

A única parte ruim dos nossos programas era voltar para casa. Como  passar o dia todo se apaixonando ainda mais por Oliver, e não querer mais disso quando finalmente estávamos sozinhos naquele quarto? Eu digo é impossível, e por mais excitados que nós dois estivéssemos Oliver ainda estava seguindo aquelas malditas ordens médicas.

Então eu tinha que me contentar com suas carícias e beijos, que mais me atiçavam do que aplacavam aquela vontade.

Eu tentei me distrair com outras coisas que não me lembrassem do quanto eu queria fazer sexo com o meu marido. Era difícil, mas eu tentei. Aproveitei que eu ainda estava encucada com as conversas estranhas entre Oliver e Sara, e tentei arrancar algo dele, mas por mais que eu o perguntasse, Oliver sempre desconversava ou dizia estar tudo bem entre eles. Por fim eu desisti de tentar arrancar qualquer informação dele e decidi tentar a sorte com a Sara. Para o meu azar ela estava viajando a trabalho, e embora ela me ligasse todos os dias querendo saber se eu estava bem (é sério, ela me ligava religiosamente todos os dias, chegava a ser irritante!) eu não queria falar sobre isso com ela pelo telefone.

Para meu desespero, por melhores que fossem os meus dias com Oliver e mesmo que todas as noites eu dormisse em seus braços os pesadelos continuavam com a mesma frequência, todas as noites, impreterivelmente. E eu sempre acordava aos prantos, sentindo a mesma dor que eu sentia naquele sonho. A única vantagem era acordar ao lado de Oliver e então eu percebia mais rápido que tudo era apenas coisa da minha mente.

Oliver por sua vez tentava disfarçar, mas eu via o olhar de medo que ele me lançava toda a manhã após o sonho. Ele me abraçava bem forte junto ao peito e dizia que “tudo vai ficar bem” “Eu sempre estarei aqui” “Eu amo você” e me dava infinitos beijos. Toda as vezes em que ele fazia isso eu sentia que ele tentava mais acalmar a si mesmo do que a mim.

Por isso eu decidi que já era hora de me consultar com o analista que a Dra. Snow me indicou, um tal de Dr. Loco (Sim, esse é mesmo o sobrenome dele), para acabar de vez com esse pesadelo que tentava roubar a minha felicidade. Oliver havia me levado lá e agora ali estava eu, olhando para um estranho que parecia ter um parafuso a menos na cabeça e esperando que ele pudesse consertar a minha.

— Então... Felicity Smoak Queen — O psicanalista disse olhando a prancheta com o meu nome. — Vi aqui no seu histórico médico que você sofreu um acidente de carro há pouquíssimo tempo e sofreu uma amnésia retrógrada. Estou correto?

— Exatamente. Não consigo me lembrar de nada do que aconteceu nos três últimos anos.

— Bom, bom, bom... — ele disse ainda com os olhos analisadores sobre a minha ficha.

Aquilo me deixou irritada. Como poderia ser bom? Alô, eu esqueci três anos. Três anos que não voltam mais. PUFF, sumiram, zé finin, como em um feitiço de Harry Potter.

Ele pareceu notar a minha cara e logo continuou:

— Isso é bom, porque não há uma lesão severa e as perdas de memórias superiores a seis meses sugerem um trauma emocional. — explicou.

— Mas eu não me lembro de nada que gostaria de ter esquecido. Oh! Entendi. — falei levando uma das mãos a cabeça. Ele riu da minha inflexão. E eu emburrei a cara, estava gostando cada vez menos dessa conversa.

— Você disse que tem tido um sonho recorrente...? — começou naquele tom de quem quer mais informações, mas sem pedir diretamente.

— Sim. E está mais para um pesadelo.

— Ele poderia ser um trecho de alguma memória talvez?

Gelei. A Dra. Snow me garantiu que eram apenas pesadelos resultados do estresse. Mas isso foi antes de acontecer de novo. E de novo. E de novo.

O Dr. Loco me fez a pergunta que eu tenho negado a encarar. Eles podiam ser reais? Sem dúvidas, eu quero dizer não havia elefantes de tutu dançando a macarena, nem nada disso. Mas eu não acreditava que eles pudessem ser reais. Correção: eu não  queria acreditar. Porque em todo o tempo que eu e Oliver estivemos juntos, nossa maior briga foi pelo último pedaço de pizza, e ele sempre me deixava vencer no final. E se nós tivéssemos brigado e  depois nos acertado, não havia motivos para Oliver negar aquilo.

Então não fazia o menor sentido.

— Meu marido me disse que não aconteceu, ele não mentiria para mim quanto a isso. — optei pela resposta segura.

— Tem certeza disso? Ele nunca mentiu para você antes? — fez a pergunta clara.

— Porque essa pergunta? — me coloquei na defensiva, eu não queria responder porque eu sabia que Oliver estava mentindo sobre a coisa da briga dele com a Sara.

O Dr. Loco uniu as sobrancelhas me analisando. Mas nada disse, apenas continuou mudando de assunto.

— Tem alguma coisa te irritando no momento? Algo que possa ter desencadeado o pesadelo? — questionou fazendo anotações num bloquinho, me vi curiosa sobre o que ele estava escrevendo de mim ali. — Felicity? A pergunta, não vai responder? — e eu suspirei pensando por um momento.

— Bom, tem o fato da minha melhor amiga e meu marido não se falarem e mentirem para mim sobre isso. — o fato de você ser um analista irritante que não está me ajudando em nada, omiti essa parte. Não valia a pena ganhar a antipatia do homem.

— E como você se sente sobre isso? — resisti ao impulso de revirar os olhos ao escutar a frase típica de um analista.

Freud teria orgulho de você, Dr. Loco!

— Magoada. Primeiro porque obviamente eles brigaram, e segundo porque fingem que está tudo bem na minha frente, mas eu já ouvi várias conversas secretas entre os dois e está claro que as coisas não estão nada bem. E, além disso, o meu marido Oliver, sequer estava presente no casamento dela. – Tagarelei. Esse negócio de desabafar até que era bom. — Não acha isso estranho?

— Você tem o hábito de bisbilhotar a conversa dos outros? — me perguntou com um semblante sério.

Eu falo que todo mundo mente para mim e o quanto isso me magoa, e a única coisa que ele presta atenção é no fato de eu escutar a conversa alheia. Decidi inverter o jogo:

— O que isso tem haver com os meus pesadelos? Ou como ajuda a recuperar a minha memória? E, aliás, o que tanto você escreve nesse caderninho?

Um reloginho na mesa dele apitou.

Ele sorriu divertido para mim.

— Tempo acabado, continuamos na próxima sessão.

Eu estava muito irritada com aquele analista de araque, ele não me deu nenhuma resposta e ainda sugeriu que eu ficava bisbilhotando a conversa alheia (o que de fato era verdade). Saí do consultório pisando forte e bufando de raiva, me deparei com Oliver me esperando, ele estava muito ansioso.

— E então como foi? — Oliver perguntou curioso, embora seus olhos me dissessem que havia algo mais naquela pergunta, algo como temor talvez.

— Um saco. — soltei irritada, entrelaçando minha mão na de Oliver enquanto saíamos do consultório — Esse Dr. Loco, é realmente louco.

Oliver riu parecendo aliviado.

— Não pode ter sido tão ruim assim.

— Ele sugeriu que a minha perda de memória pode ser emocional. Como se eu tivesse sofrido um trauma tão grande que decidi esquecer tudo. — expliquei. Oliver ficou desconfortável por um instante. Ele parecia querer dizer algo, mas não sabendo exatamente como fazê-lo. — Talvez eu tenha bloqueado a lembrança de ter deixado você me convencer a nos mudarmos para aquela cobertura. — brinquei, tentando me sentir mais leve com aquela confusão. —Eu aposto que foi traumatizante.

— Eu te disse que pode redecorar. — ele tentou. E então do nada a sua expressão ficou marota. — De todo modo é melhor irmos para casa, você pode odiar a decoração do lugar, mas tenho algo lá que pode melhorar o seu humor.

***

Oliver insistiu em fechar os meus olhos enquanto abria a porta do apartamento. Não que fizesse muita diferença, no minuto em que coloquei os pés em casa eu senti o aroma característico de comida italiana e meu estômago já ficou contente.

Quando Oliver retirou a mão sobre os meus olhos eu fiquei maravilhada, a casa inteira estava repleta de rosas brancas e velas espalhadas por todo o ambiente, uma música suave tocava ao fundo e a mesa da sala de jantar estava posta para dois. Era romântico e intimista, e também era uma lembrança antiga que fez meus olhos se encherem de lágrimas felizes.

Não havia como não reconhecer tudo aquilo, foi exatamente desse jeito que Oliver havia me pedido em casamento há anos atrás. A única diferença é que tinha sido na casa do lago dos Queens.

— Para quê tudo isso, Oliver? — eu perguntei ainda encantada com a beleza de tudo.

—  Eu não acredito que você esqueceu! — me olhou fazendo cara de ofendido.

E então a compreensão me atingiu, as rosas brancas, a comida italiana, a música... Ele havia repetido o mesmo gesto quando completamos um ano de casados, era uma tradição. Desejei ter a lembrança dos outros aniversários de casamento, mas eu sabia que devem ter sido igualmente maravilhosos.

— Merda — xinguei. — Em minha defesa, eu me esqueci de muitas coisas! — Me justifiquei.

— Isso não é desculpa para esquecer o nosso aniversário de quatro anos de casamento. — Oliver me abraçou por trás, deixando beijos carinhosos em meu ombro, subindo vagarosamente pela pele do pescoço e me desnorteando quando chegou a orelha.

— Eu sinto muito. — eu disse envergonhada por ter me esquecido de um momento tão importante para nós dois. Girei-me entre seus braços e encarei Oliver, que não parecia nem um pouco ofendido com o fato de eu ter me esquecido. Muito pelo contrário, ele parecia imensamente feliz.

— Você pode me compensar mais tarde. — Oliver me lançou um sorriso tentador que fez meu estômago se agitar em ansiedade.

— Eu vou. — eu disse retribuindo o sorriso e cobrindo seus lábios com um beijo apaixonado.

O jantar a luz de velas foi perfeito, a comida estava divina. Nós conversamos sobre tudo, relembramos o nosso primeiro encontro, a nossa primeira vez, a nossa lua de mel. Oliver manteve o assunto sempre nas lembranças que eu ainda tinha. Quando chegamos na sobremesa, nós falamos sobre o nosso casamento, fizemos planos para o futuro. Oliver queria viajar comigo quando eu estivesse melhor, passaríamos uma semana em uma praia ensolarada e quando voltássemos ele concordou que deveríamos redecorar o apartamento, mas disse que se eu quisesse nós poderíamos nos mudar para outro lugar.  Quando eu estava assim com Oliver, eu percebia o quanto de sorte eu tinha, Oliver sempre colocou meu bem estar, meus desejos acima dos dele, eu achava fofo, mas eu preferia quando encontrávamos um meio termo. E isso era sempre fácil, porque nós dois estávamos sempre felizes em qualquer circunstâncias, nós nos amávamos e estar juntos bastava, isso facilitava tudo.

Acabávamos a sobremesa, quando Oliver retirou uma caixinha de veludo preta do bolso e a deslizou sobre a mesa na minha direção.

— Oliver, eu não comprei nada para você... — adiantei as minhas desculpas.

— Eu sei. — sorriu — Foi por isso que eu também não te comprei nada. — Ele disse me encarando com evidente expectativa nos olhos e um sorriso feliz nos lábios.

Abri a caixinha e suspirei tocando o que estava nela, completamente encantada.

— Oliver... — eu não conseguia formular uma frase coerente tamanha era a minha emoção. Dentro daquela caixinha uma aliança dourada reluzia, não uma aliança qualquer, mas a minha aliança de casamento. — Eu pensei tê-la perdido no acidente. —  o encarei atônita.

— Ela encontrou o caminho de volta para a dona. — eu sorri ao escutar o comentário.

— Eu nunca mais vou perdê-la.

— Eu vou garantir isso. — a determinação no tom dele não deixou dúvidas —Felicity Smoak Queen, — Oliver disse meu nome naquele dom que fez borboletas baterem asas no meu estômago. O observei se erguer, dar a volta na mesa e se colocar sobre um dos joelhos a minha frente. Ele retirou da caixinha a minha aliança de casamento, e eu fiquei sem palavras, emocionada demais apenas de ter uma ideia do que Oliver iria fazer. — As pessoas são tão céticas com relação a amor a primeira vista, e eu só posso sentir pena delas.  Porque nunca saberão o quanto esse sentimento é arrebatador, intenso e transformador. Desde a primeira vez em que eu te vi, mordendo uma caneta vermelha, eu soube que eu tinha encontrado a mulher da minha vida. Durante todo o tempo em que estivemos juntos, eu fui um homem melhor, mais feliz. Você apareceu e preencheu um espaço que eu nem desconfiava que estava vazio, que eu nem imaginava que existia. O seu amor me transformou. E é por isso, para que eu não volte a ser aquele homem vazio e frio que um dia fui, eu preciso te perguntar: Você aceita permanecer casada comigo pelos próximos cem anos? E se a resposta for sim eu prometo jamais deixar de amá-la, não importa o que aconteça.

Eu tinha lágrimas emocionadas em meus olhos.

Ele fez o mesmo discurso de quando ele me pediu em casamento. Do mesmo jeito. Cada promessa. Cada pequena palavra. Fiquei encantada que ele ainda lembrasse. Se alguma coisa havia mudado desde o acidente era o meu amor por Oliver Queen. Eu estava ainda mais apaixonada do que há três anos, se é que tal coisa era possível. Então é claro que eu concordei. Eu simplesmente não conseguia imaginar minha vida sem Oliver.

— Como você o conseguiu de volta? Eu pensei que tivesse perdido no acidente. — eu o questionei emocionada, enquanto Oliver deslizava a aliança dourada de volta no meu dedo.

Para o lugar que ela pertencia.

— Não importa, o importante é que  está de volta no local ao qual pertence e eu espero que nunca mais saia dele. — me disse com amor transbordando em seus olhos.

Eu sentia tantas emoções ao mesmo tempo, eu não sabia o que dizer, então eu parei de tentar verbalizar meus sentimentos. E passei a vivê-los.

Levantei-me da cadeira e me joguei nos braços de Oliver.

Ele me abraçou de volta apertando o meu corpo contra o dele fazendo-me sentir as batidas do seu coração que estavam tão aceleradas quanto as minhas, enrolei meus braços ao redor do pescoço puxando o rosto de Oliver para mim. Três segundos foi o tempo que gastamos sorrindo um para o outro, olhando dentro dos olhos e não vendo nada além de amor ali, até que nossas bocas se inclinaram uma para a outra. Lábios se roçaram, línguas se provaram e no fim tudo explodiu num beijo apaixonado.

Foi um beijo salgado porque lágrimas de felicidade não paravam de escorrer pelo meu rosto.

Foi um beijo doce, porque assim era o nosso amor.

Foi um beijo cheio de expectativa para o futuro e que liderou também o final da espera e o nosso recomeço, e as coisas simplesmente evoluíram daí.

Meu corpo ansiava  desesperadamente pelo o de Oliver, nossos lábios não aceitavam ficar separados por nem mesmo um segundo. Era desesperador o quanto eu precisava do Oliver, cada mínimo toque dele parecia queimar em minha pele, cada pequena carícia me deixava nas nuvens. Eu não sei ao certo em que momento as nossas roupas saíram, mas eu me lembro com exatidão de Oliver me pegar no colo e me colocar sobre a cama. Eu me lembro das promessas, me lembro de como ele beijou cada parte do meu corpo com reverência e amor. E quando finalmente Oliver estava dentro de mim, se movendo com paixão de um amante e o carinho e cuidado de um primeiro amor, enquanto nossos corpos se amavam e tomava tudo um do outro eu senti uma emoção diferente. Uma emoção que tomava conta de mim e que aquecia meu coração. Eu sentia que não era apenas a minha aliança que tinha voltado ao lugar ao qual pertencia.

Eu também tinha.

 Eu tinha voltado para os braços de Oliver.

***

Pela primeira vez em semanas eu não tive aquele sonho horrendo, eu não acordei em prantos e com o coração apertado, Oliver não teve que me acalmar e dizer que tudo ficaria bem. Longe disso, eu acordei com um sorriso gigantesco nos lábios e uma sensação boa e vertiginosa percorrendo cada parte do meu corpo. Se sexo com Oliver era o remédio para meus pesadelos, e o efeito colateral era acordar imensamente feliz, então eu aceitava o tratamento com prazer!

Eu não conseguia parar de sorrir ao relembrar a noite anterior. Os toques, as juras de amor. Cada célula do meu corpo se sentia viva, como se por muito tempo eu estivesse dormindo, como se meu corpo estivesse inativo e Oliver fosse aquele que tivesse me despertado de um longo sono. Eu estava pronta, restaurada, animada e feliz, acima de tudo feliz.

Oliver ainda dormia calmamente ao meu lado, ele tinha um semblante leve, satisfeito e por mais que eu quisesse acordá-lo de uma maneira sensual, eu decidi que ele merecia um descanso depois de todo o trabalho que eu dei a ele.  Com muito cuidado me desvencilhei de seus braços que me prendiam possessivamente, e saí da cama tomando todo o cuidado para não acordá-lo, peguei a camisa dele que estava no chão e a vesti. Fui para a cozinha que ainda tinha um cheiro delicioso de rosas, e comecei a preparar distraidamente um café, cantarolando uma música qualquer e dançando. Eu estava tão feliz que não conseguia disfarçar.

Eu só parei o meu pequeno show quando escutei o barulho de um celular vibrando em algum lugar. Era o celular de Oliver, ele estava sobre a bancada, corri até ele e como a pessoa curiosa que sou, li a mensagem que piscava no visor:

“Descobri algo que pode te ajudar, acho que você pode ter razão afinal. Precisamos conversar assim que eu voltar para Starling.

Sara. ”

Isso estava ficando difícil de acompanhar. Em uma hora eles nem se falavam ou trocavam farpas, e na outra eles trocavam mensagens de texto? Eu estava decidida a fuçar no telefone, e eu teria feito, se ele não tivesse começado a tocar na minha mão e Oliver não tivesse aparecido à porta.

Oliver veio em minha direção com um sorriso satisfeito e me deu um beijo nos lábios desejando bom dia, foi rápido, mas nem por isso menos delicioso. Ele pegou o telefone da minha mão, observou a tela com um suspiro aborrecido e saiu da cozinha para atendê-lo. Quando retornou, minutos depois ele parecia um pouco chateado.

— Eles precisam de mim na empresa, hoje tem reunião anual dos acionistas. Sinto muito, eu estava planejando passar o dia todo com você na cama. — ele disse com um sorriso que me dizia que eu iria amar esse plano de Oliver — Mas Walter disse que é imprescindível a minha presença e a do vice-presidente nessa reunião.

— Então a Isabel vai estar lá? — perguntei como quem não quer nada. Eu a odiava e principalmente quando ela ficava passeando com aquelas pernas de modelo, sempre se insinuando para cima do Oliver.

— Não. — ele respondeu pegando a xícara de café que eu o entregava. — Ela não é mais vice-presidente. Nós descobrimos que ela estava desviando dinheiro da empresa, ela foi demitida e presa no ano passado. Depois o Walter Steel assumiu o cargo. Ele está saindo com a minha mãe a propósito. — comentou.

Fingi bebericar  do meu café, tentando não expressar meu pensamento. Walter era uma boa pessoa, uma pena ele namorar a minha sogra. Moira Queen era uma pessoa tão doce quanto um limão. Eu soube disso a primeira vez que Oliver me apresentou à ela como sua namorada e logo depois ela tentou me pagar para terminar com ele, dois milhões de dólares. A proposta subiu para dez milhões quando ele me pediu em casamento.

— Espere... Você acabou de dizer que Isabel Rochev está presa? E você só me diz isso agora! Devíamos brindar a isso. — declarei levantando a minha xícara de café e brindando com a do Oliver, meu comentário arrancou um pequeno sorriso de seus lábios.

— Eu odeio te deixar aqui sozinha. — seu sorriso esmaeceu até desaparecer completamente.

— Talvez eu pudesse ir com você. — sugeri — Não para a reunião é claro, só ir à empresa. Eu prometo ficar quietinha até a reunião acabar. E de lá nós podemos almoçar fora ou você pode me trazer de volta para casa e me falar sobre todos aqueles planos que você tinha para hoje...

***

No fim eu consegui convencer o Oliver a me levar para a empresa, e eu só precisei de um pouquinho de persuasão, tudo bem que tinha o fato de que ele não queria me deixar sozinha em casa, mas eu gostava de pensar que tinha sido minha sugestão de voltarmos para casa na hora do almoço que o vencera. E agora aqui estava eu na sala de espera, entediada e esperando Oliver voltar da sala do Walter, quando um uma mulher com cabelos curtos e loiros parou a minha frente. Moira Queen minha nem sempre tão adorável sogra.

— Felicity, querida! O que eu faz aqui? Oliver não me disse que vocês tinham voltado. — ela falou e o tom de surpresa em sua voz era palpável.

Que tipo de frase estranha era aquela? Como se nós estivéssemos viajando e voltado agora ou em algum momento estivéssemos separados... E agora tínhamos voltado? Ela quis dizer voltar do hospital, né? Só pode ser.

No exato momento em que eu iria responder a ela, eu vi Oliver saindo do elevador com uma cara aterrorizada. E poucos segundos depois ele já estava do meu lado, fitando a mãe com certa apreensão.

— Mãe.  Eu não estava a esperando aqui. — o que era para ser um cumprimento soou mais como um aviso.

— Eu não sabia que você e Felicity... — ela tentou dizer, mas foi bruscamente interrompida por Oliver.

— Você veio para a reunião dos acionistas? — ele mudou bruscamente de assunto. As sobrancelhas da Sra. Queen se uniram, em clara percepção de que algo errado estava acontecendo.

— Sim, eu vim. — ela disse vagarosamente, inspecionando o filho com curiosidade.

— Ótimo, tenho uns papéis que você precisa assinar antes. Vamos para minha sala que eu te mostro. — disse levando a mãe para a sala dele e para longe de mim.

Eu acho que o analista estava certo quando disse que eu gosto de bisbilhotar as pessoas. Era uma pena a sala de Oliver ser feita com paredes de vidro, assim eu não poderia simplesmente escutar atrás da porta. Eu também não era boa em leitura labial então tive que me contentar em entender apenas os gestos. E só por isso eu posso dizer que, seja lá o que Oliver falou com a mãe dele, garanto que ela não gostou.

A reunião com os acionista parecia que ia demorar, então eu fiquei na sala do Oliver jogando no google “Retrospectiva 2014”, eu precisava me atualizar e me distrair também enquanto estava aqui.

Eu quase caí da cadeira de susto quando Laurel Lance entrou na sala sem sequer bater.

— Ollie eu... — ela parou ao notar que eu estava ali e não o “Ollie”. — Oh, Felicity que surpresa te encontrar aqui.

— Pensei que você estivesse no Japão. — acusei, me esquecendo de ser educada. Em minha defesa, eu detestava escutá-la chamá-lo pelo apelido de infância "Ollie". Eu não era ciumenta com o fato dela ser um ex namorada, eu sabia que o relacionamento conturbado dos dois tinha acabado há anos. Mas era a intimidade dela dizer “Ollie” que me incomodava. Ela não recebeu o memorando de que não se deve dar apelidos aos homens de outras mulheres?

— Japão? Claro que não! O que eu faria no Japão? — ela pareceu ponderar o que falar. — Eu precisava muito falar com o Oliver, você sabe se ele vai demorar? — questionou cautelosa.

— É a reunião anual dos acionistas, então acho que sim. — eu disse secamente.

— Entendo... Eu vou viajar hoje e vou demorar a voltar, mas eu realmente preciso falar com ele. Explicar algumas coisas, você sabe... — ela forçou um sorriso para mim o qual não correspondi — Você poderia, por favor, passar para ele o meu número novo e pedir para ele me ligar?

— Claro — respondi educada, enquanto pegava o papel. Laurel agradeceu e antes de sair da sala me disse:

— Felicity, eu só espero que tudo o que aconteceu entre a gente fique no passado. Eu realmente lamento muito que as coisas tenham terminado do jeito que terminaram.

Sorri, sem fazer ideia do que ela falava, meu corpo tremia de raiva. Me senti melhor quando eu rasguei o número dela em milhares de pedacinhos assim que ela deixou a sala.

 


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Notas finais do capítulo

E então? Sei que provavelmente o capitulo não trouxe muitas respostas (ou seria nenhuma?) mas eu prometo que no próximo a Felicity vai fazer uma grande descoberta!



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