Rose

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Sim, há 2190 dias, a presença do Malfoy foi imposta a mim sem direito de escolha, eu o aturei por seis longos anos. Mas, agora, por culpa minha e exclusivamente do meu orgulho, estou tendo que o aturar por mais tempo que o normal.

O que passou pela minha cabeça quando tive essa ideia digna de um trasgo?! Tudo pra que o meu orgulho continuasse intocado, eu abri mão da minha reputação. E minha vida virou de cabeça para baixo, meu Deus, quando isso vai acabar? Eu não sei se vou aguentar por muito mais tempo.

Uma ideia insana está acabando com meu perfeito último ano na escola. Quer saber como tudo começou? Como a bela Rose Weasley, independente e sensata, virou a "apaixonada e inconsequente"? Sendo que esse último fato é uma completa mentira, tudo culpa do queridíssimo Scorpius Malfoy e sua irresponsabilidade e desrespeito para com as regras.

Em uma noite muito fria, lá estava eu, fazendo minha monitória de rotina pelos corredores da escola, na primeira semana de aula do meu sétimo ano. Decidi passar pela cozinha e pegar um chocolate quente, estava realmente frio. Encontrava-me perto da biblioteca quando vi um vulto alto e loiro correndo para dentro dela. Não era hora dos alunos estarem fora da cama, por isso segui o vulto. Entrei na biblioteca para ver o que estava acontecendo e ouvi barulhos de cochichos que vinham da seção reservada. Fui calmamente andando até lá, quando duas mãos me puxaram, fazendo com que eu derramasse todo meu chocolate quente.

— O que você pensa que está fazendo Weasley? Droga! — xingou aos sussurros. — Olha só o que você fez.

Era Scorpius, que não parecia feliz em me ver nem no fato de eu ter derramado chocolate nele. Ele tirou a camisa e eu não olhei, claro (mentira, olhei sim, mas só um pouquinho. E não dava pra não ver, ele estava bem na minha frente, poxa).

— Eu que deveria te fazer essa pergunta já que é meu dia de fazer a monitoria, não o seu. E você esta desrespeitando as regras do... — comecei todavia, fui bruscamente interrompida.

— Cale a boca, assim vão ver a gente. — Mandou, tapando minha boca com a mão. — Quieta. Vem, eu vou te mostrar o que eu estou fazendo. Pare de se mexer, caramba, ou eu vou ter de te petrificar. — Ameaçou.

Eu fiquei quieta, porém, só para sanar minha curiosidade. Ele me levou até uma pratilheira que dava pra ver a seção reservada, onde duas pessoas olhavam um livro cinza com muito atenção. Eu distingui imediatamente os irmãos Smith, conhecidos por fazer brincadeiras sem graça, eram os valentões da escola e mexiam com coisas realmente perigosas. Eu olhei para o Malfoy com as sobrancelhas erguidas, o cenho franzido em uma clara expressão de dúvida. 

— Ah, Weasley, não está claro? Eles são da minha casa e acho que andam mexendo com coisas muito erradas. Ultimamente, eu vi quando eles saíram do quarto, e resolvi vir atrás. Acaber por os encontrar aqui, na seção proibida. Seja lá o que estão tramando, eu vou descobrir. Ainda não esqueci o que eles fizeram ano passado, com aquele menino trouxa, ele ainda está no St. Mungus.

— É melhor falarmos com a diretora, ela vai saber o que fazer.

— Está louca? Eu não sei você, contudo, eu não quero esses dois como inimigos.

— Covarde. — Resmunguei, apenas para provocar.

— Não é questão de covardia, eles são os melhores alunos em DCAT, e, com certeza, conhecem mais MDAT do que eu e você juntos. E mais, eu tenho que ter provas para pegá-los, não somente suposições. Nós dois sabemos como eles se safam bem de suspeitas.

Eu odiava admitir, entretanto, ele tinha razão. Droga. Eu passei a mão em um livro, enquanto observava os irmão Smith, o que foi uma coisa muito idiota pois o livro soltou um grito que quase me deixou surda. O Malfoy segurou a minha mão e me puxou pra fora da biblioteca, no mesmo tempo que falava uma centena de palavões.

De relance, eu avsitei os irmão Smith se levantando e vindo em nossa direção. Nós disparamos pelo corredor e vi na hora em que o Scorpius me jogou dentro de uma sala. Literalmente, me jogou no chão e caiu em cima de mim. Eu estava pronta para gritar com ele, no entanto, ele deteve-me ao tapar minha boca com as mãos, mais uma vez. Eu estava completamente ofegante e também completamente consciente de que minha saia tinha subido mais do deveria. Também tinha a ciência de que Scorpius estava em cima de mim, o Malfoy estava com o rosto vermelho da corrida e eu sabia que o meu também não estava diferente. Ele, então, tirou a mão que tapava minha boca:

— Sua tonta! O que você tem na cabeça? — repreendeu.

Eu iria responder, mas fui novamente interrompida quando a porta foi aberta e lá estava o Sr. Filch, juntamente com a diretora e o pirraça, me encarando no chão com a saia levantada e com um garoto — não qualquer garoto, com o Malfoy — sem camisa e ofegante em cima de mim.

Portanto, meu mundo começou a desmoronar. Trespassou mil coisas pela minha cabeça, a principal era: como eu ia explicar pro meu namorado essa situação, ainda mais quando o pirraça começou a cantarolar "Malfoy ama Waesley! Estavam se agarrando na sala" pela escola inteira e acordando a todos?