The Gray War escrita por Maxtrome


Capítulo 21
Capítulo 21 - O Jardim Cinzento


Notas iniciais do capítulo

Depois de tanto tempo, parece que finalmente chegamos aqui... Aproveitem o capítulo.
Edit: 05/12/2017 (Olhe nas notas finais para saber o que foi editado)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/616451/chapter/21

Macarona tinha ficado com Dialo e Rawberry lutando contra Igls Unth, enquanto Chelan ia atrás de Etihw e Kcalb. A luta demorou um pouco, e quando Grora acordou, ela perguntou se as garotas precisavam de ajuda. Elas disseram que a anjo podia ir ajudar Etihw e Kcalb, e foi o que ela fez. A luta durou mais um tempo, mas logo as três acabaram com a Anjo da Luz, que saiu correndo pela porta e sumiu sem deixar rastros.

Sim Igls no caminho, as quatro saíram da sala e começaram a andar por um corredor, até chegar a um lugar onde se dividia em uma escada em espiral e a continuação do corredor. Agora, elas teriam que escolher: Elas podiam continuar até o fim do corredor ou subir a escada.

Decidiram se dividir. Dialo subiu a escada, enquanto Rawberry e Macarona continuaram pelo corredor. Elas foram correndo, passando por vários quadros, e então viraram à esquerda, parando um minuto para observar. O corredor continuava até uma porta, não muito longe, mas quando elas deram um passo, vários lasers se ativaram. Elas teriam que passar desviando de todos para chegar ao outro lado.

“E agora, o que vamos fazer?” Macarona perguntou, preocupada.

“Eu já desviei de milhares de ataques em lutas, não deve ser tão difícil! Siga-me!” Rawberry disse, enquanto descia de seu Pégaso e deixava-o de lado. Ele não conseguiria passar junto a elas. O próprio pensamento de um cavalo dançando no meio de vários lasers para desviar deles a fez achar aquilo estranho.

Elas começaram a andar pela sala, Rawberry na liderança e Macarona vindo atrás, desviando de todos os lasers, quase encostando em alguns, e por outros passando facilmente. E então, talvez por sorte, talvez por habilidade, chegaram ao fim da sala e abriram a porta.

Elas fecharam a abertura do capacete das armaduras que estavam usando, e assim ficaram totalmente disfarçadas. Quando passaram para o outro lado, viram cinco guardas.

“Oh, já deu o horário da troca de guardas?” Um deles perguntou, já se preparando para sair. “Ainda bem, não estava mais aguentando.”

“Espere aí... Aqui só tem dois guardas. Precisávamos de cinco” Uma guarda disse.

“Verdade... Onde estão os outros?” O primeiro perguntou.

“É... Estão vindo, daqui a pouco eles chegam. Podem ir enquanto isso” Rawberry respondeu.

O guarda ficou parado. Parecia que ele estava desconfiado, mas logo ele disse:

“Tudo bem. Vamos, pessoal!” Ele fez um gesto para chamar os outros quatro e apertou um botão na parede para desligar os lasers. Mas quando atravessou a porta, viu o Pégaso do outro lado.

“O que é isso? Por que tem um cavalo aqui no castelo?” Perguntou, surpreso.

Macarona e Rawberry olharam-se, nervosas.

Então, um dos guardas disse:

“É... Eu acabei de me lembrar... O Siralos disse pra gente não trocar os guardas essa noite...”

Então, o primeiro guarda virou-se para Rawberry e Macarona.

“Então por que vocês vieram aqui?” Ele perguntou.

As duas entreolharam-se, e então começaram a correr para o lado oposto de onde tinham entrado, com os cinco guardas atrás. E, depois de correr um pouco, encontraram uma cela. E dentro da cela estavam...

“Yosafire! Froze!” Macarona gritou, vendo-as pela janela da porta da cela. As duas estavam atentas, olhando para a entrada, deram um sorriso quando viram a cara da amiga anjo. Elas correram até a porta gritando alegremente o nome de Macarona.

A anjo virou-se para os cinco guardas que vinham correndo. Ela observou-os atentamente e percebeu que um tinha uma chave em seu pescoço.

E então, percebeu que só havia uma solução.

“Temos que enfrentá-los.”

Ela e Rawberry sacaram as armas e começaram a dar espadadadas nos inimigos. Macarona foi direto no que tinha chave no pescoço, e cortou o cordão que segurava o objeto, pegando-o e jogando pela janela da prisão para que Yosafire e Froze se soltassem.

Dois inimigos juntaram em Macarona, mas ela derrubou um no chão, tirando de sua mão a espada que ele segurava.

Yosafire e Froze abriram a porta da cela e correram para fora. Três anjos de Siralos estavam em volta de Rawberry, que só estava de pé ainda pela armadura a protegendo.

A demônio de cabelos verdes correu até Macarona, que entregou-a a espada do anjo que fora derrotado. Então ela correu até o lado de Rawberry e atacou um dos anjos por trás. Ele virou-se para a demônio e eles começaram a lutar.

Yosafire conseguiu sair vitoriosa. Macarona já acabava com o outro inimigo, e agora só faltavam dois. Rawberry se afastou deles, indo para perto das três amigas. Yosafire segurava duas espadas, uma em cada mão, e Froze pegara a espada de outro dos anjos. Agora as quatro estavam armadas.

Eles viraram-se para os dois anjos que restavam, fazendo uma pose de heroínas.

“Rendam-se agora ou preparem-se para lutar!” Yosafire gritou.

Os dois anjos saíram correndo. Os outros três, que já estavam sem armas, correram atrás dos amigos. Agora as quatro estavam sozinhas.

“Que saudades de vocês!” Rawberry exclamou, correndo para abraçar Yosafire e Froze. “Pelo jeito parece que aquela briga não foi algo muito grave, né?”

“Haha... Quando a gente te contar tudo...” Yosafire disse, sorrindo.

“Então, o que devemos fazer agora? O que aconteceu enquanto estivemos presas?” Froze perguntou, ansiosa.

“Bom... O Kcalb morreu... Mas calma, ele não morreu, ele só estava fingindo. Aí o Ivlis disse que o Siralos não tem mais o poder de tirar vidas por causa de uma maldição, e nós viemos para cá, acabamos com uns robôs, derrotamos a Igls, e nos separamos da Dialo e da Grora, até que encontramos vocês duas.” Macarona explicou resumidamente.

“E o que a gente faz agora?” Froze perguntou.

“Eu não sei exatamente... Acho que a gente devia ir para onde Dialo e Grora foram antes que aconteça algo ruim” Rawberry disse.

“Sim, vamos logo!” Yosafire exclamou. “Froze, a visão do futuro!”

Froze fez uma expressão de susto e exclamou:

“Vamos! Temos que chegar o mais rápido o possível!”

“Por quê? O que fez vocês quererem se apressar tanto assim do nada?” Rawberry perguntou.

“Vamos lá, explicamos no caminho” Yosafire disse.

As quatro começaram a correr pelo caminho por onde Macarona e Rawberry tinham vindo.

“Nós estávamos na prisão discutindo planos e outras coisas, quando nos lembramos de um fato muito importante” Froze começou a falar.

“E o que era?” Macarona perguntou.

“Por que Siralos queria que eu viesse para cá, e também por que ele queria capturar a minha mãe desde o começo?” Yosafire disse.

“Por causa... Uh...” Rawberry começou a falar. “Ok, não adianta eu tentar adivinhar sendo que eu perdi tantas partes da história. O que foi?”

“Por causa da visão do futuro! Siralos sabia que eu tinha a visão do futuro e queria me usar para isso! Quando nos lembramos disso, ou seja, alguns minutos atrás, nos preparamos na mesma hora para tentar algo. Algo que nos ajudasse a sair de lá.” Yosafire contou.

Froze continuou:

“Eu me sentei no chão, de frente para Yosafire. Ela fechou os olhos e tentou esvaziar a mente. Não sabíamos como realmente isso funcionava, então eu só sugeri para ela fazer algo óbvio, com calma e paciência.

Quando ela disse que estava preparada, eu disse ‘mostre-me o futuro’, e então um brilho verde saiu dela. Primeiro achamos que tinha dado errado, porque o brilho apenas começou a ricochetear pela prisão, e depois ele saiu pelo buraco da janela e não vimos para onde ele tinha ido. Yosafire disse para tentarmos de novo, até que ela pareceu ficar fora de si por alguns segundos. Ela apenas ficou parada, de olhos fechados, sem me responder nem fazer nada. E... Eu acho que essa parte seria melhor ela terminar de contar.”

“Enquanto Froze supostamente me via parada, eu vi o futuro. Na verdade foi bem confuso. Eu vi Dialo e Grora chegando em um lugar, e encontrando Siralos, Etihw, Kcalb, Wodahs e Chelan. Então, Dialo correu até Chelan, abraçou-a e depois elas se beijaram. E então, vi algo horrível. Chelan foi acertada por um raio de Siralos e caiu morta no chão. Então, a cena voltou, como se estivesse acontecendo de trás para frente, e tudo aconteceu de novo, mas dessa vez Dialo não beijava Chelan. Deduzi que aquilo eram duas possibilidades para o futuro. Quando voltei a mim, contei a Froze o que tinha visto, e depois de alguns minutos vocês chegaram.”

“Então devemos correr! Chelan pode estar morta numa hora dessas!” Macarona exclamou.

Então, elas chegaram no lugar onde ficava a escada giratória. Mas quando iam começar a subir, ouviram passos de alguém vindo de cima, e parecia ser mais de uma pessoa!

Elas ficaram paradas, ansiosas, e preparadas para lutar se necessário, esperando as pessoas descerem, até que viram que eram Chelan e Dialo.

“Chelan! Dialo! Nossa, vocês estão bem!” Yosafire exclamou. As amigas ficaram felizes de se reencontrar.

Yosafire disse que estava muito preocupada com elas e contou sobre as visões do futuro.

“Espera... Então você viu uma visão do futuro? É que... Eu vivi uma experiência muito estranha. Eu vi... Chelan... Morrendo. E então... Tudo voltou e eu pude tentar novamente. Foi muito estranho.” Dialo contou, hesitando, pois não queria realmente relembrar a cena.

“Acho que eu consegui compartilhar a visão com você! Deve ser um dos poderes. Pelo menos tudo deu certo... Agora, o que devemos fazer?” Yosafire perguntou.

“Etihw tinha um plano. Wodahs nos pediu para causar algum tipo de explosão. Mas eu não tenho ideia de como fazer isso” Dialo disse.

“Bom, acho que posso tentar usar a visão do futuro novamente. Ela pode nos mostrar o que podemos fazer” Yosafire deu a ideia. “Froze, vamos lá?”

Yosafire fechou os olhos e ficou parada, concentrando-se apenas em encontrar um jeito de fazer a explosão. Ela esqueceu de todas as outras coisas e só pensou naquilo.

“Mostre-me o futuro.” Yosafire ouviu a voz de Froze.

E então, viu-se ao lado de suas amigas, todas correndo por um corredor, depois descendo uma escada... Entrando numa sala, virando para a direita, direita, e chegando a uma porta.

E então, a visão acabou.

“Eu vi um caminho por onde teremos que passar. Vamos lá, sigam-me” Yosafire disse rapidamente e começou a correr. As amigas foram atrás dela sem hesitar.

Elas foram seguindo pelo caminho até encontrarem uma sala onde Yosafire encontrou sua espada e Froze, seu martelo de guerra. Depois, continuaram pela rota, agora sem guardas, e finalmente chegaram à porta que Yosafire vira. Era uma porta vermelha com uma maçaneta prateada. Uma placa em cima dela dizia “Núcleo”.

Elas abriram a porta e entraram.

E então, viram uma sala com as paredes pretas com detalhes vermelhos e brilhantes, cheia de prateleiras com armaduras e cabeças metálicas. Também viram vários robôs iguais aos que tinham enfrentado enquanto lutavam contra Wodahs e Grora.

“Parece que foi aqui que fizeram todos os experimentos e protótipos para os robôs!” Rawberry deduziu.

No centro da sala, dentro de um vidro de formato circular que ia do chão até o teto, havia um tipo de energia dourada, que lembrava o sol.

“E parece que Siralos não usou apenas magia, mas também... Tecnologia! Isso tudo a partir da energia solar!” Macarona deduziu.

“Certo... Instruções de Wodahs. Devemos explodir isso. Acho que se quebrarmos o vidro vamos conseguir.” Froze sugeriu.

As seis andaram em direção ao centro da sala, cada vez mais perto do lugar onde se encontrava a fonte de energia solar. Aquilo brilhava com uma enorme intensidade, o que parecia até cegar quem olhava. Enquanto iam andando, começaram a tampar os olhos com as mãos. Quanto mais chegavam perto, mais calor ficava.

Froze, que estava em frente às demais, chegou primeiro e tocou no vidro. E, ao fazer esse simples gesto, um zumbido em volta chamou a atenção das amigas. O zumbido não vinha só de um lado, mas sim de todos. E logo elas perceberam que todos os robôs em volta estavam com os olhos brilhando. Todos pareceram ter sido ativados, desde as cabeças até os completos, que possuíam o corpo inteiro.

Então, eles começaram a se movimentar. Os robôs andavam até o meio para acabar com as intrusas e as cabeças começaram a rolar atrás deles. E, por fim, alguns lasers foram ativados por toda a sala, refletindo nos robôs que andavam e indo em todas as direções.

As seis garotas começaram a gritar. Froze pegou seu martelo e preparou-se para quebrar o vidro. Levantou-o, e com toda sua força, bateu no vidro.

Mas não foi o suficiente. O vídeo rachou, mas não se quebrou completamente, e elas precisariam tentar mais para terminar o trabalho. Froze se preparou para dar outro golpe no vidro enquanto as cinco lutavam em volta. Fez a mesma coisa que antes: levantou o martelo de guerra e usou sua força para bater no vidro com ele. Agora a proteção estava quase se despedaçando.

Quando ela se preparou para dar o último golpe, um robô alcançou-a e a jogou em uma das paredes da sala, fazendo-a ficar muito ferida. Ela tentou se levantar, mas não tinha forças.

Nesse momento, Yosafire percebeu que agora era com ela. Correu até o centro da sala e ficou em frente ao vidro rachado. Mas teve uma ideia melhor antes de atingi-lo com a espada.

Ela esperou o robô mais próximo se aproximar, e quando ele ia dar-lhe um soco, ela desviou. A máquina atingiu a proteção da energia, quebrando-a. E então, a energia solar entrou em contato com os circuitos do robô, que começaram a ser desativados e a esquentar.

“Corram! Vai explodir!” Yosafire anunciou. Suas quatro amigas correram até a porta, mas ela correu até o lugar onde Froze se encontrava. Pegou a amiga, que por mais que estivesse consciente, mal conseguia se levantar, e colocou-a sobre suas costas. Froze segurou firme com as mãos em volta do pescoço de Yosafire, que foi correndo até a saída.

Agora todos os robôs levavam choques e tinham seus circuitos queimados. A qualquer momento eles explodiriam. Yosafire atravessou a porta, fechou-a e desabou no chão, derrubando Froze ao seu lado.

Chelan, Dialo, Rawberry e Macarona encontravam-se sentadas e feridas pelas lutas com as máquinas. E então, todas começaram a rir. Tinham conseguido sobreviver. A qualquer momento a explosão acontece...

BOOM!

Várias explosões foram ouvidas de dentro do núcleo. E então, o chão começou a desabar, junto com todo o castelo a sua volta.

Yosafire não sentia mais nada sustentando-a em baixo. O chão rapidamente se rachou e começou a cair. Ela gritou, e todas as amigas também caíam, em volta. Foi tudo muito rápido, ela só viu as paredes do castelo caírem por cima delas. E então, sentiu uma sensação de força muito grande, e também de leveza.

Elas foram caindo, até que pararam, mas por algum motivo não se machucaram. As paredes do castelo, agora totalmente destruídas, caíram por cima das amigas e tudo ficou escuro.

Yosafire estava esperando por sua morte, mas por algum motivo nada a atingiu. Será que ela já havia morrido? Será que a morte era simplesmente uma sala preta? Ou tinha sobrevivido de alguma maneira?

“Ei, vocês estão bem?” Macarona perguntou.

“Macarona! Nós sobrevivemos?” Yosafire perguntou em voz alta.

“Pelo jeito o castelo desabou sobre nós, mas algo nos protegeu.”

Então Yosafire reparou que ainda sentia aquela sensação de leveza e força. Ela se levantou e pulou. No alto, sentiu algo macio. Então, andou um pouco para o lado, posicionando seu braço para frente para ser guiada. Sua mão logo tocou algo, que também era macio, igual o que estava em cima. Ela foi andando em volta e percebeu que tinha andado em um círculo, ou seja, ela estava dentro de uma esfera.

“Uma bolha!” Yosafire exclamou. “Estamos dentro de uma bolha que nos protegeu.”

“Pera, o quê? E como ela apareceu aí?” Rawberry perguntou.

“Algo me diz que foi magia” Yosafire palpitou.

“Magia de quem?” Dialo perguntou.

Yosafire esperou alguns segundos e ficou pensando, até perceber algo.

“Minha” Ela respondeu, bem séria. Era muito raro alguém conseguir usar magia no Gray Garden. Muitos conheciam apenas coisas básicas. Mas Yosafire conseguira criar uma bolha de proteção, sem nem mesmo saber que aquilo era possível. Ela estava muito orgulhosa de si mesma.

Por mais que ninguém pudesse ver naquele escuro, ela deu um pequeno sorriso.

“Ok, agora preciso jogar as pedras para longe, liberando o caminho. Vamos lá, Yosafire, você consegue.” Ela pensou. Então, fechou os olhos e se concentrou. Levantou os braços e sentiu a bolha se conectar com ela. Deixou sua magia fluir por seu corpo. E então, no momento certo, fez com que a bolha lançasse todas as coisas que estavam em cima para longe, desaparecendo logo em seguida. A demônio olhou em volta e viu suas cinco amigas comemorando e aplaudindo.

E, por mais irônico que fosse, o sol começava a nascer no horizonte. Aquela terrível noite tinha finalmente acabado.

“Ali!” Elas ouviram uma voz, não muito longe. E então, depois de um minuto, Wodahs, Grora, Etihw e Kcalb apareceram em volta de onde estavam, bem no meio do campo de batalha.

“Vocês conseguiram!” Etihw disse, feliz. “Derrotaram Siralos de uma vez por todas!”

“Pera, o quê? Como assim, o que aconteceu exatamente?” Macarona perguntou, ansiosa. “Vencemos?”

“Enquanto eu estava andando pelo Gray Garden, logo depois que vocês foram expulsos para o Reino do Sol, eu me lembrei de um túnel subterrâneo que eu e Etihw descobrimos há muito tempo, que conecta os dois lados do campo de batalha” Wodahs começou a explicar. “Podia ser a armadilha perfeita. Eu não tinha muita certeza disso, mas imaginei que Siralos não poderia se teleportar se estivesse no subterrâneo, já que nenhum raio de sol nunca chegou lá. Nós só precisávamos de tempo enquanto vocês faziam a explosão. O túnel estava quase desabando há muitos anos, e algo potente assim acabaria com tudo. Precisei botar toda a minha fé em vocês.”

“E vocês conseguiram!” Grora comemorou.

“Espera, mas como vocês têm certeza? Ele não pode ter sobrevivido de alguma maneira?” Froze indagou.

“De fato, receamos que sim, e por isso que nós viemos aqui verificar. Mas antes, é claro, iríamos ver se vocês seis estavam bem” Etihw disse.

“É, nós estamos bem, eu acho, só Froze que está um pouco... Machucada” Yosafire disse.

“Certo... Eu e Chelan vamos leva-la a um lugar mais seguro para cuidarmos dela e vocês procuram Siralos, pode ser?” Dialo sugeriu.

Etihw liberou-as e elas começaram a carregar Froze para o Castelo Black, onde estavam as mochilas com suprimentos e materiais para curar a anjo.

Yosafire, Macarona e Rawberry finalmente puderam olhar em volta e perceberam o estrago enorme que tinha acontecido. Todo o túnel desabara, fazendo um buraco enorme em todo o campo de batalha. Na floresta do norte, onde ficava o portal para o Mundo do Sol, várias lutas aconteciam entre os anjos e demônios que estiveram abrigados na Vila Secreta e alguns demônios de Ivlis contra os anjos de Siralos.

“Ufa, eles conseguiram chegar a tempo...” Yosafire pensou, aliviada, sobre seus amigos que estavam na Vila Secreta.

Wodahs já tinha ido procurar o corpo de Siralos, e agora, depois de alguns minutos, estava voltando.

“E então, achou algo?” Kcalb perguntou.

Wodahs não parecia muito feliz. Parecia até um pouco desapontado.

“É... Eu acho que vocês deveriam ver isso aqui...” Ele começou a voar e guiou todos até um lugar específico. Lá estava a capa que Siralos usava, uma linda capa marrom acinzentada de um lado com desenhos de sóis do outro. Mas apenas a capa, sem sinal do deus. E bem perto dali, havia um dos túneis menores em que se dividia o principal. Esse não estava caído. Pelo contrário, estava intacto.

Etihw parecia muito preocupada agora, assim como Grora e Wodahs.

“Então ele fugiu? Ele sobreviveu? Para onde esse túnel leva?” Kcalb perguntou rapidamente, muito preocupado.

“Ele leva para os primórdios da criação desse mundo. O lugar onde tudo começou, o lugar que dá o nome ao nosso lar. O túnel leva para... O Jardim Cinzento.” Etihw disse, muito séria.

***

As cenas que se ocorreram em seguida foram muito rápidas. Eles resolveram se dividir em dois grupos. Etihw e Kcalb queriam ir rapidamente até o Jardim Cinzento enquanto os outros ajudavam nas lutas contra os anjos de Siralos até eles resolverem o problema. Depois de discussões rápidas, pois estavam sem muito tempo, Yosafire e Wodahs acompanharam a deusa e o diabo enquanto Macarona, Rawberry e Grora ficaram.

Os quatro foram correndo para noroeste. Se fossem rápido, ainda poderiam chegar na frente de Siralos. De acordo com Etihw, o túnel dava bastante voltas.

Eles não levaram muitos minutos para chegar até o lugar, mas do jeito que estavam, cada segundo parecia durar uma hora. Eles não podiam perder nenhum segundo, a batalha por suas vidas estava chegando ao seu fim.

Logo o chão começou a ser substituído de uma grama baixa e um pouco desbotada para pedras cinzentas. Pedras totalmente cinzas, do tom mais claro ao mais escuro. Pedras que pareciam deixar todos que a pisavam em uma incrível perdição, como se fossem ficar sozinhos por toda a eternidade. E, em uma adição ao chão, o céu também passava um sentimento de vazio e solidão. Ele se cobria de nuvens naquele lugar e tudo parecia perder sua cor. Era possível acreditar que aquelas nuvens sempre estiveram lá cobrindo aquele lugar, como se sua ordem natural fosse aquela vista nublada. Agora, uma visão já não tão alegre se passava para uma pior ainda, um lugar totalmente sem cor, que dava arrepios a qualquer um. E quando eles começaram a andar mais pela grande massa cinzenta, pedras maiores começaram a aparecer acima do chão. Pedras de todos os tamanhos e formatos, que os fazia adentrar em um enorme labirinto rústico.

O Jardim Cinzento era um lugar muito curioso naquele mundo. Apesar de ele demonstrar desolação e outros sentimentos ruins, ele também despertava uma pequena sensação de magia. Pelo que Etihw e Kcalb falaram, ali era o lugar onde eles tinham sido criados por Yarg. Aliás, ali tinha sido onde Yarg tinha surgido, no começo de tudo. Era um local antigo que carregava uma grande história em si.

Etihw, de certa maneira, imaginava que tudo acabaria lá. Aquele lago… Um lago que até parecia ter vida própria algumas vezes. Ali, onde tudo surgira. É claro que ele a atrairia para lá algum dia.

“Vamos lá, estamos quase no centro!” A deusa exclamou.

E, em menos de um minuto, o grupo chegou ao centro, encontrando uma visão que os impressionou totalmente. Um enorme lago se extendia pela visão de cada um. Na verdade, uma enorme névoa encobria o local, impossibilitando que eles pudessem ver as margens do outro lado e que eles pudessem saber o seu tamanho. Suas águas eram totalmente transparentes, permitindo até que eles pudessem ver o fundo. Elas se movimentavam calmamente, e nesse momento até foi possível que eles se sentissem calmos, assim como o movimento da água. A ansiedade esvaiu-se de seus corpos e um sentimento de felicidade surgiu, algo também semelhante a um consolo. Vamos lá, tudo vai dar certo, dizia o fundo da alma de cada um dos quatro ali.

Yosafire até conseguiu dar um belo sorriso observando aquela paisagem. Ela sabia que precisava agir agora, mas imaginava que um grande prêmio viria depois da batalha. Um final feliz, com sua família e seus amigos, sem nenhuma guerra para se preocupar.

“Se não me engano, a saída do túnel é…” Etihw começou a falar, enquanto observava o local em volta, tentando localizar o que queria encontrar. “...bem ali!” A deusa disse, apontando para um ponto específico e correndo até lá, onde estava uma pedra. Os outros três correram atrás dela e viram que realmente havia uma abertura ali, por onde seria possível passar uma pessoa.

“E sem sinal de Siralos por perto, acho que chegamos bem a tempo!” Kcalb disse, até um pouco aliviado.

“E agora, só esperamos ele sair?” Yosafire perguntou.

“Não, querida, não vão ter que perder tempo fazendo isso.” Uma voz veio de trás. Yosafire se arrepiou ao ouvir aquilo, e sentiu medo e raiva ao mesmo tempo.

Siralos já estava lá.

Os quatro se viraram rapidamente. O deus estava bem sujo de poeira e terra, o que era facilmente perceptível. Seu cabelo estava bagunçado, com fios soltos em todos os lugares, e a lente do lado direito do óculos se encontrava um pouco rachada. Além disso, seus dentes não estavam mais tão brilhantes. Agora ele estava sem sua magnífica capa. Sua aparência estava um pouco diferente por esses motivos, por mais que ainda estivesse com seu sorriso cínico e sarcástico e uma de suas mão na cintura.

“Siralos, pelo visto já está aqui. Não podemos mais adiar. Agora é o clímax da história que dá o propósito aos demônios e aos anjos” Etihw disse, com os olhos semicerrados e os punhos fechados. O vento fazia seu enorme cabelo, que ia até os pés, voar de um lado ao outro.

“Não sei por que ainda está sorrindo. Você está sem seus anjos, está fraco e sujo, e encontra-se em número menor” Wodahs disse. Ele sentia um tremendo ódio por Siralos por ter usado seus poderes para manipulá-lo.

“Mas eu ainda sou mais forte do que vocês!” Siralos exclamou. Sua voz também estava diferente, ele parecia um pouco rouco.

O deus usou um feitiço para seis correntes douradas surgirem do chão, subindo até os braços de Etihw, Wodahs e Kcalb e prendendo-os. Depois, as correntes voltaram radicalmente ao chão, fazendo com que os três caíssem sentados. Etihw começou a forçar para tentar escapar, e percebeu que as correntes estavam tão fracas que ela conseguiria quebrá-las muito facilmente. Mas resolveu entrar no jogo de Siralos e esperar o momento certo. Ela piscou para Kcalb e Wodahs, que também ficaram parados. Eles aparentemente também perceberam que as correntes estavam fracas.

Yosafire era a única que tinha ficado livre. Ela não entendeu por que Siralos não a prendera também, mas ficou de pé e pronta para lutar.

“Parabéns, Yosafire. Você será a primeira a morrer. Você sempre foi tão irritante e resistente... Sempre acreditou que tudo daria certo, que a paz era a solução. E você ainda resolveu poupar sua amiga sendo que poderia reencontrar sua própria mãe! E mesmo depois de prendê-la duas vezes, você ainda conseguiu chegar até aqui. Sua criaturinha irritante!” Siralos insultou a demônio, com raiva. Um segundo depois, ele desapareceu de onde estava e reapareceu bem em frente da garota, com um raio na mão, pronto para fazê-lo atravessar pela barriga dela.

Etihw observou a cena abismada, pois não esperava por aquilo, e usou sua força para quebrar sua corrente, mas logo que fez isso, percebeu que Yosafire já tinha se salvado. Com as duas mãos, ela segurou o braço do deus do sol e levantou-o no ar, jogando-o no chão com toda sua força. O raio na mão dele desapareceu.

O deus deu um pequeno grito, mas se levantou novamente.

“Você se acha todo forte, certo? Você se acha o ser mais poderoso do universo, não é? Só porque sabe… Fazer as suas maldições estúpidas e suas manipulações terríveis. Você realmente esperou todo esse tempo e fez tantos sacrifícios para conseguir sua vingança sendo que podia simplesmente ter escutado ao Ivlis? Você não é inteligente, você não é o ser mais poderoso do universo! Você é um… Um babaca! Meteu o nariz onde não foi chamado só pra satisfazer os seus gostos!” Yosafire disse, jogando para fora toda a raiva que tinha guardado para si em todos esses anos. “Mas o seu plano sempre teve erros, certo? Mas, mesmo assim, você sempre conseguiu contorná-los. Tipo aquela vez… No Natal! O Papai Noel tinha conseguido a paz, tudo estava certo, mas antes que tudo acabasse bem, você apareceu para atrapalhar tudo! E, na verdade, esse foi o seu erro!” Quando ela disse aquilo, ele demonstrou estar curioso sobre o que era seu erro. Etihw, Kcalb e Wodahs não entendiam o que Yosafire queria dizer quando disse sobre o Natal.

Todos em volta também observavam aquele discurso.

“Muita autoconfiança! Imaginou que, como em todas as outras vezes, tudo daria certo! E nem percebeu as inúmeras falhas em seu plano! Sério que você viu eu e a Froze chegarmos aqui e nem foi verificar como estava tudo no seu mundo?” Siralos se sentiu até um pouco burro naquele momento. Sua cara mostrava desgosto e raiva. “Esse é o seu problema. Você é egoísta e metido! Você é um lixo!”

E, enquanto Yosafire terminava seu discurso, Etihw pegou o diamante de Kcalb e transformou-o em uma espada, avançou para Siralos e perfurou a barriga dele com a arma, rapidamente, igual a um raio. Ele deu um enorme grito de dor e caiu no chão. Sangue saía do lugar de onde a deusa usara a espada. Mas, rapidamente, com sua magia, ele conseguiu se curar. Não totalmente, mas o suficiente para ficar de pé.

Logo em seguida, Wodahs e Kcalb chegaram chutando-o. O deus caiu no chão e agora estava quase sem forças para se levantar.

“Quem é mais forte que quem agora?” Wodahs perguntou, com sarcasmo.

Siralos resmungava. Ele não queria aceitar que ia perder de uma maneira tão boba. Mas, de fato, ele estava muito fraco. Mesmo assim, não ia desistir. Ele começou a recitar palavras, alguns versos. Estava falando um feitiço. Etihw tentou correr para impedí-lo, mas antes que ela pudesse fazer isso, ele terminou de falar, e Etihw, Kcalb, Wodahs e Yosafire foram lançados para trás por um grande impacto vindo do deus, e todos caíram no chão.

“Eu... Não vou... Morrer... Assim...” Siralos disse. Ele então levantou-se e subiu uma das maiores pedras do lugar, uma que ficava bem às margens do lago. Ele se preparou para mais um feitiço, até que viu alguém que não esperava ver ali.

Andando em meio às pedras, alguém novo chegava ao local. O cabelo era preto bem escuro, com algumas mechas vermelhas nas pontas. Ele usava uma jaqueta cinza com detalhes vermelhos por cima de uma camisa cinza escura cheia de botões dourados e um cinto preto. Em volta de seu pescoço estava cachecol vermelho e preto que se abria para os lados, tendo o formato de duas grandes asas de demônio. Siralos então reparou que a pessoa estava sem o braço esquerdo. Suas roupas estavam sujas de sangue e do lugar de onde o braço supostamente fora arrancado, tinham algumas bandagens para impedir que o sangue saísse. Seus olhos eram amarelos, alaranjados, brilhavam como o sol.

“Ivlis? O quê? Como sobreviveu?” Siralos perguntou, espantado. Ethw, Kcalb, Wodahs e Yosafire olhavam atentos para quem chegava. Eles também não entendiam como Ivlis estava vivo.

“A sua maldição, sua terrível maldição, não foi suficiente para acabar comigo. Ela quase me alcançou, até levou o meu braço, mas eu escapei. Pelo jeito meu feitiço de impedir que você tire vidas foi desfeito, mas eu continuei vivo. Demorei um pouco para chegar aqui, mas parece que estou bem na hora” Ivlis disse. Então, ele desembainhou uma espada de ouro e a apontou para Siralos. “Quero ter minha batalha final agora, com honra.”

Siralos encarou o diabo. Ele ficou alguns segundos analisando a situação, até que percebeu que devia lutar. Então ele usou sua magia para invocar uma espada dourada, semelhante à de Ivlis, mas feita de magia do sol.

“Se é uma batalha que você quer, é o que teremos.”

O deus pulou para perto de Ivlis, descendo do lugar alto onde estava, e se preparou para lutar. Então olhou para o lado da deusa e o diabo do Gray Garden:

Sem interferências.”

Os dois estavam um em frente ao outro, preparados para atacar.

E então, a batalha final começou. Vários ataques foram seguidos um do outro. Ivlis tinha muita habilidade e parecia que ia vencer Siralos. O deus desviou várias vezes e foi chegando para trás. Gotas de suor começaram a escorrer se seu rosto no decorrer da luta.

Então, ele chegou em uma das pedras, uma bem grande, e subiu nela. Ivlis também subiu e eles continuaram a lutar. Ivlis dava alguns giros e algumas vezes se desequilibrava pela falta do braço esquerdo, mas logo conseguia se recuperar.

O deus do sol subiu mais uma pedra. Essa era um pouco menor, mas ainda tinha espaço o suficiente para os dois, e o diabo foi atrás dele. Depois de um tempo, Siralos se afastou um pouco e subiu em mais uma. E outra. Cada uma parecia ter uma superfície reduzida e uma altitude maior, como se fosse uma escada. E, por fim, chegaram à última pedra: a mais alta, que ficava bem na borda do lago. A superfície dela quase não permitiria que mais de seis pessoas ficasse de pé. O espaço era altamente reduzido, e, no entanto, a luta continuou. Ivlis, por mais que sentisse que iria perder, também tinha um sentimento dentro dele que o faria continuar lutando, pois ele sabia que o destino de dois mundos estava em suas mãos. Aquela espada, aquela longa espada de ouro colocaria um fim a tudo aquilo.

Ele não conseguia entender o sentimento. Era como se, desde que tivesse sido criado, seu destino planejava para que aquele dia chegaria. Toda a sua dor, todas as suas decepções, o fortaleciam. Cada gota de suor lhe dava novas forças para continuar lutando. Ele sabia que iria conseguir. Era seu destino!

E, por fim, Ivlis finalmente conseguiu derrubar a espada do deus, que voou e, depois de vários giros, tocou as águas do lago, que pareceram ter vida e engolir a espada, levando-a para o fundo.

“É claro!” Ivlis pensou, ao ver aquilo acontecer.

E então, ele olhou para Siralos, agora desarmando, colocando os braços para cima. Os dois estavam no alto daquela grande pedra. O diabo era visivelmente mais alto que o deus.

“Antes de acabar com você para sempre, quero te fazer uma pergunta” Ele começou a dizer. “Valia a pena isso tudo? Realmente valia a pena me banir apenas por uma dúvida?”

Lágrimas começaram a sair dos olhos do diabo. Com uma voz de choro ele continuou a falar:

“Você realmente precisava fazer aquilo? Me baniu, tirou minha família, fez a pessoa que eu mais gostava no mundo se virar contra mim, tirou minhas asas, me atacou com três raios e me jogou em um buraco. Isso tudo era realmente necessário? Eu lembro de cada detalhe!” Ele falava cada vez com a voz mais alta. “Valia a pena?” Ele gritou.

Siralos não esperava por aquilo. Ele não sabia certamente o que sentia. Então, depois de alguns minutos finalmente respondeu, olhando nos olhos dele:

“Não. Não valia. Me desculpe, Ivlis.”

Ele se aproximou de Ivlis e o abraçou. Mais lágrimas caíam dos olhos do diabo. Ele soltou a sua espada e também abraçou o deus. Ficaram ali por um tempo, até que se afastaram. E, como Ivlis imaginava, Siralos se agachou e pegou a espada que ele soltara, pronto para atacar.

“Eu sabia... Você realmente é um monstro.” Ele estendeu o braço direito e empurrou o deus do sol, que começou a cair no lago transparente. E em seus últimos segundos de vida, Siralos percebeu algo. Essa foi uma das primeiras visões do futuro que ele recebeu do fogo verde, muitos anos atrás. O fundo que ele vira era o Jardim Cinzento, e por mais que a visão não tenha se realizado exatamente como ele tinha visto, Ivlis o empurrou e ele caiu.

E agora ele finalmente sentia o que Ivlis tinha sentido quando foi banido. Ele se sentiu como um lixo, como alguém inútil, e pagou por todos os seus pecados quando seu corpo tocou a água fria e transparente. O líquido o envolveu e o puxou até o fundo do lago. Ele não conseguia nadar, ele não conseguia fazer nada. E então, todos os momentos de sua vida passaram por sua mente, e, por fim, tudo acabou.

***

Ivlis observava o grande lago, logo após de Siralos cair. Ele jogou sua espada o mais longe que pôde, na água, e então sentou-se na pedra, cobrindo seu rosto com as mãos e começando a chorar.

Vários diamantes brancos de Etihw emergiram da água, brilhando totalmente. Ela estava se sentindo totalmente poderosa agora que Siralos tinha sido derrotado.

Etihw e Kcalb chegaram até Ivlis e sentaram cada um de um lado.

“Você conseguiu. Acabou com Siralos, vingou-se por todo o mal que aconteceu em sua vida” Kcalb disse, depois de alguns minutos sentado lá, quando Ivlis parecia se acalmar. “E, além disso, salvou todos nós.”

“É... Eu consegui... Mas não é por causa disso que estou chorando” Ivlis contou.

“O que aconteceu, então?” Etihw perguntou, calmamente.

Ivlis hesitou por alguns minutos, observando o horizonte à sua frente.

“Certo, vou falar. Igls Unth, vocês sabem quem é? Nós éramos como irmãos nas épocas boas, antes de eu ser banido. Brincávamos e éramos felizes, e por mais que tivéssemos vários amigos, ela era minha única melhor amiga, ela era a pessoa que eu mais amava, e parecia que sempre iria me apoiar. Mas quando eu contestei as ideias de Siralos, ela não estava mais do meu lado. Quando ele me baniu, ela não fez nada para impedir” ele contou.

“E isso te fez muito triste?” Etihw perguntou.

“Sim, eu passei anos com ódio por causa disso. Depois de um tempo, parei de pensar nela, mas... Quando eu estava aqui, apenas alguns dias atrás, encontrei ela no Castelo Black. Ela podia ter me denunciado para Siralos, mas mesmo assim não fez nada e me deixou lá. Achei que ela tivesse reconhecido o erro e que ela fosse voltar a ser minha amiga, mas eu estava enganado.”

“E como você percebeu que estava enganado?” Dessa vez foi Kcalb quem perguntou.

“Alguns minutos atrás, quando eu estava vindo para cá, encontrei ela no caminho. Pedi para que ela me deixasse passar, mas ela tentou me impedir. Começamos a lutar, e eu fui falando, tentando convencê-la de que Siralos estava errado. Ela pareceu perceber que eu tinha razão. Ela parecia perceber que Siralos não era tão bom quanto parecia, e eu acho que uma parte dela sabia que eu estava certo.”

Ivlis esperou um pouco para continuar contando. As lágrimas ainda saíam de seus olhos.

“E então, quando eu achei que ela tinha parado de lutar, ela disse ‘Não, Siralos sempre quis nosso bem! Você está sendo tolo por não ver o que ele fez por nós. Ele nos criou do próprio amor!’ Eu não imaginei que ela fosse dizer aquilo, e eu sei que se tem algo que Siralos sentia por mim, amor é que não era. Ela correu até mim e tentou me matar com a espada dela. Eu desviei, e então disse ‘Não, você está errada. Questionar ele não é o que me faz tolo, mas sim o que me faz forte.’ E eu não sei o que aconteceu comigo naquela hora. Eu agi por impulso, levantei minha espada e a... Eu a...” Ivlis se interrompeu. Ele não conseguiria terminar de falar.

“Você não precisa terminar de falar” Kcalb disse, consolando-o, e colocou a mão em seu ombro.

“Não se culpe por isso... Vai ficar tudo bem” Etihw falou, e então deu-lhe um abraço, deitando a cabeça em seu ombro.

Os três ficaram ali, por mais bastante tempo. Depois, para consolar o diabo, Etihw começou a contar a história de como ela iniciou a guerra, e também contou várias outras coisas que ela se culpava por ter feito. Kcalb também contou seus erros, coisas de que se arrependia.

E então, quando não tinham mais nada para falar, eles voltaram para o campo de batalha, junto a Yosafire e Wodahs, para contar a todos que a Guerra do Sol finalmente tinha acabado, e não só os habitantes do Gray Garden, mas também os anjos de Siralos, agora estavam todos livres.

Tudo estava em paz, como Yarg sempre desejara desde o começo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E assim acaba a história da Guerra do Gray Garden. Bom, ainda tem mais um capítulo a ser postado, falando sobre como as coisas ficaram depois que tudo isso acabou.
Eu quero falar agora um pouco sobre essa história, como ela começou, e o que levou ela a seguir esse rumo.
A história começou bem de repente. Eu tive a ideia e já comecei a escrever na mesma hora, dois anos atrás, quando eu tinha 12 anos. Eu simplesmente comecei a escrever pra ir tendo as ideias de acordo com o que eu escrevia. Eu não sei se esse é o melhor jeito de fazer uma história, mas se eu tivesse feito um roteiro completo pra depois escrever tudo, eu duvido que ela teria ficado do jeito que é hoje. Talvez, ficaria melhor, talvez, pior.
Se eu não me engando, a primeira vez que eu introduzi o Siralos foi no capítulo 7, no flashback do Wodahs. Foi depois disso que novas ideias surgiram e eu finalmente decidi o rumo que a história ia tomar dali pra frente. E então, no capítulo 13, finalmente chega em um dos conflitos mais sérios da história. É revelado totalmente o plano de Siralos e ele chega de surpresa, fazendo o jogo virar.
Eu tive muitos bloqueios, já fiquei meses sem escrever, mas finalmente cheguei aqui. Sinceramente, eu gostei muito de ter escrito isso tudo, de ter criado esse universo. Eu, pelo menos, estou satisfeito comigo mesmo.
E agora, 11 de setembro de 2017, por volta das 11 da noite, eu finalmente postarei o último capítulo da história (tirando o epílogo). Se você leu até aqui, obrigado, obrigado mesmo.
Eu quero agradecer principalmente à minha melhor amiga Giovana, que me mostrou o jogo The Gray Garden, e também ao meu irmão Samuel, que me ajudou, deu ideias e sempre me apoiou.
Agora vou finalmente postar o capítulo e apenas desejar uma boa manhã, tarde ou noite a quem quer que esteja lendo.
Obrigado por tudo. ^^



Edit: 05/12/2017
Cena final do capítulo (A partir do momento em que os personagens vão para o Jardim Cinzento) melhorada.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Gray War" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.