Abra Cadáver escrita por Lúpulo Lupin


Capítulo 3
Capítulo 2




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A noite estava escura. Os quatro alunos da Sonserina estavam nos jardins da escola. Tom os olhava como não quisesse escapar nenhum detalhe, queria absorver tudo que os mais velhos poderiam oferecer.

– Hogsmeade. Vamos para Hogsmeade? – ele repetia, mais pra si mesmo do que para os outros.

– Sim, já falei isso uma porrada de vezes – respondeu Adryan.

– Nunca fui lá – refletiu Tom.

– Óbvio, só nos deixam ir lá no terceiro ano. E você tá no segundo – falou Ed, de maneira seca.

– E... só nos deixam ir nos finais de semana programados pela escola. Lembre-se que hoje é quarta-feira – falou Joana.

– Então – sorriu Adryan - é óbvio que você nunca foi lá, e vai conhecer uma Hogsmeade fora do padrão curricular.

Tom parecia não se importar com sua falta de conhecimento sobre Hogsmeade. Ao contrário, fazia mais perguntas.

– Bom, então como vamos chegar lá agora? Não vão nos deixar sair da escola – questionou Tom.

– Não se precupe, meu caro – respondeu Adryan.

Tom fez uma expressão incrédula.

– Mas... Não se pode aparatar na escola. Nem sair voando de vassoura. As lareiras não tem acesso a rede de Pó de Flu... Como?

Os três riram.

– Bruxos, bruxos, bruxos. Como somos engraçados – suspirou Adryan.

– Tão confiantes! – exclamou Joana.

– Tão... arrogantes – debochou Ed.

– E tão idiotas! Sabe, preguiça dos bruxos ainda vai ser a ruína da nossa raça – falou Adryan enquanto puxava a varinha das vestes.

Estavam nos limites da escola. Longe da Floresta Proibida, do Campo de Quadribol, ou dos portões de entrada. O ponto mais distante e ermo possível que qualquer aluno chegaria, afinal ali não era interessante.

Tom os observava incrédulo.

– Aqui que vamos sair da escola? – perguntou.

– Sim – falou Adryan.

– Mas, aqui dá pra aparatar? Eu não consigo fazer isso ainda – falou Tom.

– Nem nós – respondeu Joana – Eu levei bomba no teste, e o Adryan só começou as aulas esse ano. E o Ed ainda é muito novo.

– Então...? – perguntou o garoto.

– Túneis – respondeu Adryan, como se fosse a resposta mais óbvia do mundo.

O garoto ficou boquiaberto.

– Ninguém vigia o subsolo da escola. Aposto que deve ter um bando de troço legal embaixo dos nossos pés – falou Ed, olhando pra baixo – mas ninguém liga.

Tom apertou as sombrancelhas.

– Bom, lá vamos nós – falou Joana.

Adryan puxou Tom pelo colarinho, aproximou o rosto do menino ao seu e falou.

– Não sei porque, mas eu gostei de você, pirralho. Se você aprender alguma coisa, pode começar a andar com a gente. Gosto de gente que nem você, fodida. E você me parece fodido. Um pio sobre o que você ver essa noite, e já era a sua vida na comunidade bruxa, pelo menos na comunidade clandestina.

O garoto assentiu com a cabeça. E não fez cara feia ao respirar o bafo de fumo de Adryan.

– Então, vamos – falou Adryan. Puxou a varinha e apontou pro chão – “Alorromora”.

Um galpão, até então camuflado no chão de terra, abriu a poucos metros deles revelando um grande breu.

– Vou indo, seus lerdos. Estou muito sóbria – falou Joana, e se tacou dentro da escuridão do buraco que vinha do solo.

“Lumos” sussurrou Ed, e a ponta da sua varinha se iluminou. - Vamos ver uns peitinhos. - E pulou na escuridão atrás da amiga.

– Sábias palavras! – riu Adryan, e saltou junto.

Tom olhou o túnel durante alguns segundos. Por fim, foi atrás.

O final do túnel desembocava em uma caverna, no alto de um de alguns morros pelas margens do vilarejo bruxo. A caverna, por sua vez, desembocava em uma floresta íngreme.

– Falta muito? – perguntou Tom. Tinham caminhado por volta de meia hora dentro do túnel, e para o garoto que não conhecia o caminho, parecia uma eternidade.

– Quase – respondeu Adryan, mais alguns metros e você já vai poder ver.

E realmente, alguns passos depois, o alto McLaren afastou uns galhos e disse:

– Veja pequeno Tom, lá embaixo – e apontou para o vilarejo iluminado, que parecia uma maquete – sua vida vai começar a fazer sentido agora.

…….

O Três Vassouras estava lotado. O período de férias de Natal faz Hogsmeade lotar. Muitos bruxos estrangeiros aproveitam para visitar o local. Mal entraram no bar, e Tom puxou a manga da camisa de Adryan.

– Tem professor aqui.

Slughorn, professor de poções, sorria sentado junto ao balcão do bar, rodeado de gente.

– Eu sei – respondeu calmamente Adryan.

Os três amigos tinham uma bela desenvoltura no vilarejo a hora que queriam.

Tom olhou desconfiado. E disse sério, ainda sem soltar a manga da camisa de Adryan.

– Isso é sério? A gente vai se ferrar se nos pegarem.

McLaren suspirou.

– Primeiro, para de amarrotar a porra da minha camisa. – E largou um tapa na mão do menino.

– Segundo, na próxima vez que você duvidar de mim, quem vai se foder é você. – Tapa na cara.

– Terceiro, me ouve. – Outro tapa, dessa vez na outra bochecha.

– Quarto, eu mando nessa porra. Vou te poupar de mais um tapa. Quinto, me obedeça. Porra, que vontade de te esbofetear moleque. Sexto, observe.

Nesse momento, Slughorn avistou os quatro, sorriu, levantou, e veio cumprimentá-los.

– Ora, ora, se não são os alunos mais astutos de Hogwarts! Sempre por aqui!

O professor gordo sorria para eles. O queixo de Tom caiu. Era esperado que um professor ficasse indignado e furioso com a presença ilegal de quatro alunos fora dos muros da escola. Ao contrário, Slughorn apertou a mão de Adryan e Ed e deu dois beijinhos em Joana. Depois, seus olhos fitaram Tom.

– Oh, você menino! Lembro de você, Sr. Riddle! Seu primeiro ano de Hogwarts foi muito promissor! Mas você é muito novo para ambientes assim. Sem dúvida deve ser um molecote precoce!

Tom sorriu. Entendeu o jogo.

– Sim, professor! Mas quem faz o aluno é o mestre! E quero continuar o legado dos melhores da Sonserina.

Slughorn gargalhou.

– Ora, você deve ter alguma razão! – riu o professor apoiando as mãos em sua enorme barriga.

Depois de rir, Slughorn suspirou, sacou um lencinho dos bolsos e secou a testa.

– Ai ai, vocês jovens… Então, vi que o menino é dos nossos. O que temos pra hoje?

– Fumo da melhor qualidade – falou Ed, e tirou do bolso um saquinho e entregou ao professor, que o abriu e cheirou o aroma.

– Bom, bom…

– Fica com esse de cortesia, Slug. Se gostar, semana que vem tem mais, aí a gente fecha negócio – falou Ed.

O professor sorriu e assentiu com a cabeça, sem o menor constrangimento.

– Então Slug, onde estão os patos? - perguntou Joana.

– Mesa perto da janela, ao fundo, carteado, mesa meio difícil, mas as apostas são baixas. Mesa perto da entrada, carteado também, apostas medias, só pato. Mesa perto do banheiro, xadrez bruxo, aposta alta, mas os caras jogam bem. Todos são conhecidos, mas não amigos, podem depenar. – o professor falou sério – Dividimos o lucro metade-metade.

– Combinado – falou Adryan, e com um aceno de cabeça indicou aos amigos que eram pra acompanhá-lo. E foram para o final do balcão.

– Pego a mesa dos patos – falou Ed – sou novo, a confiança deles infla pra aumentar as apostas.

– Vou paparicar o Slug, sentar na mesa dele, descolar uns drinks, e o velho bêbado adora dar com a língua nos dentes e soltar alguma informação sobre algo que ninguém deveria saber, muito menos nós – falou Joana.

– Ótimo, ótimo, Tom, você me acompanha e… - ia começar Adryan.

– Fico com o xadrez. Me garanto – afirmou o garoto.

Os três o olharam com desconfiança.

As bochechas vermelhas dos tapas recém levados, e o olhar desafiador do garoto fizeram o resto do grupo confiar.

– Certo. São quase nove. Nos encontramos a meia noite aqui, pra ver o andamento das coisas. Se tiver muito bom a gente estica, se tiver uma merda, a gente encerra e salva a noite no Veela Café, toma uma saidera e vê uns peitos. Se estiver bom pra caralho a gente estica aqui e vê uns peitos no Veela. E lembrem-se: a trapaça é por sua conta e risco, se der merda, entuba sozinho.

Antes de se separarem, Tom falou:

– Deixa eu ver, o Slug deixa a gente aqui porque vocês fornecem fumo pra ele; porque vocês pagam um percentual sobre o lucro de vocês a ele; e porque, obviamente, assim como ele, somos da Sonserina, então rola o corporativismo das casas. Faltou algo?

– Ele quer comer a Jo – falou Ed.

– Quem não quer? – falou Adryan.

A noite estava prestes a começar.


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