Na volta para o acampamento, ninguém disse nada, na verdade até conversávamos, mas eram conversas inúteis, sem nenhum tipo de finalidade. Meu coração já estava se acostumando a falta de carinho, a falta de aconchego.

Eu confesso que estava fazendo de tudo para não lembrar dela. Tentava ao máximo não pensar no que poderia me levar a beijá-la, aquele dia. Minha cabeça tentava, de varias formas, não pensar nisso.

Depois de passarmos no Olimpo e entregarmos a chama para Héstia, que, diga-se de passagem, ficou mais que agradecida, iríamos finalmente voltar para o acampamento.

A viagem foi tranqüila, nem monstros ou algum tipo de ameaça. Ok, eu admito. Passei a viagem toda dormindo. Estava cansado, exausto, para falar a verdade.

Quando chegamos no acampamento, tinha caras novas lá. Meninos de Hermes e um único de Ares. Quíron nos disse para nós ajudá-lo no que ele precisar.

Esse filho de Ares era meio estranho, ele não era nem um pouco parecido com a Clarisse. Sua personalidade parecia ir muito mais além de que eu simples filho de um cara com um extremo mau humor. Ele parecia... Sensível.

Sensível até demais quando pousou seus olhos na Annabeth. E ela ficou corada. Mas ficou corada de um jeito diferente, ela só corava daquele jeito quando eu a beijava. E então, um pouco de ciúmes. Isso foi um fato.

- Bom, meus queridos heróis, como todos já voltaram dessa missão, sãos e salvos, quero lhes apresentar o seu novo irmão Clarisse, Allan Anthony Gaylord. – Disse Quíron.

O menino tinha olhos pretos, cabelos pretos partidos de lados e meio desarrumados, e com um corpo atlético. Ele parecia ter uns 16 ou 17 anos.

- Quantos anos você tem? – Perguntei.

- 17. – Sua voz era melosa. – Eu já fui determinado a quatro anos. Mas só agora quis vir pra cá.

- Mas, nenhum monstro te atacou? – Perguntou Nico.

- Ah, sim, muitos, mas eu sempre conseguia matá-los.

- Ô, ele é corajoso. Isso é bom. Muito bom. – Eu disse e bufei. Sim, eu usei ironia e daí?

- Bom, ignore o Percy, ele não se dá bem com novos campistas. Annabeth, - Ele perguntou para ela, - você poderia conduzir o Alan para o chalé? Até pediria para você levá-lo, Clarisse, mas eu preciso falar com você.

- Sem problemas, Quíron. – Disse Annabeth, depois ela se virou para o Allan, – Vamos?

- Claro. – Ele respondeu.

Esse menino irá me dar problemas. E dos grandes.

Depois da apresentação do Alan, decidi que era melhor eu ir para o meu chalé. Precisava de um banho.

Quando entrei no meu chalé, tirei minhas roupas e fui tomar um banho, esperei a água cair em cima de mim, eu precisava pensar, eu precisava espairecer. Se eu não tivesse aceitado ir nessa missão, acho que tudo ainda estaria bem, nada disso teria acontecido.

Sentei no chão frio do banheiro e chorei. Todo o choro que eu havia guardado na frente do Luke, agora se misturava à água que caia em meu rosto. Eu a amava, disso eu tinha a mais completa certeza. Eu a queria de volta. E, pelo o que eu pude ver hoje, esse tal de Allan, será um grande problema no qual eu estou disposto a enfrentar.

Fiquei de baixo do chuveiro, pelo o que me pareceu horas e então resolvi tocar minha vida. Sai do banho e coloquei uma calça, a blusa do acampamento, e meu tênis. Deitei na minha cama, querendo poder descansar, quando alguém bate na minha porta.

- Entre. – Disse ainda deitado na minha cama.

A porta se abriu e um maço de cabelos ruivos apareceram.

 - Posso falar com você? – Perguntou Rachel.

Fechei meus olhos, tentando não escutar, mas não consegui.

- Fale. – Respondi.

- Percy, eu quero me desculpar. Eu sei que o que fiz não foi certo, tampouco bom, mas eu quero que saiba, que eu estou terrivelmente arrependida. Não era essa minha intenção. Eu... Agi por impulso. Me perdoe, sim?

- Rachel, você não sabe a dor que é, quando a única pessoa que você ama, não te quer. Você não sabe o que é isso.

- Sim, eu sei. Da primeira vez que eu te beijei, há algum tempo atrás, sabia que você nunca seria meu. Mas, perecia que eu queria uma confirmação. Eu te queria e você não me queria. Eu sei como isso é.

- Rachel, eu não posso me envolver com você. Você é o Oráculo, não é permitido, e mais além, você sabe quem eu amo.

- Eu...Tudo bem. Eu já sabia a resposta. Eu só queria ser chutada de novo. Meu coração está condenado a amar alguém que não me quer.

 Eu me levantei e a puxei para um abraço, ela recuou.

- Percy, não, você sabe que isso irá me machucar mais ainda. Contento-me em só te olhar.

- Me desculpe, Rachel, mas é ela quem eu amo.

Ela sorriu. Um sorriso doce, suave, inocente. Ela abaixou sua cabeça e disse.

- Eu sei. Mas eu ainda te quero, mesmo sendo o Oráculo. Saiba disso. – Ela me disse e se virou para ir embora. – Tchau, Percy.

E ela se foi me deixando com uma completa cara de idiota, tentando entender alguma coisa. Sim, eu estou um pouco lerda esses dias.

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