Corações Perdidos escrita por Syrah


Capítulo 27
27. Última caçada extracurricular


Notas iniciais do capítulo

Ei cambada, como vão? Sentiram minha falta? *desvia das pedradas* Também amo vocês.

Sim, a fanfic estava em hiatus por motivos de: Ensino Médio. Apenas. Sem mais pronunciamentos.

Senti falta de vocês, a propósito. Tanto que voltei com surpresas: 3 capítulos fresquinhos de uma vez! Que tal, hein? Prova do meu amor infinito e também um pedido de desculpas (eu amo vocês, não desistam de mim). ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615585/chapter/27

UMA SEMANA DEPOIS do caso envolvendo o Djinn, os irmãos Winchesters já pareciam prontos para outra brilhante caçada. Uma pena talvez que eu não partilhasse do mesmo sentimento.

Sam digitava freneticamente em seu laptop, murmurando alguns endereços e observando rotas através do GPS do celular. Enquanto isso, Dean parecia focado nos jornais que espalhara pela mesinha da sala de Bobby, lendo atentamente as notícias à procura de um possível novo caso.

O velho Singer se mostrara bastante preocupado comigo na noite em que os garotos me levaram de volta até sua casa e me senti grata por isso. Havíamos conversado em particular um dia após a minha volta e contei a Bobby tudo o que acontecera, apenas deixando de lado as visões que o Djinn me mostrara — ele pareceu entender minha necessidade em omitir essa parte. Bobby me explicou que Dean e Sam já haviam lidado com Djinns antes, que inclusive Dean fora capturado por um uma vez. Isso me deixou pensando nas palavras do Winchester mais velho na noite em que havíamos matado a criatura, em como ele parecia certo do efeito que o Djinn teria em mim. Me senti um pouco mais solidária a seu respeito, embora ainda não estivesse pronta para contar a ele sobre as visões, mesmo que o loiro tenha tentado essa conversa algumas vezes nos últimos dias.

No momento, eu me encontrava sentada em uma das poltronas da sala de Bobby, fingindo me concentrar em um dos livros que havia pegado aleatoriamente da estante principal. Não estava nem um pouco afim de sair em uma nova caçada, sinceramente, não me sentia animada desde a nossa última "aventura" em Sioux Falls.

— Hum... — Sam murmurou de repente, os dedos já começando a ficar frenéticos no teclado.

— O que foi? Achou alguma coisa? — Dean ergueu os olhos, esperançoso. Fazia dias que ele vivia resmungando do tédio em que estava mergulhado ali na casa de Bobby, tendo nenhum hobby com o qual se distrair exceto os bares das redondezas.

"Já comi tanto pudim essa semana que estou começando a enjoar. Sabe o que isso significa? Estado crítico e emergencial!" ele disse certa noite, enquanto eu e Sam discutíamos sobre uma tradução arcaica de um dos livros da biblioteca da casa que parecia se referir a um antigo feitiço de invocação de dragões (Sam pareceu achar aquilo divertido demais, se querem a minha opinião). Apenas revirei os olhos e o mandei calar a boca, como havia feito nas últimas cinquenta vezes em que Dean iniciara um assunto do tipo.

O Winchester mais novo acenou afirmativamente para a pergunta do irmão, virando o laptop para nos mostrar a reportagem que encontrara; consegui enxergar apenas o título em letras grandes do artigo que dizia "TRAGÉDIA: Outra vítima entra para o caso Axefire" e a foto de uma garota loura logo abaixo, aparentando ter uns vinte anos e sorridente. A julgar pelo nome da matéria, eu duvidava de que aquele sorriso tinha algo a ver com seu estado atual.

Tudo o que eu conseguia pensar era, não, por favor, será que não podemos permanecer procrastinando por mais alguns dias? Estou cansada de mistérios, criaturas e tudo que tenha a ver com o mundo sobrenatural que esteja fora da reta "Adam Grace" de investigação.

Sabia que, de certa forma, era errado pensar deste modo. Era errado que, de muitas maneiras, a busca pelo meu pai fosse mais importante que qualquer outra coisa no momento. Era o que ele mesmo sempre dizia. Somos o que somos porque sabemos nos cuidar, M, ele costumava me dizer quando era mais nova. Por isso não precisa se preocupar comigo, eu sei me cuidar. Os outros não. Aqueles que não conhecem o que enfrentamos, esses sim precisam de ajuda. A ironia em tal lembrança era tanta que a dor da memória foi quase tangível. Rapidamente afastei aqueles pensamentos, sabendo que de nada adiantaria me ancorar a algo assim — não agregaria nenhum resultado, então não era necessário.

Forcei minha mente ao presente, buscando prestar atenção na reportagem que Sam nos mostrara. O Winchester permanecia encarando a mim e Dean — o loiro parecia pensativo — com uma expressão de pura expectativa que chegava a ser cômica.

— Então — limpei a garganta, notando minha voz um pouco seca. — O que seria o "caso Axefire"?

Sam tornou a virar o laptop para si, digitando mais algumas coisas. Franzi o rosto, um tanto quanto confusa em relação ao possível novo caso.

— Estão ocorrendo alguns desaparecimentos misteriosos em West River, uma cidade fora dos mapas que fica bem perto daqui, uns 70 quilômetros, eu acho — Sam disse sem desviar os olhos da tela do computador. Era incrível que sua atenção conseguisse se focar em tantas coisas ao mesmo tempo, e ele parecia minucioso em cada uma delas. — Alguns corpos foram encontrados dias depois de terem sido relatados os seus sumiços. Resumindo: todos eles estavam esquartejados e incinerados.

O Winchester levantou o olhar, nos encarando. Algo em seu rosto denunciava que o que acabara de falar devia, teoricamente, esclarecer tudo para todos os presentes. Bom, não tinha feito nada disso.

— Tá — Dean quebrou o silêncio. — E daí?

Sam suspirou impacientemente.

— Existe uma lenda antiga, originada nessa cidade. Dizia que há muitos anos, na mansão Axefire, uma das mais belas do lugar, ocorreu uma calamidade. O Sr. Axefire assassinou toda a sua família em um gesto de loucura repentino — ele fez uma pausa, digitando mais algumas palavras freneticamente no teclado. — Ele cortou os corpos dos três filhos e da esposa em pedaços com um machado e os jogou na lareira, onde só teriam restado cinzas.

Dean assobiou baixinho, Bobby parecia impressionado, apesar de até então não ter dito nada.

— Deixa eu adivinhar — Dean emendou, sem rodeios: — ele se matou depois?

Sam assentiu.

— Previsível — o loiro revirou os olhos. — Como sabem dessa história?

— Christopher Axefire, como era conhecido, deixou uma carta suicida em cima da escrivaninha de seu escritório. Nela, ele contou como havia orquestrado toda a chacina: aterrorizar a família primeiro, matá-los depois. Em seguida, se matou com um tiro na cabeça.

Dean franziu o rosto.

— E o que isso tem a ver com os corpos que encontraram? — perguntou, evidentemente confuso. — Por que ligar as mortes atuais com um massacre de anos atrás?

— Porque os corpos estavam multilados e incinerados — respondi o óbvio, deixando escapar uma risada curta logo depois. Os irmãos ergueram as sobrancelhas ao mesmo tempo, me encarando. — O que foi? Só eu reparei a ironia de que a família Axefire foi incinerada e multilada com um machado?

Sam revirou os olhos.

— Poético — comentou. — As vítimas foram encontradas em locais próximos da mansão também, vale ressaltar. — Ele se virou para mim e seus olhos correram por Bobby e Dean logo depois. — E agora, o que faremos? A polícia nega que os assassinatos tenham ligação com o caso Axefire, ainda que os jornais locais os provoquem, provavelmente porque nenhum deles acredita nisso, e também para não assustar os moradores. Acham que devemos investigar?

Dean se esticou de imediato, largando os jornais que tinha em mãos no sofá e ajeitando os músculos.

— Com certeza. Qualquer coisa que me tire dessa monotonia, cara — falou. — Eu não aguento mais sentar aqui e olhar Bobby ler todos aqueles livros em grego antigo sobre a origem das mitologias, vou acabar ficando maluco.

Revirei os olhos, fechando o exemplar que tinha em mãos.

— Se você passasse mais tempo lendo esses livros ao invés de reclamar sobre eles, talvez não se metesse em tanta enrascada nas caçadas — falei, o que fez com que atenção do Winchester se voltasse para mim.

Dean balançou a cabeça, rindo.

— Nem você gosta desses livros, M.

— Mas eu já li mais deles do que você assistiu aos seus jogos de baseball prediletos.

Neste momento, Bobby surgiu da cozinha com algumas garrafas de cerveja em mãos, entregando uma a cada um de nós e abrindo a sua própria.

— E vocês ainda perguntam porque Emma é a minha favorita — ele nos deu uma piscadela. Dean revirou os olhos.

— Ah, por favor — debochou. — Sam, o que mais tem ai sobre esses desaparecimentos? Tem certeza de que é um espírito vingativo ou...?

— Acho que devemos ir até lá e dar uma olhada. A mansão se tornou propriedade do estado após o incidente com a família. — Sam explicou. — Ela fica aberta à visitas durante o dia, podemos fazer uma excursão fingindo ser turistas.

Dean concordou, animado.

— É um começo. Só precisamos descobrir onde o corpo do pai está enterrado e mandar brasa — revirei os olhos para a piada enquanto ele ria. — Alguma pista, Sammy?

Sam voltou a digitar freneticamente no laptop. Alguma coisa brilhou em seus olhos verdes e percebi que ele havia encontrado algo.

— Os assassinatos ocorreram em uma data específica, 17 de Agosto de 1982. Foi durante um jantar. Havia alguém mais na casa. — Ele espremeu os olhos enquanto lia algo na tela: — "Samirah Langdon foi a única sobrevivente da calamidade Axefire. A vítima, que era amiga da família há anos, conseguiu escapar após nocautear Christopher Axefire e correr da casa aos berros até a delegacia mais próxima, aparentando estar bastante transtornada, de acordo com relatos de membros do corpo policial da época. Um deles, o policial Peter Hannes, disse que Samirah não parava de balbuciar a sequência de mortes, descrevendo cada uma delas em detalhes. A vítima não soube dizer o motivo dos assassinatos, uma vez que conhecia a família a bastante tempo e nunca percebera um comportamento estranho por parte do pai das crianças." — Sam assobiou baixinho, impressionado. — Isso é muita coisa pra alguém suportar. Samirah só tinha 24 anos na época.

Dean assentiu, pensativo.

— Onde está essa mulher agora? — perguntou.

Sam leu mais algumas linhas em voz baixa, quando de repente seu semblante se fechou. Ele parecia frustrado.

— Morta — respondeu num suspiro decepcionado. — Ela foi internada cinco anos depois no Sanatório West River e viveu lá por mais 15 anos, antes de sucumbir. Dizem que foi parada cardíaca.

Meus pensamentos estavam frenéticos. Eu tentava unir as informações, mas todas pareciam sem nexo, com um fundo incompleto. Era como se em cada detalhe do quebra-cabeça, um pedaço estivesse faltando, impossibilitando as peças de se unirem.

— Isso tudo é muito estranho — declarei, os irmãos concordaram de imediato. — Nada se encaixa. O relato da polícia, o assassinato na mansão, a internação de Samirah, onde todas essas coisas se interligam?

Dean levou as mãos ao queixo, pensando.

— Precisaremos nos separar para investigar — disse. — Assim que chegarmos lá, eu vou para a mansão ver se encontro algo mais na história dos Axefire. Sam pode procurar o tal policial Hannes e conferir o que mais ele sabe. O cara ainda deve estar na cidade. Emma — ele se virou pra mim, assenti antes mesmo que terminasse a frase: — Você vai ao Sanatório e tenta descobrir algo mais sobre essa tal Samirah. Por que internar a única sobrevivente da maior calamidade que aconteceu naquele lugar?

— É o que vou descobrir — declarei.

Eu havia sido preenchida com uma nova animação. A ideia de ter algo para resolver e solucionar após dias às cegas parecia ótima, parando para pensar. Eu sentia que o caso Axefire estava praticamente pronto, mas havia algo de errado naquela história que ninguém ainda havia sido capaz de identificar.

Ainda assim, senti uma pontada de culpa por toda aquela euforia. Como se eu estivesse focando minha atenção no lugar errado — o que, tecnicamente, eu estava fazendo; devia concentrar todas as minhas forças em encontrar meu pai, não em ajudar os garotos. E pensar dessa forma me fazia sentir uma vadia egoísta, o que também não era muito animador.

— Quantas horas daqui até West River? — Dean indagou ao irmão.

— Não muitas — Sam respondeu, meio distraído. O moreno parecia entretido com algo que lia no laptop atentamente. — Se saírmos amanhã cedo, chegamos lá antes do horário de almoço. Tem uma pousada barata na cidade e um motel na rodovia principal, o que vocês preferem?

— Pousada — respondi imediamente, ao mesmo tempo em que Dean dizia "motel".

— Não vamos ficar lá por um período tão longo, pra que perder tempo e grana em uma pousada? — o Winchester reprovou.

Respirei fundo, querendo retrucar. No entando, meus pensamentos ainda estavam vagando para a linha Adam Grace de raciocínio, e só de pensar em criar uma discussão naquele momento eu me sentia exausta.

— Tá, tanto faz, motel então — falei, passando as mãos pelo cabelo e prendendo os fios em um rabo alto. Me levantei, ajeitando meu casaco e deixando a garrafa de whisky de lado. — Preciso dar uma volta.

— Vai aonde? — Dean perguntou.

Arqueei uma sobrancelha à sua pergunta, dando ênfase a curiosidade repentina dele. O loiro encolheu os ombros, aparentemente percebendo seu interesse a mais.

— Vou tomar um pouco de ar — falei, guardando o celular nos bolsos do casaco e conferindo se estava com as chaves. — Volto em algumas horas.

Bobby acenou alguma coisa e se enfiou dentro da cozinha de novo. Sam mal notou minha saída, imerso no computador. Apenas Dean pareceu realmente ciente da minha ausência; os olhos do loiro não desgrudaram de mim enquanto eu deixava o ferro-velho Singer, e admito que fiquei um pouco encabulada com isso.

— Ok, Falls — resmunguei para mim mesma, uma vez que já estava longe o suficiente da casa de Bobby.

O ar morno da cidade abraçou meu rosto, me fazendo respirar fundo.

— Me mostre o que tem de melhor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Maaaaaaaaaaaaaaas e aí, gostaram do capítulo? Algum comentário adicional? Não? Tudo bem. DASDOPASD.

No próximo capítulo: Emma sai para caminhar pela cidade, o que acaba resultando em uma conversa um tanto rasa com um conhecido e uma ressaca posterior. Mais tarde, temos novamente uma conversa Demma, e o clima entre os nossos protagonistas não parece muito bom. O que será que aconteceu?

See ya, babes, até mais! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Corações Perdidos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.