Corações Perdidos escrita por Syrah


Capítulo 17
17. Fantasmas do passado, pt. IV


Notas iniciais do capítulo

HEYOOOOO QUERIDINHOS! ♥

Eu planejava postar amanhã MAS não aguentei de ansiedade. ENFIM a tão esperada conclusão da saga vampiresca de CP :v akspaosk, espero que gostem.

Esse capítulo é dedicado a cada um de vocês leitores que vem acompanhando e comentando na história, já que Corações Perdidos alcançou os cem reviews ~lê solta fogos~ obrigadaaaaa pessoas, amo vocês, juro ♥

Boa leitura, aproveitem! :3



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ACORDEI CERTO TEMPO depois, congelando de frio e com mãos fortes e quentes chacoalhando meus ombros freneticamente.

— Emma? — uma voz familiar chamava meu nome de algum lugar distante parecendo preocupada. — Emma, acorda!

Tentei abrir os olhos, mas era como se meu corpo não obedecesse aos comandos que eu dava; sem falar que cada movimento que eu tentava realizar enviava pontadas absurdas de dor pelo meu corpo, dificultando ainda mais minhas reações ao chamado.

Senti uma pressão esquisita sobre meu peito, como se algo o estivesse pressionando repetidamente. Algo frio tocou meus lábios, enviando uma lufada de ar para meus pulmões, e logo depois a pressão sobre os mesmos voltou.

Em um gesto súbito, senti a água subir pela garganta e a próxima coisa da qual me lembro é de expeli-la toda para fora, tossindo bastante e me engasgando diversas vezes no processo. Depois disso deixei que meu corpo caísse sobre a grama, sentindo-me exausta e ao mesmo tempo a ponto de virar uma pedra de gelo ali mesmo onde estava.

— Caramba, você quase me matou de susto — a voz se pronunciou mais uma vez. Embora eu estivesse de olhos fechados, consegui identifica-la como sendo masculina e jovem.

Eu sabia que conhecia o garoto de algum lugar, mas meu cérebro — assim como todo o resto do meu corpo — parecia feito de gelatina, o que me impedia de dar nome à minha companhia.

— OK, vamos fazer o seguinte — ele tornou a falar após alguns segundos de silêncio. — Vou te dar minha jaqueta antes que você ganhe uma hipotermia, tente não deixar seus instintos me matarem enquanto eu faço isso, tudo bem?

Tentei assentir, mas tudo o que consegui foi ganhar várias pontadas dolorosas na cabeça, que fizeram com que a única coisa que escapasse dos meus lábios fosse um gemido de dor. Senti mãos envolverem meus braços e erguerem meu corpo da relva macia e gélida, logo depois retirando o meu casaco — que por sinal estava encharcado — e colocando algo grosso e quente sobre meus ombros, o que deduzi ser a tal jaqueta.

Tentei balbuciar um “obrigada”, mas saiu mais como um engrolar engraçado. Aprumei meu corpo vagarosamente, ainda sentindo pontadas de dor serem enviadas direto à minha cabeça; então mãos seguraram meu rosto e mais uma vez meu nome foi chamado:

— Emma — o garoto falou suavemente. — Consegue me ouvir?

Lentamente abri os olhos, sentindo minha visão embaçar nos primeiros segundos, mas logo tudo entrou em foco e consegui reconhecer os cabelos escuros desfiados e os olhos azuis que me encaravam com uma preocupação quase exagerada.

— Dylan — eu me deixei abrir um sorriso aliviado. — Não tinha rosto melhor pra ver depois de quase me afogar.

Dylan riu, me puxando para um abraço apertado que eu tratei de retribuir instantaneamente; era ótimo ser salva por um rosto amigo, e Dylan com certeza era o melhor deles.

Passos leves se aproximaram de nós e notei alguém se ajoelhar na relva perto de onde estávamos. Soltei-me de Dylan e me virei, buscando reconhecer a pessoa; tudo o que encontrei foi um par de olhos castanhos brilhantes me encarando de volta com certa expectativa.

— Oi Emmie — a garota chamou meu nome de uma forma adorável, seus cabelos do mesmo tom de seus olhos caiam livremente por seus ombros.

Dylan se levantou num ímpeto, indo até ela rapidamente.

— Ally — ele a chamou com uma voz gentil, porém firme. — Eu te disse pra ficar no carro!

Allison cruzou os braços, tentando parecer ameaçadora, mas com seus poucos treze anos tudo o que ela conseguia era ficar fofa quando fazia aquilo.

— Eu queria saber se Emmie estava bem! — protestou encarando Dylan. O garoto se ajoelhara na frente dela e a admirava com um sorriso. — Ela é minha prima, tenho o direito!

— Por que você a trouxe aqui? — fuzilei Dylan com os olhos.

O moreno ergueu os braços em sinal de defesa.

— Os pais dela estão caçando, então pediram que eu bancasse a baby sitter — justificou. — Eu não podia deixa-la sozinha lá em casa.

— Meus pais não quiseram me levar com eles, disseram que o monstro em questão era muito perigoso — Allison fez sinal de aspas com os dedos. — O que pode ser mais perigoso que canibais ou fantasmas vingativos? Eu dou conta disso.

Revirei os olhos categoricamente.

— Com certeza, Chermont, você é a melhor — ironizei, mas ela não pareceu notar porque sorriu satisfeita e caminhou até mim. — Vocês dois agora são o Esquadrão de Resgate de LA ou algo assim? — perguntei.

Dylan riu.

— Por mim, você morreria como castigo por não ter aceitado dormir comigo ainda, gata — brincou. Arregalei os olhos e soquei seu braço, ele olhou para Allison e pareceu perceber o que tinha dito, rindo mais ainda. — Você não ouviu nada, certo Ally? — a garota afirmou com um aceno e sorriu. Dylan fechou a cara pra mim. — Agora quer me contar o que diabos está acontecendo e por que você capotou seu carro?

Dei de ombros.

— Estava chovendo, perdi o controle.

— Perdeu... o controle? — ele soava tão incrédulo quanto estava. — Olhe pra essa rodovia, Emma. Eu só acreditaria que aconteceu um acidente aqui com alguém que estava atrás do volante pela primeira vez na vida! — exclamou. — E sei muito bem que esse não é o seu caso.

Suspirei em derrota, Dylan era esperto demais para cair em desculpas bobas.

— Eu... estava perseguindo a minha irmã fugitiva, queria uma explicação — admiti, ele ergueu uma sobrancelha. — É verdade, eu juro!

— Eu sei, o seu pai me ligou furioso com você e contou toda a história — disse. — Só queria saber por que você fez isso.

Por um momento me perguntei como ele havia me achado, depois me toquei que rastrear meu telefone seria o modo mais óbvio, é claro que ele tinha feito isso.

— Porque não se abandona alguém com quem você deveria se importar para viver com outra pessoa que acabou de conhecer — esclareci. — E caso faça isso, você precisa ter um bom motivo.

— Tenho certeza de que ela tem um — Dylan falou.

Balancei a cabeça.

— Ela... tinha — suspirei, sentindo lágrimas queimarem em meus olhos; o moreno me encarou de modo compreensivo. Olhei em volta, finalmente notando que o sedã não estava mais à vista. — Espera, cadê...?

Como se apenas esperasse por tais palavras, de repente um clarão iluminou as árvores alguns metros a leste de onde estávamos, rapidamente ganhando espaço por entre os galhos próximos. Dei um sobressalto alarmado com a explosão, sendo seguida por Allison, que se virou instantaneamente na direção das chamas.

— Precisei te tirar de lá antes que... isso acontecesse — Dylan segurou meu rosto assim que as lágrimas escorreram por ele e eu me sentia completamente desolada. — Sinto muito, Emma.

Limpei o rosto com a manga da blusa, reprimindo ao máximo minhas emoções; eu deixaria o assunto Alice para mais tarde, precisava deixar.

— Obrigada por ter me salvado da água — agradeci Dylan sinceramente. — E da explosão — acrescentei.

O moreno crispou os lábios em uma linha reta.

— Na verdade, quando cheguei aqui você... — ele hesitou. — Você já estava fora da água — terminou, fazendo com que eu franzisse o cenho desta vez.

— Como assim?

— Eu não tirei você do lago, Emma — seu tom de voz era intrigado. — Você já estava fora dele quando cheguei aqui. Outra pessoa te salvou.

Senti como se um abismo se abrisse sob minhas pernas, me engolindo instantaneamente, sem deixar espaço para perguntas ou respostas. Então eu ouvi as sirenes ao longe e encarei Dylan, que me olhava com uma mescla de confusão e preocupação em seu rosto.

E pela primeira vez naquela noite, eu percebi que ainda teria de explicar muita coisa.

***

Caroline se mantinha parada na nossa frente, bloqueando o caminho com aquele sorriso irritante e convencido que eu havia começado a detestar. Eu o arrancaria dela com o maior prazer, assim como arrancaria sua cabeça do pescoço sem nem hesitar, mas antes estava ligeiramente curiosa sobre como Dean a conhecia. E algo me dizia que eu não iria gostar da resposta.

— Carol, você é uma...

— Uma vampira? Sou. — A loira sorriu tranquilamente. — Tem poucos dias, mas até que você se acostuma rápido.

Dean balançou a cabeça, como se não acreditasse no que acabara de ouvir. Todo aquele suspense estava me irritando profundamente.

— Vocês se conhecem? — perguntei sem conseguir me conter. O loiro me encarou sem dizer uma única palavra, enquanto Caroline ainda exibia o sorriso cínico de sempre.

— Claro — ela respondeu, sua voz demonstrava divertimento. — Tivemos um encontro bem amigável alguns dias atrás. Minutos depois de você ser levada, na verdade. Pobre Dean — a loira curvou os lábios falsamente. — Estava tão desamparado pela discussão com a nova amiguinha de caça, tudo o que queria era um consolo.

Não deveria, mas admito que doeu ouvir aquilo. Tudo o que consegui fazer foi encarar Dean, me sentindo traída, embora não soubesse bem por quê. O Winchester me olhou fixamente por alguns segundos, até que a voz — dessa vez parecendo mais odiável que nunca — de Caroline chamou nossa atenção mais uma vez.

— Ah, por favor, parem com esse drama todo, não é como se vocês fossem um casal ou algo do tipo — ela revirou os olhos. — E nem chegarão a ser — a loira adquiriu um brilho frio nos olhos, dando alguns passos em nossa direção. — Vou matar você primeiro, Grace, pra que ele sofra te vendo morrer sem poder fazer nada. E depois vou mata-lo, bem lentamente.

Cerrei os punhos e apertei fortemente o cabo do facão, pronta para lutar caso fosse necessário. Dean também destravou sua arma, pronto para atirar; Caroline nos encarou como se fôssemos meros filhotes apavorados.

— É tão fofo o modo como estão dispostos a lutar por suas vidas patéticas até o último segundo — falou com desprezo, sorrindo sarcasticamente. — Não seria mais fácil se simplesmente aceitassem a morte?

— Talvez — uma voz conhecida falou, atraindo minha atenção, assim como a de Caroline, que se virou no mesmo instante. — Mas aí não teria diversão nenhuma.

Então uma lâmina cortou o ar ferozmente, decepando a cabeça da vampira, que rolou pelo chão enquanto seu corpo despencava no carpete, sem vida, derramando uma quantidade excessiva de sangue.

Encarei o dono da voz com uma mescla de surpresa e alívio em meu rosto.

— Sam! — antes de poder pensar muito bem no que eu estava fazendo, corri até o moreno e o envolvi em um abraço apertado, que foi logo retribuído.

— Que bom que está viva, Grace — Sam sorriu enquanto me rodopiava uma vez e então me colocava no chão. — Dean, tudo bem? — ele encarou o irmão, que acenou afirmativamente.

— Você matou todos os outros vampiros? — Dean perguntou.

Sam me olhou cautelosamente, então suspirou.

— Quase todos — respondeu. — Me sigam.

O Winchester mais novo seguiu na direção de onde viera, comigo e Dean em sua cola. O loiro não disse nada, mas havia uma tensão ali, entre nós, e eu não gostava nem um pouco dela.

Sam deu espaço para que eu e Dean passássemos, enquanto eu corria os olhos pelo novo cômodo. Era outra sala (aquele lugar parecia mais a casa da Beyonce do que um galpão, de tantos cômodos que tinha), maior do que as outras que eu tinha visto; só que essa não tinha nada — e com “nada” eu quero dizer que ela era lisa, sem móveis ou quadros, nada. As paredes brancas estavam ensanguentadas, assim como o carpete que cobria o chão, e havia um pequeno lustre pendurado no teto, fornecendo uma iluminação precária ao ambiente. Era noite e o cenário ali se parecia com o de um filme de terror, do tipo que você evita assistir depois das uma da madrugada, ainda mais levando em conta os muitos corpos sem cabeça espalhados pelo chão e o sangue que os cobria.

Ah, é claro. Havia, de fato, um móvel; uma cadeira, bem no meio da sala. E considerando a pessoa que a ocupava, de mãos e pés atados, eu diria que não era apenas na “aparência” que a situação se assemelhava a um filme de terror.

— Eu achei que você iria gostar de falar com ele antes de nós... você sabe. — Sam chamou minha atenção e eu o encarei apreensiva. O Winchester caçula acenou na direção da cadeira, como que me incentivando; abri um sorriso fraco e assenti rapidamente.

— Obrigada, Sam — falei. Então caminhei até o homem que me encarava com um sorriso presunçoso no rosto, parando à sua frente e cruzando os braços. Justin ergueu a cabeça o suficiente para que nossos olhares se encontrassem e naquele momento juro que o tempo pareceu parar, era como encarar o Diabo em pessoa. — Não precisava ser assim, você sabe.

O moreno balançou a cabeça negativamente.

— Precisava sim. Tudo está sendo exatamente como deveria — disse. — Em breve, você descobrirá toda a verdade, amor, e eu não acho que vá gostar dela.

— Bem, eu não ligo para o que você acha, Justin — repliquei. — E vou ser bem direta, não quero saber de joguinhos.

O vampiro riu.

— Uau, bem confiante pra alguém que há poucas horas estava imobilizada e inconsciente no mesmo lugar que eu — provocou, recebendo uma bofetada inesperada da minha parte; acho que sua expressão de surpresa após meu soco foi mais porque ele não previu o que eu faria, e não pela dor em questão. — É irônico, você sabe, porque anos atrás eu te salvei da morte e agora você está tentando me levar direto pra ela.

Pelo canto do olho vi um dos irmãos se remexer desconfortavelmente quando Justin disse aquilo. Apenas balancei a cabeça e voltei a cruzar meus braços.

— Eu nunca pedi sua ajuda, preferia morrer a tê-la conseguido — falei, e ele contorceu o rosto em uma careta fingida de mágoa. — Você sabe que a única razão pra estar vivo aqui hoje é porque um amigo teve o azar de ter o mesmo sangue que você correndo nas veias, se não fosse por isso eu já teria arrancado sua cabeça e dado de presente à alcateia dos Remanescentes.

Justin cerrou os punhos imediatamente à menção daquele nome, travando o maxilar. Entretanto se recuperou rapidamente e logo sua face já exibia um sorriso debochado novamente.

— Então vamos fazer assim: continuar fingindo que você me mantém vivo por causa do Dylan e não porque eu salvei sua vida miserável — ele disse tranquilamente, como se estivéssemos discutindo qual sabor de pizza pedir no sábado à noite. — Isso não muda o fato de que você está tentando me matar agora mesmo.

— Como eu disse, não precisava ser assim...

— Mas tem que ser assim, amor — ele sorriu. — E que assim seja. O que quer saber?

Dean e Sam permaneciam quietos, apenas observando. Notei que o irmão mais velho mantinha as mãos firmes sobre a arma, enquanto Sam segurava o facão, pronto para o ataque. O loiro se virou para sussurrar algo no ouvido do irmão, que assentiu e deixou aquele cômodo rapidamente, restando apenas nós três e o pequeno lustre no teto — sem mencionar os corpos jogados no chão, é claro.

— Cadê meu pai? — soltei de repente, já não suportando mais segurar aquela maldita pergunta. — Você disse que sabia onde ele estava, então me responda: onde ele está, Justin?

Justin curvou os lábios e olhou para cima, como se estivesse pensando no assunto. O vampiro suspirou e balançou a cabeça.

— Desculpe, mas meus poderes psíquicos não estão funcionando hoje, que tal se você voltasse amanh... — ele foi interrompido quando eu agarrei seu colarinho e desferi outro soco de raiva em seu rosto, aquilo o pegou desprevenido; Justin me encarou sério por alguns segundos, mas logo o bendito sorriso estava de volta. — Você tem uma direita poderosa, quem diria.

— Onde. Ele. Está? — sibilei. — Você pode me falar ou ir ter um encontro com o resto do seu pessoal morto, a escolha é sua.

O vampiro gargalhou sonoramente e balançou a cabeça.

— Você não me mataria. Sou sua melhor chance de encontrar Adam, você não vai desperdiça-la assim tão facilmente.

— Tem razão, talvez eu não precise te matar, só machucar — dei de ombros, indiferente. — E você sabe que eu sou muito boa nisso, não sabe?

Justin sorriu tranquilamente.

— Não tão boa quanto consegue ser na cama, amor — alfinetou, e logo depois meu punho já se chocava contra seu rosto novamente. Preciso admitir que aquilo estava começando a ficar irritante.

— Eu não vou perguntar de novo — falei enquanto desferia outros inúmeros socos em sua face. Minha mão começava a doer, mas eu não ligava, descontar nele era a única opção no momento. — É sua última chance de resposta, ou eu... — em um gesto de insanidade, ergui o facão que tinha na outra mão, pronta para dar um fim aquilo, quando senti mãos segurarem meus pulsos e me puxarem para trás, me impedindo de continuar. — O que pensa que está fazendo? Me solta! — gritei quando Dean me virou de uma vez e prendeu meus braços, me encarando fixamente, enquanto Justin virava o rosto para o lado e cuspia sangue no chão.

— Já passamos por isso antes, ele não vai falar nada e você sabe — O Winchester não me soltava e aquilo estava me irritando. — Mata-lo só vai nos levar de volta à estaca zero.

Mas eu não estava ouvindo, não completamente.

— Tenho certeza de que mais duas ou três pancadas vão ser suficientes se eu...

— Emma, me escuta — ele me interrompeu, a voz surpreendentemente calma. — Sei que está com raiva, mas descontar nesse idiota não vai adiantar em nada.

— Foi você quem disse que eu deveria descontar nos monstros que encontrasse, lembra? — exclamei, lembrando-me da conversa que tivemos algumas semanas atrás. Parecia ter se passado tanto tempo desde então.

— Lembro, mas era pra descontar nos monstros que não tivessem informações valiosas das quais precisamos — ele retrucou, ainda me encarando. — Eu também gosto de socar aberrações, mas primeiro devemos bolar em um modo de fazê-lo falar, antes de pensar em como ele vai morrer — sugeriu.

Respirei fundo, fechando os olhos por alguns segundos. No que eu estava pensando? Justin era o único capaz de me dizer onde meu pai estava e por um momento eu quase o matei, onde eu estava com a cabeça?

E não deixei de reparar na ironia de ter sido Dean a me parar, quando geralmente acontece o contrário.

“Razão antes da emoção”, me lembrei de algo que minha mãe costumava dizer a mim e a Alice quando éramos pequenas. “Raciocine antes de seguir seus sentimentos”.

Razão antes da emoção, tudo bem. Quão difícil pode ser?

— Certo, desculpe — eu disse e Dean suspirou, afrouxando o aperto em meus braços. — Vamos pensar do modo mais sensato antes de...

— Ei, gente! — Sam apareceu na sala de repente, carregando uma expressão preocupada no rosto. — Precisamos dar o fora daqui, tem uns carros pretos estacionando na frente do prédio agora mesmo, aposto com vocês que não é a ajuda.

Dean correu até a única janela presente no cômodo, atrás da cadeira em que Justin estava. Sua expressão ao olhar para baixo não foi das melhores, e o som de motores conjuntos se desligando respectivamente também não foi muito animador, devo dizer.

— Você chamou ajuda? — Dean perguntou a Justin.

O vampiro deu de ombros.

— Não esperavam que eu fosse lutar com alguém com a fama que vocês três tem sem garantia de reforços, esperavam? — ele riu. — Veja o que fizeram com metade do meu ninho!

Encarei os irmãos, procurando uma saída, mas a única disponível já havia sido sugerida.

— Precisamos sair daqui depressa! — Sam reforçou, me olhando. — Há muitos deles. Tem uma porta na sala principal que dá para os fundos, é por lá que temos de ir.

Mesmo frustrada e sem informação nenhuma, assenti rapidamente e acenei para que saíssemos dali. Dean me lançou um olhar complacente e lhe dei um sorriso de “está tudo bem”, porque no fim eu estava feliz por ele e Sam terem ao menos tentado, e por terem ido atrás de mim.

Fui para fora do quarto, sendo seguida pelos irmãos, mas assim que cheguei na porta, ouvi novamente a voz de Justin, que permanecia preso à cadeira e com o rosto deformado por conta dos socos (disso eu estava orgulhosa):

— Dakota do Sul — ele murmurou, e me virei instantaneamente. — Eu não deveria te ajudar, Grace, mas isso vai contar como um favor. Vá para Dakota do Sul, é onde seu pai está, pelo menos por enquanto. Mas já aviso que não vai ser fácil acha-lo, e ele não está sozinho.

Aquelas palavras foram confortantes e ao mesmo tempo assustadoras. Fiquei paralisada pelos segundos seguintes.

— Ahm... M? — Dean me chamou. — Nós temos que dar no pé, tipo, agora. Ou vamos morrer.

Assenti, mas me virei para Justin uma última vez.

— O que isso quer dizer? — perguntei.

O vampiro sorriu friamente, e suas presas pareceram reluzir por um momento.

— Apenas lembre-se disso: não seria algo que Alice aprovaria, mas faça como achar melhor — disse. — Boa sorte, amor.

Fiquei me perguntando o que raios Justin tanto buscava tentando honrar Alice, ou pelo menos ficar me lembrando dela. Eu não queria, e era evidente que ele estava tentando me atingir, então o único jeito era ignorar.

Deixei a sala rapidamente com os Winchester em meu encalço. Corremos até a sala principal, onde Sam nos mostrou a tal porta. Logo estávamos os três em um dos milhares de becos de LA, nos afastando o máximo possível daquele maldito galpão. Só então me toquei de que conhecia aquele lugar; estávamos perto da Shoots Club.

— Escolha arriscada pra cativeiro — murmurei sem parar de correr, os outros dois que me acompanhavam não pareceram escutar.

Dean nos levou até onde havia estacionado seu Impala e em poucos segundos estávamos indo para casa — se é que eu ainda podia chamar assim, já que mal passava tempo ali.

— É, você anda nos dando um bocado de trabalho — disse Dean assim que nos distanciamos o suficiente daquele lugar. — Mas está valendo a pena, afinal, quem não gosta de uma boa investigação? — Ele ligou o rádio, pairando em uma estação de rock, acho que era Metallica, mas não tinha certeza. — De qualquer jeito, agora temos um lugar para ir, não precisamos mais andar em círculos.

— Acho que sim... Obrigada por terem me salvado — agradeci sinceramente e os dois assentiram.

— Sinto muito que não tenhamos conseguido muita coisa — Sam se desculpou com um sorriso tímido.

— Temos um estado, é o suficiente — afirmei, logo em seguida me dando conta da idiotice que acabara de dizer. — Do que eu estou falando? Dakota do Sul é enorme, precisávamos de uma cidade.

Escondi a cabeça entre as mãos, respirando fundo. Sempre que chegávamos a algo, voltávamos direto à estaca zero mais uma vez, chegava a ser desgastante.

— Então acho que estamos de volta aos círculos — Sam jogou a cabeça para trás, encarando o teto do veículo e submergindo em pensamentos.

— Posso ajudar com isso — uma voz próxima disse e dei um sobressalto instantâneo, alarmada.

— Jesus Cristo... — coloquei a mão sobre o peito e olhei para o moreno de olhos azuis e sobretudo que ocupava o assento ao meu lado tranquilamente.

— Não, sou só eu, Castiel — o anjo franziu a testa. — Oi.

Balancei a cabeça mais uma vez, revirando os olhos. Essa não seria a primeira vez que eu desistiria de explicar a Castiel o significado da palavra ‘metáfora’.

— Ainda precisamos trabalhar nesse assunto de chegadas repentinas, Cas — Dean alertou, olhando no espelho do Impala. — Algum problema?

Castiel negou com um aceno e sorriu.

— Na verdade, estou trazendo uma solução — ele gesticulou com as mãos, dando ênfase às próprias palavras. — Fiz algumas pesquisas e descobri a origem da planta-sonífero que Sam e Emma ingeriram.

Meu coração quase saltou para fora do peito ao ouvir suas palavras, mas ele ainda não havia terminado:

— Vocês tem um destino exato para seguir agora — o anjo sorriu outra vez. — E acredito que Sam e Dean vão gostar bastante dele.


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Notas finais do capítulo

OLHA ELEEEEEEEEEES!

(desculpa, não resisti gente, KKKKK)

Enfim, FINALMENTE concluímos então a participação especial da saga crepúsculo em CP, akspoaks, espero que todos tenham gostado e aproveitado. Alguém aí conseguiu montar alguma teoria? Me contem, vou adorar saber!

Se você quiser fazer uma autora feliz hoje, deixe um review, o mundo dos aspirantes à escritores agradece, sz.

Até o próximo capítulo pessoal (que agora é só mês que vem), beijossss! :3



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