Corações Perdidos escrita por Syrah


Capítulo 1
01. Conhecendo os Winchester


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoal, tudo jóia?

Esse capítulo é mais uma introdução da fanfic, então não terá muita ação — AINDA não, haha. Mas espero que gostem, escrevi com muito amor (e sangue) ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615585/chapter/1

HÁ MAIS OU menos um mês meu pai saíra para uma caçada e não retornara mais.

Desde então andei procurando por pistas dele, sem nenhum sucesso. Hackeei seu HD e isso me levou a duas noites sem dormir, uma caixa de entrada limpa e uma enfim quase bem-sucedida visita à biblioteca de Denver. Usando meu distintivo falso de agente, descobri que meu pai havia passado por lá há mais ou menos quatro dias, procurando informações sobre uma velha mansão no centro da cidade. Fiz uma breve pesquisa e acabei descobrindo que quatro pessoas foram dadas como desaparecidas lá nos últimos dois meses, o mesmo vem acontecendo há três anos, sempre durante dois meses do ano. Nenhum dos corpos foi encontrado até o momento. Os detetives arquivaram os casos como desaparecimento, mas eu tive possivelmente a mesma dedução do meu pai: fantasmas.

Aguardei até o crepúsculo e fui para a mansão completamente armada — com as armas necessárias para um fantasma, é claro; um espectro, na verdade. São espíritos vingativos que, na maioria das vezes, me causam problemas, embora eu já esteja acostumada a casos do tipo.

A casa é exatamente da maneira que a imaginei: velha, mas com um ar genuíno de sofisticação. Apenas o hall de entrada já te passava essa impressão, o que não era algo necessariamente atípico, considerando que era uma das construções históricas mais importantes da cidade. As cadeiras eram de um tom caramelo com leves traços de desgaste devido aos anos de inércia. As paredes possuíam finas rachaduras em intervalos irregulares entre um cômodo e outro e os quadros gigantescos que as decoravam — retratando os antigos moradores do local, eu supunha — pareciam te seguir com seus olhares fixos e penetrantes.

Olhei meu celular — o relógio digital indicava que já passava das seis da tarde. Eu ainda não tinha achado uma pegada sequer. Nada de espectro até então, porém nenhum vestígio sobre meu pai também. Repentinamente, ouvi um barulho vindo de uma das portas ao fundo de um dos estreitos corredores do segundo andar da mansão. Eram vozes, supostamente de duas pessoas. Caminhei até a porta em passos leves e encostei a orelha suavemente na parede, tentando ao máximo não fazer nenhum barulho. As vozes ficaram mais altas à medida que eu me aproximei.

— ... minha morte. Você é um idiota — disse a primeira voz, masculina.

— Não me chame assim, eu lá tenho culpa se você não é capaz de diferenciar uma adaga de aço de uma de prata? Além do mais, não foi a primeira vez que você enfrentou um desses e já fazem duas semanas, será que dá pra esquecer? — disse outra voz, essa um pouco mais grossa que a anterior.

— Não dá pra esquecer, Dean — retrucou o dono da primeira voz. — Quase fui comido vivo por aquela Vetala, não é como se eu tivesse batido com o dedinho na quina de um móvel, eu poderia ter morrido!

Vetala? Eram caçadores?

Mas é claro que sim, pensei.

— 99,9% das nossas caçadas você é quase comido vivo, Sam — respondeu o outro cara, Dean.

Então eram mesmo caçadores. Nunca me dei bem de maneira alguma com trabalho em grupo, exceto talvez, por meu pai. Resolvi então que seria melhor voltar mais tarde, quando os dois visitantes já tivessem ido embora. Saí sorrateiramente, mas pisei em um caco de vidro no chão, o que provocou um estalido um pouco alto demais. Sortuda, como sempre.

— O quê foi isso? — perguntou Dean, sua voz se reduzindo a um sussurro.

— Vamos lá fora olhar — Sam sussurrou de volta. Eu já ouvia o barulho de seus passos quando comecei a correr. Não sabia exatamente o porquê, já que não devia nada para aqueles panacas, mas mesmo assim corri o mais rápido possível para fora da casa.

— Ei, você! — era a voz de Sam atrás de mim. — Parado!

— Sou menina, seu idiota! — gritei em resposta, sem diminuir o ritmo.

— Ah, qual é! Passei a noite em claro pesquisando pra ir atrás de um fantasma, não de uma garota — reclamou Dean.

Ignorei os comentários e continuei correndo. Ao fazer uma curva no fim do corredor, me choquei contra algo macio e... humano? Olhei para cima e me deparei com outro homem, devia ter uns trinta anos no máximo e mesmo assim estava muito, muito bem conservado. Ele usava um sobretudo bege por cima de uma calça preta e uma camisa branca. Seus sapatos eram de couro, pretos. O cabelo curto e escuro realçava seus olhos azuis. Ele me encarou por alguns segundos antes de estender a mão, oferecendo ajuda, no exato momento em que os outros dois me alcançaram correndo.

— Chegou numa ótima hora — o mais baixo, Dean, arfou; um sorriso espontâneo surgiu em meu rosto.

— Quem é ela? — perguntou o cara. Sua voz era incrivelmente doce.

— Tenho nome, sabia? — retruquei irritada.

— Que por acaso ainda não sabemos qual é — replicou Dean, impaciente.

— Não vejo motivos para dizê-lo a vocês! — cruzei os braços, sabendo que fazia uma pose ridícula de garota mimada. — Sequer os conheço.

Sam simplesmente me encarou como se estivesse exausto demais para responder, mas Dean parecia querer continuar o rebate sem piedade. Ele abriu a boca para dizer algo, mas o sujeito o interrompeu e, antes que eu conseguisse notar, pousou dois dedos na minha testa. Me senti tonta por um breve momento mas me estabilizei rapidamente. Ele se virou para os dois garotos, que agiam como se o que havia acabado de acontecer tivesse sido algo totalmente normal.

— Emma Grace, vinte e seis anos. Mora em Los Angeles com o pai, a mãe morreu quando era bem nova. Ela também é uma caçadora.

Por um segundo fiquei completamente surpresa. Olhei para o sujeito, ele possuía uma expressão serena, quase angelical.

— Como você...?

— Ela é uma caçadora? — interrompeu-me Dean. — Não parece.

— Bem, você não me parece tão durão quanto tenta se mostrar, se quer saber — respondi com sarcasmo.

Eu 1 x 0 Dean. Apesar do olhar de extrema raiva, desta vez ele não rebateu, se limitou a me lançar um olhar irritado.

— Se você é caçadora, deve estar aqui atrás da mesma coisa que nos: o fantasma de Elton Krisy, certo? — perguntou Sam.

— Não — respondi.

— Não? — Sam e Dean perguntaram ao mesmo tempo.

— Estou atrás de alguém. O último lugar em que essa pessoa esteve foi aqui.

— Ela está aqui pelo pai — complementou o sujeito. Eu gostaria que ele não tivesse feito aquela maluquice de ler minha mente. O que ele era, algum tipo de médium? — Procurando pistas dele.

— Como fez isso? — perguntei. — Como leu minha mente? Você é algum tipo de paranormal?

Dean soltou uma risada, encarei-o com um olhar irritado.

— Ele é um anjo. — Sam explicou sério, mas percebi que estava contendo um sorriso.

— Anjos não existem — respondi automaticamente.

— Do mesmo modo que demônios e vampiros não deveriam existir? — Dean arqueou uma sobrancelha. — Muita coisa que você acredita ser mentira, existe, garota — respondeu, mas sem o tom debochado de antes.

— Nesse caso, onde estão sua auréola e asinhas brancas e fofas? — perguntei, não era uma piada.

— Não tenho auréola — respondeu ele, em seu rosto havia uma mescla de confusão e tédio. — Quanto às asas...

De repente, não sei dizer como e nem de onde, uma luz branca brilhou atrás dele, não, a luz branca vinha dele. E por trás, uma sombra começou a surgir em um alinhamento perfeito de suas costas. Eram... asas? Assisti ao breve show, totalmente hipnotizada. Após alguns segundos ele parou de brilhar, a sombra desapareceu e era como se os últimos trinta segundos não tivessem existido.

— Aquilo era, eram... — tentei articular algumas palavras, mas nada me veio à mente. — Isso foi... esquisito. — Franzi o cenho.

— Sinto muito, mas não temos tempo para autógrafos — disse Dean. — Ainda temos uma caçada para terminar.

Sam se aproximou de mim e me olhou no fundo dos olhos. Não consegui deixar de notar o quão bonito ele era; seus olhos de um tom verde-musgo, o cabelo longo e castanho, batendo pouco acima dos ombros e as covinhas, não muito fundas e nem tão rasas. Ele era musculoso e bem alto, tendo que se abaixar um pouco para ficar cara a cara comigo.

— Tudo o quê você acredita ser mentira, é verdade. E não estou falando de demônios e fantasmas — seu tom era sério e definitivo.

— Está falando do quê então? — soltei uma risada sarcástica. — Que fadas são reais? Quem sabe a terra de Oz?

Sam ergueu uma sobrancelha sugestivamente.

— O quê? — perguntei, um “O” se formando em minha boca. — Oz é real? E fadas também? Meu Deus!

— Deus também é real, a propósito. Só é um cara meio ocupado, acho eu — Dean suspirou, parecia pensativo. — Você disse que estava atrás de pistas do seu pai, por quê? — indagou.

— Ele desapareceu há um mês. Saiu em uma caçada e não voltou mais. A bibliotecária da cidade me disse que há quatro dias um cara que bate com a descrição dele, buscou informações na biblioteca pública sobre essa casa. Então vim aqui atrás de pistas.

— Como ele se chama? — perguntou Sam.

— Seu nome é Adam Grace — respondi instantaneamente, começando a achar que podia, afinal, confiar naqueles dois. — Não estou aqui atrás desse tal fantasma, estou atrás dele, meu pai. Ou ao menos vestígios.

— Entendo — disse ele —, mas você não pode procurar por pistas agora, estamos em uma corrida contra o tempo para descobrir onde foi enterrado o corpo de Elton e caso isso não aconteça, mais mortes estarão programadas.

— Entendo seu ponto, mas acho que não me ouviu direito — repliquei. — É a vida do meu pai que está em jogo aqui.

— Olha, Emma, não podemos procurá-lo agora, precisamos deter o fantasma primeiro e pra isso, temos que descobrir onde foi enterrado. Daí nós queimamos os ossos, todos ficam felizes e você pode vir procurar pistas do seu pai. Dean e eu podemos ajudar.

— O quê? — Dean o encarou com uma expressão de parcial incredulidade.

— Isso mesmo. — Sam cutucou o irmão com o cotovelo.

— Não preciso da ajuda de vocês e não vou esperar nada, quero achar meu pai e isso não é algo que possa esperar!

— Preciso que nos entenda. Você poderá voltar depois, eu prometo. — Ele argumentou.

— Vocês é que não entendem. Não sabem como é ter de acordar todo dia pensando que ele está ferido, ou pior.

— Acredite, sabemos como é, mais do que gostaríamos, aliás. Mas você precisa entender que muitas vidas estão em jogo e essas vidas não tem uma probabilidade de saírem vivas. — Dean disse, parecendo repentinamente entediado.

Pensei a respeito. Precisava achar pistas sobre meu pai, mas, se eu não os deixasse procurar o tal fantasma, pessoas iriam morrer. Suspirei e fechei os olhos. Era egoísmo achar que tantas vidas não valiam o preço da perda de apenas uma?

— Certo. — Foi tudo o que disse.

Sam percebeu minha expressão e tentou argumentar:

— Emma...

— Vocês dois tem até amanhã à tarde, ou eu vou voltar aqui de um jeito ou de outro.

— Obrigado — Sam suspirou, aliviado por não necessitar de uma maior insistência. — Cas, pode ir procurar pistas do pai dela por enquanto?

— Creio que sim. — Castiel respondeu. Um segundo depois, sumiu, como se nunca tivesse estado ali.

Sam fez menção de me explicar:

— Não — ergui a mão para impedi-lo. — Não preciso ficar ainda mais confusa do que já estou.

Ele riu.

— Dean, leve ela pra casa. Eu cuido daqui enquanto isso.

— Sem chance, não preciso de uma babá! — retruquei.

— Talvez não — ele deu de ombros. — Nesse caso, sinto muito em dizer que você não tem escolha.

Revirei os olhos mais uma vez, irritada. Já não bastava ter que esperar para procurar pistas sobre meu pai, agora eu tinha Dean, O Babaca, na minha cola.

Saí desapercebida enquanto ouvia uma mini discussão atrás de mim. Quando enfim saí da casa, corri novamente, buscando me distanciar ainda mais dali. Iria para casa sozinha, não precisava de nenhum cão de guarda.

Diminuí o ritmo alguns minutos depois e coloquei meus fones, música alta. Supunha que Dean não tinha me seguido, o que não me surpreendia. Continuei caminhando e ignorando o barulho de passos e motores ao meu redor.

De repente, senti dedos grossos agarrando meu pulso. Tirei os fones e olhei para trás, encarando o dono da mão.

Para a minha surpresa, a pessoa que me encarava de volta era Dean.

— Já disse, não preciso de nenhuma babá — sibilei, puxando o braço, em uma tentativa frustrada de mel soltar. Ele era incrivelmente forte.

— Olhe, eu não queria esse cargo, acredite — seu tom era entediado. — Mas Sam tem razão. Caçadora ou não, vou te acompanhar até sua casa, queira você ou não.

Desisti de tentar me soltar e o olhei de cima a baixo. Gostava de sua atitude, de querer proteger alguém mesmo não querendo estar com essa pessoa. Mas eu desejava que esse “alguém” não fosse eu.

— Você vai me encontrar mesmo que eu tente fugir, né?

— Está começando a me entender M — um sorriso se formava no canto de seu rosto.

M.

Ninguém me chamava assim desde meus sete anos, exceto meu pai, Alice e minha mãe. Reprimi algumas lembranças antes que as lágrimas viessem.

— Tenho condições — anunciei e ele assentiu. — Primeira: me solte, prometo não sair correndo e gritando que existe um louco assassino me perseguindo.

Ele ergueu uma sobrancelha duvidosa e continuou a me segurar.

— O que foi? Você mesmo disse que vai me alcançar se eu tentar escapar. Qual o problema, então?

Então ele soltou meu braço e cruzou os próprios. Uma ligeira dor se passava aonde ele agarrou, massageei ali discretamente.

— Bom. Segundo: temos que ir a uma lanchonete e comer um belo X-Bacon, estou morta-de-fome.

Dean sorriu novamente.

— Está começando a falar minha língua — ele riu. — Vamos.

— Vamos — eu disse, começando a caminhar.

— Aonde vai?

— À lanchonete? — respondi lançando-lhe um olhar como se dissesse não é óbvio?

— Está indo pelo lado errado, meu carro está a uma quadra daqui, na direção contrária à sua — ele me encarou.

— Carro? Ah, certo — fiz o pequeno percurso de volta e parei próxima a ele. — Vamos, ande. Eu não sei onde sua lata velha está, lembra?

— Uma regra básica: jamais chame a Metallicar de lata velha. Jamais, se você valoriza o ar que respira, M.

— Metallicar? — eu ri. — OK. Não me chame de M — repreendi-o.

— Vamos — ele saiu andando sem olhar para ver se eu o seguia.

Alguns poucos minutos depois, estávamos dentro de um Impala 67 em belíssimo e conservado estado, a caminho de alguma das lanchonetes de Denver. O silêncio dentro do carro era um pouco desconfortável e a julgar pela expressão de Dean, ele pensava o mesmo.

— Qual o sobrenome? — eu disse repentinamente, a fim de romper o silêncio que pairava entre ambos.

— Hum? — ele respondeu fingindo distração.

— O sobrenome. Digo, seu, do Sam e do tal Castiel. Isto é, se anjos possuírem sobrenome.

— Winchester, meu e do Sam, somos irmãos — Aquele sobrenome me provocou um lampejo de memória, como se uma pequena lembrança tentasse se libertar por alguma fresta do meu cérebro. — E não, anjos não tem sobrenome. Chame-o apenas de Castiel.

— Winchester? Me é familiar.

Pelo canto do olho, jurei tê-lo visto sorrir, como se soubesse de algo. Aquele sobrenome continuava a fazer cócegas na minha cabeça, me esforcei para lembrar a lista de sobrenomes que já se relacionaram com minha família.

Snowless, Lenoir, Swamn, Campbell, May...”

Nada. Nenhuma informação. Desisti de pensar e encostei a cabeça na janela do carro. Observava as ruas do lado de fora, passando rapidamente, como um filme sendo acelerado.

Após alguns minutos estacionamos em frente a um pequeno estabelecimento. Consegui ler na quase completamente destruída placa de entrada, algo como “Casa do Burguer”. O lugar não me era convidativo, assim como o nome.

— Vamos comer aqui? — franzi o nariz.

— Pode apostar que sim, o melhor X-Bacon da cidade — Dean sorriu.

— Aposto que sim.

— Eu garanto, o gosto da comida é melhor que a aparência.

Eu o segui para fora do carro e adentrei no lugar. Todo o local tinha uma aparência decadente, fazendo jus ao nome e à entrada. Mas eu precisava admitir, o cheiro de comida que exalava da cozinha era extremamente convidativo. Nos sentamos em uma mesa ao fundo e fizemos nosso pedido. Pedi algo simples, enquanto Dean optou por quase todo o cardápio.

Observei-o enquanto comia. Dava a impressão de que não se alimentava há dias, pela voracidade com que agarrava seu hambúrguer. Seu olhos eram verdes, de um certo tom misterioso. Ele tinha cabelos loiros, castanho-claros, para ser mais exata. Era bem musculoso, assim como o irmão. Não podia deixar de negar o óbvio: Dean Winchester era realmente atraente.

— O que foi? — ele indagou repentinamente.

— O quê?

— Está me encarando como se tirasse medidas.

— Ahm? — gaguejei, que droga. — Não estou não.

— Está sim — ele insistiu revirando os olhos. — Hora de irmos.

— Ótimo — me levantei, porém rápida demais. Erro número dois.

Dean pagou a conta depois de cinco minutos de discussão e um “eu sou mais velho” irritante. No final, desisti de insistir e simplesmente o deixei pagar.

Informei-lhe o endereço e em dez minutos o Impala já estacionava em frente à minha porta.

— Obrigada — disse ao abrir a porta.

— Não agradeça, você é minha responsabilidade.

— Sou? Mas você já me deixou aqui, não precisa mais bancar a baby sister.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Não me diga que vai ficar me vigiando? — quando ele continuou a me encarar sem dizer nada, me dei conta da resposta. – Sério isso? Não sou uma criança, sabe?

— Eu sei que vai até lá. Digo, sei que vai até a mansão, mesmo que Sam tenha dito para não ir. Para esperar.

— Quem te garante isso?

— Ah, por favor, Emma! Está estampado no seu rosto. Muito me admira Sam ter acreditado em você.

— Eu preciso achá-lo Dean, você não entende. — Respirei fundo.

— Não entendo o quê?

— Nada! — disparei enfurecida, sem saber de onde surgia toda aquela raiva repentina. — Você não entende nada, OK? Você não sabe como é perder a mãe cedo demais e ter a certeza de que não vai vê-la de novo. E depois, ver seu pai desaparecer. Estou sozinha nessa droga de mundo e se eu tenho uma mínima chance de achá-lo, eu vou achar! E não vai ser você e seu irmão, ou uma droga de “anjo do Senhor” que vai me atrasar ou me impedir!

Dean me encarava, algo em sua expressão dizia que ele entendia o que acabei de dizer, de uma maneira ruim. Mas eu não liguei, só queria sumir dali. Saí do carro e entrei correndo em casa. Não olhei para trás.

Sentia as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, não escutava nada, não via nada. Apenas me joguei na cama e chorei, chorei o máximo que podia.

Minha mãe uma vez me dissera que chorar alivia, que parte da dor vai embora junto com as lágrimas. Bem, eu concordava com ela e era isso que estava fazendo — aliviando a dor. Mesmo que isso me trouxesse memórias que tentava esquecer todos os dias.

Após o que pareceu uma eternidade, o tão esperado sono veio, a luz da lua adentrava a janela entreaberta do quarto quando avistei um vulto humanoide na mesma antes de cair no sono e, sem poder descobrir se era real ou não, aquilo foi ultima coisa que vi antes de fechar os olhos e mergulhar em um sono profundo e totalmente livre de sonhos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim :D

Deixem um comentário com críticas e elogios e o que mais gostaram no capítulo, eu agradeço u_u

Até o próximo capítulo amores ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Corações Perdidos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.