Runaway escrita por Grace


Capítulo 18
The Outsider


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos! Peço desculpas pela demora! Minhas aulas na faculdade voltaram e eu já estou cheia de coisa pra fazer!
Espero que gostem! Beijos, até o próximo e deixem reviews!



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Tris

Fazia dois anos que eu não escutava essa voz. Exatamente dois anos. Um arrepio percorre a minha espinha e minhas mãos gelam. O que ele estava fazendo aqui? Eu não achava que isso podia ser uma coisa boa, de jeito nenhum.

Meu coração batia muito forte e minha respiração estava desigual. Me mantive em silêncio absoluto, com esperança de que ele fosse embora.

— Max? Eu preciso falar com você, cara — Ele diz, insistentemente — Eu não estaria aqui se não fosse necessário. Não me arriscaria entrar na Audácia por nada — Ele faz uma pausa e eu respiro fundo.

Ouço passos e decido agir rápido. Fingir que não tinha ninguém lá não tinha adiantado nada. Se ele se aproximasse mais eu não teria espaço para reagir nem me defender, caso fosse necessário. Sem contar que a pasta com as informações ficaria perigosamente exposta.

A única explicação viável era que ele estava confabulando com a Erudição e com os líderes da Audácia. Viro a cadeira lentamente e os passos cessam.

Vi o choque passar pelos olhos dele quando me viu. Ele claramente não esperava me encontrar ali e eu provavelmente não devia tê-lo visto nem escutado o que eu ele havia dito. Ele nem devia estar ali, para ser mais exata.

— Tris, certo? — Ele pergunta e sorri de uma maneira meio enlouquecida. Eu estou extremamente alerta. Ele vestia uma camisa cinza, provavelmente sobras ou doação da Abnegação, e um moletom preto, como os da Audácia. Sua calça também era preta, assim como as botas. O tapa olho era azul claro, como a cor da Erudição. Eu me lembrava muito bem do dia em que Drew e Peter o tinham esfaqueado direto no olho. Vestido dessa forma, era muito difícil alguém perceber que ele não era da Audácia sem olhar atentamente.

— Edward? — Eu pergunto, fingindo surpresa. A impressão que eu passava é que eu só o tinha reconhecido agora — Que surpresa. O que você está fazendo aqui?

— Bem — Ele começa, mas faz uma pausa. Eu praticamente posso ver a mente dele trabalhando para pensar em uma desculpa plausível — Eu estou ajudando Max com um projeto. Ele está querendo me oferecer um emprego e nós tínhamos marcado um encontro — Ele dá um meio sorriso e eu finjo acreditar na história dele. Eu havia escutado que ele tinha se arriscado ao entrar aqui — E você, o que faz aqui? — Ele pergunta, soando meio ríspido, como se estivesse nervoso — Essa é a sala do Max, não é?

— Sim, é a sala do Max — Eu confirmo — Você não deu sorte hoje — Eu acrescento — Hoje é o dia de visitas — Eu informo, mesmo tendo certeza que ele havia escolhido esse dia justamente porque era dia de visitas. Era mais fácil de se misturar — Ele deve estar meio ocupado.

— O que você está fazendo aqui, Tris? — Ele pergunta, e eu o acho meio agressivo.

— Voltei ao meu trabalho hoje — Eu digo, dando de ombros — Eu estava auxiliando Quatro com os Iniciados, a pedido de Max — Eu digo, inventando uma história inocente. Edward sempre fora muito forte e bom em luta, se ele me atacasse, dificilmente eu sairia daqui com vida — Tive um problema com a rede de conexão de dados quando cheguei na minha sala — Eu falo, como se estivesse resmungando — A sala de Max tem acesso direito. Vim aqui tentar resolver isso e ressuscitar a conexão da minha sala — Dou de ombros, indiferente — Mas sou péssima com essas coisas de computadores e redes. Não resolvi porra nenhuma — Eu continuo falando, como se tivesse falando mais comigo do que com ele — Eu devia ir pedir ajuda a Quatro. Se ele não estiver ocupado, ele pode resolver isso pra mim.

Ele me avaliava silenciosamente. Eu estava calma, apesar de tudo. Controle emocional era a chave. Era só não dar uma bola fora. Continuo mexendo nos papéis que estavam sobre a parta de informações, parecendo distraída.

— Esses assistentes deixaram uma bagunça enorme — Eu digo, resmungando — Um bando de desorganizados — Eu acrescento, fingindo colocar os papéis em ordem. Edward ainda estava em silêncio — Vai ficar para almoçar com a gente, Edward? — Eu pergunto, aumentando o volume da minha voz e atraindo a atenção dele.

— Acho que eu não seria bem vindo, Tris — Ele diz, dando mais um passo na minha direção. Coisa que eu finjo não notal.

— Por quê? — Eu pergunto, para mantê-lo ocupado, falando.

— Eu não sou da Audácia, Tris — Ele diz.

— Por pura injustiça, se você quer a minha opinião — Eu digo — Você provavelmente é mais Audácia do que muita gente aqui.

— Infelizmente nem todos pensam assim — Ele responde, dando de ombros — Eu fui esfaqueado e tive que sair. Ninguém foi punido. Para eles, eu não sou Audácia.

— Para mim, você é — Eu digo, sendo sincera — Ninguém fez nada com eles aquela noite porque são injustos. Peter e Drew são covardes. Não se ataca ninguém daquela forma. Eles é que não deviam ser Audácia — Eu falo.

Percebo que eu realmente acreditava no que tinha dito.

— Você teria escolhido outra facção se pudesse voltar no tempo, Tris? — Ele pergunta.

— Eu acho que não — Eu digo — Minha dúvida sempre foi ser quem eu era de verdade e viver de acordo com a minha vontade ou minha família — Eu faço uma pausa — Sinto falta deles, mas meu lugar é aqui. Você teria feito uma escolha diferente?

— Acho que não — Ele diz, pensativo — Meu único arrependimento é não ter matado Peter antes de ser tarde demais.

Eu concordo com a cabeça e ele fica em silêncio por alguns segundo. Fico imaginando o que devia estar passando na cabeça dele agora. A expressão dele me parecia aflita.

— Você não gosta de ser controlada, Tris? — Ele pergunta, pensativo. O que essa pergunta significava? Será que ele sabia dos planos da Erudição? Será que ele era parte do plano todo ou só um cobaia? Será que haviam contado a história toda para ele?

— Quem de nós gosta, Edward? — Eu respondo com outra pergunta.

— Acho que ninguém — Ele diz, suspirando e voltando para perto da porta — Tem algum lugar que nós podemos conversar sem correr o risco de sermos surpreendidos por Max ou alguma outra pessoa?

— Vamos para a minha sala — Eu falo. Agora era um pouco tarde para voltar a trás. Eu era curiosa, nunca fui meio prudente. Edward parecia querer me contar alguma coisa e me parecia arrependido de algo. E eu queria saber o quê.

Abro a porta da sala de Max e olho pelo corredor. Não havia ninguém. Edward me segue pelo caminho, com a cabeça baixa. Eu agradecia pelo sistema de câmeras ainda não estar funcionando.

— Como você entrou aqui, Edward? — Eu pergunto assim que nós entramos na minha sala. Eu tranco a porta, para não correr o risco de alguém entrar.

— Alguns dos seus guardas não são muito bons — Ele diz, dando de ombros — Não foi difícil abatê-los. E usando preto eu não chamo atenção. Não que eu tenha topado com muitas pessoas — Era verdade. Ele tinha o porte físico de alguém da Audácia.

Eu sabia que precisava fazer Edward confiar em mim. Eu estava tentando confiar nele. Se ele fosse me bater ou me matar, ele já teria feito. Não precisava ter vindo até aqui. Ele não arriscaria a ser pego na Audácia simplesmente para me matar na minha própria sala.

Ele se encosta na mesinha do canto e eu guardo a pasta de informações em uma gaveta particular, com uma combinação que só eu sabia para abrir. Ele suspira e em seguida olha para baixo, evitando me olhar nos olhos.

— Eu menti pra você, Tris — Ele diz, ainda sem me encarar — Mas de uma forma ou outra, você me fez mudar de ideia — Eu continuo em silêncio. Ele suspira e depois volta a falar — Max me procurou a umas duas semanas atrás, com um interesse particular nos sem facção que são Divergentes — Ele faz uma pausa — Ele disse que eu só precisava descobrir quem são e entregá-los para ele e ele cuidaria do resto. Eu achei estranho, mas ele me ofereceu uma nova chance na Audácia. Como líder. Ele me disse que estava bolando um plano e que futuramente, ele estaria no governo e que a Audácia precisaria de novos líderes — Ele respira fundo — Fiquei tentado e disse que pensaria no assunto. Ele me mandou procurá-lo caso eu resolvesse entregar os Divergentes.

— O que mais você sabe? — Eu pergunto, extremamente interessada no que ele estava me contando.

— Não muito — Ele responde — Ele só queria os Divergentes. Disse que era a minha chance de voltar e que eu poderia me vingar de Peter e de todos que haviam me virado às costas. Só isso.

— Por que você mudou de ideia, Edward? — Eu pergunto, avaliando cada movimento dele com atenção.

— Quando eu vim para a Audácia, eu também queria ser livre, Tris — Ele diz — Ser quem eu sou de verdade. Viver onde eu acho que é meu lugar — Ele faz uma pausa e suspira — Com os sem facção é meu lugar agora, e entregar as pessoas, Divergentes ou não, me parece traição e violação de liberdade do próximo — Ele me encara — Eu também percebi que não foi toda a Audácia que me virou as costas, mas sim o próprio Max e os outros líderes, que não tomaram as devidas providências.

Eu dou um sorriso pra ele. Edward me parecia uma boa pessoa. Eu ia respondê-lo quando uma batida na porta chama a minha atenção.

— Tris? Você está aí?

Vejo quando Edward congela.

— Fique calmo — Eu digo — É alguém em quem podemos confiar — Eu acrescento e eu seguida abro a porta para Quatro.


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Notas finais do capítulo

Alguém adivinhou quem era a pessoa???



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