Relatos de 11 de Setembro escrita por Kikonsam


Capítulo 2
Jones - 2


Notas iniciais do capítulo

Aos poucos vou desenvolvendo a história, espero que gostem.



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Abro meus olhos, e vejo ainda aquele apartamento grande e branco no qual eu moro. Dormi no sofá, vendo as novidades do que eu queria que tivesse sido apenas um pesadelo. A televisão está ligada, e o Good Morning America está dando mais detalhes do dia em que o mundo inteiro lembraria pela eternidade: 11 de Setembro de 2001, o dia em que as Torres Gêmeas e O Pentágono foram atacados por dois aviões. Não tomei banho, ainda estou com meu melhor terno que usaria para a promoção. Uma promoção que nunca vou receber, porque me atrasei, e porque dois aviões atingiram o World Trade Center de New York. Estou sujo, pr conta de meus esforços para ajudar as pessoas que estavam no térreo a sairem de lá, antes que as duas torres desabassem. Eu vi o avião atingindo a segunda torre com meus próprios olhos. Minha chefe morreu, já que seu escritório fica no exato andar em que o avião colidiu. Não se sabe ainda quem ou porque houve isso, apenas que destruiu a vida de todo mundo.
Inclusive a minha.
Meu celular toca, pela décima vez minha mãe me liga. Não atendi antes porque estava ajudando a tirar as pessoas das torres, ajudei o quanto pude até ocorrer o toque de recolher porque as torres iam desabar. Minha mãe deve ter ficado acordada a noite toda, coitada. Eu não tinha o direito de fazer isso a ela, pelo menos agora tenho a consciência disso.
Me sento no sofá, e atendo.
– Jones? - ouço sua voz do outro lado do telefone.
– Oi mãe - digo.
– Graças a Deus! - ela fala, dá para ouvir que ela está chorando.
– Desculpe não ter retornado as ligações.
– Eu quase morri aqui! Você está bem?
– Sinceramente? Não
– Não?! Meu Deus, em que hospital você está?!
– Hospital? Não, mãe, eu não estou no hospital.
– Então você está bem?
– Não! - percebo que estou gritando. Nunca gritei com minha mãe antes. - Não estou bem! Todos meus amigos do trabalho morreram, eu vi minha chefe se jogando do nonagésimo sexto andar, eu deixei de salvar uma criança por conta de um toque de recolher, eu apenas tive que deixa-la com sua mãe gritando enquanto um pedaço de concreto estava em cima dos dois. O país todo parou porque duas mil pessoas morreram nas Torres Gêmeas e No Pentágono, então não, não estou bem.
Sinto que estou chorando. As lágrimas simplesmente deslizaram pelo meu rosto. Faz tempo que eu não choro.
– Desculpe, filho - diz ela. - Eu e seu pai vamos para New York amanhã, e não adianta dizer para não irmos.
– Eu não ia impedi-los. - digo, apesar de saber que ia tentar impedi-los.
– Se cuida, meu filho. - diz ela.
Desligo.
A porta do meu apartamento toca, e eu me levanto, levando o cobertor que me cobri nessa noite comigo.
Abro a porta.
Uma moça loira, muito parecida com minha chefe, só que mais nova, aparece na minha frente. Olhos verdes penetrantes, lábios não muito grossos, e nariz afilado. Linda.
– Pois não? - digo. Ela me encara, imagino que vendo minhas feições péssimas e rosto vermelho recém chorado.
– Jones Smith? - pergunta ela.
– Sou eu.
– Prazer, Juliana McPhee, mas todos me chamam de July. - diz ela, apertando minha mão mole. - Lamento conhece-lo num momento trágico como esse.
– O que deseja? - pergunto. Não estou muito afim de conversa.
Ela pausa um pouco.
– Sou irmã de Ashley McPhee, ela era sua...
– Chefe - interrompo-a.
– Sim. - diz ela, e vejo que ela está constrangida. - Bem, como todos seus contatos se baseavam no trabalho, e você era um dos mais próximos dela, eu pensei em lhe chamar pessoalmente para seu funeral.
– Com que corpo? - pergunto, friamente. - Eu mesmo a vi cair do céu e se espatifar no chão, que corpo?
Ela para um pouco de novo, e percebo seus olhos encherem de lágrimas.
– É um funeral simbólico. - diz ela. - Para permanece-la em nossos corações. Vai ser no cemitério daqui de perto, e...
– Obrigado, dispenso, tenha um bom dia.
Fecho a porta em sua cara.


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Notas finais do capítulo

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