Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 31
Songs of the father.


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes!
Me perdoem por não atualizar semana passada, mas uma amiga minha estava se casando e meu tempo era todinho só dela.
Espero que curtam o capítulo.



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OLIVER

A ala hospitalar do castelo, é basicamente um hospital de ponta em menor escala. Todos os melhores profissionais do ramo estão a dispor da família real sempre que necessário, e mantemos médicos e enfermeiras de plantão constantemente, caso um funcionário precise, ou uma fatalidade aconteça. Isso me deixava furioso a sete meses atrás, quando Clair precisou de atendimento, e meu pai negou fornecer verba para o asilo. Hoje, ao descer as escadas de metal que me levam ao leito do rei, me pego pensando se ainda teria um pai, se todo esse “luxo” não existisse.

Encontro Thea dormindo em uma poltrona ao lado da cama dele, o Sr. Harper estava de pé, parado do lado de fora da porta, em guarda. Me aproximo e ele faz uma reverencia breve.

—Bom dia, Sr. Harper. –cumprimento o vendo voltar a sua postura de soldado.

—Alteza.

—Passou a noite em guarda?

—Sim, alteza. –responde baixando os olhos.

—John pode ficar no seu lugar, por enquanto, depois colocaremos outro guarda para te cobrir a tarde. Precisa descansar.

—Estou bem, senhor. –algo estranho passa pelo rosto do garoto. Olho para John que estava atrás de mim, ele assente, então entro no quarto do meu pai, e deixo os dois conversando. Antes que estivesse perto da cama hospitalar, o Sr. Harper já começava a subir as escadas.

—Oi pai. –murmuro puxando uma cadeira para me sentar a seu lado. Ele pisca, e me olha como se tivesse acabado de acordar, e ainda fosse difícil manter os olhos abertos.

—Oliver. –sussurra meu nome, em uma voz fraca e rouca. –Onde sua mãe está?

—Consegui que ela ficasse em prisão domiciliar, até que o julgamento aconteça. –começo a contar, vendo a tristeza nos olhos do meu pai. –Está em um quarto, em uma área isolada do palácio, mas cuidei para que fosse bem tratada.

—Claro que cuidou.

—Não deve se preocupar com nada, só em ficar melhor.

—Ainda está com raiva dela. –não era uma pergunta, então permaneço em silêncio. –Oliver!

—Thea foi mandada para Central, sozinha, para encobrir os segredos dela e do Merlin. –não dá para mascarar o rancor em minha voz, e não me dei ao trabalho de tentar, apesar do olhar de reprovação que meu pai lançava. –O senhor nos ensinou a encontrar sempre outra maneira, a que não custe vidas e proteja a coroa.

—Ela estava protegendo a coroa, meu filho. –sorri com tristeza. –Ter um bastardo dentro da família real é um escândalo que deve ser evitado, pois o preço para tal crime é a morte. –ele olha para Thea, que dormia como um anjo, e posso ver o amor em seus olhos, o carinho sem distinção. –Sempre suspeitei que ela não fosse realmente minha. –uma risada sem humor escapa por seus lábios. –Thea assim que nasceu, com aqueles grandes olhos, e o rosto de um anjo... Me apaixonei imediatamente, e só conseguia pensar que não merecia aquilo, não poderia ser eu a ter feito algo tão perfeito.

—Não sei lidar com a traição. –confesso, desviando meus olhos para minhas mãos.

—Claro que não sabe! –meu pai parece achar graça. –Você foi criado para ser um rei. Nós somos altivos e incorruptíveis, até que se prove o contrário!

—Eu não entendo o que sinto agora, pai. Ela é minha mãe, e eu a amo por isso. Mas ao mesmo tempo... –olho para Thea, e tento por um segundo imaginar minha vida sem ela, é doloroso só de pensar.

—Eu tive a maior parte da culpa. –a voz dele chama minha atenção. –Hoje é seu primeiro dia estando completamente encarregado de cumprir minhas funções, e vai perceber que não é nada fácil. –ele se acomoda melhor na cama, para que pudesse me olhar nos olhos. –Sua mãe e eu não nos casamos por amor, foi um acordo para unificar Starlling e Central como uma só província. Só nos aproximamos de verdade quando você nasceu. E depois voltei a negligenciá-la, éramos jovens e não sabíamos lidar com toda a pressão ainda. –respira fundo, como se preferisse não me dar os detalhes. –Por isso insisti para que você se casasse com quem ama, e espero que Thea faça o mesmo quando chegar a hora dela. Se cerque de pessoas em quem possa confiar, meu filho. E reine de forma honrada, nunca colocando nada acima de sua família. Eu só aprendi tudo isso tarde demais, não quero que cometa os mesmos erros que eu.

—O senhor é o melhor rei que Starlling já teve. –tento consolá-lo, e um sorriso devastado surge em seu rosto.

—Em compensação fui um marido medíocre e distante, e um pai ausente. –ele estende sua mão tremula em minha direção, e a seguro de imediato. –Converse com sua mãe, Oliver. Tenha a mente aberta, e se lembre que antes de ser um príncipe, você é um ser humano.

Concordo, e vejo John fazer um sinal discreto, indicando que já estava em minha hora. Me despeço com um beijo em sua cabeça, ajeito a manta que Thea usava para se cobrir e saio de lá com Diggle, deixando meia dúzia de guardas no lugar dele. Nós andamos em silêncio até a sala de reuniões, as palavras do meu pai martelando em minha mente.

—Bom dia, senhores. –cumprimento vendo os conselheiros do meu pai, Ronnie e Tommy que são meus novos conselheiros e o primeiro Ministro, todos se levantam e fazem reverência. –Vamos começar, o dia será cheio. –digo e vejo todos se sentarem. –Sr. Walter?

—Precisamos falar sobre a princesa. –baixo meus olhos para o memorando a minha frente, e vejo o pedido de destituição do título da minha irmã. Percebo que não estou preparado para isso, para nada disso na verdade.

—Essa é a única opção? –pergunto com a voz firme, todos os anos de treinamento realmente funcionaram para mascarar minhas emoções em público.

—Isso ou o exílio.

—Está fora de questão! –digo de imediato, e Walter me passa uma série de documentos.

—O Rei Robert a resguardou da opção mais extrema.  –observo os documentos, e percebo que se tratavam de papeis de adoção. Seria algo inédito na família real, mas a lei é clara, somente herdeiros legítimos podem entrar na linha de sucessão do trono, por isso Thea não poderia mais ser princesa.

—Cuidem do pronunciamento, mas só o soltem após meu casamento e a coroação da Srta. Smoak. –olho na direção de um garoto de cabelos escuros, que parecia inquieto em seu lugar. –Sr. Allen, tem algo a dizer? –Barry concorda ainda parecendo agitado demais, como se tudo em sua volta estivesse tão lento a ponto de tortura-lo.

—Alguns agentes em campo, perceberam uma movimentação das tropas de Metrópoles em direção a Gotham.

—Alguém entrou em contato com o Rei Bruce?

—O informamos de imediato. –Cisco Ramon responde, mas o rosto dos dois ainda parecia estar preocupado.

—E o que mais?

—O rei ofereceu asilo político aos príncipes de metrópoles. –eu já sei disso, Sara se aproxima e toca meu ombro.

—Alteza, o Rei Bruce enviou alguém. –informa, e vejo algo diferente em seu rosto, como se tivesse recuperado parte da esperança que tivera antes de ver o próprio pai ser assassinado.

—Mande entrar. –todos olhamos na direção da porta, e vejo uma mulher alta, de cabelo louro e grandes olhos azuis passar por ela. Seu rosto era altivo e intimidador, enquanto faz reverencia, e parece desconfortável por estar ali, só então percebo o semelhança, e me dou conta de que já a conheço. –Srta. Lance. –cumprimento me levantando para apertar sua mão. –Sinto muito por sua perda.

—Obrigada, alteza. –responde. –O rei mandou que te entregasse isso em mãos. –pego uma pasta preta, e dentro dela havia uma lista com cinco nomes de conselheiros escritas a mão pelo Bruce. –O que significa?

—Na folha seguinte. –diz e vejo os nomes deles circulados em uma série de documentos que os ligava ao atentado, sorrio para disfarçar o choque. –Tomei a liberdade de pedir ao Sr. Diggle para ficar a postos. –sussurra para mim.

—Senhores, Mathews, Stevens, Robson, Lewis, Walker. –chamo com se fizesse uma chamada escolar, e Sara escancara a porta para que os guardas entrem. –Estão presos por envolvimento com o atentado contra a vida da família real.

—Alteza! –algum deles exclamavam, outros clamavam para que os escutasse, quando todos são retirados restam apenas meus dois recém nomeados conselheiros, os três membros da equipe de inteligência, e o primeiro Ministro.

—Mais alguém aqui quer confessar alguma coisa? –questiono sem paciência, e todos negam. –Ótimo, qual o próximo tópico? –volto a me sentar, e vejo as irmãs Lance paradas atrás de mim. –Por favor, tomem um assento, acabam de ser promovidas.

No fim da tarde deixo a sala de reuniões, e ao passar por um corredor na ala leste, vejo Felicity e Amanda Waller em uma biblioteca, onde minha mulher tinha três grossos livros sobre a cabeça, enquanto se sentava em uma poltrona. Era o treinamento para a coroação, paro alguns segundos com John ao meu lado, observá-la me dava uma paz maior do que posso descrever, e depois do inferno que esse dia está sendo, nunca necessitei tanto de paz.

—Temos que ir, Oliver. –Diggle fala, mas parecia tão disposto a ficar quanto eu. –O tempo é curto. –concordo com um aceno, e guardo o rosto contrariado dela em minha mente, voltando a andar. –Encarreguei o Sr. Snart de interrogar os conselheiros que foram presos. –me informa quando estávamos chegando a área onde o próprio demônio tem sido mantido, Laurel Lance mais uma vez me surpreende ao chegar antes de mim. Ela aguardava na frente de portas grossas, ao lado de dois guardas.

—Srta. Lance.

—Alteza, Sr. Diggle.

—Não precisa entrar lá. –John diz de forma protetora, o que me surpreende até me lembrar que Lance era um de seus homens mais estimados, é claro que aquilo se tornou pessoal para ele.

—Tenho que entrar, esse desgraçado matou meu pai. –responde, e John gesticula para que os guardas abram as portas, somos guiados até uma sala com um grande vidro, que nos separava da sala de interrogatório onde Malcom Merlin estava algemado a mesa, usando um macacão azul desbotado e parecendo ter vinte anos a mais do que realmente possui. John entra pela porta e vemos um sorriso doente nos lábios do Merlin, o que me faz pensar em Tommy, e em como tudo deve estar uma merda para meu amigo.

—Malcom. –Diggle diz sem cerimônia, deixando claro que ele não teria nenhum tratamento especial.

—Veio me oferecer um acordo?

—Claro! O que prefere? –ele puxa a cadeira calmamente, e se senta como se estivesse no sofá de sua casa. –Pode me contar tudo e morrer rapidamente com uma injeção letal, ou pode não me contar nada e morrer pelas mãos dos meus piores atiradores, em um batalhão de fuzilamento... E claro, sempre teremos a forca!

—Exijo um acordo! –Malcom cospe as palavras, com sua arrogância costumeira, Laurel tinha as mão encostadas no vidro e um olhar assassino no rosto.

—Não está em posição de exigir nada. –John parece achar graça, como se ele fosse um animal selvagem prestes a ser domado. –Quem assassinou Floyd Lawton?

—Não tenho como saber, sou inocente. –sorri, e o rosto de John se fecha.

—Está destruindo minha tarde, Merlin. Vou perguntar mais uma vez, e é melhor considerar com cuidado o que vai dizer, você foi responsável pela morte do meu mentor e do meu irmão, não me irritaria no seu lugar. –avisa. –Quem matou o Sr. Lawton?

—Eu não... –começa a dizer com um grande sorriso no rosto, que é interrompido pelo punho de Diggle acertando em cheio sua face, a cadeira de Merlin tomba para trás e o homem cai desajeitado para o lado.

—Tenta de novo! –John fala, parado a seu lado. –Quem matou o Lawton?

FELICITY

Bato na porta da suíte de Thea e aguardo. Ela demora cerca de cinco minutos para abrir, e quando finalmente o faz vejo Harper que apesar de estar com o uniforme impecável, enquanto permanecia parado em frente à janela, tinha o rosto amassado e os cabelos desgrenhados. Entro e tento não olhar na direção dele, Thea estava vermelha, usando um vestido florido que parece ter sido colocado às pressas.

—Oi Fel! –diz incomodada.

—Podemos conversar? –olho para minha amiga, depois baixo os olhos, desconfortável com a situação.

—Não me importo com o que fazem, e vou apoiar seja o que for isso aqui, mas precisam ter cuidado. –digo ainda sem olhar na direção dos dois. –Oliver pode ter muitas coisas em mente no momento, e não está realmente vendo o que vocês tem, mas o senhor pode perder o emprego por isso, e sei que é o sucessor de John, o que significa que é alguém em quem ele confia a própria vida. Seria uma pena te perder, não temos muitas pessoas em que podemos confiar mais. –desabafo cansada.

—Felicity, nada aconteceu... agora. –Thea sussurra, se jogando no sofá.

—É melhor conversarem a sós. –Harper diz, como se somente naquele momento se desse conta das consequências que esse relacionamento geraria. –Vou estar no corredor, caso precisem. –murmura saindo do quarto e Thea me olha irritada.

—Precisava ser tão direta?

—Thea, Metrópoles vai atacar Gotham, e talvez essa noite estaremos em guerra. –o seu rosto perde a cor, a vejo se sentar ereta, atenta a cada movimento meu quando me sento a seu lado. –Gotham está fraca e sem recursos. Seu irmão me mandou um recado através do Sr. Grant. Enviamos trezentos homens para ajudar, e muitos recursos. Não podemos abrir mão do Sr. Harper agora. –digo em tom de desculpas, e uma lágrima escorre por sua face, o que parte meu coração quando me vejo na posição que sempre abominei desde pequena. –Eu sinto muito, mesmo.

—Não sinta. –o rancor em sua voz é palpável. –É sempre assim, a coroa antes de tudo.

—Thea, por favor...

—Posso ficar sozinha por um tempo? –a tristeza em sua voz acaba comigo. –Estamos bem Fel, eu sei que quer meu bem.

—Sinto mais do que posso dizer. –digo tocando seu ombro, antes de sair do quarto.

Resolvo caminhar pelo palácio, preciso tentar ver as coisas por uma nova perspectiva, encontrar uma resposta que seja. Ted Grant me segue de perto, mas me dando certa privacidade, acho que meu rosto mostrou a ele que precisava disso. Thea nunca quis ser princesa, e quando éramos mais novas sempre pensei ser bobeira ela se sentir dessa forma. Quer dizer, que garota não quer ser uma princesa?

Bom, hoje passando por todo esse treinamento do inferno, conhecendo tudo o que Oliver e Thea tentaram me preservar mantendo nossa amizade nos bastidores, entendo que se trata muito mais de sacrifício e muito menos de tiaras e glamour. Começo a escutar vozes no fim de um corredor de pedra, e Ted toma a frente, me pedindo para permanecer atrás dele. Quando chegamos, vemos uma mulher loura, alta, e muito bonita, sendo contida por Oliver enquanto ela gritava coisas como “ele é um mentiroso” ou “vou matar esse desgraçado”. Aquilo me lembra meu primeiro dia trabalhando aqui, e só posso deduzir que essa é a outra filha do Sr. Lance. Minha teoria é comprovada quando Tommy e Sara correm em nossa direção, vindo do outro lado do corredor.

—O que ele fez com ela? –Sara pergunta pegando a irmã dos braços do Olive e a abraçando apertado. –Você está bem?

—Ele disse que nosso pai sabia, que era um deles! –cospe as palavras como se fossem palavrões.

—Quem disse isso? –Tommy questiona confuso, e Oliver parecia estar a ponto de perder o chão. Paro a seu lado e toco em seu ombro para que me veja, seu rosto parece ganhar cor novamente, ele passa as mãos nos cabelos e tenta consertar a postura.

—John está interrogando... O seu pai. –responde a Tommy que dá dois passos para trás, como se tivesse levado um soco.

—E ele... Ele disse quem matou o Lawton?

—Ele é um desgraçado, assassino e mentiroso! –Laurel dispara. Não descordo de nenhuma palavra dela, mas não gosto que Tommy precise ver nada disso. Em um impulso me coloco entre os dois, com uma mão estendida na direção das irmãs Lance, e a outra espalmada no peito de Tommy.

—Por favor, se acalmem. –digo em voz baixa. –Ele também é responsável pela morte do meu pai, sei como se sentem. Mas conheço o Tommy... –o nome sai com dificuldade por meus lábios, e vejo o rosto do Darth Vader e de Oliver suavizarem ao perceber meu esforço. –Ele não é nada como o pai, nunca foi. Não é justo descontar nele. Todos queremos respostas, e precisamos delas com urgência.

—Se começarmos a brigar entre nós mesmos, não vai adiantar em nada. –Oliver completa, parando a meu lado.

—Quem foi que matou Lawton? –Sara repete a pergunta.

—John Corben. –Oliver responde, não entendo o porquê de toda aquela comoção, nunca ouvi esse nome antes, mas Sara, Laurel e até mesmo o Darth Vader parecem incomodados com a confissão.

—Deveria saber quem é esse? –questiono, ainda sem entender.

—Você é filha de um guarda, não é? –Sara se vira em minha direção, e confirmo com um aceno. –Com certeza já ouviu falar do Metallo.

—Metallo? O Metallo, melhor soldado de Metrópoles, guarda do príncipe Clark? Esse Metallo? –todos confirmam, e finalmente me junto a eles na expressão de choque. –Não pode ser, ele é uma lenda!

—E o que esse cara fazia aqui em Starlling? –Tommy parece ser o único capaz de elaborar uma pergunta relevante.

—Se acreditarmos no seu pai, um dos maiores heróis de todos os tempos é na verdade um agente duplo. –Laurel mal consegue olhar na direção de Tommy.

—E pode ser que ele realmente seja. –cogito, mas a forma com que todos me olham me faz pensar que disse alguma blasfêmia. –Sinto muito, mas não tem como o príncipe Clark ter sido incriminado sem ter tido ajuda. Sou noiva do Oliver, e mal consigo vê-lo no meio do dia sem precisar passar por umas dez pessoas no processo, e a última delas é John Diggle.

—Ela está certa. –para minha surpresa Tommy é quem me apoia. –Sou amigo dos príncipes por toda a minha vida, assim como Felicity. É impossível se aproximar deles se não quiserem, ou se você não for de inteira confiança.

—Precisa assumir que podemos estar certos. –digo a Oliver em voz baixa, tocando em seu braço. Seus olhos azuis encontram os meus, e é como presenciar um grito mudo. Nesses últimos dias todas as suas crenças tem sido jogadas por terra, é mais do que qualquer um pode aguentar.

—Precisamos contar ao Bruce. –diz. –Felicity, você vem comigo. Sr. Grant, pode acompanhar as Srtas. Lance e o conselheiro Merlin, por favor?

—Sim, alteza. –Ted responde, e sai com os outros.

—O que vamos fazer? –pergunto ao Oliver, quando ele me puxa para dentro de uma sala, só me dou conta de que sala era quando vejo Malcom Merlin com o olho roxo, sentado em uma cadeira, e John do outro lado da mesa, sem o paletó e o coldre de sua arma aparente.

—Alteza! –Malcom cumprimenta com ironia. –E alteza? Não sei se já te coroaram ou não.

—Por que estamos aqui? –sussurro para Oliver.

—Fala com ele. –me responde, e John afasta a cadeira em que estava para que eu me sente. Olho para os dois, confusa e com medo, mas eles assentem para me encorajar. Sigo em passos curtos e me sento em frente ao mostro do Merlin.

—Em que posso ajudar? –odeio a ironia em sua voz, odeio esse homem mais do que já odiei qualquer coisa na vida.

—Por que? –é tudo o que sai por meus lábios.

—Do que está falando, garota? –finge de bobo, e vejo Oliver e John em pé ao meu lado, uma visão bem intimidadora.

—Por que assassinou meu pai?

—Eu não fiz isso, Oliver estava lá, ele me viu do outro lado da sala.

—Você mandou que o matassem, fui eu quem encontrou as provas, não sou tão inocente quanto pensa! –digo irritada, o encarando cheia de nojo, vejo a arrogância desaparecer de sua face. –Preciso que me responda, por que tirar o pai de uma filha? Eu só tinha treze anos quando ele morreu, nunca viu minha formatura, meu casamento, não vai conhecer meus filhos. Por sua culpa!

—Responda a pergunta! –Diggle ordena, mas Malcom permanece calado.

—Você ainda tem tempo de fazer a coisas certa. –falo me levantando, aquilo estava embrulhando meu estômago a essa altura. –Não sei como se sente a respeito de Thea, não depois do que fez a ela, mas acho que se importa com o Tommy. Sabemos qual será a sua sentença, mas deveria pensar no que vai deixar para trás. Seus filhos não se lembraram de você como me lembro do meu pai. –um sorriso triste passa por minha face. –Ele era meu herói, e eu sinto sua falta a cada segundo... Meu pai morreria antes de me ver em perigo, e você vai deixar seus filhos no meio de uma guerra que não sabemos se poderemos ou não vencer. Essa pode ser sua última chance de fazer o que um verdadeiro pai faria.

—Pronto para começar a falar?

Escuto John perguntar quando saia da sala, acompanhada por Oliver. Ele não diz nada, apenas segue comigo pelos corredores, escadas e salões, até que finalmente chegamos em meu quarto. Entramos, e no momento em que a porta se fecha, sinto seus braços me rodearem e posso finalmente deixar de lado todo o maldito treinamento e chorar desesperada como queria fazer desde o momento em que saí do quarto de Thea.

—Sinto muito, Hon. –sussurra em meu ouvido. –Precisei fazer isso, não temos mais tempo.

—Eu sei. –respondo em meio ao choro, me agarrando a seu paletó. Não posso me sentir mal, afinal fiz o mesmo com minha melhor amiga a menos de uma hora atrás. –E agora? O que vamos fazer?

—Ter esperança. –responde e o sinto pressionar os lábios no alto da minha cabeça.


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Notas finais do capítulo

Bom, vamos tratar ainda da questão da Thea e Roy, podem ficar tranquilos. E Moira também vai aparecer em breve. Estamos em reta final, então estou focando em amarrar as pontinhas soltas. Essa capa nova foi feita pela leitora Tayná Brito, não é a coisa mais linda? Vou estar alternando com a da Larissa que é a que estava antes, e eu amo por demais da conta.
Não deixem de comentar e me dizer o que acharam.
Bjnhos!