Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 24
As Normas.


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!
Antes de tudo, quero pedir mil desculpas por ter demorado tanto com esse capítulo, mas quando uma fic se aproxima do fim sempre rola um certo bloqueio, e a vontade de que não acabe. Bom, espero que entendam, por que estou a literalmente uma semana escrevendo esse capítulo!
Espero que gostem.



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FELICITY

Se eu estou feliz?

Claro que estou feliz, estou fantástica, estupenda, dando pulinhos de alegria e fazendo dancinhas da vitória, por dentro. Afinal, todas essas mil regras de etiqueta, certamente não me permitiriam dançar sem a permissão do meu marido. São as coisas mais misóginas que já vi em toda a minha vida, quase diminuiu minha aversão a rainha, não culpo uma mulher que precisa viver sob todas essas regras de se tornar tão amarga.

—Srta. Smoak, você tem algum... -a mulher procura a palavra adequada. -Apelido?

Essa é minha treinadora, ou professora de etiqueta, gosto de chamá-la de A Carrasca no Terninho Gregory, carinhosamente, é claro. Amanda Waller é uma das mais requisitadas em seu ramo, foi responsável pelo treinamento de grandes nomes dentro da nobreza, e sinceramente, não dou a mínima para isso. Sorrio para ela de forma doce, e arrumo minha postura na cadeira da sala de reuniões, onde já estávamos a quase uma hora.

—Não exatamente, minha mãe e amigos mais próximos me chama de Fel, às vezes. -dou de ombros.

—Não faça isso. -repreende imediatamente, com sua elegância beirando o Sheldon Cooper. -Dar de ombros é um gesto grosseiro, é como se não se importasse. Princesas se importam, exalam compreensão. -você não vai revirar os olhos Felicity, não vai mandá-la ver como se importar lá na Cochinchina! Mais uma vez, forço um sorriso o mais bondoso que consigo. -Muito melhor. -elogia. -Como estava dizendo, todos deveram tratá-la por seu nome, ou senhora, nada menos do que isso é aceitável. Após o casamentos será Princesa Felicity.

—Mas é minha mãe! -sussurro horrorizada.

—E senhorita será a princesa dela. -respiro fundo me acalmando. -Claro, que na privacidade, sua mãe, a família real, e seus amigos mais íntimos podem tratá-la informalmente, mas é melhor abolir esse hábito. -pronto, é um pesadelo!

—Claro. -me limito a dizer.

—Como membro da família real, a senhorita ainda possui seu direito a voto, ou o poder de exercer um cargo político, mas não fará nenhum dos dois.

—Mas não é exatamente isso que uma princesa faz em tempo integral? -pergunto com a postura impecável e um sorriso amarelo nos lábios, quando minha real vontade é jogar a cadeira para o alto, ou talvez na cabeça da minha Carrasca no Terninho Gregory.

—O rei, e o príncipe fazem isso. Princesas e rainhas são o cartão de visitas da realiza, a senhorita será a ocupada de comparecer a eventos representando a família real. O que me leva a outra questão...

—Que seria? -sinto meu estômago revirar, pela antecipação da bomba que está por vir.

—Será imediatamente retirada de seu cargo como Chefe de Inteligência Real...

—Mas eu amo meu trabalho! -quando me dou conta já estou de pé, sobre o olhar espantado da Waller. -Preciso tomar um ar. -tento soar delicada, mas não estava de bom humor no momento, não posso fazer milagres.

Saio pelos corredores do castelo, a caminho do jardim, minha vontade era sair pelas ruas da província e aproveitar minhas últimas horas de liberdade. Esse é um daqueles momentos em que só o colo da mãe para nos consolar, mas a minha estava muito ocupada em Fawcett. Fico tão absorta, pensando em como seria bom ter minha mãe por perto, que me surpreendo com Thea e Selina sentadas em um banco no meio das begônias, o guarda da princesa estava a alguns metros, com aquelas expressões vazias, que eles fazem em público, é estranho, pois vejo muito de meu pai em Diggle, mas vejo igualmente, muito de Diggle no Harper.

—Parece que ganhou, alteza! -Selina exclama apontando em minha direção, enquanto me aproximo delas.

—Você chegou perto! -elogia a outra que sorri em resposta.

—Apostou quanto tempo eu aguentaria? -pergunto em tom de acusação, me sentando no meio das duas, propositalmente sem nenhuma postura, a Carrasca teria um infarto se me visse nesse momento.

—Uma hora e meia. -responde sorrindo, mas ao perceber minha frustração acaricia minhas costas enquanto eu escondia meu rosto entre as mãos. -Vai ficar tudo bem Felicity, você convive com isso desde que nasceu, só nunca se viu completamente dentro disso.

—E sufocante! -desabafo.

—Eu sei. -concorda compreensiva, e enxugo algumas lágrimas de fúria que escorreram por minha face. -Espere até as roupas de gala, vai querer o divórcio! -brinca, mas eu estava nervosa demais para achar graça.

—Agora sei por que sempre foi tão magra! -murmuro a olhando. -Não poder mais continuar a comer depois que seu pai acabar? -não escondo meu choque e as duas soltam gargalhadas a meu lado.

—Papai é bem lento, pode ficar tranquila. -diz em meio ao riso. -Ah Fel, isso são regras que seguimos em um congresso, ou qualquer coisa aberta ao público. -tenta amenizar.

—Não poder trabalhar, andar dois passos atrás de Oliver... Por que tudo isso? -olho para minha melhor amiga que me dá um sorriso triste, e me viro para a outra mulher a meu lado. -Selina, por que aceitou se casar com Bruce? -ela fica séria e morde os lábios, pensando antes de me responder.

—A história toda? -pergunta com uma careta, mas ela é tão bonita, que até isso parece encantador em seu rosto.

—Por favor, preciso de uma história feliz. -quase imploro, e ela sorri simpática.

—Eu e Bruce namoramos por trás das câmeras por anos. -começa a contar, e posso ver o brilho surgir instantaneamente em seus olhos. -Ele deveria se casar com outra, estava prometido desde sua infância a Talia Al Ghul, e eu não era uma princesa, e não queria ser. -me surpreendo com seu relato e ela dá uma risadinha ao perceber isso. -Sentia exatamente isso que está sentindo agora Felicity, toda essas dúvidas, protocolos. Por que abrir mão de quem eu sou? -concordo e ela toca em meu ombro. -Bruce me disse dezenas de vezes, que se estivesse disposta ele desmancharia o noivado, mas eu não queria fazer parte disso. Não que eu não o ame, Deus, eu o amo. Mas por me amar também. E isso fez com que nos separássemos por dezenas de vezes, éramos de mundos tão diferentes... E não conseguia ver uma forma em que isso desse certo.

—E o que mudou? -Thea que perguntou. -Falo no sentido de ter feito com que você, mudasse de ideia.

—Depois que o rei Thomas ficou em coma, Bruce se quebrou. -seus olhos se fixam no nada, como se lembrasse de coisas nada agradáveis. -Estávamos separados, mas eu voltei ao castelo para visitá-lo todos os dias, e pela primeira vez paramos de brigar. Ele parecia ter aceitado o fato que se casaria com a princesa de Nanda Parbat, e bom, eu já tinha aceitado ser a amiga dele, pelo tempo que nos restava. Ou mentia para mim mesma que estava disposta a isso... Então você apareceu. -me olha sorrindo. -Acendeu novamente a forma dele de encarar as coisas, não aceitar que nada lhe fosse imposto, nem a minha vontade, nem um casamento de interesses. -Thea e eu sorrimos. -Não me dei conta de que não suportaria, até que precisei abrir mão dele, de verdade. Aquele dia que nos encontramos no castelo, você se lembra?

—Claro!

—Fui ver como ele estava após a morte do rei, depois eu me despediria, e seria para sempre. -ela toca os próprios lábios, com a ponta dos dedos, como se recordasse de algo. -Mas quando o vi, vocês não precisam dos detalhes nessa parte. -brinca e nós damos risada. -Descobrimos que precisávamos de um meio termo, por que não poderíamos ficar separados.

—Fico muito feliz por vocês, Bruce tem bom coração, e posso ver que você também. -sorrio para ela, mas meu coração ainda estava apertado em meu peito, por tudo do qual abriria mão.

—Isso vai passar. -murmura como se fosse capaz de ler meus pensamentos. -Nada disso, nenhuma dessas regras conta em quatro paredes, e você pode fazer muita coisa boa para sua província, nessa posição.

—E meu irmão seria capaz de abolir todas elas se pudesse, por você. -Thea sussurra e deito minha cabeça em seu ombro, segurando a mão de Selina na minha.

OLIVER

Tudo seria um grande teatro, nós seremos expostos como animais no zoológico, para todos os tipos de mídia. E odeio isso. O Sr. Fox voltou para Gotham, mas Bruce permaneceu em Starlling, afinal nossa amizade fazia parte do teatro, o que venho notando, tem sido a parte mais fácil dele. Temo que em algum momento Felicity se canse e jogue tudo para o alto, eu não a culparia se o fizesse. Thea e eu sempre a preservamos da mídia, e dos nossos costumes mais rígidos, ela era a pessoa com que poderíamos ser apenas nós mesmos, e adoramos isso. Mas essa noite ela se tornaria minha noiva, e nunca mais teria toda a liberdade que tanto ama.

—Oliver, você está pronto? -John pergunta entrando em meu quarto. Dei a última olhada em meu reflexo no espelho, ajeitando a gravata cinza, e a gola de meu terno azul escuro.

—Você viu Felicity? -questiono antes de me virar, em uma tentativa inútil de não alarmá-lo.

—Estava com ela agora, nunca a vi tão linda. -seu rosto se enche de uma expressão que só pode ser descrita como um pai orgulhoso.

—Acha isso justo? -as palavras escapam por minha boca, eu olho ao redor, tentando esfriar minha cabeça. John permanece com sua expressão serena.

—Eu não sei. -o olho chocado, mas seu semblante não muda. -Vamos pensar, por um momento. Antes da volta de Felicity, todos os sábados eu precisava acompanhar uma de suas “amigas” para casa, ou qualquer lugar longe o suficiente de seus olhos antes que o senhor acordasse. E o senhor acorda muito cedo. -enfatiza. -Agora, eu posso acordar as onze horas da manhã nos sábados, por que não quero ser traumatizado, te vendo no quarto da minha garota... Às vezes, até durmo na casa de Lyla! -ele suspira de forma teatral. -Isso, não te parece justo?

—Idiota. -murmuro, mas não consigo conter o riso.

—Agora vamos, por que já estou sentindo vontade de te abraçar! -seu argumento, faz com que eu ande apressado em direção a porta, conseguindo escutar o riso dele a minhas costas.

THEA

Oito anos atrás...

Sou a única dessa família que detesta toda essa pompa, e esse vestido pérola em que me colocaram dentro contra a minha vontade, está pinicando o meu quadril, sinto os grampos fincarem meu couro cabeludo, mas meus cabelos estavam perfeitamente arrumados em um coque de lado, e nem vou falar desses sapatos horríveis. O único ponto positivo nesses bailes, é que posso ver Ronnie, e nós sempre nos divertimos juntos, apostando de quantas princesas meu irmão consegue escapar até que se canse e fuja para a casa dos Smoaks. Sou imbatível, sempre acerto, e Ronnie é do tipo que não se importa em perder, gosto disso. Agora estamos parados na beirada da pista de dança, vendo Ollie dançar com a princesa Shayera, ele quase se encolhia sempre que a garota falava, eu apostei em cinco minutos, mas Ronnie disse que ela era gata, e Ollie suportaria uns dez.

—Thea, oi! -Helena Bertinelli, princesa de Blue Vale, ela pensa que somos amigas, e eu não ligo para o que ela pensa.

—Oi. -respondo educada.

—O que vocês estão fazendo? -era obvio, mas o aperto de Ronnie em meu braço, não me permite responde como queria.

—Só vendo as pessoas. -Ronnie responde por mim.

—Queria dançar com o príncipe, mas Shayera não desgruda. -choraminga, e me pego pensando em como tenho sorte, por ter um primo bonitinho para ser meu par em todos os bailes, e me fez ver o quanto Ollie não tem a mesma sorte.

Vejo Andrew Diggle ao lado de Alfred, Andy é meu segurança, não é tão legal quanto o pai da minha melhor amiga, mas dá para o gasto, e uma ideia me surge. -Helena, pode nos dar licença, por um momento? -ela assente delicada. -Vem Ronnie, vamos dançar. -o puxo para o meio da pista.

—Não íamos dançar hoje, era o trato! -ele reclama quando começamos a balançar ao som da música clássica que tocava.

—Vamos salvar o Ollie. -sussurro para ele.

—Oliver não precisa ser salvo, ele é perito em se esquivar de princesas.

—Não essa noite, Shayera parece ser mais difícil do que as outras. Preste atenção, você vai ir até lá e dizer a ele que torci meu pé enquanto dançamos, então nos encontramos na casa da Fel! -plano perfeito, estou desperdiçada nisso de ser princesa.

—Tudo bem. -dá de ombros, sabendo que independente do tempo que a discussão levasse, eu seria a vencedora.

Agora...

Olho para Felicity a minha frente, usando um vestido azul safira, de mangas longas, que acabava centímetros acima de seu joelho e marcava bem sua cintura, seus cabelos estavam soltos em ondas, scarpins pretos com saltos de metal, e claro a aliança enorme e linda de Clair em seu dedo. Selina e eu estávamos a ajudando a terminar de se arrumar. E minha amiga estava uma pilha de nervos.

—Não deveria usar azul, a Katie Middleton usou um dessa cor! -reclama ajeitando a faixa que marcava sua cintura.

—Isso por que é uma tradição, querida. -Selina explica de forma carinhosa.

—Licença. -Waller entra no quarto, com seus modos de robô. -Vamos começar.

—Ótimo. -Felicity respira fundo tentando se acalmar. -Estamos indo, obrigada. -a mulher assente e sai.

—Vou dar um tempo para vocês. -Selina diz, e toca a mão de Felicity antes de sair.

—Estava pensando no baile de inverno, quando fingi torcer meu tornozelo para salvar Ollie da princesa grudenta. -comento e ela dá risada.

—Comemos os canapés sem gosto do Buffet, com chocolate quente, passei mal por uma semana! -relembra e damos risada.

—Ollie passou todo o tempo livre dele, na beirada da sua cama.

—Verdade, ele insistiu em cuidar de mim, mesmo eu protestando. -sorri com os olhos brilhando.

—Por que nunca me falou sobre o que sentia por ele? -Felicity suspira caminhando em minha direção, e ajeita a gola de meu vestido esmeralda.

—Não queria que pensasse que te amo menos do que o amo. -toca meu rosto me olhando com carinho. -Por que Oliver pode ser o amor da minha vida, mas você Thea, é minha irmã.

—Vai me fazer chorar! -reclamo a abraçando. -Eu que preciso te acalmar!

—Não estou nervosa por causa da entrevista, ou pelas fotos. -conta em tom de segredo. -Estou com raiva, por ter que andar a dois passos dele! -dou risada de sua revolta, mas não a contrário, essas normas são arcaicas.

—Então acho que está pronta. -estendo minha mão para ela que a segura e caminhamos para a porta.

Não tenho muitos motivos para acreditar no amor, e ando apavorada por estar me envolvendo com meu guarda super gato, às escondidas. Mas essa cena, a forma como Ollie para abruptamente no momento em que vê minha amiga apontar no início do corredor, os sorrisos que se abrem em perfeita harmonia no rosto dos dois, os olhos brilhando, isso me dá esperança. Por que foi dessa forma que ambos agiram no dia que fingi torcer meu pé para escapar da festa, é assim desde que me entendo por gente, esse olhar e alegria que só a presença do outro traz, isso é parte do que eles são. Olho para trás e vejo Roy me observando, sorrio discretamente para ele, por que sei que pode não ser fácil, mas se Oliver e Felicity estão caminhando para o Happy End deles, mesmo em meio a tudo de errado que está acontecendo, eu posso ter um pouco de esperança. Posso me permitir sonhar pela primeira vez.


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Notas finais do capítulo

Então galera, capítulo calmo, espero que tenham gostado.
Comentem, me digam o que acharam okay, saudades de vcs xuxus!
Bjnhos



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