Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 17
O Vazio.


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!
Desculpem a demora com esse capítulo, mas semana passada eu não estava enxergando nem mesmo um elefante, se estivesse parado bem na minha frente, e ontem quando fui postar o capítulo, meu PC resolveu tirar uma folga não remunerada. Bom, mas hoje eu consegui terminá-lo, e já estou postando imediatamente, espero que vocês curtam!



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FELICITY

Esse definitivamente, é aquele tipo de momento, em que você percebe que em toda a sua vida, se privou da melhor coisa do mundo. Oliver acariciava meu rosto com carinho, seus olhos nunca deixavam os meus, era como se ele mesmo não acreditasse no que acabou de acontecer. Só lamentava não ter mais tempo.

—Preciso fazer uma coisa antes de ir. –disse depois de nos vestirmos relutantes, mas Oliver acabara de me contar da morte do rei, e que precisávamos sair do reino antes que a nota da imprensa fosse liberada.

—Tudo bem. –ele me puxa mais uma vez para seus braços e sobe o fecho do meu vestido enquanto nos beijamos, Deus, estou completamente perdida! –Não demore. –sussurra quando começo a me afastar em direção a porta, com meu coração acelerado e minhas pernas bambas.

Só precisava encontrar algum criado, ou o próprio Alfred, preciso de alguém que me leve ao príncipe. Vejo uma garota usando um vestido preto, que estava um pouco provocante demais para ser caracterizado como roupa de trabalho. Seus cabelos eram cacheados e curtos, escuros contrastando com sua pele branca. Dona de um belo rosto em formato de coração, lábios grossos e olhos verdes que me lembravam um gato selvagem.

—Com licença? –chamo me aproximando da mulher.

—Sim? –ela me olha de cima em baixo, me fazendo passar as mãos em meus cabelos, como se tentasse me arrumar, para conseguir sua aprovação.

—Pode me levar ao príncipe Bruce, por favor?

—E, quem seria você? –um sorriso zombeteiro brinca em seus lábios.

—Srta. Kyle. –escuto a voz cansada de Alfred que entrava na sala com uma bandeja nas mãos, a chamar. O rosto da garota toma uma expressão de carinho no momento em que vê o senhor parado em sua frente.

—Graças a Deus! –solto aliviada e a garota me olha como se eu fosse uma tiete. –Alfred, pode, por favor, me levar ao príncipe? Já estou de partida, só gostaria de... –respiro fundo o olhando com um sorriso triste em meus lábios.

—Claro, claro. –posso ver que ele mesmo está abalado com tudo. –Srta. Kyle, sinta-se em casa, o patrão Bruce vem recebê-la em breve, eu trouxe o chá de que gosta. –a garota murmura um obrigada para Alfred e eu o sigo.

—O meu pai se chamava Alfred. Acho um nome muito bonito, inspira confiança. –tagarelo, e ele me olha de lado, mas posso ver um sorriso mínimo em seus lábios. –Sinto muito por sua perda. –digo em um tom mais baixo, quando paramos em frente ao que pensei ser o quarto de Bruce. Não poderia estar mais enganada.

—Obrigado Srta. Smoak, é muito gentil de sua parte. –responde abrindo a porta para mim.

Aquilo parecia uma academia, mas uma academia bem diferente das usuais. Era tudo muito escuro, haviam equipamentos de musculação, uma espécie de ring e alguns sacos de pancadas e bonecos de luta, espalhados pelo local. Entro a passos curtos, olhando ao redor a procura do príncipe, por fim o encontro sentado no chão, com as mãos na cabeça, encostado a uma pilastra. Apenas aquela imagem faz com que lágrimas surjam em meus olhos, pois sei a imensidão de sua dor naquele momento. Em silencio me sento a seu lado, tomando cuidado com a saia de meu vestido, e pego uma de suas mãos. Ele não me olha, não diz nada, apenas permanece em sua paralisia. Lentamente desenfaixo sua mão esquerda e entrelaço meus dedos aos seus.

—Esse foi o único gesto que me confortou no funeral do meu pai. Minha melhor amiga segurou a minha mão, dessa forma, e foi só assim que consegui chorar. –falo baixinho e vejo sua respiração entrecortada, pelo choro que ele devia estar segurando. –Sinto muito, sei que não gosta, mas eu sinto por você. –Bruce me olha por um segundo, com o semblante duro, todo esse tempo com os meus príncipes me ensinou que às vezes a falta de expressão, significa uma dor muito maior do que posso imaginar. –Eu vim dizer adeus. –acaricio sua mão, com a minha mão livre. –Queria ter te conhecido em outras circunstâncias, você se parece muito com meu melhor amigo. –falo já me levantando, e para minha surpresa Bruce se levanta junto.

—Isso passa? –ele pergunta de frente para mim, sua voz que já é naturalmente grave, agora estava ainda mais.

—Não. –respondo em um sussurro de voz, e uma lágrima escorre por minha face. –Me desculpe.

—Diminui? –nego balançando a cabeça.

—Mas nós aprendemos a conviver com ela, acho que chega um ponto que você simplesmente aceita e segue em frente. –seco minha face, antes de colocar um sorriso no rosto. -Obrigada por nos receber em sua casa.

—Não precisa agradecer.

—Preciso sim, você é um homem bom Bruce, será um grande rei. –não sei por que fiz o que fiz, mas quando percebo já estou com meus braços envolta dos ombros largos de Bruce, que permanece imóvel por alguns segundos, me fazendo desejar cavar um buraco no chão para enterrar minha cara, mas quando estava prestes a soltar, seus braços me envolvem, com cuidado. –Nos vemos em breve, majestade. –escuto um riso fraco antes de nos soltarmos.

—Me desculpe, Felicity. –olho para ele confusa.

—Eu não ligo! –dou de ombros já dando alguns passos para trás. –Pessoas não costuma abraçar outras pessoas que acabaram de conhecer, ainda mais se essa pessoa em questão for um príncipe! Eu que peço desculpas, acho que sou muito emotiva...

—Não estou falando do abraço, gostei dele. –me interrompe.

—Ou! –tento pensar em algum motivo para precisar desculpá-lo. –Não, sério, não é mesmo por minha forma totalmente inapropriada de te tratar? –semicerro meus olhos para ele esperando por uma resposta, mas o príncipe apenas sorri, ou tenta sorrir mais uma vez.

—Só saiba que sinto muito, queria que tivesse outra forma, vou tentar fazer ter outra forma! –no fim parecia que ele falava sozinho. –É melhor você ir, ou a imprensa vai acabar descobrindo que estavam aqui.

—Ah, claro!

—Obrigado, Felicity. –ele caminha com seus olhos azuis sobre meu rosto, e me estende sua mão, que eu aperto sorrindo para ele, antes de sair.

Dentro do jato voltando para casa, Oliver não parava de me olhar. Gosto que ele me olhe, mas a forma como me olhava era o que me preocupava, nos primeiros minutos eu devolvi olhar, sorri, tentei puxar conversa, mas ele não parecia estar disposto a falar. Apenas me olhava como se eu fosse uma obra do Trumbull.

—No começo... –me inclino em sua direção, falando em voz baixa para não acordar o John que dormia em uma poltrona do outro lado. –eu estava achando isso excitante, mas agora preciso confessar, está meio bizarro! –Oliver solta uma risada discreta que me faz suspirar.

—Tenho duas opções para olhar, você ou John. –ele faz uma careta e dou risada. –Dig não é meu tipo. –balança a cabeça negando.

—Qual é o seu tipo alteza? –brinco, Oliver não responde, só volta a me olhar da mesma forma de antes. Sinto minha face queimar, envergonhada.

—Você. –responde depois de um tempo e pega minha mão, me puxando em seguida para seu colo.

—Se Dig acordar... –começo a falar, mas Oliver me cala selando seus lábios nos meus, ele estava tentado me distrair, me impedindo de fazer as perguntas certas, ou pensar nessas perguntas, mas desde que voltou de seu encontro com Bruce, Oliver tem aproveitado cada segundo que pode me tocar, o que eu estaria adorando, se não sentisse que está se despedindo a todo tempo.

THEA

Por um minuto, entre aquele momento em que acordamos, mas ainda não estamos completamente conscientes, e o despertar de verdade, eu me esqueço de onde estou, mas sinto um aperto confortável à minha volta, que me faz querer voltar a fechar meus olhos mais uma vez e dormir. O que teria feito com prazer se meu travesseiro não tivesse se movido. Abro meus olhos lentamente e vejo Clair ainda ligada a tubos e máquinas, sua cirurgia acabou durando dezoito horas, e usei cada uma delas para protelar e não ligar para Oliver, depois disse a mim mesma que ligaria assim que comesse algo, depois estava com sono demais, ligaria assim que acordasse. Bom, agora estou pensando em ligar assim que ela acordar.

—Oi. –escuto a voz de Roy, minha cabeça estava em seu colo, nem me lembro como ela foi parar nele.

—Isso é caracterizado como abuso de poder? –pergunto escondendo meu rosto entre minhas mãos, mas sem nenhuma vontade de me levantar. Posso ouvir seu riso baixo.

—Já procurei um advogado. –debocha com o semblante sério. –Deve entrar em contato em poucos dias.

—A parte ruim é que vai ter uma medida de restrição, e não vou poder ficar a menos de cento e cinquenta metros de distância!

—A parte boa é que eu vou ficar rico! –feito uma criança, dou um tapa em seu braço me levantando de seu colo. –Ai! –exclama esfregando o local, por puro drama.

—Clair acordou, e eu não vi? –questiono esperançosa, olhando para a senhora deitada na cama hospitalar.

—Não, mas o médico dela veio a alguns minutos e fez alguns exames, parece que agora o quadro dela é estável. –respiro aliada. –O diretor do asilo ofereceu uma enfermeira para ficar com ela.

—Não! –protesto imediatamente. –Vou ligar para o Ollie, antes que ele pise em Starlling e fique uma fera por não ter o avisado antes.

OLIVER

Nove meses atrás...

Era apenas um fim de semana que passaria em casa, um jantar com um embaixador de Atlantes e pronto, assim são as minhas prioridades, a verdade é que ninguém se importa com as minhas provas na semana seguinte. Mas aproveitei à noite de sexta para escapar, precisava esquecer a garota da festa a fantasia, ou a que se tornou o fantasma do meu passado. Tommy falava sem parar de uma boate nova na cidade, e agora Dig me levava para o ponto de troca.

Ao entrar no asilo, imediatamente vejo Clair sentada em uma das mesas, jogando cartas com Rosely e Matthew, sem cerimônia puxo uma cadeira e coloco na mesa deles. Todos sorriem e recomeçamos o jogo, agora dois contra dois, à noite passa assim, já estava quase na hora de fazermos a troca, quando Rose e Matt resolvem se recolher, e Clair, me olha com aquele ar de quem sabe das coisas, que na maior parte do tempo é o que mais gosto nela, mas não agora.

—Por que está fugindo, meu príncipe? –pergunta com um sorriso divertido nos lábios.

—Não estou. –nego olhando em volta. –Só vim te ver, aproveitando que estou na cidade. –lanço a ela meu melhor sorriso, que a faz sorrir entretida com minhas mentiras.

—Querido, eu te conheço, e acho que apesar de saber que não me engana, sempre gosta do caminho mais difícil...

—Não gosto... –começo a protestar, mas ela ergue um dedo me silenciando.

—É problemas com a coroa, ou com o coração? –respiro fundo, me dando por vencido.

—Não podemos apenas jogar cartas? –quase imploro, mas Clair apenas nega me olhando cheia de carinho, então começo a contar minha história. –Conheci uma garota, na faculdade. Mas não sei quem ela é, usava uma fantasia com peruca e máscara.

—Alteza, Cinderela não é uma história real! –debocha dando risada.

—Sério Clair, ficou se sentindo engraçada logo hoje? –recrimino, mas isso parece a divertir ainda mais.

—Desculpe, por favor, prossiga.

—Ela era perfeita... –as lembranças da garota invadem minha mente. –Inteligente, bonita, e tropeçava nas próprias palavras, de uma forma que só vi outra pessoa no mundo fazer...

—A garota que você gosta. –conclui, mesmo sem nunca ter falado sobre minha melhor amiga para ela antes.

—Não é uma garota de que gosto, não é o termo certo, era minha melhor amiga, mas isso não vem ao caso. Acontece que essa garota desapareceu.

—Alteza, nada desaparece. As coisas se movem, mudam de lugar, mas não deixam de existir. –diz com seu ar sábio. –Na hora certa, sua Cinderela volta, acredite nessa velha que já viu de tudo na vida!

Agora...

Acho que vou ir ver Clair essa noite, precisava pensar, e às vezes acredito que penso melhor conversando com ela. Deitado em minha cama, fico olhando para a porta de acesso que levaria a suíte em que Felicity está hospedada. Minha mãe ficou uma fera, por ter colocado minha melhor amiga, na suíte que seria destinada a minha esposa. A dois dias, tudo em minha vida parecia estar tão certo, não quero outra mulher ocupando aquele quarto. Sinto meu celular vibrando em meu bolso, e vejo uma ligação de Thea, havia a procurado em todo o palácio.

—Speed, onde vocês está? –me levanto já indo em direção a porta, ansioso para vê-la.

‘No hospital, Ollie.’ Sua voz parece fraca.

—O que aconteceu? –volto apenas para pegar meu casaco, levaria o primeiro guarda que encontrasse, se não visse John pelo caminho.

‘Eu estou bem, não é comigo. Foi Clair...’ agora não andava mais, estava correndo. Desligo o telefone, e disco o número de Diggle, para que me encontre, estava enganado, precisava ser ele.


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Notas finais do capítulo

Pois é, me contem o que acharam!
Bjnhos