Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 16
O exercíto


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!
Não vou falar muito aqui, nos vemos lá em baixo.



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FELICITY

O que sinto mais falta em ser criança é a confiança. Confiamos em tudo e todos a nosso redor, temos nos braços de nossos pais um porto seguro, somos rodeados de amigos e nosso maior segredo é no máximo um cobertor de estimação do qual chamamos de Cyborg. Seria humilhante se alguém descobrisse.

—Preferia quando Lutor não estava nisso. –digo me sentando ao lado de Oliver que tinha o semblante fechado, posso ver o conflito que estava enfrentando nesse momento, parecia ser muita coisa ao mesmo tempo.

—Precisamos de alguém de dentro, supomos muitas coisas, mas não sabemos como eles pensam. –ele diz. –Ou devo confrontar alguém que está envolvido, já que a nossa última tentativa de ter um agente duplo não deu muito certo... –bufa. –Tenho uma pessoa disponível, em minha casa.

—Quer confrontar sua mãe? –sussurro quase em choque para ele que me lança um olhar cheio de repreensão.

—Ela vem sendo manipulada por Merlin, quero dar a ela a chance de se explicar. De fazer o que é certo. –devolve em um tom seco sem me olhar nos olhos.

—Tenho um homem de confiança, é o sucessor do meu chefe de segurança. –Bruce começa a contar. –Não preciso que se infiltre, só que chegue perto o suficiente para que a noiva dele possa colocar as mãos em alguma prova.

—Vai envolver a filha e o genro de Gordan nisso? –o Sr. Fox pergunta de forma casual, apesar de seu desconforto ser notável, ele é discreto a ponto de não tirar a autoridade de seu príncipe em nossa frente.

—A não ser que Oliver queira mandar a hacker dele a Metrópoles, acho que usar a lua de mel da minha como uma desculpa é o melhor a ser feito.

—Posso ir, se for preciso. –me prontifico.

—Não! –Oliver, John e até Bruce para minha surpresa dizem ao mesmo tempo, me fazendo encolher.

—Lúcios, por favor, chame Barbara e Dick, para que todos se conheçam. -o telefone de Bruce começa a tocar e ele pede licença se retirando da sala para atender, e Fox sai em seguida.

—Quer confrontar sua mãe! –digo agora mais alto me virando para Oliver, John tem o mesmo olhar temeroso no rosto, o mesmo que está estampado no meu.

—Ela é minha mãe, Felicity. –sussurra entre dentes, mas seu tom de voz não era rude, só parecia triste. –Eu tenho tentado a culpar, imaginar que é um monstro, mas não consigo, por que é minha mãe!

—Temos Tommy. –sugiro e ele me olha intrigado. –Ele é seu amigo Oliver, confesso minhas diferenças, mas o Darth Vader nunca deu nenhum motivo para que suspeitássemos dele.

—Felicity pode estar certa, ele está dentro da casa de Merlin, pode ter acesso a algo importante. –John acrescenta e o meu rosto se contorce em uma careta involuntariamente.

—Qual o problema? –Oliver me olha sério.

—Nada na verdade, é uma boa ideia. –o problema é que não tenho certeza se a cria do mal tem mais de dois neurônios.

Fox volta acompanhado de um garoto alto, de pele clara e olhos muito azuis, ele usava o uniforme da guarda de Gotham, deveria ter minha idade. Depois que ele entra vejo uma garota ruiva, em uma cadeira de rodas, ela parecia ter saído de um conto de fadas, seus cabelos emolduravam seu rosto angelical, e parece ter ficado paraplégica a pouco tempo, pois seu corpo ainda parecia ser o de uma super modelo. Eles nos apresentam e Bruce volta, com o semblante fechado, algo de errado parecia ter acontecido. Nos revezamos colocando o casal a par da situação, Dick e Barbara pareciam bem decididos, ou não se deram conta do perigo em que estão se metendo.

—Está tudo bem, alteza? –questiono quando ele olha em minha direção, apenas mexendo os lábios sem emitir nenhum som. Bruce assente com um sorriso triste.

—Por que não os retira de seus cargos de imediato? –Dick pergunta depois de parecer pensar por muito tempo.

—Seria um efeito dominó. –Barbara responde. –O primeiro que sair alerta o outro, e podem antecipar seja qual for o plano deles, ou eliminar todas as provas existentes. Nenhuma das opções é boa.

—Então vamos a Metrópoles! –os dois se olham por um instante de uma forma tão intima que todos nós desviamos o olhar.

—Grayson, ao primeiro sinal de perigo, ou se forem minimamente expostos, quero que abandonem tudo e vão embora! –o tom de Bruce era paternal, o que é estranho, julgando que Dick é seu guarda costas.

—Sim senhor.

—Eu sinto muito, preciso estar em outro local agora. –diz formalmente e a mesma sombra de tristeza passa por seu rosto quando se levanta abotoando seu paletó. –Oliver, poderia me acompanhar?

—Claro. –responde se levantando também, Dig começa a se erguer, mas o amigo lhe lança um olhar significativo que o faz parar. –Fique com Felicity. –fala somente, saindo sem seguida.

O Sr. Fox precisava cuidar de assuntos políticos, então se despediu imediatamente, Dick e John começaram a falar sobre coisas de agentes, soldados e etc. Eu voltei minha atenção para os quadros na parede, eles realmente me intrigavam. Quando escuto meu nome ser chamado.

—Felicity Smoak? –Barbara estava em sua cadeira, parada a meu lado, e um tablet em seu colo. –MIT, turma de 2015. Se formou como segunda da turma, vencedora de todos os campeonatos universitário de tecnologia de sua província, segundo lugar no mundial de 2014.

—Primeiro no de 2015! –acrescento com um sorriso impressionado. –Barbara Gordon? –pego o meu tablet sobre a mesa, e invado o sistema do castelo em busca de seus dados pessoas, ela observa tudo com um sorriso divertido, eu mesma estava gostando do jogo, precisava de um pouco disso. -Universidade de Gotham, 2015. –me surpreendo ao perceber que realmente se formou no mesmo ano que eu, e mais surpresa quando vejo seus títulos. –Tem todos os prêmios de sua província. –olho para ela por sobre meus óculos e a vejo piscar para mim. –Primeiro lugar no mundial de 2014!

—Segundo lugar em 2015. –acrescenta com um sorriso enorme, desses que iluminam o ambiente, não posso deixar de responder da mesma forma. –Sua fã. –brinca estendendo a mão em minha direção, e a aperto entusiasmada.

—Por sua causa, eu passei meu último trimestre estudando feito louca antes do mundial. Acho que sou meio que uma fã. –ela parece se divertir com minha cara de boba. -Barbara Gordon! –pronuncio seu nome admirada.

—A própria! –seu sorriso era quase hipnótico. –Mas em breve vou ser Barbara Grayson, ou Barbara Gordon-Grayson, ainda não me decidi a respeito do hífen.

—Vocês são jovens, mas parecem tão decididos, eu estaria pirando. –penso alto olhando ao redor, Dick olhava para noiva a cada dez segundos, como se precisasse saber onde ela estava.

—Não estaria não, vocês parecem um casal bem estável. Quando chegar a hora vai ser natural, acredite em mim, quero matar o garoto prodígio ali em 70% do tempo em que estou a seu lado, mas basta ele sair de perto para que me sinta... –ela leva a mão ao peito.

—Sente como se algo estivesse errado. –completo.

—Exatamente. –concorda sorrindo.

—Por que acha que o príncipe e eu somos um casal? –questiono intrigada.

—E não são? –ela me olha confusa.

—Não... Quer dizer, não é isso. –me embaralho toda com as palavras. –Oliver e eu crescemos juntos, e nos beijamos algumas vezes... Algumas sem nem mesmo saber que era o outro que estávamos beijando. –faço careta e Barbara dá risada. –Longa história! –acrescento vendo seu olhar confuso. -Agora passamos a nos beijar com mais frequência é verdade, mas não demos um nome a isso ainda.

—Olha, conheci Dick quando ele ainda era muito novo, seus pais serviam a realeza como os meus. Ele era a pessoa que mais me irritava no mundo, acho que ainda é, mas nós não nos desgrudávamos mesmo assim. Tivemos outros relacionamentos até perceber que estávamos andando em círculos. –ela para pôr um momento e apenas sorri, como se lembrasse de algo. –Acho que nunca nos chamamos de namorados, você deve entender bem isso, é meio ridículo esse termo em nossa situação.

—É verdade, faz sentido!

OLIVER

Entramos em uma limusine, dirigida por Alfred, não perguntei para onde estávamos indo, ou sobre a falta de segurança. Mas a expressão dos dois era sombria, não existia diálogo, e aquele não era o momento certo para perguntas. Só suspeitei do que estávamos fazendo quando entramos pelos fundos do hospital de Gotham, Alfred sai do carro, e nos pede um minuto para se livrar de qualquer publicidade.

—Você não me conhece. –Bruce diz entre dentes, o que me faz franzir o rosto com sua hostilidade repentina.

—Me desculpe?

—Não nos conhecemos Oliver, nunca nos vimos mais do que cinco vezes na vida, nem mesmo nos falamos. –ele parecia se controlar para não gritar. –E agora preciso confiar em você, não costumo confiar nas pessoas, mas se quiser salvar meu reino, vou precisar confiar em um desconhecido.

—Estou na mesma situação. –garanto com a voz fria.

—Bom. –ele se senta, e faço o mesmo. –Melhor assim.

—Era isso que queria me dizer? Que está sendo obrigado a confiar em mim?

—Não.

—Pretende dizer algo? –minha voz soa fria.

—Conheço Clark, ele é meu amigo, melhor amigo por assim dizer. O casamento dele foi arranjado, ele chegou a cogitar fugir com Lois, meses antes da cerimônia, mas agora está começando a aceitar dividir sua vida com Diana. Ele não queria se casar. –entendo seu ponto.

—Quer que eu saiba que o príncipe de Metrópoles é inocente? –ergo uma sobrancelha o encarando. –Conheço Clarck, não é meu amigo, mas não pensei que ele estivesse tramando uma guerra.

—O que eu quero que saiba é que foi o conselho de governo dele que insistiu no casamento, convenceu todo o parlamento a votar a favor. Não foram seus pais, foram as pessoas que trabalham para eles.

—Bruce, com todo respeito, mas não consigo ver o motivo de querer falar isso comigo nos fundos de um hospital. –olho pela janela incomodado.

—Há quatro meses, houve um... Acidente. –começa a dizer.

—Se refere à tentativa de assassinato que sofreu, durante o desfile real pelas ruas de Gotham. Conheço a história, estávamos perto de fechar um acordo entre as nossas províncias.

—Isso. O maldito padrão. –ele não parece nada à vontade nesse momento. –Nesse dia perdi três pessoas de minha guarda. Barbara, aquela garota que conheceu, levou um tiro e ficou paraplégica. Meu pai... –nesse momento os olhos de Bruce se escurecem, e conheço a expressão em sua face.

—Ele está em coma, desde então. –completo, mas não era apenas isso.

—Não mais Oliver, por isso estou aqui.

É estranho como vejo tanto de mim mesmo no Wayne, seu rosto nesse momento era o retrato de um conflito. Fomos treinados para controlar nossas emoções, não o contrário. Aquilo que via no rosto de Bruce, por baixo de todas essas camadas de treinamento e educação, era luto.

—Teve morte cerebral a quarenta... –ele olha o relógio em seu pulso. –e três minutos. –completa.

Sete anos atrás...

Estava me escondendo na adega real, me forçando a lembrar do dia em que Alfred me pegou roubando meu próprio vinho. Era isso, ou a imagem em minha mente, suas últimas palavras gritadas a mim. “Oliver, contenha sua irmã!” imediatamente o obedeci, após isso apenas escutamos o disparo e seu corpo caiu, ele estava morto.

Chorar é um luxo que não tenho, não sou filho dele, não, ele não é meu pai! Meus olhos ardem com o esforço, e minha mente é inundada por mais lembranças de nossas conversas, todas elas eram dispersas pela lembrança de sua morte, eu vi em seus olhos o momento em que a vida o deixou. Sinto a parede vibrar, era sinal que o elevador que levava a sua casa estava sendo usado, automaticamente corro para fora da adega a tempo de vê-las.

Os olhos de Donna encontram os meus, estou parado no corredor, queria chamar por Felicity, dizer qualquer coisa, nem que fosse um simples adeus, mas nada sai. Nunca pensei que veria minha melhor amiga partir. Donna sorri com tristeza, seus olhos estavam vermelhos, ela estava pálida e parecia ter dificuldades para se manter em pé.

—Me desculpe. –mexo meus lábios sem emitir nenhum som. Donna olha para Diggle que seguia atrás de Felicity, essa não olhava para nada a seu redor, parecia estar em outro mundo. Mas sua mãe veio em minha direção, eu já era de sua altura, um pouco mais alto talvez.

—Não foi sua culpa, meu Alfred te amou como a um filho. –beijou meu rosto com carinho depois olhou na direção de Felicity e John que continuavam a andar. –Nós vamos ficar bem. –garante. –Vou cuidar dela.

—Obrigado. –é tudo o que consigo dizer.

—Não precisa ser forte o tempo todo Oliver. –fala antes de sair apressada para acompanhar os outros.

Eu fico as vendo se afastar, era impossível que Felicity não soubesse de minha presença, ela sempre sabe quando estou por perto, é assim que somos. Mas ela não olhou para trás, não me deixou dar os pêsames a ela, não parecia mais querer minha amizade. Eles desaparecem do meu campo de visão, e sei nesse momento que ela se foi, talvez para sempre.

Agora...

Bruce entra no hospital para assinar os papeis de autorização para desligarem as máquinas que mantinham seu pai vivo. Permaneço no carro, pois não posso ser visto sob hipótese alguma. Depois de uma hora ele volta, com os olhos vermelhos, mas novamente com a expressão diplomática, é nessas horas que ser responsável por um reino é uma grande merda.

—Bruce, sinto muito por sua perda. –falo com sinceridade ele apenas assente e Alfred dá partida no carro.

—Minha coroação acontecerá após o funeral. –conta em voz baixa. –Tenho decisões a tomar.

—Não precisa ser agora, não deve decidir nada hoje. –qualquer julgamento nessas horas pode nos levar a cometer as maiores insanidades.

— Não tenho tempo para o luto, não agora quando estamos tão perto. –não existia expressão alguma em sua face, mas seus olhos mostravam a perda. –Meu pai tinha um casamento para mim, sou noivo desde meus doze anos, acho que é hora de parar de protelar o casamento. E pode ser algo bom a nossa causa.

—Quem é a noiva?

—Thalia Al Ghul. –responde sem emoção.

—Quer se aliar a Nanda Parbat? –passo a mão em meu rosto, não era apenas insanidade, era desespero.

—Não, quero nos aliar a Nanda Parbat. –corrige. -Vamos selar nossa união política Oliver, chega de rixas entre nossas províncias, eu mesmo irei no dia da conferencia e o acordo será fechado. Precisamos um do outro agora. –estende sua mão para mim, ele havia acabado de perder o pai, sua vida deveria estar desmoronando, mas se casar com uma Al Ghul, não sei se Bruce sabe o que está fazendo. Aceito seu cumprimento, ainda receoso com sua decisão.

—Tem mais uma coisa. –acrescenta quando já estamos em frente à seu palácio. –Essa é a parte ruim.

—Pode falar.

—Thalia tem uma irmã, uma irmã mais velha. –olho sem entender. –Ela não pode se casar se a irmã não estiver casada e eu não posso me casar com as duas, ou com Nyssa, a mais velha. –explica como se eu fosse uma criança.

—Não me peça isso. –aviso.

—Sei de você e da Srta. Smoak, posso ver o que acontece entre vocês. –ele acabou de perder o pai, e se você bater nele, provavelmente vai começar mais uma guerra. Repito mentalmente para me manter calmo. –Acredite, eu entendo.

—Não! –minha voz sai mais alta do que esperava, respiro fundo me controlando e volto a falar perigosamente baixo. –Tem ideia do que passei para estar com ela agora?

—Não. –diz sem expressão. –Mas sei o que será de nossas províncias se Lutor concretizar seu plano. Olhe para Gotham Oliver, isso que vê não é nada perto do que pode acontecer! – o desespero em sua voz era palpável.

—Precisa haver outro caminho.

—Vou tentar, mas se Ra’s não concordar em mudar o noivado, ou aceitar o casamento em novos termos, preciso que repense sua decisão. O exército deles é necessário, e se a ama, quer mantê-la viva.

Não me dou ao trabalho de responder, desço do carro imediatamente, antes que de aliado, Bruce passasse a ser meu inimigo. Ando pelo castelo como se fosse o meu. Antes que me dê conta já estou dentro de seu quarto. Felicity estava terminando de arrumar suas coisas para partimos, vejo minhas próprias malas em um canto de seu quarto, ela já havia cuidado delas. Ela não se surpreende a me ver, sei que ela sabia que estava ali.

—O que aconteceu? –pergunta caminhando em minha direção com os olhos preocupados. –Oliver, conversa comigo. –pede levando a mão em minha face e estudando meu rosto.

—Eu te amo. –digo depois de um suspiro, e um sorriso se abre em seu rosto, seus olhos brilham, a tal ponto que consigo ver meu reflexo em seu azul liquido. –Vai ser sempre você.

—E sei. –diz com a voz repleta de carinho.

—Como eu vou ser capaz de fazer isso? –questiono a mim mesmo, só a ideia era impensável.

—Fazer o que?

Vejo a confusão em sua face, mas não respondo, dou um passo para trás e giro a tranca da porta, depois caminho em sua direção tomando seus lábios. Eu precisava pensar em um todo, ser altruísta, essa foi toda a minha vida, mas com a boca de Felicity na minha, só o que consigo pensar é em mandar todo mundo se ferrar, eu preciso dela, não existo sem isso. Passo minhas mãos por suas curvas antes de tomá-la em meus braços e a levar em direção a cama. Para o inferno todo o resto.


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Notas finais do capítulo

Desculpem se tiver algum errinho, eu até revisei, mas minhas vistas estão super embaçadas, mas espero que tenham gostado, ou estão tramando minha morte nesse momento... Uma das duas opções.
Não deixem de comentar, okay?
Bjnhos