[HIATUS] Savin' me escrita por PC Boêta


Capítulo 3
O Expresso de Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui, de novo, com mais um capítulo!
Espero que gostem e comentem, por favorzinho(?) hahahah
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/614671/chapter/3

Parecia estranha a ideia de estar voltando para uma Hogwarts totalmente reconstruída sem uma ameaça constantemente presente pairando sobre suas cabeças e Hermione achou a sensação de tranquilidade tão reconfortante que seguia estirada no banco do trem enquanto trocava novidades com Gina. Após alguns minutos alguns de seus colegas apareceram na porta da cabine sorrindo e acenando alegremente.

Neville Longbottom estava mais alto, magro e bonito. Com um sorriso charmoso, de dentes brilhantes, e o cabelo, castanho sedoso, repartido alinhadamente demonstrava uma confiança que nunca antes havia sido notada. Após o fim da batalha, foi reconhecido em mérito com uma Ordem de Merlin (Segunda Classe) pelo papel significativo que tinha desempenhado durante a batalha; principalmente a destruição da última horcrux de Voldemort. Luna Lovegood estava ainda mais alienada. Com os mesmos cabelos loiros, compridos e com aspecto de sujo, andava parecendo assustada com tudo e todos. Talvez um reflexo da batalha que todos haviam adquirido.

Passaram pela porta do compartimento da cabine sorrindo e abraçaram suas ocupantes trocando amenidades.

“Neville, como está diferente!” exclamou Gina, admirada. Ele corou levemente e agradeceu com um sorriso.

Todos se instalaram confortavelmente em seus assentos e começaram a especular com grande curiosidade acerca do castelo: como teria ficado? Quem voltaria para concluir a educação mágica?

Hermione estava encolhida em seu canto, com as pernas dobradas à sua frente, pés sob o banco e o queixo apoiado levemente nos joelhos. Deixava sua mente vagar em torno dos acontecimentos recentes de sua vida... Durante a guerra muita coisa havia sido cobrada dela. Coisas fáceis como acertar ponteiros que há muito haviam sido desregulados em sua vida... Ronald, sua independência e coragem. E coisas difíceis. A perda!

Ela pensava que sabia como uma perda funcionava... Achava que fossem todas diferentes, variando dependendo do nível de amor e comprometimento com a pessoa. Nunca esteve tão enganada em sua vida! Ela achava que tinha perdido seus pais quando fora obrigada a enfeitiçá-los até que começaram as mortes na batalha. Seu coração fora destroçado tantas vezes que ela ainda se surpreendia que tivesse um. Seu peito se apertava sempre que lembrava o quanto o mundo bruxo havia perdido.

Para enfim lembrar-se que: aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade e sempre podemos achá-los em nossos corações. Uma lágrima solitária escorreu por seu rosto, enquanto ela olhava pela janela do trem, traindo seus pensamentos.

***

Em uma cabine um pouco distante, Draco ainda se encontrava sozinho com o olhar vagando superficialmente pelo livro que tinha em mãos enquanto pensava em algumas coisas aleatórias. Seu olhar se perdeu na paisagem que passava correndo pela janela enquanto lembrava de Hogwarts e pôs-se a imaginar como a escola deveria estar...

Após a guerra, praticamente todo o castelo fora destruído. As torres e torrinhas não existiam mais. As escadas tinham ficado quase irreconhecíveis. Os retratos, que outrora eram tão comunicativos, estavam vazios. Os lustres, as janelas e os adornos, que antes faziam da escola única, estavam devastados. E tudo com a ajuda do grupo seleto de Comensais que seu pai chamava de amigos.

Lucius poderia ter pecado em muitos sentidos... Mas, com certeza, era leal. Agora todos sabiam que havia sido leal à pessoa errada por muito tempo. E, Draco, havia aprendido que lealdade é uma coisa que não se compra; assim como a confiança, a lealdade de uma pessoa precisa ser nutrida, conquistada e valorizada diariamente.

Balançou a cabeça clareando os pensamentos quando ouviu a porta da cabine ser aberta. Blasio entrou com um sorriso no rosto moreno. Era alto, magro e tinha olhos esverdeados. Estava no mesmo ano que Draco e eles eram amigos de longa data. A família de Blasio era tradicional, e sangue puro, como a de Draco porém não havia se aliado ao lado das trevas. Na verdade, a família Zabini havia permanecido o mais neutra possível durante a guerra. Então, também, não era muito bem querida pela sociedade bruxa.

“E aí, cara.” Blasio disse após se sentar de frente para Draco.

“E aí.” Respondeu sem saber o que mais acrescentar. Eles se olharam em silêncio por um momento constrangedor até Blasio resolver falar algo.

“Sinto muito o que houve com seus pais... Imagino como vem sendo difícil pra você lidar com tudo sozinho.” Disse depressa, olhando para as mãos que tinha entrelaçadas no colo. Draco engoliu em seco e deu de ombros.

“Sinto pela minha mãe. Ela não merecia aquele destino...” comentou calmamente tentando controlar a bile que ameaçava subir-lhe até a boca ao lembrar dos pais resistindo diante da grande mansão e lutando com os aurores para que não fossem presos quando os feitiços verdes começaram a ser disparados. Balançou a cabeça levemente para se livrar das imagens de dois feitiços atingindo seus pais ao mesmo tempo. Fora assustador.

“É... Espero que as coisas melhorem pra você. Não que eu tenha motivos pra dizer isso, cara, mas esse ano pode mudar a sua vida, se você quiser.” Apontou enfim olhando o outro nos olhos calmamente. Draco pensou um pouco antes de responder e resolveu desabafar sobre algo que o estivera incomodando, presumindo que Blasio realmente fosse um amigo de verdade.

“Estou amedrontado com o que o ano me reserva. As pessoas me olham torto e bem sei que cochicham de mim pelas costas... Não quero ficar conhecido como o ‘ex-Comensal da Morte’ que perdeu os pais, foi absolvido e por isso merece ser perdoado.” Abaixou os olhos respirando fundo.

“Eu sei como é isso...” Blasio suspirou antes de continuar. “Minha família não é bem a melhor família do mundo bruxo no momento... As pessoas pensam que não sei que chamam a mim e meus pais de covardes.” Revirou os olhos bufando. Draco sorriu minimamente se sentindo um pouco melhor, afinal não era o único que seria discriminado quando voltasse para a escola.

***

A senhora do carrinho de comida passava vagarosamente pelos vagões parando a cada cabine. Era meio da tarde, e o tempo ia piorando a medida que o trem avançava ininterruptamente para o norte, quando chegou à cabine de Hermione. Todos se alvoroçaram na porta para escolherem o que iam querer.

Hermione acordou de suas divagações e levantou para escolher o que ia querer. Optou por bolos de caldeirão e um sapo de chocolate. Pagou o valor referente à sua comida e sentou-se no banco, perto da janela, segurando o sapo nas mãos e dando a primeira dentada enquanto olhava a figurinha. Ela fez uma careta ao olhar o rosto conhecido.

“Hermione Granger, atualmente estudante da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, 7º ano.
Considerada por muitos uma das alunas mais inteligentes que já passaram pela escola. Granger é particularmente famosa por ter lutado na Batalha de Hogwarts e ajudado a derrotar Àquele-Que-Não-Se-Deve-Nomear, o bruxo das Trevas, em 1998, por ter namorado o famoso apanhador búlgado Viktor Krum e fazer parte do Trio de Ouro, também composto por Harry Potter (O menino que sobreviveu) e Ronald Weasley. A estudiosa Granger gosta de livros, músicas e chá preto fraco.”

Se sentiu enjoada. Ela não queria aquilo... Não queria ser reconhecida ou famosa. Queria apenas paz... Uma coisa que ela nunca soube o que é. Seria difícil encontrar a paz nesse mundo? Ao que tudo indicava, sim.

“Quem você tirou, Mione?” Luna perguntou, curiosa, estendendo a mão para pegar a figurinha da mão dela. Hermione entregou a figurinha para Luna enquanto os demais comiam. “Você tirou você mesma! Que coisa engraçada de se acontecer...” Luna acrescentou pensativa. Gina arregalou os olhos e pegou a figurinha da mão de Luna.

“Tirou você mesma? Como assim?” Gina olhou bem para a figurinha e passou seus olhos pelo rosto de Hermione que aparentava cansaço. “Não liga pra isso, Mione.” Disse Gina tirando Neville do banco e sentando ela mesma ao lado de Hermione e passando um braço por seus ombros.

Hermione suspirou e olhou para todos os quatro amigos na cabine. Ela queria fugir dos holofotes que, com certeza, se concentrariam nela esse ano. Queria ser uma pessoa normal. Queria muito ser reconhecida por seus méritos mas não por algo terrível como a guerra. Hermione queria que lembrassem dela como uma mulher inteligente e forte que passou por cima de todos os acontecimentos terríveis da guerra de cabeça erguida e se tornou a pessoa com um futuro brilhante, divertida e merecedora. Isso. Ela queria ser merecedora daquilo e, no momento, ela não conseguia se sentir assim. Todas as pessoas que morreram durante aquele massacre é que deveriam estar estampadas naquela figurinha. E ela não conseguia se sentir muito bem em não ter conseguido explicar isso aos outros. Ela só queria que eles esquecessem das coisas que haviam passado e fossem felizes.

Ela não esqueceria de tudo assim tão facilmente. Os pesadelos que, às vezes ainda, a atormentavam não deixariam.

***

Enquanto isso, na cabine de Draco... Ele olhava para a figurinha do sapo de chocolate em silêncio. A senhora do carrinho de comida tinha acabado de passar e ele e Blasio tinha comprado algumas coisas. O estômago de Draco se revirou vazio porque ele não havia tomado café da manhã. E, agora, nem o sapo de chocolate lhe parecia mais tão apetitoso. Ele estava olhando para um rosto bem conhecido, na figurinha. Um rosto que ele via todas as noites deitado no meio do chão da sala cavernosa da mansão quase desfalecendo. Então, quer dizer que, agora, Hermione Granger estava estampada em figurinhas de sapos de chocolate? Ele suspirou.

Na verdade, pensou que talvez até ele tivesse uma figurinha com seu rosto... Imaginou as coisas que diriam se fosse ele:

“Draco Malfoy, atualmente estudante da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, 7º ano.
Considerado por muitos um dos alunos mais arrogantes que já passaram pela escola. Malfoy é particularmente famoso por ter lutado na Batalha de Hogwarts e ajudado o lado d’Àquele-Que-Não-Se-Deve-Nomear, o bruxo das Trevas, em 1998, por ter tentado matar o famoso bruxo Alvo Dumbledore e por fazer parte de uma das famílias mais antigas e tradicionais do mundo bruxo. O ambicioso Malfoy gosta de quadribol, desafios e croissants de queijo.”

Revirou os olhos automaticamente ao perceber que, com toda certeza, a figurinha não seria tão boazinha. Provavelmente eles o discriminariam e o xingariam com todos os tipos de ofensas possíveis.

Terminou de comer e encostou a cabeça na janela vendo o céu escurecer cada vez mais e as gotas de chuva se tornarem mais grossas e frequentes. Pensou em como aquele dia se assemelhava à sua chegada no primeiro ano na escola: ele estava apavorado por dentro mas exibia um ar indiferente; a chuva caía sem parar e ele não sabia o que esperar dali pra frente.

Dentro de poucos minutos o trem chegaria à estação de Hogsmeade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Galerinha, me digam o que acham:-(
É tão bom quando vocês comentam!!!
E não sei quando posto o outro... Talvez no final de semana, depende de quando vou escrever. Enfim, é isso, bj.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "[HIATUS] Savin' me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.