Abri os olhos devagar, e me desencostei do James mais devagar ainda, esperando não acordá-lo.

Tínhamos cochilado (pelo menos EU tinha, já ele estava apagado mesmo) no corredor. Peguei minha bolsa e fui até o andar de baixo pé ante pé. Na sala, encontrei o Jarbas ainda terminando de limpar o chão e pedi que colocasse o James na cama.

Quando ele subiu para fazê-lo, saí silenciosamente pela porta da frente, depois passei pelo portão, que foi aberto por alguém que, para minha sorte, não quis saber meu nome, nem pediu explicações. Pelo visto, o problema era quem entrava, não quem saia da mansão. Fui andando até um ponto de ônibus, e aguentei ficar lá por uns 10 minutos. Quando eu já estava com muito frio e com muito medo de ser assaltada (ou algo pior), decidi ir até uma loja de conveniências que ficava na esquina da rua e perguntar onde era a estação de metrô mais próxima, já que não tinha dinheiro para pagar um táxi.

A moça de olhos puxados que trabalhava lá foi bem gentil, e me mostrou como chegar à estação, que ficava à apenas uma quadra dali. Fui o mais rápido que pude e encontrei o lugar totalmente deserto.

O cara gordo que vendia os tickets estava dormindo, então pigarreei algumas vezes, na tentativa falha de acordá-lo. Como eu estava com pressa e o maldito homem não parava de roncar, enfiei minha mão debaixo do vidro e peguei um ticket. Um segundo depois comecei a me sentir mal por isso, mas tinha sido a única forma de sair rápido daquele lugar vazio.

Nos vagões não estava diferente. Nenhuma viva alma. Que horas seriam? Meus olhos já pesavam como chumbo, e eu não via a hora de voltar para debaixo das minhas cobertas quentinhas.

Entrei em casa sem fazer um barulho sequer. Passei pelo quarto de papai prendendo a respiração. Ele ainda dormia, sem nem desconfiar que eu havia saído de casa. Fui para o meu quarto, coloquei meu pijama e me enfiei na minha cama.

Estou me tornando uma garota totalmente inconsequente por causa desse tal de James Martin, pensei.

Não tive tempo para me aprofundar no assunto, pois em segundos meus olhos estavam fechados e eu estava em outro lugar. Um balanço numa árvore no meio de um enorme campo de morangos. E adivinha quem estava do meu lado naquele lugar maravilhoso?! James Martin, aquele garoto disputado, lindo, que deixava todas as garotas boquiabertas, e que estava interessado em mim, e fazia dos meus dias pacatos dias cada vez mais felizes (e agitados, e, no momento, um tanto tristes, mas cheios de emoção).

Ao ouvir o despertador tocar de manhã, parecia que eu não havia dormido nem por cinco minutos, e relutei em sair daquele sonho tão bom, onde não haviam outras garotas para disputar o MEU Jamie, nem aulas de manhã cedo para as quais acordar. Ouvi o Rick me chamar, e levantei praguejando e me arrastando pela casa.