O Preço da Traição escrita por Massie


Capítulo 24
Capítulo 23




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Dia dos pais… Quem se importa com esse dia? Porque eu nunca me importei, quer dizer, quando eu era um pirralho eu ficava chateado por meu pai não comparecer as festinhas da escola e nem dá muita atenção aos presentes que eu fazia para ele, mas com o tempo acabei me acostumando e dia dos pais tornou-se uma data qualquer para mim, para mim e não para TomTom. Hoje haveria uma festa em sua escola comemorando a data, pais que amavam seus filhos chegavam à escola, radiantes, loucos para receber os presentes que suas crianças mesmo fizeram e assistir ao pequeno showzinho deles. TomTom não teria o privilégio de ter o pai ali, ele não estaria na primeira fileira aplaudindo-a e nem ficaria feliz com o presente que ela entregaria á ele. Mas eu não desapontaria minha pequena, eu não sou o pai dela, mas chego perto disso porque eu a vi nascer, vi ela sorrir enquanto dormia, acordava na madrugada com seu choro, trocava suas fraudas, estava presente quando ela comeu alimento sólido pela primeira vez e disse a primeira palavra. Eu fui seu apoio quando ela tentou dar os primeiros passos, eu fui sua segurança quando ela finalmente começou a andar. Eu presenciei seu dengo quando os primeiros dentinhos começaram a aparecer, eu estava com ela no seu primeiro dia na escolinha e sempre dizia “vai ficar tudo bem” quando ela caia e se machucava. Ou seja, eu dava pro gasto.

Estacionei meu carro na frente do pequeno prédio e vi o quão cheio ali estava. Eu estava consideravelmente atrasado porque não consegui sair mais cedo do trabalho. Entrei correndo pelas portas e procurei TomTom pelo pátio e aquilo só podia ser um carma na minha vida, porque ao invés de TomTom eu encontrei Karina e Bernardo juntamente com o garotinha que dias atrás eu vi ele conversando e um casal que não pareciam tão velhos. Eu sabia que aqueles eram os pais de Bernardo então aquele garotinho só poderia ser irmão dele. Karina estava ao lado de Bernardo sendo abraçada por ele e sorria enquanto ouvia a mulher tagarelar. Não sei se era impressão minha, mas aquele sorriso não parecia ser muito verdadeiro. Desviando meu olhar daquela cena lastimável, tive a capacidade de avistar TomTom sentada em um banco, sozinha. Ela tinha alguma coisa em mãos e olhava para seus coleguinhas e seus pais. A cena pesou em meu coração, sua expressão tristonha me derrubou e eu senti vontade de socar a cara do homem que colocou a sementinha em nossa mãe. Aproximei-me da garotinha por trás e ela sobressaltou-se quando eu a abracei.

– Pê!

– Hey minha pequena – A peguei no colo e depositei um beijo estalado em sua bochecha fazendo-a rir – Como ta essa festinha? Tem comida? Mim necessita de muita coisa – Modifiquei a voz e arregalei os olhos fazendo TomTom gargalhar.

– Tem um montão de comida. Eu já me apresentei, você não viu.

– Desculpa pequena, não consegui vim antes.

– Eu fiz esse desenho pra você – Ela abriu a folha que tinha em mãos na frente do meu rosto e eu visualizei alguns rabiscos e um boneco de palito.

– Mentira que esse sou eu! Eu to o maior gatão nesse desenho!

– Você gostou? – Seu rostinho se iluminou.

– Você está brincando não é? Eu adorei! Vou até colocar na geladeira e deixar lá pra todo o sempre.

– Todo o sempre?

– Claro, todo mundo precisa ver como eu sou bonito – TomTom gargalhou - Que tal a gente tomar um monte de sorvete até nossa barriga explodir? Sua garganta já está boa mesmo.

– Oba! Eu quero! – Me afastei dela e parecia que meus olhos tinham algum tipo de radar que eram puxados para Karina, porque eu olhei para ela e ela estava olhando para nós com um sorriso suave no canto dos lábios. Bernardo puxou o rosto dela e lhe deu um beijo, revirei os olhos e peguei na mão de TomTom saindo da escola com ela logo em seguida. Eu não queria que ela ficasse ali e se sentisse inferior ou triste por vê seus coleguinhas com seus pais, por isso fui com ela até o parquinho mais próximo onde comemos sorvetes até não aguentar mais.

Abracei Sol fortemente na porta da minha casa erguendo-a do chão e fazendo-a rir. Era noite e fazia pouco tempo que João, Duca, Vicky, Ruiva, Wallace e Cora haviam saído da minha casa, passamos a tarde toda assistindo filmes, comendo besteira e conversando sobre assuntos nada interessantes para a humanidade, eles diziam que eu não passava mais nenhum tempo com eles, que eu havia abandonado-os, que eu não os amava mais e essas coisas de gay, então resolveram me atormentar.

Afastei-me um pouco de Sol mantendo meus braços em sua cintura e ela mantendo os dela em meus ombros.

– Sabe, acho que você deveria dar uma chance para o Wallace – Sol fez uma careta.

– Ele não me pediu uma chance.

– Ahh Solzinha, por favor, nem precisa né, o cara praticamente se joga em cima de você todo dia, quando você está por perto ele não tira os olhos de você, você sabe de tudo isso e fica agindo dessa forma malvada com o pobre garoto – A sem coração deu risada.

– Ahh é legal dá aquelas cortadas nele e fingir que não é comigo.

– Sua sem coração! – Ela jogou a cabeça pra trás e gargalhou.

– Pê ele não toma nenhuma atitude, como é que eu vou dá uma chance pra ele?

– Você gosta dele?

– Ahh sei lá, ele é agradável.

– Uma pessoa não se envolve com outra só porque ela é agradável.

– Okay, ele é bonito, me faz rir, é gentil, pelo visto faz tudo por mim… Acho que me envolveria com ele numa boa, mas ao invés dele chegar em mim ele prefere ficar agarrando essas vadias por ai tentando me fazer algum tipo de ciúmes, tipo, muito sem fundamento isso – Revirou os olhos.

– Concordo, ele é um babaca, mas é que ele tem medo de ser rejeitado por você, se ele souber que eu te disse isso, ele me castra, mas ele já me confidenciou que você é muita areia pro caminhãozinho dele, que pra ele você é um sonho impossível.

– Que idiota! – Sua expressão estava indignada.

– Concordo.

– Amanhã vou chamar ele pra sair – Disse com determinação.

– Ahhh mais essa eu vou querer vê de camarote.

– Amanhã, na hora do intervalo, não falta – Sorriu marota.

– Mas nem que me obrigassem.

– Agora eu vou ter que ir, pequeno - Aproximei meu rosto do dela. Eu tinha certeza que quem visse a cena de fora acharia que éramos namorados. Depositei um beijo carinhoso em sua testa e me afastei.

– Boa noite – Ela sorriu e caminhou até seu carro. Captei uma movimentação nas cortinas da casa da frente e visualizei Karina na janela, ela me olhou por alguns segundos e se afastou.

Suspirei e entrei em casa.

~*~

Hora do intervalo, hora da diversão. Eu estava sentado na frente de Sol na mesa que sempre sentávamos, todos já estavam ali e conversavam aleatoriamente. Olhei para á garota em minha frente sugestivamente e ela piscou.

– Wallace – Ele olhou para Sol enquanto mastigava lentamente seu cachorro-quente, era uma cena nojenta de se vê, não recomendo – Hoje está lançando um filme muito bacana e eu queria muito ir vê, vamos comigo? – Duca cuspiu seu refrigerante longe enquanto as meninas riam e João se engasgava.

– A gente também?

– Na verdade Duca, eu quero apenas a companhia do Wallace – A situação do garoto ficou mais critica ainda porque de branco ele passou pra vermelho e agora estava roxo segurando a garganta com as duas mãos e ao invés de eu tomar vergonha na cara e ajudá-lo, eu ria feito uma hiena. Cora teve pena do pobre ser humano e lhe ofereceu um copo de suco – E então, o que você me diz?

– Tu-tudo, bem.

– Você me pega as cinco, pode ser?

– Pode, claro, certo… É.

– Aê Wallace, se deu bem – Bati em sua cabeça e ele me mostrou o dedo enquanto todos na mesa riam.

Olhei de relance para a mesa onde Karina sentava agora – ai me julguem – e ela estava totalmente excluída lá, Bernardo conversava com seus amigos enquanto ela olhava para nós com o olhar entristecido. Voltei meu olhar para meu lanche e suspirei. Aquilo tudo havia sido escolha dela, agora ela que arcasse com as consequências.


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