CAPÍTULO 04

Como era de se esperar, todos os Weasley se mostraram extremamente preocupados com a castanha, e os Potter também. Não ficaram muito tempo parados na entrada da casa, em poucos segundos a Sra. Granger direcionou todos para uma ampla sala que ficava à direita da entrada principal.

No caminho para a sala, Hermione pode observar bem a loira que acompanhava Rony. Ela viu os cabelos longos e levemente ondulados que emolduravam o rosto branco, este tinha um par de brilhantes olhos azuis que se revezavam em olhar para o marido e o filho, ela parecia feliz com tudo que tinha. A morena não precisou ficar muito tempo encarando a outra, logo ela descobriu quem era, Lilá Brown. A fita colorida que vinha amarrada no topo da cabeça lhe entregou.

Qualquer um que observasse veria que a loira era encarada por Hermione, mas ninguém poderia adivinhar o que ela pensava. Tudo o que ela queria, era ter raiva do bonito casal, ter ciúmes da outra ou pelo menos querer ter uma família daquele jeito, com um mini ruivo parecidíssimo com o homem que amou por muito tempo, mas agora... Simplesmente não sentia mais nada em relação aos dois, nem de inveja, nem de amor. O único sentimento que a tomava era ansiedade, não precisou de muito tempo pra que ela descobrisse por que estava ansiosa, pelos gêmeos que estavam por nascer. Ainda que fosse negar se alguém perguntasse, ela queria que seus filhos fossem parecidos com o Malfoy. Perceber isso, com toda certeza, a deixou preocupada.

A sala era tão bem decorada quanto todo o resto da casa, era toda em tons claros e possuía uma série de janelas grandes que eram cobertas por cortinas. Sofás eram distribuídos por todo o ambiente, e estes tinham um tamanho mais que suficiente para acomodar todos. Depois de várias perguntas, direcionadas para a Sra. Malfoy, que sempre eram respondidas com “Não sei” ou “Eu simplesmente não entendo” os bruxos na sala decidiram se aquietar e cada um se trancou nos seus próprios pensamentos, todos tentando achar uma resposta do por que daquilo ter acontecido.

Todos, exceto Rony.

O ruivo decidiu que o melhor jeito de descobrir o que tinha de errado com Hermione era interrogar cada um. Ele soltou perguntas a esmo pela sala, que de nada adiantaram, se não para deixar todos ainda mais confusos. A cacheada achava que todas aquelas perguntas eram fofas, e ficou feliz por ver o quanto ele ainda gostava dela. Mas Draco, que já aparentava não ter paciência nenhuma com o Grifinório irritante, certamente não concordava com sua esposa e logo decidiu dar um basta em todo o falatório inútil do ruivo:

— Já chega, Weasley! Não vê que você só atrapalha falando e falando sem parar?!

— Ora Malfoy! Quem atrapalha aqui é você! Pra quê gritar? — E então estava feito. Os dois se encaravam e faíscas quase eram vistas, o ar estava tenso assim como o pescoço de Hermione. Não iria demorar muito e socos iriam ser desferidos para todos os lados. No meio disso tudo só uma pessoa parecia alheia ao ambiente ao redor: Harry. Ele continuava com a mão no queixo, pensativo e dedicando-se exclusivamente ao motivo inicial: descobrir por que a nova Sra. Malfoy tinha perdido a memória.

— Harry! Ajuda aqui! — Gina, ao ver que os dois iriam começar a brigar, resolveu chamar a atenção do marido para apartar a confusão antes que começasse. O moreno pareceu finalmente acordar de seus pensamentos e soltou uma frase que sempre era falada quando Gina lhe pedia ajuda.

— Parem com isso crianças! — Essas poucas palavras foram suficientes para fazer com que a raiva dos dois se voltasse contra ele.

— Crianças? Ora Harry, não somos crianças! — Rony falou de maneira calma, obviamente tentando conter a raiva.

— Bem, vocês agem como tal! Se não são crianças, provem isso com ações!

— Era o que me faltava mesmo! Potter faça o favor de me respeitar, pelo menos enquanto tiver dentro de minha residência! — Outra discussão começou, esta incluía respeito que era necessário para um Malfoy.

— Os Malfoy não tem mais essa pompa toda Draco, conforme-se! Certo que depois de Hermione, muito melhorou no legado de sua família, mas vocês não são donos do mundo. — Harry argumentou, irritado com o loiro.

— E também você não tem mais seu pai para “deixa-lo sabendo disso”. — Rony falou, fazendo piada que não agradou em nada ninguém que estava ali, principalmente o jovem Malfoy.

— Realmente, não poderia esperar nada além disso de você Weasel. — E virou na direção da porta a fim de sair dali o mais rápido possível, mas foi impedido por um casal que acabara de chegar.

— Ah Draco, não imaginei que ainda se importasse tanto com as besteiras proferidas por esse aí... — Um moreno forte muito conhecido por todos ali falou, irritando o ruivo e rindo para acabar com o estresse recém-criado no ambiente.

Ele vinha acompanhado de uma mulher. Ela tinha longos cabelos loiros claríssimos e que se confundiam entre liso e enrolado, seus cabelos eram acompanhados de um belo par de olhos azuis. Sua roupa era elegante e condizia com o seu status social, assim como a de seu marido, que mesmo parecendo bem humorado, tinha uma postura arrogante, clássica de um Sonserino. Não demorou muito e Hermione reconheceu os dois que sempre lhe atazanaram no colégio: Pansy Parkinson e Blásio Zabini. A morena cacheada estava pronta para começar a se defender das ofensas que provavelmente viriam dos dois, mas foi surpreendida quando ao invés de xingamentos ela ouviu frases de preocupação, principalmente pela loira que pelo visto era sua amiga.

— Ah Mione, assim que ficamos sabendo viemos o mais rápido possível, como se sente? — A voz da Sra. Zabini, antes considerada extremamente enjoativa, agora não lhe parecia mais tão terrível, ela lhe soava suave e parecia agradável de se ouvir, assim como a de Gina. Agora era só mais uma voz amiga. Apesar disso, Hermione ainda ficou confusa quanto aos seus pensamentos em relação ao casal, não sabia ao certo se ainda os odiava. Ela conseguia se lembrar bem de todas as ofensas que já tinham lhe sido direcionadas pela boca dos dois, e realmente queria sentir raiva, mas não conseguia. — Por que está tão calada? — Pansy perguntou mais uma vez se aproximando da castanha e parecendo obstinada a fazê-la falar.

— Mulher! Não percebe que ela nem se lembra que somos seus amigos? Provavelmente deve estar pensando em quando vamos começar a chama-la de “sangue-ruim”. — Blásio disse e sua esposa imediatamente se retesou, colocando as mãos, que antes iam de encontro à Hermione, junto de si.

— Ah querida, desculpe. — Proferiu parecendo com medo de ter ofendido a cacheada que logo chegou à conclusão de que nada poderia ficar mais confuso.

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Bom, sempre pode ficar mais confuso. Ao contrário do que ela esperava, nenhum de seus amigos pareciam incomodados por ver o casal recém-chegado. Harry até mesmo cumprimentou Zabini com um aperto de mãos! Aparentemente, Pansy e Gina tinham certa amizade, cumprimentaram-se carinhosamente com um abraço e logo se puseram a conversar sobre Hermione. Gina estava claramente procurando um jeito de fazer sua amiga se lembrar da loira, que parecia estar em choque.

Depois de muita conversa, a cacheada se convenceu de que o casal não iria mais lhe ofender. Sua mãe, que assim que lhes deixou na sala saiu acompanhada da Sra. Weasley, chegou avisando que o almoço estava pronto. Foi então que Hermione percebeu que ainda não tinha posto nada na boca e já era quase uma hora. Um mutirão saiu da sala de visitas e foi na direção da sala de jantar, onde todos sentaram, prontos para comer. Draco ficou na ponta da mesa e Hermione logo a sua direita, como dizia a etiqueta. Tanto Gina quanto Pansy se sentaram perto de seus maridos, ainda assim procuraram ficar o mais próximas possíveis da morena.

— Hermione, já que não se lembra de nada desde o quinto ano, você não se lembra de seu relacionamento escondido com o Draco, certo? — Rony perguntou, parecendo feliz com a conclusão que tinha acabado de chegar. — Bem, você não deve se recordar, mas eu sempre fui contra isso. E, só pra constar, se você decidir que odeia esse loiro rabugento e que quer se ver livre dele, pode contar comigo pra ajudar a inventar mentiras e justificar a separação.

— Ora seu... — O rosto de Malfoy ficou completamente vermelho, claramente mostrando toda sua raiva, ele já estava se levantando, pronto para começar outra briga, quando Rony caiu na gargalhada. O ruivo estava realmente contente por sua provocação ter funcionado.

— Sério Malfoy, não seja idiota. Eu não iria acabar com a felicidade da minha amiga só pra lhe infernizar. Sem falar que se eu fizer isso, e ela se lembrar da verdade, vai querer me trucidar.

— Verdade? Que verdade? — Hermione perguntou, mostrando o quão confusa estava com toda aquela conversa.

— Bem, a verdade que você é apaixonada por esse aí desde... — Gina respondeu por Rony, e nessa hora colocou a mão no queixo, mostrando estar pensativa. — Acho que desde seu sexto ano. Sabe, quando Harry começou a suspeitar sobre Draco ser um Comensal.

— Espere! Você é um comensal? — Ela arregalou os olhos, direcionando-os para o loiro.

— Obrigado ruiva. — O Malfoy falou irônico. — Eu não sou, eu já fui. E acredite, esse não é o melhor momento para falarmos sobre isso.

— Ah! Desculpe. Olha Mione, tenha certeza de uma coisa: você amava ele, por isso se casou.

— Sim! Mas também, depois de tudo que ele fez por você com aquilo tudo de Dumbledore e tudo mais... Se você não amasse, seria cruel ao extremo. — A Sra. Weasley falou. Parecia que todos tinham resolvido se esquecer de que Hermione não se lembrava de nada. Falavam da história da vida dela como se fosse a coisa mais normal do mundo, e, ao invés de ajuda-la, só a deixavam na mais confusa.

— Isso é tão triste... — Pansy comentou distraidamente. — Eu gosto tanto da história de vocês dois, e agora você simplesmente não se lembra!

— Concordo Pan! Sempre foi tudo tão impossível entre eles dois, e mesmo assim era tão possível... Simplesmente não sei explicar. Só não é mais bonita do que a história entre os pais de Draco e... — Gina iria continuar falando, mas foi interrompida por uma irritada Hermione.

— Certo! Já chega. Se for pra vocês falarem pedaços da minha vida e não deixarem nada claro, prefiro que fiquem quietos. Mas espero que, já que vocês duas gostam tanto da minha história, estejam dispostas a me contar tudo! — As duas finalmente se tocaram que só estavam deixando tudo ainda mais confuso pra castanha, e decidiram ficar quietas a respeito disso.

— Mas Herms, o que o Dr. Relief disse? — Zabini perguntou. Hermione ficou irritada, não pelo apelido que foi usado, este já lhe parecia comum sendo falado pelo moreno, ainda que ela quisesse se irritar por isso. O que lhe incomodou foi o fato de todos saberem tanto sobre ela e sobre os outros que lhe cercavam, e ela nem sabia o nome que tinha escolhido para seus filhos!

— E-eu... Bem, ele não deixou nada claro. Só disse que nunca tinha visto nada parecido e que talvez fosse necessário o uso do mesmo medicamento que foi testado nos Longbottom. — Ela falou e foi perceptível para quem quisesse ver o quão incomodada estava.

Aos poucos todos terminaram de comer e foram saindo da mansão Malfoy, despedindo-se da cacheada com um abraço apertado e um “Melhoras” sendo murmurado. Não demorou muito e só quem ficou na casa foram os Potter e os Zabini, graças à insistência de Hermione para saber mais sobre sua história, segundo ela, tudo tinha que ser dito através da boca das duas.

— Certo, veja bem Hermione. Eu realmente gostaria de ficar mais tempo, mas acontece que eu tenho que cuidar da minha família em casa. Harry e James já ficaram muito tempo sem me ter por perto, sem falar na saudade que eu estou do meu cantinho. Te prometo que amanha eu volto e vou fazer o possível pra lhe falar tudo que eu souber. — Gina argumentou com a castanha, a menção do seu filho pareceu convencer a outra de que o melhor para a ruiva seria isso.

— Eu também queria lhe ajudar, sério mesmo, só que... — Pansy foi falando e logo um sorriso lhe surgiu no rosto. Os dois casais ficaram esperando que ela terminasse e seu marido abriu um grande sorriso, parecendo imensamente feliz também. — Eu vou fazer um exame. Por que... eu acho que estou grávida. — A boca de Gina se abriu em um perfeito "o" e logo as duas começaram a comemorar com um abraço apertado e risadas que mostravam o quão feliz ambas estavam.

— Minhas duas melhores amigas grávidas! Vocês não fazem ideia de como eu estou feliz! — A ruiva falou e puxou as duas para um abraço.

Ao contrário do que Hermione pensou, ela não se sentiu desconfortável ali, abraçada com as duas. Ela se sentiu bem. E começou a desejar que sempre tivesse as duas por perto. Mesmo que não se lembrasse de como tinha ficado amiga de Pansy, ela sentia que gostava da loira. “Assim como você não se lembra de como começou a amar o Malfoy”.