If It Was All Just Normal. escrita por Srta Who


Capítulo 15
O Sabor do Paraíso


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de avisar que vou acabar essa fic antes de continuar a outra (levando em consideração que essa já está quase acabando)



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            O tempo e o espaço são relativos. Essa pequena frase (acompanhada de muitos cálculos matemáticos) renderam a um cientista alemão (por quem tenho uma admiração arrebatadora) diversos prêmios, homenagens, etc. E etc., mas no que essas palavras podem ser aplicadas em nosso dia a dia? Por que diabos alguém (que não é cientista) deveria se importar com a descoberta de um velho caduco? Bem, apesar de eu nunca ter pensado em Einstein como um ‘’velho caduco’’ o questionamento é bastante válido. A resposta é que aceitando a relatividade do tempo e do espaço é explicada porque aquela sua caminhada no meio do sol escaldante parece levar séculos, enquanto uma conversa com seus amigos parece durar apenas alguns segundos, de fato essa observação esteve presente durante toda sua vida!

            Por que estou pensando nisso? Tentem passar um dia inteiro ouvindo as reclamações de Donna Noble e entenderão minha situação! Sinceramente, faz mais de um ano que não a vejo, mas posso garantir que ela não era tão escandalosa, ou tão rabugenta, sua quantidade de xingamentos a meus esforços e aos de Matt é simplesmente ridícula!

’John, o chá está frio! ’’

‘’Matt, você não lavou esses pratos corretamente! ’’

‘’John, esses ovos estão malpassados! ‘’

‘’. Seus dois idiotas! Façam as tarefas direito! ‘’

            Pelo amor de tudo que há de mais sagrado nesse mundo! Como alguém pode reclamar tanto em menos de 24 horas?! Estou a ponto de ligar para o marido dela e me oferecer para trabalhar no lugar dele, pelo menos assim ele ficaria com ela e eu poderia estar longe desse demônio de cabelos ruivos! Por outro lado, ele deve ter um amor ridiculamente forte por minha irmã, do contrário não estaria há mais de sete anos com ela.

Sorri bobamente ao me imaginar na mesma situação, chegando em casa depois de um longo dia de trabalho e ter uma esposa para me abraçar, me beijar e dizer o quanto me ama. Eu sei, eu sei, isso soa tão ordinário, quer dizer, há coisas bem mais extraordinárias para se fazer nesse planeta, mas o que posso dizer? Fui educado para ser o perfeito romântico! Quando pensava nisso essa esposa sempre aparecia como um borrão distante, alguém sem rosto e indistinguível, mas há alguns meses ela tornou-se loira, com olhos cor de caramelo, nome de flor e provavelmente indiferente a meus sentimentos amorosos por ela. Baguncei meus cabelos desesperadamente.

—De novo não. – Surrei para mim mesmo, sentado na escuridão da sala de estar, cuja a única luz provinha da televisão. Não a vi desde de o beijo, e agora quando minha mente vagueia tem um destino certo. Matt saiu e não vou acordar Donna a não ser que a casa esteja em chamas, sendo assim sou um escravo de minha mente que não consegue focar em qualquer coisa que não seja Rose Marion, em qualquer coisa que não seja seu sorriso, em qualquer coisa que não seja o calor de seu corpo contra o meu, em qualquer coisa que não seja a lembrança do quão facilmente nossas línguas deslizam juntas. -Há algo de errado comigo. – Sussurrei novamente, talvez alguma peça de delicado e ridiculamente grande cérebro humano que carrego tenha quebrado.

...

P.O.V Rose.

            Meu cérebro com certeza está quebrado, algo nele não funciona corretamente, quer dizer, não algo, nada funciona nele, ou pelo menos não funciona como deveria, e sem sombra de dúvidas a área mais alarmantemente defeituosa é meu lóbulo parietal, que se recusa completamente a me localizar no espaço, e me permitiu sonhar acordada a semana inteira na faculdade, em casa, e em qualquer lugar. Na terça feira, por exemplo, quando me dei conta estava na biblioteca do campus e não me lembrava de ter se quer saído da cama! Mas vendo pelo lado positivo, pelo menos eu tenho alguém a quem culpar. Ele vai me levar a loucura!

            Não me entendam mal, nunca fui uma defensora dessa história de Deus vingativo que castiga seus filhos a cada mínimo erro, até porque, de que nos serviria o livre arbítrio se assim fosse? Mas, se beijar John Smith foi pecado, essa é definitivamente minha punição.

—John Smith. – Repeti seu nome pela milionésima vez naquele dia, repeti baixinho, como se alguém mais pudesse ouvir e roubasse a melodia daquelas silabas de meus lábios. – John Smith, John, por favor, suma de minha mente. – Meus olhos arderam, não chorei, ou falei qualquer outra coisa, apenas virei-me na cama e dormi.

...

P.O.V John.

            Esfreguei meus olhos tentando mandar embora minha fadiga, meu esforço provou-se infrutífero, pois minhas pálpebras continuavam a pesar, e fecha-las ainda era uma enorme tentação.

—Que droga, Matt! – Reclamei. Ele saiu há mais de meia hora, confesso que Donna não mora tão próxima assim da cidade, mas a menos que ele tenha ido dar um mergulho noturno naquela Dårlig U... Dårlig Uv.... Ah, desisto, naquela praia há dez minutos daqui não vejo razões para toda essa demora! Bati meus dedos no estofado do sofá, tentei contar mentalmente de um até um milhão, mas tudo só me lembrava do quão cansado eu estava. E então eu, derrotado, fechei meus olhos, não faria mal algum. Relaxei meus músculos e instantaneamente me senti bem.

            Meu pequeno momento de alívio não durou mais de dois minutos, pois ouvi meu celular tocar ao meu lado. Praguejei antes de ver que era Rose, então pedi desculpas mentalmente e atendi com o coração palpitando. Haveria algo errado? Por que ela estava me ligando as duas da manhã?

—Alô. – Minha voz saiu em um tom estranho, um misto de minha preocupação e meu cansaço.

—J-John? – A dela parecia insegura, assustada.

—Sim, sou eu, Rose, o que houve?

—Eu sinto muito, muito mesmo, John eu sinto tanto.

—O que? Sente muito? Por quê?

—Por ser a pior amiga de todas.

—Não que eu não goste de falar com você, porque adoro, mas qual o motivo disso agora?

—Porque, sinto sua falta. – Meu coração parou, tenho certeza de que é assim que vou morrer, ouvindo-a falar que sente saudades de mim, não consigo imaginar uma morte melhor. –Sinto falta da sua companhia, sinto falta do seu chá maravilhoso, por Deus, até de suas piadas horríveis.

—Elas são tão ruins assim?

—Foi nisso que prestou atenção?! – Eu ri.

—É claro que também senti saudade de você, Rose, mas estava com medo de ligar e parecer obsessivo. E se você simplesmente não quisesse mais me ver?

—P- Por causa do beijo?

—Você não beija tão mal assim.

—Pensei que iriamos esquecer isso.

—Pode um pecador esquecer o sabor do paraíso?

—Flertando de novo, John?

— O que eu posso dizer? É mais uma maldição do que uma benção. Ter sempre todas as garotas caindo aos meus pés com todo meu charme.

—Você se acha tão engraçado.

—Eu não sou? – Disse fingindo indignação.

—Não.

—Ei! – Ambos rimos.

—Então.... Nós estamos bem?

—Com certeza. – Respondi. Fez um silêncio entre nós, ela titubeava algumas letras, mas nunca formava uma palavra completa, estava tentando me contar ou esconder algo. -Então você me ligou só por isso? – Não obtive resposta. -Não tem mais nada para me dizer?

—Na verdade... – Então ela me contou a coisa mais horrível de todas, a mais nojenta e desprezível. Sobre ela e seu primeiro namorado, Jimmy, sobre como ele era gentil no começo, de como ele foi mudando aos poucos, tornando-se alguém possesivo, como ficou violento e... E, como ele a estuprou na noite de sua formatura. Sobre como ela tem pesadelos horríveis sobre isso. Juro por tudo que mais amo que nunca fui violento, jamais desejei algo de ruim para quem quer que fosse, mas quando ela me contou sobre esse canalha tudo o que quis foi esmagar o crânio dele com minhas próprias mãos.

—Me dê uma descrição desse animal e juro por Deus que ele nunca mais vai fazer isso a ninguém.

—Acalme-se John.

—Como pode pedir para eu me acalmar? Como ele pode não estar na cadeia depois do que fez?

—Ele não era inglês, estava fazendo um intercâmbio de um ano em Cardiff, simplesmente voltou para a França.

—Seus pais não fizeram nada?

—Eles não sabiam que eu namorava.

—E quanto a polícia?

—Disseram que era minha culpa, que eu jamais deveria ter entrado no carro com ele bêbado. Concordo, eu fui burra. Tenho tentado ser forte, e tenho conseguido, mas esses pesadelos estão cada vez mais frequentes, e não sei o que vou fazer se eles não pararem. – Pude ouvi-la começar a chorar. Cerrei os punhos.

—Você está errada. Não é sua culpa, é dele, ele foi um desgraçado, você não foi culpada de nada além de ser inocente o bastante para acreditar no que aqueles malditos policiais falaram. Tudo bem?

—Não. Não está nada bem. – Seu choro tornou-se mais alto.

—Quer que eu volte?

—Não.

—Mas eu vou. Hoje. Vou mudar a data da minha passagem, pegar o primeiro voo de volta.

—John...

—Tente me deter. – Rose ficou em silêncio, tive medo do que ela diria.

—Por favor. Por favor.

—Sim?

 -Não demore. – Dei um leve sorriso aliviado.

—Não vou.


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